Acessibilidade / Reportar erro

Relação entre insatisfação corporal e atividade física em adolescentes da zona urbana de Irati-PR

Relationship between body dissatisfaction and physical activity in urban teen zone Irati-PR

Resumos

OBJETIVO:

verificar a prevalência de insatisfação com a imagem corporal - IIC e sua relação com o nível de atividade física habitual - NAF em adolescentes de escolas da zona urbana de Irati-PR.

AMOSTRA:

340 estudantes do sexo feminino do ensino médio, selecionadas randomicamente.

INSTRUMENTOS:

Questionário de Atividades Físicas Habituais (NAHAS, 2006) e Escala de Percepção de Silhueta Corporal de Childress et al. (1993).

RESULTADOS:

70,9% das adolescentes apresentaram IIC e 72,6% são insuficientemente ativas, porém, não há relação entre IIC e NAF. Adolescentes com sobrepeso e com baixo peso apresentaram 3,47 e 2,64 vezes mais chances, respectivamente, de relatar IIC em comparação as eutróficas. O desejo de diminuir a silhueta corporal foi de 63,96% e 31,94% entre as eutróficas e de entre as de baixo peso respectivamente.

CONCLUSÃO:

a prevalência de IIC é elevada e independe do NAF, o que eleva o risco de transtornos dismórficos corporais.

Adolescentes; Atividade Física; Imagem corporal


OBJECTIVE:

To determine the prevalence of dissatisfaction with body image - IIC and its relation to the level of habitual physical activity - NAF adolescents in urban schools to Irati-PR;

SAMPLE:

340 female students of high school, selected randomly.

INSTRUMENTS:

Habitual Physical Activity Questionnaire (NAHAS, 2006) and Perception Scale Body Silhouette of Childress et al. (1993).

RESULTS:

70.9% of adolescents had IIC and 72.6% are insufficiently active, however, no relationship between IIC and NAF. Overweight and underweight had 3.47 and 2.64 times more likely, respectively, to report IIC compared eutrophic. The desire to decrease body silhouette was 63.96% and 31.94% among normal weight and underweight among respectively.

CONCLUSION:

The prevalence of IIC is high and independent of NAF, which increases the risk of body dysmorphic disorder.

Teens; Physical activity; Body image


INTRODUÇÃO

O inicio da adolescência é uma fase marcada por drásticas e complexas alterações psicológicas, morfofisiológicas e sociais que duram, aproximadamente, uma década e que compreende o período cronológico dos 11 aos 21 anos de idade. É um período crítico de mudanças físicas, emocionais e de comportamentos sociais que se refletem em atitudes relacionadas à saúde, nutrição, atividade física, sexualidade e corporeidade. Diante dessas mudanças, a imagem corporal precisa ser reformulada (FORTES; ALMEIDA; FERREIRA, 2012FORTES, L. S.; ALMEIDA, S. S.; FERREIRA, M. E. C. Processo maturacional, insatisfação corporal e comportamento alimentar inadequado em jovens atletas. Revista de Nutrição, Campinas, v. 25, n. 5, p. 575-586, 2012.; DEL CIAMPO; DEL CIAMPO, 2010DEL CIAMPO, L. A.; DEL CIAMPO, I. R. L. Adolescência e imagem corporal. Adolescência & Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 55-59, 2010.; ADAMI et al., 2008ADAMI, F.; FREINER, D. E. S.; SANTOS, J. F.S.; DE OLIVEIRA, F. R. Insatisfação corporal e atividade física em adolescentes da região continental de Florianópolis. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 24, n. 2, p. 143-149, 2008.; CAMPAGNA; SOUZA, 2006CAMPAGNA, V. N.; SOUZA, A. S. L. Corpo e imagem corporal no inicio da adolescência feminina. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 56, n. 124, p. 9-35, 2006.).

Diversas pesquisas populacionais relatam evidências de que no período da adolescência o nível de atividade física habitual tende a diminuir de forma acentuada, principalmente entre as moças (IBGE, 2013IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. PENSE 2012: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rio de Janeiro, 2013.; SILVA et al, 2009SILVA, K. S.; NAHAS, M. V.; PERES, K. G.; LOPES, A. S. Fatores associados à atividade física, comportamento sedentário e participação na Educação Física em estudantes do Ensino Médio em Santa Catarina, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 10, p. 2187-2200, 2009.; PIRES et al., 2004PIRES, E. A. G.; DUARTE, M. F. S.; PIRES, M. C.; SOUZA,G. S. Hábitos de atividade física e o estresse em adolescentes de Florianópolis. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, DF, v. 12; n. 1, p. 51-56, 2004.; USDHHS, 1998USDHHS. U.S. Departament of Health and Human Services. Center for Disease Control and Prevention. Youth Risk Behavior Surveillance - United States, 1997. Morbidity and Mortality Weekly Report, n. 47, 1998. Disponível em: <www.cdc.gov/mmwr/PDF/SS/SS4703.pdf >. Acesso em: 22 jan. 2013.
www.cdc.gov/mmwr/PDF/SS/SS4703.pdf...
). Vale ressaltar que é nessa fase da vida que a aparência estética recebe uma atenção especial e o corpo pode ser uma fonte de frustrações que levam o adolescente a adotar certos comportamentos de risco, principalmente em relação aos hábitos alimentares. O modelo de corpo estereotipado, que ganha cada vez mais destaque na mídia, na moda e na indústria cultural, é um fenômeno explicito atualmente que pode influenciar significativamente a percepção e as atitudes dos adolescentes na busca por esse modelo de corpo (PEREIRA et al., 2010PEREIRA, I. O.; LIMA, A. P.; CARDOSO, F.; DE OLIVEIRA, G. L.; FILHO, J. F.; PERINI, T. A. Distorção da imagem corporal e tríade da mulher atleta em bailarinas clássicas. Lecturas en Educación Física y Deportes. Buenos Aires, ano 15, n. 149, 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd149/triade-da-mulher-atleta-em-bailarinas-classicas.htm >. Acesso em: 10 maio 2014.
http://www.efdeportes.com/efd149/triade-...
; MORRISON; MORRISON; SAGER, 2004MORRISON, M. A.; MORRISON, T. G.; SAGER, C. Does body satisfaction differ between gay men and lesbian women and heterosexual men and women? A meta-analytic review. Body Image, v. 2, n. 1, p. 127-138, 2004. Disponivel em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1740144504000282>. Acesso em: 4 maio 2014.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
; LABRE, 2002LABRE, M. A. M. P. Adolescents boys and the muscular male body ideal. Journal of Adolescents Health. San Francisco, v. 30, n. 4; p. 233-242, 2002.; FRANKO; STRIEGEL-MOORE, 2002FRANKO, D. L.; STRIEGEL-MOORE, R. H. The role of body dissastifaction as a risk factor for depression in adolescents girls: are the differences blac and white? Journal of Psychosomatic Research, Philadelphia, v. 53, n. 5, p. 975-983, 2002.). As pressões impostas pela sociedade, pelos familiares e amigos, e pela mídia têm um peso muito grande sobre a imagem corporal e sobre os métodos que se empregam para modificar a forma corporal. No inicio da adolescência, há uma busca constante de um senso de identidade o que pode gerar comportamentos impulsivos para a satisfação imediata de determinadas necessidades específicas relacionadas à aceitação social. Nesse sentido, a aparência e outros atributos físicos são fatores importantes que contribuem para a percepção sobre a aceitação e sucesso social, ou seja, nessa fase há uma maior sensibilidade em relação a preocupação de como os outros o veem, sendo tais olhares influenciáveis social e culturalmente. Nesse contexto, a etiologia de patologias como distúrbios alimentares, uso de anabolizantes, transtornos dismórficos corporais e baixa autoestima estão relacionados com a busca desse estereótipo corporal veiculado e socialmente aceito como referência de beleza (COSTA, 2013COSTA, S. M. B. O corpo e a imagem corporal em adolescentes: um estudo numa escola pública no bairro de Jurujuba/Niterói/RJ. 2013. 132f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.; RICCIARDELLI; McCABE; BANFIELD, 2000RICCIARDELLI, L. A.; McCABE, M. P.; BANFIELD, S. Body image and body changes methods in adolescent boys. Role of parentals, friends, and the media. Journal of Phsycossomatic Research. Maastricht, v. 49, n. 3, p. 189-197, 2000.).

