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Nível de desenvolvimento técnico-tático de jovens jogadores de futsal, considerando a experiência esportiva

Level of technical-tactical development in young futsal players considering the sporting experience

Resumos

O objetivo do presente estudo é verificar o nível de desenvovimento técnico-tático de jovens jogadores de futsal, considerando a experiência esportiva. Participaram do estudo 34 jogadores de futsal, sendo 9 experientes e 25 não experientes, pertencentes às categorias sub-13 e sub-15. Foi utilizado o Instrumento de Avaliação do Desempenho Técnico-Tático Individual de Saad (2012), para analisar as ações técnico-táticas. Para avaliar as diferenças do desempenho entre grupos, foi empregado o teste t para amostras independentes com p < 5%. Os resultados encontrados indicam que o processo de treinamento contribui efetivamente para a melhoria do desempenho técnico-tático individual dos jogadores. Isso se evidencia nos componentes adaptação e eficácia, além dos indicadores de marcação sem a bola, condução, finalização e drible. As evidências encontradas no presente estudo demonstram que a experiência esportiva tem favorecido o nível de desenvolvimento técnico-tático de jogadores de futsal.

Futsal; Desempenho técnico-tático; Formação esportiva


The aim of this study was to determine the level of technical-tactical development in young futsal players considering the sporting experience. The study included 34 players of futsal been 9 experienced and 25 not experienced, by sub-13 and sub-15 categories. We used the Technical-Tactical Individual Performance Assessment Instrument by Saad (2012), to analyze the technical and tactical actions. To evaluate the performance differences between groups, was used the t test for independent samples with p < 5%. The results indicate that the training process contributes effectively in improving the technical and tactical individual performance of players. This is evident in the components adaptation and effectiveness, in addition to indicators marking without the ball, driving, finishing and dribbling. The evidence found in this study demonstrate that the sport experience has favored the level of technical and tactical development in young futsal players.

Futsal; Technical-tactical performance; Sports development


ARTIGO ORIGINAL

doi: 10.4025/reveducfis.v24.4.20333

Nível de desenvolvimento técnico-tático de jovens jogadores de futsal, considerando a experiência esportiva

Level of technical-tactical development in young futsal players considering the sporting experience

Michel Angillo SaadI; Juarez Vieira do NascimentoII; Michel MilistetdIII

IDoutor. Universidade do Oeste de Santa Catarina, Xanxerê-SC, Brasil

IIDoutor. Programa de Pós-graduação em Educação Física da Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis-SC, Brasil

IIIMestre. Professor da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná, Guarapuava-Pr, Brasil

Endereço para correspondência Endereço para correspondência: Michel Angillo Saad Universidade do Oeste de Santa Catarina - UNOESC Xanxerê Rua Dirceu Giordani, 696. Bairro Jardim Universitário CEP: 89820-000, Xanxerê - SC, Brasil E-mail: michel.saad@unoesc.edu.br

RESUMO

O objetivo do presente estudo é verificar o nível de desenvovimento técnico-tático de jovens jogadores de futsal, considerando a experiência esportiva. Participaram do estudo 34 jogadores de futsal, sendo 9 experientes e 25 não experientes, pertencentes às categorias sub-13 e sub-15. Foi utilizado o Instrumento de Avaliação do Desempenho Técnico-Tático Individual de Saad (2012), para analisar as ações técnico-táticas. Para avaliar as diferenças do desempenho entre grupos, foi empregado o teste t para amostras independentes com p < 5%. Os resultados encontrados indicam que o processo de treinamento contribui efetivamente para a melhoria do desempenho técnico-tático individual dos jogadores. Isso se evidencia nos componentes adaptação e eficácia, além dos indicadores de marcação sem a bola, condução, finalização e drible. As evidências encontradas no presente estudo demonstram que a experiência esportiva tem favorecido o nível de desenvolvimento técnico-tático de jogadores de futsal.

Palavras-chave: Futsal. Desempenho técnico-tático. Formação esportiva.

ABSTRACT

The aim of this study was to determine the level of technical-tactical development in young futsal players considering the sporting experience. The study included 34 players of futsal been 9 experienced and 25 not experienced, by sub-13 and sub-15 categories. We used the Technical-Tactical Individual Performance Assessment Instrument by Saad (2012), to analyze the technical and tactical actions. To evaluate the performance differences between groups, was used the t test for independent samples with p < 5%. The results indicate that the training process contributes effectively in improving the technical and tactical individual performance of players. This is evident in the components adaptation and effectiveness, in addition to indicators marking without the ball, driving, finishing and dribbling. The evidence found in this study demonstrate that the sport experience has favored the level of technical and tactical development in young futsal players.

