Resumo
O presente estudo centra-se na experiência dos estudantes internacionais provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa no Ensino Superior em Portugal, concretamente nos guineenses. Pretendeu-se identificar e compreender as barreiras experienciadas na sua trajetória universitária, bem como apresentar recomendações para a melhoria quer da integração social, quer do sucesso académico. Nesta lógica, foram entrevistados onze indivíduos que frequentavam uma universidade portuguesa. Os resultados mostram que os estudantes são confrontados, desde logo, com diversas barreiras que condicionam não só a adaptação e integração social, como a aprendizagem e sobretudo o sucesso. Destacam-se, assim, a morosidade da obtenção dos vistos de estudo, a fraca proficiência na língua portuguesa, a escassez de alojamento e as questões socioculturais. Acrescem ainda as dificuldades financeiras, de adaptação ao novo espaço académico e de aprendizagem. Por fim, apresenta-se um conjunto de recomendações que visa melhorar significativamente a integração e o sucesso deste grupo estudantil em Portugal.
Palavras-chave: estudantes guineenses; Ensino Superior; Portugal; barreiras; recomendações
Abstract
This study focuses on the experience of international students from Portuguese-speaking African countries in Higher Education in Portugal, specifically Guineans. It aimed to identify and understand the barriers experienced by these students in their academic trajectory, as well as to present recommendations for improving both social integration and academic success. In this perspective, eleven Guinean students that attend a Portuguese university were interviewed. The results show that students are faced with several barriers that affect not only their adaptation and social integration, but also their learning and, above all, their success. These include the delay in obtaining the visa, poor proficiency in Portuguese language, difficulty in finding accommodation and socio-cultural issues. There are also financial difficulties, in adapting to the new academic environment and learning difficulties. Finally, a set of recommendations is presented which aim to significantly improve the integration and success of this student group in Portugal.
Keywords: Guinean students; Higher Education; Portugal; barriers; recommendations
Introdução
Nas últimas décadas, o número de estudantes internacionais no ensino superior português aumentou significativamente, destacando-se os provenientes dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) (Iorio, Nogueira, 2019; Aguiar et al., 2023; Nada, Araújo, 2018). Porém, o ingresso destes indivíduos nas Instituições de Ensino Superior (IES) portuguesas não é, de todo, um fenómeno novo. De fato, após a descolonização dos antigos territórios africanos, em 1975, Portugal tornou-se, indiscutivelmente, um país de destino de imigrantes desses territórios, em particular da Guiné-Bissau. A partir dos anos 90, este fenómeno migratório adquiriu uma dimensão significativa, dado que os guineenses passaram a ser um dos maiores grupos de imigrantes em Portugal (Machado, 2009). Entre as principais razões invocadas para a vinda destes indivíduos destacam-se a língua portuguesa, a possibilidade de alcançarem melhores oportunidades de emprego, o reagrupamento familiar e ainda a realização de estudos universitários (Neto, Pinto, 2022; Borges, 2010).
Embora a literatura tenha vindo a examinar a experiência académica dos estudantes internacionais oriundos dos PALOP no ensino superior português (Alves, Iorio, 2021; Lima, 2018; Nada, Araújo, 2018), as barreiras experienciadas pelos indivíduos guineenses são ainda pouco exploradas (Cá, 2015). Neste contexto, este artigo pretende identificar e compreender as principais barreiras enfrentadas, por um lado e apresentar recomendações para a promoção da integração social e do sucesso académico, por outro lado. Para alcançar estes objetivos, procedeu-se a uma recolha de dados de cariz qualitativo através de entrevistas narrativas a onze guineenses que frequentavam o ensino superior em Portugal.
O artigo encontra-se estruturado em três partes. A primeira parte incide sobre os estudantes internacionais provenientes dos PALOP no ensino superior em Portugal. A segunda versa sobre a metodologia e, por último, as barreiras experienciadas, bem como as recomendações quer para a integração social, quer para o sucesso académico destes estudantes.
Os estudantes internacionais provenientes dos PALOP no Ensino Superior em Portugal
A presença de estudantes internacionais provenientes dos PALOP no ensino superior em Portugal não é recente, muito pelo contrário. Nos últimos anos, o número de estudantes provenientes dos PALOP nas IES em Portugal alcançou um crescimento muito significativo. Ora, segundo os dados do Inquérito ao Registo de Alunos Inscritos e Diplomados do Ensino Superior (RAIDES) da Direção-Geral de Estatísticas de Educação e Ciência (DGEEC), no ano letivo de 2022/23, os estudantes oriundos dos PALOP correspondiam a 23.204 inscritos, registando um crescimento bastante significativo face ao ano letivo de 2012/13, quando estes estudantes totalizavam 8.217 inscritos (DGEEC, 2023). Estes dados evidenciam que Portugal é, cada vez mais, um dos principais países escolhidos pelos estudantes africanos.
No que respeita aos países de origem destes estudantes, Angola e Cabo Verde constituíam os países com o maior número de estudantes inscritos no ensino superior em Portugal. Contudo, a partir do ano letivo de 2020/2021, verificou-se um aumento bastante significativo do número de guineenses, ultrapassando, assim, o número de angolanos e cabo-verdianos.