De acordo com Costa (2013)COSTA, S. M. B. O corpo e a imagem corporal em adolescentes: um estudo numa escola pública no bairro de Jurujuba/Niterói/RJ. 2013. 132f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013., o volume crescemte de pesquisas crescente de pesquisas relacionadas a imagem corporal, a partir da década de 70, indica a necessidade de reflexão sobre as implicações das demandas sobre o corpo e sua imagem, no contexto das sociedades contemporâneas. Como, por exemplo, os levantamentos específicos de cada região geográfica podem contribuir para a otimização de políticas de educação e saúde visando despertar nos jovens uma atitude de escuta e de respeito pela alteridade.

Assim, o objetivo desse estudo foi verificar, entre estudantes adolescentes de escolas públicas do município de Irati-PR, a prevalência de insatisfação com a imagem corporal e sua relação com o nível de atividade física habitual.

O levantamento realizado nessa investigação justifica-se pela escassez de estudos que relacionam a insatisfação com a imagem corporal e os níveis de atividade física habitual. Principalmente os adolescentes de escolas de municípios do interior dos estados que parecem estar mais expostos a diversos fatores de risco socioeconômicos e culturais como problemas na relação ensino/aprendizagem, baixa renda familiar e desemprego, professores com baixos salários e motivação; enfim, falta de ambientes adequados a educação e ao desenvolvimento humano. Esses fatores interdependentes e complexos vêm afetando diretamente a trajetória de vida destas pessoas e repercutindo em sua saúde física, emocional e social (MIRANDA, 2011MIRANDA, V. P. N. Insatisfação corporal em adolescentes de municípios de pequeno porte. 2011. 113f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade Federal de Juiz da Fora, Juiz da Fora, 2011.; DE BEM, 2003DE BEM, M. F. L. Estilo de vida e comportamentos de risco de estudantes trabalhadores do ensino médio de Santa Catarina. 2003 (Tese de Doutorado em Engenharia de Produção)-Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.).

METODOLOGIA

O estudo caracterizou-se como do tipo exploratório de campo com abordagem quantitativa e delineamento transversal (THOMAS; NELSON, 2002THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2002.).

A amostra foi composta por 340 estudantes do sexo feminino, na faixa etária dos 15 aos 21 anos, frequentadoras da 1ª à 3º série do ensino médio. O processo de seleção dessa amostra foi realizado por meio do método de conglomerados, sendo que as maiores escolas (> de 500 alunos) foram incluídas intencionalmente e 50% das menores foram sorteadas numa primeira fase. Desse modo, foram incluídas na amostra 06 (seis) escolas públicas e particulares situadas na zona urbana de Irati-PR. Na segunda fase desse processo, foram selecionadas aleatoriamente, por meio de estratificação pelo tamanho da escola, as estudantes que seriam convidadas a participar do estudo. Para o cálculo do tamanho da amostra foram consideradas como população de referência todas as estudantes matriculadas no ensino médio na zona urbana daquele município no ano de referencia (N = 1035). Foram adotados, para o cálculo da amostra mínima necessária para estimar a prevalência de insatisfação com a imagem corporal, os seguintes parâmetros: prevalência de 35% com 95% de confiança e erro amostral de 04 (quatro) pontos percentuais, totalizando 296 alunas. A fim de compensar eventuais perdas ou recusas, adicionaram-se 20%, obtendo-se uma amostra igual a 348 alunas das quais 08 foram excluídas por erros substanciais no preenchimento do questionário.

Para a coleta de dados, as estudantes foram abordadas no mínimo 02 (duas) vezes em dias diferentes, sendo que na maioria dos casos, a abordagem foi realizada em 03 (três) dias. No primeiro dia foram entregues os termos de consentimento livre e esclarecido para que as alunas pudessem levar aos pais, para sua assinatura. Nos outros dias, foram aplicados os questionários em todos os indivíduos que trouxeram o consentimento assinado pelos pais. No caso de indivíduos maiores de 18 anos, foi permitido que eles mesmos assinassem.