Keywords: Futsal. Technical-tactical performance. Sports development.

INTRODUÇÃO

Em vários domínios da atividade humana, a obtenção do melhor desempenho é determinada a partir das interações entre os fatores biológicos e ambientais. O conhecimento e o desenvolvimento de pessoas experts têm sido tema recorrente na agenda científica atual, a qual considera expert aquele indivíduo que possui elevado conhecimento em uma área específica de atuação e um rendimento de excelência (BAKER; HORTON, 2004).

As investigações centradas no contexto da formação esportiva têm demonstrado que o desenvolvimento de um atleta de elite decorre primordialmente de um processo prolongado de vários anos, no qual as experiências necessitam ter um nível de controle e de qualidade, dirigidas a uma atividade específica (ERICSSON; KRAMPE; TESCH-RÖMER, 1993; ERICSSON; CHARNESS, 1994; WILLIAMS, 2002; CÔTÉ ERICSSON; LAW, 2005). Dentre as principais características que distinguem os atletas experts dos demais, destaca-se a capacidade de interpretação das informações disponíveis, a maior efetividade na retenção e utilização das informações, a capacidade de percepção e reconhecimento das estruturas de oposição, o melhor uso dos dados de probabilidade situacional e velocidade com que toma as decisões mais apropriadas para a resolução dos problemas da prática esportiva (MCPHERSON, 1994; BAKER; CÔTÉ; ABERNETHY, 2003; ABERNETHY; BAKER; CÔTÉ, 2005).

A prática do treino compreende um fator determinante para que os altos índices de desempenho sejam alcançados. Nas habilidades abertas, típicas das modalidades esportivas coletivas, tais como voleibol, handebol, futebol, futsal, entre outras, além do domínio motor, refletido nos gestos técnicos dos jogadores, os processos cognitivos são fundamentais na performance, devido à elevada imprevisibilidade, aleatoriedade e variabilidade que compõem o contexto ambiental dessas modalidades desportivas (GRECO, 2006; GARGANTA, 2009).

No caso específico das modalidades de invasão, como o futsal, as relações que os jogadores da mesma equipe estabelecem entre si, entre os adversários e entre os demais elementos da estrutura do jogo resultam em situações nas quais o jogador realiza a "leitura de jogo". Ela exige elevada capacidade de decisão, enquanto o componente cognitivo centra-se nos processos de seleção de resposta (ALLARD; BURNETTI, 1985; THOMAS, K.; THOMAS, J., 1994; WILLIAMS; DAVIDS; WILLIAMS, 1993; GARGANTA, 2006). Nesse sentido, a preparação dos atletas deve estar voltada ao desenvolvimento de capacidades ligadas à regulação de ações que envolvam atenção, percepção, antecipação e tomada de decisão, em conjunto com aprendizagem da técnica. Os processos de ensino-aprendizagem-treinamento devem estar centrados, portanto, na formação de jogadores inteligentes, dotados de recursos e conhecimentos para solucionar diferentes situações de jogo (GRECO; BENDA, 1998).

A tática nas modalidades esportivas coletivas se refere à capacidade que o atleta possui para resolver os problemas que o contexto do jogo impõe. De acordo com Greco (2006), o domínio da tática decorre da excelência do pensamento operativo do atleta, ou seja, da interpretação das informações que o ambiente produz e da seleção da resposta mais adequada para sua solução. Embora se possa afirmar que os melhores jogadores apresentam maior capacidade tática, ainda não está totalmente esclarecida a forma como esse desempenho cognitivo se desenvolve ao longo da carreira de jovens atletas (GARGANTA, 2004).

Ao relacionarem a tomada de decisão e o processo de formação esportiva em longo prazo, Baker, Côté e Abernethy (2003) analisaram 28 atletas australianos, de modalidades como netball, hóquei de campo e basquetebol. Os principais resultados da investigação apontaram que os atletas que tiveram uma formação esportiva generalizada, contrariamente aos que tiveram uma especialização precoce, apresentaram melhores índices de tomada de decisão. Esses dados indicam que a exposição de atletas a atividades variadas durante a formação, estimulando-os a enfrentarem situações em diferentes jogos, contribui para a aprendizagem e o desempenho tático de sua modalidade.