Os procedimentos descritos acima foram aprovados pelo Comitês de Ética do Centro Universitário Luterano de Palmas, por meio do parecer 058/2011.

Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram: O Questionário de Atividades Físicas Habituais de Russel Pate, traduzido e adaptado por Nahas (2006)NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2006., e a Escala visual de percepção de silhueta corporal de Childress et al. (1993)CHILDRESS, A.C; BREWERTON, T. D.; HODGES, E. L.; JARRELL, M. The kids' eating disorders survey (KEDS): a study of middle scholl students. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, Baltimore, v. 32, n. 4, p. 843-855, 1993. (Figura 1).

Figura 1.
Escala de silhueta corporal de acordo com Childress et al. (1993)CHILDRESS, A.C; BREWERTON, T. D.; HODGES, E. L.; JARRELL, M. The kids' eating disorders survey (KEDS): a study of middle scholl students. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, Baltimore, v. 32, n. 4, p. 843-855, 1993.

Na escala visual de silhueta corporal, os indivíduos deveriam escolher, dentre um grupo de 08 (oito) figuras de silhuetas, qual das figuras correspondia à sua silhueta corporal autoavaliada e à silhueta corporal desejada. O grau de insatisfação foi obtido através da subtração entre silhueta corporal desejada e a silhueta corporal autoavaliada. Dessa forma, essa diferença entre silhueta corporal desejada e a silhueta corporal autoavaliada pode ser positiva, caso o indivíduo queira aumentar a silhueta corporal, ou pode ser negativa, caso o indivíduo queira diminuir a silhueta. Resumidamente, foram consideradas insatisfeitas com a imagem corporal as adolescentes cuja diferença entre silhueta corporal desejada e a silhueta corporal autoavaliada foi igual ou maior que duas silhuetas.

O questionário de Russel Pate foi aplicado para verificar o nível de atividade física (NAF), sendo que esse instrumento oferece duas medidas: atividades físicas ocupacionais e atividades físicas de lazer. A classificação se dá da seguinte forma: são considerados fisicamente inativos os indivíduos com NAF até 5 pontos; pouco ativos indivíduos com NAF entre 6 e 11; moderadamente ativos indivíduos com NAF entre 12 e 20; e muito ativo, indivíduos com NAF maior que 20. De acordo com Nahas (2006)NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2006., esta versão do instrumento mostrou ter boa aplicabilidade e fidedignidade entre adolescentes e adultos jovens. Assim, foram consideradas insuficientemente ativas as adolescentes cuja pontuação do NAF as classificou como inativas ou pouco ativas.

Para as análises, foram empregados os testes não paramétricos de Wilcoxon (comparações intraclasse) e Qui-Quadrado 2x3 para análise de independência, além dos cálculos epidemiológicos de razões de chances e seus respectivos intervalos de confiança, todos considerando um nível mínimo de significância de p<0,05.

RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta as medidas de tendência central e dispersão das características etárias, antropométricas e de atividade física da amostra. Os dados demonstram que, em termos de gerais, as adolescentes apresentam um bom nível de atividade física e uma área corporal considerada saudável.

Tabela 1
istribuição de valores de medidas e tendência central e de dispersão para as variáveis antropométricas, de idade e nível de atividade física das adolescentes do ensino médio do município de Irati-PR.

A Tabela 2 caracteriza a amostra em termos de prevalência de insatisfação com a imagem corporal, nível de atividade física e índice de massa corporal.

Tabela 2.
Distribuição percentual das adolescentes em relação as classificações de imagem corporal, IMC e nível de atividade física.

De acordo com os dados coletados, a insatisfação com a imagem corporal foi relatada por 70,9% das adolescentes e cerca de 36,5% foram classificadas como fisicamente inativas ou pouco ativas. Com relação ao IMC, verificou-se que 8,8% das adolescentes foram classificadas como acima do peso, sendo que apenas 0,9% apresentam IMC maior que 25 Kg/m².

A Tabela 3 apresenta a distribuição das adolescentes classificadas como insatisfeitas em relação à sua imagem corporal estratificada pelas categorias etárias, antropométricas e de atividade física, bem como as razões de risco associadas a cada categoria. Verificou-se o perfil geral de adolescentes insatisfeitas com sua imagem corporal configurava indivíduos abaixo de 18 anos (n=208), com peso adequado (n=129) e suficientemente ativas (n= 151) para manutenção de variáveis relacionadas à saúde. No entanto, a faixa etária não apresentou associação estatisticamente significativa com a insatisfação com a imagem corporal (OR = 0,89; IC95% = 0,46 - 1,72), nem tampouco o nível de atividade física (OR = 1,14; IC95% = 0,7 - 1,76), evidenciando independência entre o nível de atividade física, idade e autoavaliação da imagem corporal.

Tabela 3.
Distribuição das adolescentes com insatisfação em relação à imagem corporal estratificada palas categorias etárias, antropométricas e de atividade física.++

A única variável que apresentou associação estatisticamente significativa em relação a insatisfação com a imagem corporal foi o IMC, evidenciando que tanto as adolescentes acima do peso (OR = 3,47; IC95% = 1,87 - 6,51) quanto as abaixo do peso (OR = 2,64; IC95% = 1,61 - 4,31), ou seja, adolescentes com sobrepeso e com baixo peso apresentaram 3,47 e 2,64 vezes mais chances, respectivamente, de relatar insatisfação com a imagem corporal em comparação as eutróficas.

Percebe-se nos dados apresentados na tabela 4que a maioria (75,5%) das adolescentes insatisfeitas com a sua imagem corporal desejam reduzir a sua silhueta corporal e isso independe do nível de atividade física e da faixa etária. Mesmo entre as classificadas como eutróficas e de baixo peso pelo IMC, o desejo de reduzir o tamanho corporal é mais prevalente (63,9% e 31,9% respectivamente) do que o desejo de aumentar e essa tendência foi estatisticamente significativa.

Tabela 4.
Distribuição percentual das adolescentes com desejo de aumentar ou diminuir sua silhueta corporal estratificada por categorias etárias, antropométricas e de atividade física.