Em outro estudo, García et al. (2009) buscaram compreender como o componente de desempenho cognitivo se desenvolve entre jovens atletas de tênis de campo. Foram observados 12 tenistas (seis experientes e seis novatos), com até 17 anos de idade. Os resultados mostraram que os jogadores com maior nível de experiência possuíam um conhecimento mais estruturado, permitindo-lhes interpretar as informações mais relevantes para a tomada de decisão, apresentando um desempenho tático similar ao de atletas adultos experts.

No voleibol, Porath et al. (2012) analisaram o nível de associação entre a experiência esportiva e o desempenho técnico-tático de jovens jogadores. Os resultados encontrados indicam que a experiência esportiva parece favorecer o desenvolvimento técnico-tático de jovens jogadores de voleibol, principalmente nas categorias infantil (sub-16) e infantojuvenil (sub-17). Contudo, na categoria mirim (sub-15), não se percebeu qualquer tipo de relação entre o desempenho técnico-tático de jogadores e a experiência na modalidade, evidenciando que a quantidade de treino e a motivação para a prática podem ser os fatores mais importantes para a melhoria da capacidade de jogo nessa faixa etária.

Diante do exposto, o objetivo do presente estudo é verificar o nível de desenvolvimento do desempenho técnico-tático individual, considerando a experiência esportiva de jogadores de futsal de categorias sub-13 e sub-15.

MÉTODOS

Participaram da pesquisa 34 jogadores de futsal pertencentes a dois clubes de Santa Catarina, de categorias sub-13 e sub-15. Para classificar a experiência esportiva, utilizou-se como base o estudo de Porath et al. (2012), que teve por critério o tempo de prática esportiva (anos de prática na modalidade). Assim, foram classificados como experientes os jogadores que possuíam cinco anos ou mais de prática esportiva na modalidade.

O nível de desempenho foi avaliado e identificado no ambiente de jogo formal por meio do Instrumento de Avaliação do Desempenho Técnico-Tático Individual - IAD-Futsal (SAAD, 2012). Esse instrumento passou pelo processo de validação de conteúdo (86,6% de consenso) e de fidedignidade intra-avaliador (0,85) e interavaliadores (0,82), indicando que o instrumento compreende uma ferramenta de observação válida e consistente, possibilitando, de forma fidedigna e confiável, a avaliação e determinação do nível do desempenho esportivo geral e específico de jogadores das categorias de formação no futsal. As análises dos jogos foram realizadas pelos pesquisadores deste estudo juntamente com três avaliadores previamente treinados para a utilização do instrumento.

O IAD-Futsal é composto pelos indicadores de observação de cada ação técnico-tática individual de ataque e defesa, relacionados aos seguintes componentes: tomada de decisão, que é o conjunto de processos de seleção e de escolha de uma determinada ação com o intuito de resolver a situação-problema em que o jogador se encontra (ARAÚJO, 2006); eficácia, que é o resultado obtido em decorrência da execução das habilidades fundamentais do jogo (RINK, 1993); e adaptação, que envolve as movimentações que precedem o contato direto com a bola ou aquelas realizadas após o contato com a bola, buscando a continuidade do jogo.

Por sua vez, os indicadores são elementos que compreendem cada componente. Nessa perspectiva, o IAD-Futsal avalia o jogador atacante com a posse de bola na busca do espaço na defesa, a partir dos indicadores de condução, passe, recepção, drible e finalização, e o jogador atacante sem a posse da bola, na busca do espaço na quadra de defesa, por meio do indicador da desmarcação. Além disso, avalia o jogador defensor, que protege a sua meta da progressão do jogador atacante com a posse da bola, pelo indicador marcação ao jogador com a bola, e protege a sua meta do avanço do atacante, que busca espaço na quadra de defesa, por meio do indicador marcação ao jogador sem a posse da bola.

O nível de desempenho dos jogadores corresponde ao resultado percentual obtido pelas equações. O cálculo é realizado a partir do somatório de pontos obtidos pelo jogador durante a avaliação, sendo que, para cada indicador, se estabeleceu 1, 2 ou 3 pontos. Assim, o Desempenho Específico por Ação (DEA) foi determinado pela equação:

Em tal equação, "no" diz respeito ao número de componentes (adaptação, tomada de decisão e eficácia) avaliados, sendo: 33,3 quando há 3 componentes; 50 quando há dois; e 100 quando há um componente. O "x" corresponde ao total de pontos obtidos por ação (soma dos componentes de cada ação específica realizada), e "z" corresponde ao número de ações específicas avaliadas.