DISCUSSÃO

De acordo com Nahas (2006)NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2006. e Pate et al. (1995)PATE, R. R.; PRATT, M.; BLAIR, S. N.; HASKELL, W. L.; MACERA, C. A.; BOUCHARD, C.; BUCHNER, D.; ETTINGER, W.; HEATH, G. W.; KING, A. C. Physical activity and public health: a recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. Journal of the American Medical Association, New York, v. 273, n. 5, p. 402-407, 1995. Disponível em: <http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=386766>. Acesso em: 14 maio 2014.
http://jama.jamanetwork.com/article.aspx...
, o nível de atividade física mínima recomendada para obtenção de benefícios para a saúde deve ser de 12 pontos no instrumento adotado para esse estudo. Nesse sentido, observou-se que a maioria das adolescentes (63,5%) apresentou pontuação dentro de uma faixa de atividade física recomendada para a saúde. Por outro lado, ainda que a prevalência de moças insuficientemente ativas (36,5%) seja inferior à obtida em outros estudos, essa proporção pode ser considerada como elevada. Adami et al. (2008)ADAMI, F.; FREINER, D. E. S.; SANTOS, J. F.S.; DE OLIVEIRA, F. R. Insatisfação corporal e atividade física em adolescentes da região continental de Florianópolis. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 24, n. 2, p. 143-149, 2008., verificou que 42,9% das adolescentes escolares da região continental de Florianópolis apresentavam insuficiência de atividade física. Outro estudo de maior abrangência realizado por De Bem (2003)DE BEM, M. F. L. Estilo de vida e comportamentos de risco de estudantes trabalhadores do ensino médio de Santa Catarina. 2003 (Tese de Doutorado em Engenharia de Produção)-Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003., em uma amostra representativa de adolescentes de escolas estaduais do estado de Santa Catarina, demonstrou que a prevalência de alunas adolescentes insuficientemente ativas girou em torno de 48,28% da população investigada. No entanto, os resultados do presente estudo, se assemelham aos dados da última Pesquisa Nacional de Saúde Escolar- PNSE 2012 realizada pelo IBGE (2013)IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. PENSE 2012: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rio de Janeiro, 2013., que demonstra que 33,9% das adolescentes de Curitiba não atingem o tempo recomendado pela organização mundial de saúde para a pratica semanal de atividades físicas. Por outro lado, em nível nacional, essa prevalência ficou em torno de 45,1% segundo a PNSE 2012.

Embora os dados desse estudo tenham revelado que o nível de atividade física não apresenta relação com a insatisfação em relação à imagem corporal, muitos estudos têm apontado essa variável como um componente essencial para um estilo de vida saudável (IBGE, 2013IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. PENSE 2012: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rio de Janeiro, 2013.; NAHAS, 2006NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2006.; USDHHS, 1998USDHHS. U.S. Departament of Health and Human Services. Center for Disease Control and Prevention. Youth Risk Behavior Surveillance - United States, 1997. Morbidity and Mortality Weekly Report, n. 47, 1998. Disponível em: <www.cdc.gov/mmwr/PDF/SS/SS4703.pdf >. Acesso em: 22 jan. 2013.
www.cdc.gov/mmwr/PDF/SS/SS4703.pdf...
). O estudo realizado por Schnohr et al. (2005)SCHNOHR, P.; KRISTENSEN, T. S.; PRESCOTT, E.; SCHARLING, H. Stress and life dissatisfaction are inversely associated with jogging and other types of physical activity in leisure time - The Copenhagen City Heart Study. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. London, v. 15, n. 2, p. 107-112, 2005. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0838.2004.00394.x/full>. Acesso em: 12 maio 2014.
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.11...
, com 12.000 indivíduos dinamarqueses, verificou-se uma associação negativa entre atividade física de lazer e insatisfação com a vida e nível de estresse mental. Outro estudo, realizado em 754 adolescentes com idades entre 15 e 19 anos em Florianópolis, identificou que um maior nível de atividade física estava associado com menores níveis de estresse (PIRES et al., 2004PIRES, E. A. G.; DUARTE, M. F. S.; PIRES, M. C.; SOUZA,G. S. Hábitos de atividade física e o estresse em adolescentes de Florianópolis. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, DF, v. 12; n. 1, p. 51-56, 2004.).

Em relação à insatisfação com a imagem corporal, há grande divergência entre os estudos no que se refere a métodos, procedimentos, critérios e indicadores de avaliação. No entanto, a literatura nacional e internacional apresenta quase que um consenso sobre a presença de prevalências elevadas de insatisfação com o corpo durante a adolescência, especialmente no sexo feminino, tanto na dimensão emocional manifesta pela insatisfação com o corpo, quanto na dimensão perceptiva no sentido da superestimação do tamanho e/ou peso corporal (CAMPANA; TAVARES, 2009; ALVES et al., 2008CAMPANA, A. N. N. B.; TAVARES, M. C. G. C. F. Avaliação da Imagem Corporal: instrumentos e diretrizes para a pesquisa. São Paulo: Phorte, 2009.).

Os resultados do presente estudo demonstram que menos de um terço das estudantes adolescentes do município de Irati-PR estão satisfeitas com a sua imagem corporal. Estes dados são semelhantes aos encontrados por outros pesquisadores nos estudo com adolescentes e com adultos. Esses estudos geralmente relatam insatisfação com a imagem corporal presente entre 50 e 75% dos indivíduos participantes (FIDELIX et al., 2013FIDELIX, Y. L.; MINATTO, G.; RIBEIRO, R. R; SANTOS, K. D.; PETROSKI, E. L. Dados sociodemográficos, estado nutricional e maturação sexual de escolares do sexo masculino: exposição à insatisfação com a imagem corporal. Revista de Educação Física da UEM, Maringa, v. 24, n. 1, p. 83-92, 1. trim. 2013.; ALVES et al., 2008ALVES, E.; DE VASCONCELOS, F. A. G.; CALVO, M. C. M.; DAS NEVES, J. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 503-512, 2008.; RICCIARDELLI; McCABE; BANFIELD, 2000RICCIARDELLI, L. A.; McCABE, M. P.; BANFIELD, S. Body image and body changes methods in adolescent boys. Role of parentals, friends, and the media. Journal of Phsycossomatic Research. Maastricht, v. 49, n. 3, p. 189-197, 2000.). A maioria dos estudos sobre imagem corporal levantados para essa pesquisa foram realizados em grandes cidades ou capitais dos estados. No entanto, alguns estudos realizados em cidades do interior dos estados foram localizados, como o estudo de Fidelix et al. (2013)FIDELIX, Y. L.; MINATTO, G.; RIBEIRO, R. R; SANTOS, K. D.; PETROSKI, E. L. Dados sociodemográficos, estado nutricional e maturação sexual de escolares do sexo masculino: exposição à insatisfação com a imagem corporal. Revista de Educação Física da UEM, Maringa, v. 24, n. 1, p. 83-92, 1. trim. 2013. em Cascavel-PR, que encontrou uma prevalência de 74,7% de insatisfação com a IC entre escolares. Outro estudo, Triches e Giugliani (2007)TRICHES, R. M.; GIUGLIANI, E. R. J. Insatisfação corporal em escolares de dois municípios da região Sul do Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 2, p. 119-128, 2007. com escolares de Dois Irmãos-RS e Morro Reuter-RS, também utilizando a escala de imagem corporal (Children's Figure Rating Scale), encontrou 63,9% de insatisfação. Em Ji-Paraná-RO, Jesus et al. (2010)JESUS, K. F. G.; OLIVEIRA, G. L.; PERINI, T. A.; CARDOSO, F. B.; JESUS, G. B. avaliação da satisfação com a auto-imagem corporal e presença de transtornos alimentares entre adolescentes escolares de ambos os sexos. Ulbra e Movimento, Ji-Paraná, v. 1, n. 2, p. 23-40, 2010. demonstrou que 44,8% dos adolescentes do sexo feminino daquela cidade estavam expressando insatisfação com sua imagem corporal e, embora a amostra desse estudo não tenha sido representativa, esses dados demonstram que, mesmo em pequenas cidades do interior, a prevalência de adolescentes que apresentam insatisfação corporal é substancialmente elevada.

No presente estudo foi encontrado que as moças com IMC abaixo de 18,5 kg/m demonstram tanto uma tendência em aumentar a sua silhueta corporal quanto em diminuir. Já as moças com IMC acima de 18,5 demonstram predominantemente querer diminuir a sua silhueta corporal. Esses dados também são semelhantes aos encontrados na literatura, que observam na mulher a tendência para um ideal de magreza, (ADAMI et al., 2008ADAMI, F.; FREINER, D. E. S.; SANTOS, J. F.S.; DE OLIVEIRA, F. R. Insatisfação corporal e atividade física em adolescentes da região continental de Florianópolis. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 24, n. 2, p. 143-149, 2008.; McCABE; RICCIARDELLI, 2004McCABE, M. P.; RICCIARDELLI, L. A. Body image dissatisfaction among males across the lifespan. A review of past literature. Journal of Psychosomatic Research, Oxford, v. 56, p. 675-685, 2004. Disponível em: <http://www.journals.elsevier.com/journal-of-psychosomatic-research/>. Acesso em: 14 maio 2014.
http://www.journals.elsevier.com/journal...
; GUENDOUZI, 2004GUENDOUZI, J. 'She's very slim': talking about body-size in al-female interactions. Journal of Pragmatics, London, v. 36, n. 9, p. 1635-1653, 2004.). No estudo realizado por Jesus et al. (2010)JESUS, K. F. G.; OLIVEIRA, G. L.; PERINI, T. A.; CARDOSO, F. B.; JESUS, G. B. avaliação da satisfação com a auto-imagem corporal e presença de transtornos alimentares entre adolescentes escolares de ambos os sexos. Ulbra e Movimento, Ji-Paraná, v. 1, n. 2, p. 23-40, 2010., na cidade de Ji-Paraná-RO, também foram encontradas elevadas proporções de insatisfação com a autoimagem entre adolescentes do sexo feminino que apresentavam magreza ou eutrofia na classificação do IMC. Tais respostas demonstram uma tendência de maior equiparação da variável silhueta corporal para o gênero feminino, talvez influenciado pelo estereótipo de beleza feminina ser muito homogêneo.

Diversas pesquisas demonstram que o ideal de imagem corporal feminina, tanto em adolescentes quanto em adultas, está predominantemente voltada para a perda de peso, evidenciando então, mostrando uma certa homogeneidade de ideal corporal entre os indivíduos do gênero feminino, no entanto essas características apresentam variações significativas conforme o contexto sociocultural e econômico pesquisado (MIRANDA, 2011MIRANDA, V. P. N. Insatisfação corporal em adolescentes de municípios de pequeno porte. 2011. 113f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade Federal de Juiz da Fora, Juiz da Fora, 2011.; AERTS; MADEIRA; ZART, 2010AERTS, D.; MADEIRA, R. R.; ZART, V. B. Imagem corporal de adolescentes escolares em Gravataí-RS. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, DF, v. 19, n. 3, p. 283-291, 2010.; CAMPANA; TAVARES, 2009CAMPANA, A. N. N. B.; TAVARES, M. C. G. C. F. Avaliação da Imagem Corporal: instrumentos e diretrizes para a pesquisa. São Paulo: Phorte, 2009.; SILVA; PAPELBAUM, 2009SILVA, V. G.; PAPELBAUM, M. Fobia alimentar associada a magreza: um diagnóstico diferencial com anorexia nervosa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 58, n. 3, p. 205-208, 2009.).

Miranda (2011)MIRANDA, V. P. N. Insatisfação corporal em adolescentes de municípios de pequeno porte. 2011. 113f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade Federal de Juiz da Fora, Juiz da Fora, 2011. realizou uma pesquisa epidemiológica com 235 adolescentes moradoras de cidades com até 5.000 habitantes, localizadas na Zona da Mata mineira. Nesse estudo, houve diferença significativa de insatisfação com a imagem corporal (p<0,05) de acordo com a cidade investigada e observou-se que as meninas estavam, significativamente, mais insatisfeitas que os meninos.