O Desempenho Específico por Componente (DEC) foi determinado pela equação:

Nessa equação, "y" corresponde ao total de pontos obtidos no componente específico (soma da pontuação em todas as ações do componente), e "z" corresponde ao total de ações avaliadas.

O IAD-Futsal foi aplicado em dois momentos: no início da temporada esportiva, durante partidas válidas pela primeira etapa/fase do Campeonato Catarinense da temporada de 2011, em cada categoria; e ao final da temporada esportiva, durante partidas válidas pela etapa/fase final do Campeonato Catarinense da temporada de 2011, em cada categoria.

Durante as filmagens dos jogos, na coleta de dados, a filmadora foi colocada em ponto estratégico no ginásio, de modo que se obtivesse uma visão ampliada da quadra e das ações dos jogadores, com e sem a posse da bola. Os dados obtidos nas filmagens foram transcritos em fichas sistemáticas de observação e, posteriormente, agrupados, para facilitar a sua interpretação. A pesquisa foi submetida à aprovação do Comitê de Ética para Pesquisa com Seres Humanos da UFSC (Processo 125/08), bem como foram obtidas as respectivas assinaturas dos Termos de Consentimento Livre e Esclarecido pelos participantes e responsáveis.

A análise descritiva dos resultados foi realizada por meio do agrupamento dos dados obtidos, para determinação de média e de desvio padrão. Para verificar a normalidade da distribuição dos dados, realizou-se o teste Kolmogorov-Smirnov. Para avaliar as diferenças do desempenho entre os jogadores não experientes e experientes (anos de prática na modalidade esportiva), foi empregado o teste t para amostras independentes. Os dados foram organizados na planilha de cálculo Excel do sistema operacional Windows, versão XP, e analisados estatisticamente no programa Statiscal Package for the Social Science (SPSS) for Windows, versão 17.0. O nível de significância utilizado foi de 5%.

RESULTADOS

De acordo com a classificação adotada de experiência esportiva (em relação ao tempo de prática), em um universo de 34 jogadores, 9 foram considerados experientes, sendo 3 da categoria sub-13 e 6 da categoria sub-15; os demais jogadores foram classificados como não experientes, sendo 14 da categoria sub-13 e 11 da categoria sub-15.

A Tabela 1 apresenta o nível de desempenho dos jogadores não experientes e experientes em cada indicador, nos jogos realizados na fase inicial (pré-teste) e na fase final (pós-teste) da competição.

Ao comparar o desempenho técnico-tático dos jogadores não experientes e experientes no pré-teste, constataram-se diferenças apenas nos indicadores finalização (p=0,049) e drible (p=0,028), tendo os experientes maiores médias. Na avaliação realizada no pós-teste, os jogadores não experientes revelaram menores índices de desempenho nos indicadores marcação ao jogador sem a bola (p=0,002), condução (p<0,001), finalização (p=0,002) e drible (p=0,001).

Ao considerar a evolução no índice do nível de desempenho, tanto os jogadores experientes como os não experientes tiveram um aumento pequeno do índice. Nos jogadores não experientes, o maior aumento foi na marcação sem bola em 3,18%, ou seja, passou de 75,15% no pré-teste para 78,33% no pós-teste. Nos jogadores experientes, o maior aumento se deu na finalização em 2,86%, elevando o índice de 80,83% (pré-teste) para 83,69% (pós-teste).

Ressalta-se que, no início da temporada esportiva, de um modo geral, o nível de desempenho dos jogadores classificados como experientes é maior do que o dos jogadores não experientes, em todos os indicadores, apesar de, estatisticamente, apresentar diferenças apenas nos indicadores de drible e finalização.

Em relação ao nível de desempenho técnico-tático dos componentes (Tabela 2), no pré-teste e no pós-teste, os resultados indicam que os jogadores experientes apresentam melhores resultados em todos os componentes. Contudo, significativamente, os experientes foram melhores no componente adaptação (p=0,050) e eficácia (p=0,031) em relação aos não experientes. Ao considerar os índices de desempenho individual, constatou-se que, no pós-teste, os jogadores experientes obtiveram um desempenho de 84,65% na adaptação e 81,81% na eficácia; por sua vez, os não experientes alcançaram 77,59% e 78,29% na adaptação e eficácia, respectivamente.