A grande prevalência de insatisfação entre as estudantes adolescentes (70,9%) desse estudo corrobora com muitas pesquisas, onde se tem demonstrado que moças são mais insatisfeitas que rapazes, embora essa comparação não tenha sido a preocupação desse estudo, o interesse nessa área é crescente nos últimos anos (MIRANDA, 2011MIRANDA, V. P. N. Insatisfação corporal em adolescentes de municípios de pequeno porte. 2011. 113f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade Federal de Juiz da Fora, Juiz da Fora, 2011.; FACCHINI, 2006FACCHINI, M. La imagen corporal en la adolescencia es un tema de varones? Archivos Argentinos de Pediatría, Buenos Aires, v. 104, n. 2, p. 177-184, 2006; CONTI et al., 2005CONTI, M. A.; FRUTUOSO, M. F. P.; GAMBARDELLA, A. M. D. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 4, p. 491-499, 2005.; McCABE; RICCIARDELLI, 2004McCABE, M. P.; RICCIARDELLI, L. A. Body image dissatisfaction among males across the lifespan. A review of past literature. Journal of Psychosomatic Research, Oxford, v. 56, p. 675-685, 2004. Disponível em: <http://www.journals.elsevier.com/journal-of-psychosomatic-research/>. Acesso em: 14 maio 2014.
http://www.journals.elsevier.com/journal...
).

Observa-se, portanto, para a população desse levantamento, que um aumento no nível de atividade física não está acompanhado de uma maior satisfação com a própria imagem corporal. Nesse sentido, as pesquisas sugerem que outros fatores podem estar influenciando na percepção do próprio corpo. Esses estudos têm demonstrado que são diversos os fatores que levam o indivíduo a estar insatisfeito com o seu corpo e que essa insatisfação pode ser gerada por modelos corporais estereotipados divulgados pela mídia. A comparação desses modelos com o próprio corpo é influenciada pelo meio em que o indivíduo convive, bem como por pessoas próximas a ele, como familiares, amigos e outras pessoas que fazem parte do cotidiano. A comparação do corpo com os modelos estereotipados - como a mulher magra e o homem musculoso e definido... É até a comparação com o corpo de pessoas mais próximas, que também se apresentam influencias desses "ideais" - é muito recorrente entre ambos os gêneros (PEREIRA et al., 2010PEREIRA, I. O.; LIMA, A. P.; CARDOSO, F.; DE OLIVEIRA, G. L.; FILHO, J. F.; PERINI, T. A. Distorção da imagem corporal e tríade da mulher atleta em bailarinas clássicas. Lecturas en Educación Física y Deportes. Buenos Aires, ano 15, n. 149, 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd149/triade-da-mulher-atleta-em-bailarinas-classicas.htm >. Acesso em: 10 maio 2014.
http://www.efdeportes.com/efd149/triade-...
; FUKAMACHI et al., 2010FUKAMACHI, K. H.; DA SILVA, A. A.; DA SILVA, V. X.; RAMON, F. M.; SCHWARTZ, L. Percepção da autoimagem corporal de adolescentes modelos: dois estudos de caso. Psicólogo inFormação, São Bernado do Campo, v. 14, n. 14, p. 80-101, 2010.; DAMASCENO et al., 2006DAMASCENO, V. O.; VIANNA, V. R. A.; VIANNA, J. M.; LACIO, M.; LIMA, J. R. P.; NOVAES, J. S. Imagem corporal e corpo ideal. Revista brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, DF, v. 14, n. 1, p. 87-96, 2006.; McCABE; RICCIARDELLI, 2004McCABE, M. P.; RICCIARDELLI, L. A. Body image dissatisfaction among males across the lifespan. A review of past literature. Journal of Psychosomatic Research, Oxford, v. 56, p. 675-685, 2004. Disponível em: <http://www.journals.elsevier.com/journal-of-psychosomatic-research/>. Acesso em: 14 maio 2014.
http://www.journals.elsevier.com/journal...
; PAQUETTE; RAINE, 2004PAQUETTE, M.; RAINE, K. Sociocultural context of women's body image. Social Science & Medicine, London, v. 59, n. 5, p. 1047-1058, 2004.; GUENDOUZI, 2004GUENDOUZI, J. 'She's very slim': talking about body-size in al-female interactions. Journal of Pragmatics, London, v. 36, n. 9, p. 1635-1653, 2004.).

O ser humano tem como uma necessidade essencial a de se socializar e conviver em grupos, dessa forma é evidente a tendência de sofrer diversas influências ao querer ser aceito em determinado grupo e sentir-se pressionado a adotar um ideal de atratividade, de forma corporal ou capacidade funcional que muitas vezes está longe de ser alcançado por ele, uma vez que essas variáveis são definidas, em grande parte, geneticamente. Dessa forma, a incorporação desses valores pode gerar problemas, como baixa auto-estima, distúrbios alimentares, transtornos dismórficos do corporais, entre outros comportamentos não saudáveis. (FORTES et al., 2013FORTES, L. S.; NEVES, C. M.; FILGUEIRAS, J. F.; ALMEIDA, S. S.; FERREIRA, M. E. C. Insatisfação corporal, comprometimento psicológico ao exercício e comportamento alimentar em jovens atletas de esportes estéticos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 15, n. 6, p. 696-704, 2013.; CORSEUIL et al., 2009CORSEUIL, M. W.; PELEGRINI, A.; BECK, C.; PETROSKI, E. L. Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e sua associação com a inadequação nutricional em adolescentes. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 20, n. 1, p. 25-31, 2009.; VIEIRA et al., 2009VIEIRA, J. L. L.; AMORIM, H. Z.; VIEIRA, L. F.; AMORIM, A. C.; DA ROCHA, P. G. M. Distúrbios de atitudes alimentares e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica rítmica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Florianópolis, v. 15, n. 6, p. 410-414, 2009.; DAMASCENO et al, 2006DAMASCENO, V. O.; VIANNA, V. R. A.; VIANNA, J. M.; LACIO, M.; LIMA, J. R. P.; NOVAES, J. S. Imagem corporal e corpo ideal. Revista brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, DF, v. 14, n. 1, p. 87-96, 2006.; MORRISON; MORRISON; SAGER, 2004MORRISON, M. A.; MORRISON, T. G.; SAGER, C. Does body satisfaction differ between gay men and lesbian women and heterosexual men and women? A meta-analytic review. Body Image, v. 2, n. 1, p. 127-138, 2004. Disponivel em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1740144504000282>. Acesso em: 4 maio 2014.
http://www.sciencedirect.com/science/art...
).