Observa-se, também, que tanto os jogadores experientes como os jogadores não experientes apresentaram ganhos nos índices do nível de desempenho técnico-tático. Os jogadores não experientes elevaram seu nível de desempenho global de 70,87% (pré-teste) para 77,58% (pós-teste) e os experientes de 76,38% (pré-teste) para 84,75% (pós-teste), ou seja, os não experientes aumentaram seu índice em 6,71% e os experientes, em 8,37%.

Essa evolução expressiva nos índices dos componentes do desempenho indica que os jogadores dessas categorias, compreendidos entre 12 e 15 anos de idade, ainda não atingiram seu ápice esportivo.

A Tabela 3 apresenta, a partir da análise realizada pela diferença entre o desempenho dos jogadores no pós-teste e no pré-teste (∆), os resultados da evolução do nível de desempenho dos jogadores experientes e não experientes.

Ao comparar a evolução do desempenho entre os jogadores não experientes e experientes (Tabela 3), não foram observadas diferenças significativas, o que pode ser justificado pelo baixo número de atletas considerados experientes - apenas 9 de um total de 34 jogadores - , ou também pela diferença do desempenho individual dos jogadores, elevando, dessa forma, o desvio padrão dos grupos.

Importante destacar que o componente eficácia foi o que apresentou o maior ganho no índice de desempenho, apresentando alterações substanciais para os jogadores não experientes (∆ = 9,01) e experientes (∆ = 11,09), assim como o componente tomada de decisão (∆ = 8,62) para os jogadores experientes. A menor evolução entre os componentes ocorreu na adaptação, tanto para os jogadores não experientes (∆ = 4,68) como para os jogadores experientes (∆ = 5,32). Ao considerar a avaliação global, os jogadores experientes (∆ = 8,36) e os jogadores não experientes (∆ = 6,70) apresentaram uma expressiva evolução.

DISCUSSÃO

O sucesso no desempenho esportivo depende de fatores decorrentes da capacidade aprendida ao longo dos anos com as experiências prévias. Estudos realizados com foco na psicologia esportiva demonstram que jogadores mais experientes apresentam melhores desempenhos quando comparados aos menos experientes (BERTUOL; VALENTINI, 2006).

Com relação aos maiores desempenhos dos jogadores experientes nos componentes de adaptação e tomada de decisão, observa-se que as ações regidas por capacidades cognitivas estão associadas com o tempo da prática de treino.

Em estudo realizado no voleibol, Pinheiro (2006) identificou que atletas com menos experiência apresentam baixos índices de desempenho nos componentes de ajustamento (adaptação) e tomada de decisão.

Nesse sentido, alguns especialistas do treino (ALLARD; GRAHAM; PAARSALU, 1980; MCPHERSON; THOMAS, 1989; ARIAS et al., 2012) indicam que os atletas mais experientes possuem um conhecimento declarativo e processual superior aos atletas não experientes. Dessa forma, o desempenho do atleta mais experiente está relacionado à capacidade de tratar com efetividade os sinais mais relevantes do jogo, desenvolvidos ao longo do tempo (MATIAS; GRECO, 2010).

Em estudos alicerçados na relação do desempenho esportivo com o nível de experiência, alguns autores (HELSEN, 2000; BANKS; MILLWARD, 2007; CASANOVA, 2009; COSTA et al., 2010) têm apresentado resultados semelhantes. Ao analisar o desempenho de jovens jogadores de tênis, Andrade et al. (2005) identificaram que atletas com mais tempo de prática na modalidade obtiveram os melhores resultados em testes de tempo de reação, estímulos auditivos e no tempo de reação de discriminação. No futebol, Giacomini e Greco (2008) encontraram níveis mais elevados de conhecimento tático processual em jogadores da categoria sub-17 do que em jogadores das categorias menores (sub-15 e sub-14). Iglesias et al. (2005), no basquetebol, observaram que jovens jogadores com mais experiência esportiva apresentaram melhores performances de jogo e maior conhecimento processual na modalidade.

Na investigação sobre o desempenho de jogadoras de voleibol das categorias infantil e juvenil, Barcelos et al. (2009) verificaram que o grupo de jogadoras mais experiente apresentou os melhores escores em relação às jogadoras iniciantes. Os autores concluíram que o maior tempo de prática na modalidade favoreceu o desenvolvimento de aspectos cognitivos, possibilitando maior entendimento do jogo, condição que possibilita respostas mais rápidas com maior tempo de prática.

Ao referir que a capacidade tática de um jogador é determinada pela interação das capacidades cognitivas, coordenativas, técnicas e psicológicas, Menezes e Reis (2010) ressaltam que as crianças têm enfrentado dificuldades na escolha da melhor solução para os problemas apresentados em situações de jogo. Mas, à medida que o conhecimento tático evolui, acrescentam que as possibilidades de solucionar uma tarefa aumentam. Assim, as evidências encontradas no presente estudo podem ser justificadas pelo fato de os jogadores experientes apresentarem maior contato com a modalidade de futsal.

Os estudos de Rippol (1987), Konzag (1990) e Mangas (1999) apontam que a qualidade de decisão está correlacionada à experiência e aos anos de prática. Williams, Davids e Williams (1993) demonstraram que atletas mais experientes possuem um conhecimento de base da modalidade mais amplo, fazendo com que os mesmos identifiquem melhor os sinais relevantes e, consequentemente, decidam melhor.

De um modo geral, as investigações que tratam do desenvolvimento da performance de atletas (SINGER; JANELLE, 1999; BAKER et al., 2003) têm apontado que os jogadores mais experientes distiguem-se dos demais, principalmente quando se refere à melhor leitura e interpretação das ações do jogo. Da mesma forma, outros estudos (ALLARD, 1993; FRENCH; HOUSNER, 1994; PINTO, 1995; RODRIGUES, 1998) identificaram um maior conhecimento específico da modalidade por parte dos mais experientes, comprovando que os mesmos compreendem e visualizam melhor os problemas do jogo e tomam as melhores decisões.

Assim, o ponto crucial que leva a esses indicadores de performance, segundo Janelle e Hillman (2003), é a prática do treino, em que as capacidades e habilidades são desenvolvidas e efetivadas ao longo do tempo.

Apesar de os jogadores experientes apresentarem superioridade no desempenho em relação aos jogadores não experientes, a literatura especializada atenta para que os atletas com muitas horas de prática não sejam conduzidos a uma especialização precoce.

Importante também resaltar que o rendimento competitivo apresentado em categorias de formação não garante a sua manutenção na categoria adulta. O estudo de caráter retrospectivo, realizado em Portugal por Brito, Fonseca e Rolim (2004), demonstrou que, das 329 principais atletas de diferentes provas do atletismo feminino, apenas 11% constituíam os primeiros lugares da categoria infantil, elevando esse valor para 26% na categoria juvenil. No Brasil, Mizoguchi et al. (2008) utilizaram a mesma metodologia e verificaram que, dos 117 atletas de futsal detentores de títulos em campeonatos paranaenses nas categorias de base nos anos de 1996 e 1997, apenas 13 mantinham esse rendimento na idade adulta após 10 anos.

CONCLUSÃO

Não há dúvidas de que o maior contato com a modalidade, ou seja, mais tempo de prática, contribui efetivamente para o aumento do desempenho cognitivo e motor. Isso se evidencia a partir dos resultados dos componentes adaptação e eficácia, particularmente nos indicadores de marcação ao jogador sem a bola, condução, finalização e drible.

As evidências encontradas no presente estudo demonstram que a experiência esportiva favoreceu o maior nível de desenvolvimento técnico-tático de jogadores de futsal. Entretanto, apesar de os jogadores experientes apresentarem maiores níveis nos componentes que cercam o rendimento esportivo, também houve evolução no desempenho dos jogadores não experientes em todos os indicadores e componentes.

Apesar de não haver diferenças significativas na evolução do desempenho técnico-tático dos jogadores avaliados, os resultados apontam que os jogadores experientes apresentaram uma discreta superioridade nos ganhos de desempenho em todas as variáveis. Essas evidências podem contribuir para a compreensão de que, independentemente do tempo de prática na modalidade, o desempenho cognitivo se mantém em constante evolução em atletas adolescentes, devendo ser basilar e rotineiro o seu desenvolvimento em todas as categorias dos escalões de base do futsal.

Recebido em: 02/04/2013

Revisado em: 31/08/2013

Aceito em: 02/10/2013

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  • Endereço para correspondência:
    Michel Angillo Saad
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  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      03 Jun 2014
    • Data do Fascículo
      Dez 2013

    Histórico

    • Recebido
      02 Abr 2013
    • Aceito
      02 Out 2013
    • Revisado
      31 Ago 2013
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