CONCLUSÕES E SUGESTÕES

Para uma amostra representativa de estudantes adolescentes do município de Irati-PR, demonstrou-se que a maioria delas está insatisfeita com a sua imagem corporal. As moças parecem desejar o ajustamento a um estereótipo de magreza, visto que, a maioria relatou desejo de reduzir sua silhueta corporal e essa tendência foi evidenciada até mesmo nas adolescentes consideradas muito magras pela classificação do IMC.

Verificou-se também que, em média, bons níveis de atividade física. No entanto, a prevalência de insuficiência de atividade física apresentou-se similar a maioria dos estudos realizados em outras regiões, logo essa prevalência de 36,5% pode ser considerada elevada em termos populacionais.

A relação ao nível de atividade física e insatisfação com a silhueta corporal não apresentou significância estatística, ou seja, nessa população, níveis mais elevados de atividade física não afetam a insatisfação com a imagem corporal. Essa independência pode suscitar suposições como a exposição de estereótipos corporais, influenciando na tomada de atitudes referentes ao corpo e movimento e possíveis surgimento de patologias. Fica como sugestão que outras pesquisas possam ser realizadas para demonstrar a influência dos padrões culturais de beleza física nessa tomada de atitudes.

REFERÊNCIAS

  • ADAMI, F.; FREINER, D. E. S.; SANTOS, J. F.S.; DE OLIVEIRA, F. R. Insatisfação corporal e atividade física em adolescentes da região continental de Florianópolis. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, DF, v. 24, n. 2, p. 143-149, 2008.
  • AERTS, D.; MADEIRA, R. R.; ZART, V. B. Imagem corporal de adolescentes escolares em Gravataí-RS. Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, DF, v. 19, n. 3, p. 283-291, 2010.
  • ALVES, E.; DE VASCONCELOS, F. A. G.; CALVO, M. C. M.; DAS NEVES, J. Prevalência de sintomas de anorexia nervosa e insatisfação com a imagem corporal em adolescentes do sexo feminino do Município de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 3, p. 503-512, 2008.
  • CAMPAGNA, V. N.; SOUZA, A. S. L. Corpo e imagem corporal no inicio da adolescência feminina. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 56, n. 124, p. 9-35, 2006.
  • CAMPANA, A. N. N. B.; TAVARES, M. C. G. C. F. Avaliação da Imagem Corporal: instrumentos e diretrizes para a pesquisa. São Paulo: Phorte, 2009.
  • CHILDRESS, A.C; BREWERTON, T. D.; HODGES, E. L.; JARRELL, M. The kids' eating disorders survey (KEDS): a study of middle scholl students. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, Baltimore, v. 32, n. 4, p. 843-855, 1993.
  • CONTI, M. A.; FRUTUOSO, M. F. P.; GAMBARDELLA, A. M. D. Excesso de peso e insatisfação corporal em adolescentes. Revista de Nutrição, Campinas, v. 18, n. 4, p. 491-499, 2005.
  • CORSEUIL, M. W.; PELEGRINI, A.; BECK, C.; PETROSKI, E. L. Prevalência de insatisfação com a imagem corporal e sua associação com a inadequação nutricional em adolescentes. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 20, n. 1, p. 25-31, 2009.
  • COSTA, S. M. B. O corpo e a imagem corporal em adolescentes: um estudo numa escola pública no bairro de Jurujuba/Niterói/RJ. 2013. 132f. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva)-Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2013.
  • DAMASCENO, V. O.; VIANNA, V. R. A.; VIANNA, J. M.; LACIO, M.; LIMA, J. R. P.; NOVAES, J. S. Imagem corporal e corpo ideal. Revista brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, DF, v. 14, n. 1, p. 87-96, 2006.
  • DE BEM, M. F. L. Estilo de vida e comportamentos de risco de estudantes trabalhadores do ensino médio de Santa Catarina. 2003 (Tese de Doutorado em Engenharia de Produção)-Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2003.
  • DEL CIAMPO, L. A.; DEL CIAMPO, I. R. L. Adolescência e imagem corporal. Adolescência & Saúde, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4, p. 55-59, 2010.
  • FACCHINI, M. La imagen corporal en la adolescencia es un tema de varones? Archivos Argentinos de Pediatría, Buenos Aires, v. 104, n. 2, p. 177-184, 2006
  • FIDELIX, Y. L.; MINATTO, G.; RIBEIRO, R. R; SANTOS, K. D.; PETROSKI, E. L. Dados sociodemográficos, estado nutricional e maturação sexual de escolares do sexo masculino: exposição à insatisfação com a imagem corporal. Revista de Educação Física da UEM, Maringa, v. 24, n. 1, p. 83-92, 1. trim. 2013.
  • FORTES, L. S.; ALMEIDA, S. S.; FERREIRA, M. E. C. Processo maturacional, insatisfação corporal e comportamento alimentar inadequado em jovens atletas. Revista de Nutrição, Campinas, v. 25, n. 5, p. 575-586, 2012.
  • FORTES, L. S.; NEVES, C. M.; FILGUEIRAS, J. F.; ALMEIDA, S. S.; FERREIRA, M. E. C. Insatisfação corporal, comprometimento psicológico ao exercício e comportamento alimentar em jovens atletas de esportes estéticos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v. 15, n. 6, p. 696-704, 2013.
  • FRANKO, D. L.; STRIEGEL-MOORE, R. H. The role of body dissastifaction as a risk factor for depression in adolescents girls: are the differences blac and white? Journal of Psychosomatic Research, Philadelphia, v. 53, n. 5, p. 975-983, 2002.
  • FUKAMACHI, K. H.; DA SILVA, A. A.; DA SILVA, V. X.; RAMON, F. M.; SCHWARTZ, L. Percepção da autoimagem corporal de adolescentes modelos: dois estudos de caso. Psicólogo inFormação, São Bernado do Campo, v. 14, n. 14, p. 80-101, 2010.
  • GUENDOUZI, J. 'She's very slim': talking about body-size in al-female interactions. Journal of Pragmatics, London, v. 36, n. 9, p. 1635-1653, 2004.
  • IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica. PENSE 2012: Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar. Rio de Janeiro, 2013.
  • JESUS, K. F. G.; OLIVEIRA, G. L.; PERINI, T. A.; CARDOSO, F. B.; JESUS, G. B. avaliação da satisfação com a auto-imagem corporal e presença de transtornos alimentares entre adolescentes escolares de ambos os sexos. Ulbra e Movimento, Ji-Paraná, v. 1, n. 2, p. 23-40, 2010.
  • LABRE, M. A. M. P. Adolescents boys and the muscular male body ideal. Journal of Adolescents Health. San Francisco, v. 30, n. 4; p. 233-242, 2002.
  • McCABE, M. P.; RICCIARDELLI, L. A. Body image dissatisfaction among males across the lifespan. A review of past literature. Journal of Psychosomatic Research, Oxford, v. 56, p. 675-685, 2004. Disponível em: <http://www.journals.elsevier.com/journal-of-psychosomatic-research/>. Acesso em: 14 maio 2014.
    » http://www.journals.elsevier.com/journal-of-psychosomatic-research/
  • MIRANDA, V. P. N. Insatisfação corporal em adolescentes de municípios de pequeno porte. 2011. 113f. Dissertação (Mestrado em Educação Física)-Universidade Federal de Juiz da Fora, Juiz da Fora, 2011.
  • MORRISON, M. A.; MORRISON, T. G.; SAGER, C. Does body satisfaction differ between gay men and lesbian women and heterosexual men and women? A meta-analytic review. Body Image, v. 2, n. 1, p. 127-138, 2004. Disponivel em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1740144504000282>. Acesso em: 4 maio 2014.
    » http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1740144504000282
  • NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida. 3. ed. Londrina: Midiograf, 2006.
  • PAQUETTE, M.; RAINE, K. Sociocultural context of women's body image. Social Science & Medicine, London, v. 59, n. 5, p. 1047-1058, 2004.
  • PATE, R. R.; PRATT, M.; BLAIR, S. N.; HASKELL, W. L.; MACERA, C. A.; BOUCHARD, C.; BUCHNER, D.; ETTINGER, W.; HEATH, G. W.; KING, A. C. Physical activity and public health: a recommendation from the Centers for Disease Control and Prevention and the American College of Sports Medicine. Journal of the American Medical Association, New York, v. 273, n. 5, p. 402-407, 1995. Disponível em: <http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=386766>. Acesso em: 14 maio 2014.
    » http://jama.jamanetwork.com/article.aspx?articleid=386766
  • PEREIRA, I. O.; LIMA, A. P.; CARDOSO, F.; DE OLIVEIRA, G. L.; FILHO, J. F.; PERINI, T. A. Distorção da imagem corporal e tríade da mulher atleta em bailarinas clássicas. Lecturas en Educación Física y Deportes. Buenos Aires, ano 15, n. 149, 2010. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd149/triade-da-mulher-atleta-em-bailarinas-classicas.htm >. Acesso em: 10 maio 2014.
    » http://www.efdeportes.com/efd149/triade-da-mulher-atleta-em-bailarinas-classicas.htm
  • PIRES, E. A. G.; DUARTE, M. F. S.; PIRES, M. C.; SOUZA,G. S. Hábitos de atividade física e o estresse em adolescentes de Florianópolis. Revista Brasileira de Ciência e Movimento. Brasília, DF, v. 12; n. 1, p. 51-56, 2004.
  • RICCIARDELLI, L. A.; McCABE, M. P.; BANFIELD, S. Body image and body changes methods in adolescent boys. Role of parentals, friends, and the media. Journal of Phsycossomatic Research. Maastricht, v. 49, n. 3, p. 189-197, 2000.
  • SCHNOHR, P.; KRISTENSEN, T. S.; PRESCOTT, E.; SCHARLING, H. Stress and life dissatisfaction are inversely associated with jogging and other types of physical activity in leisure time - The Copenhagen City Heart Study. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports. London, v. 15, n. 2, p. 107-112, 2005. Disponível em: <http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0838.2004.00394.x/full>. Acesso em: 12 maio 2014.
    » http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0838.2004.00394.x/full
  • SILVA, V. G.; PAPELBAUM, M. Fobia alimentar associada a magreza: um diagnóstico diferencial com anorexia nervosa. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Rio de Janeiro, v. 58, n. 3, p. 205-208, 2009.
  • SILVA, K. S.; NAHAS, M. V.; PERES, K. G.; LOPES, A. S. Fatores associados à atividade física, comportamento sedentário e participação na Educação Física em estudantes do Ensino Médio em Santa Catarina, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 10, p. 2187-2200, 2009.
  • THOMAS, J. R.; NELSON, J. K. Métodos de pesquisa em atividade física. Porto Alegre: Artmed, 2002.
  • TRICHES, R. M.; GIUGLIANI, E. R. J. Insatisfação corporal em escolares de dois municípios da região Sul do Brasil. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 2, p. 119-128, 2007.
  • VIEIRA, J. L. L.; AMORIM, H. Z.; VIEIRA, L. F.; AMORIM, A. C.; DA ROCHA, P. G. M. Distúrbios de atitudes alimentares e distorção da imagem corporal no contexto competitivo da ginástica rítmica. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, Florianópolis, v. 15, n. 6, p. 410-414, 2009.
  • USDHHS. U.S. Departament of Health and Human Services. Center for Disease Control and Prevention. Youth Risk Behavior Surveillance - United States, 1997. Morbidity and Mortality Weekly Report, n. 47, 1998. Disponível em: <www.cdc.gov/mmwr/PDF/SS/SS4703.pdf >. Acesso em: 22 jan. 2013.
    » www.cdc.gov/mmwr/PDF/SS/SS4703.pdf

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Apr-Jun 2014

Histórico

  • Recebido
    10 Set 2013
  • Revisado
    06 Fev 2014
  • Aceito
    27 Fev 2014
Universidade Estadual de Maringá Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá - PR, Tel.: (55 44) 3011 4470 - Maringá - PR - Brazil
E-mail: revdef@uem.br