Existem, em Portugal, diversos estudos dedicados aos fatores de motivação dos estudantes provenientes dos PALOP na escolha de Portugal como o país de eleição para o prosseguimento da formação académica (Alves, Iorio, 2021; Lima, 2018). Entre esses fatores, estão, desde logo o passado histórico, a língua partilhada e ainda a presença de familiares e amigos em Portugal (Vinagre, 2017). Aliás, como referem Mains et al. (2013), o passado colonial tem um papel importante quer nos fluxos migratórios, quer na organização das antigas colónias. Os laços históricos e culturais estabelecidos entre Portugal e os PALOP reforçam ainda mais a internacionalização do ensino superior português.
Outro dos fatores prende-se com os Acordos de Cooperação firmados entre Portugal e os referidos países. Estes acordos permitem o ingresso dos indivíduos provenientes dos PALOP e de Timor nas universidades portuguesas através de um regime especial de acesso, assim como possibilitam a obtenção de uma bolsa de estudo para frequentar o ensino superior (Lima, 2018). Além disso, existem instituições ora públicas, ora privadas que apoiam estes estudantes na área da educação, nomeadamente o Instituto Camões e a Fundação Calouste Gulbenkian (FCG).
A qualidade do ensino, o prestígio do diploma português no mercado de trabalho e, por conseguinte, a possibilidade de alcançarem, no futuro, melhores oportunidades profissionais são também fatores que determinam a escolha por Portugal (Doutor, Alves, 2020; Alves, Iorio, 2021; Larbi, Fu, 2017). Concordando com Djalo (2012, p. 264), a formação em Portugal é, no fundo, “uma passagem quase obrigatória para aumentar o mérito pessoal” dos estudantes africanos.
Porém, a adaptação a um novo país e a um sistema de ensino diferente não é, muitas vezes, um processo simples. São, efetivamente, diversas as barreiras de adaptação e integração vivenciadas por este grupo específico de estudantes em Portugal. Entre elas, destacam-se os constrangimentos burocráticos (Lima, 2018) associados aos vistos de entrada requeridos junto da Embaixada Portuguesa nos seus países de origem, numa primeira fase, e as autorizações de residência em Portugal solicitadas junto do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). Para além disso, estes estudantes apresentam ainda sérias dificuldades a nível financeiro e a nível linguístico (Cá, 2015; Chaves et al., 2023). De fato, os estudantes dos PALOP usam as suas línguas maternas, como o crioulo, nas suas vidas quotidianas, levando a que o domínio da língua portuguesa seja assumido como uma dificuldade significativa em termos de socialização e, consequentemente, um forte entrave ao sucesso académico (Vinagre, 2017). No que respeita ao processo de aprendizagem, as dificuldades sentidas pelos estudantes dos PALOP prendem-se, entre outras, com o nível de ensino dos seus países de origem, a preparação na área das disciplinas afins aos cursos e, por último, a desarticulação existente entre o sistema secundário dos PALOP e o ensino superior português (Cá, 2015; Lima, 2018). Destaca-se ainda problemas relacionados com discriminações e racismo de ordem institucional (Chaves et al., 2023).
Outra dimensão importante no processo de adaptação e integração destes estudantes remete-nos para os contrastes culturais, as dificuldades de adaptação ao clima do país e as diferentes formas de interação social (Vinagre, 2017). Acrescem a estas as dificuldades sentidas no alojamento (Seibert, 2013), por vezes, por lhes ser negado o aluguer de um apartamento ou de um quarto devido à tonalidade da cor da pele (Doutor et al., 2018).
Metodologia
Este artigo baseia-se numa investigação pós-doutoramento1, em curso, sobre as experiências dos estudantes guineenses numa IES portuguesa, através da qual procurou-se identificar e compreender as barreiras enfrentadas, por um lado, e apresentar recomendações para a promoção da integração social e do sucesso académico, por outro lado. Para tanto, recorreu-se à investigação qualitativa (Denzin, Lincoln, 2008) por meio de entrevistas de cariz narrativo com o principal propósito de
ter acesso à experiência do outro, porém de modo indireto, pois a pessoa traz a sua experiência da maneira como ela a percebe, ou melhor, da maneira como a interpreta. A pessoa narra suas experiências, reconstruindo eventos passados de uma maneira congruente com sua compreensão atual, ou seja, o presente é explicado tendo como referência o passado reconstruído. (Queiroz, 2017, p. 474)
Foram, assim, entrevistados onze estudantes guineenses de uma IES portuguesa. A seleção dos participantes teve em consideração os seguintes critérios: (i) o país de origem (Guiné-Bissau); e (ii) o acesso ao ensino superior através do regime especial de acesso PALOP. Recorreu-se, ainda, à técnica de saturação (Onwuegbuzie, Leech, 2007) para determinar o número de participantes.
No que tange à caracterização dos entrevistados, sete eram homens e quatro mulheres, com idades compreendidas entre os 19 e os 34 anos, inscritos em licenciaturas e mestrados e distribuídos pelas seguintes áreas cientificas: Psicologia, Engenharia Civil, Gestão Escolar, Engenharia Alimentar, Educação Especial e, por último, Engenharia Eletrotécnica.
Antes da realização das entrevistas, os participantes foram informados sobre os objetivos do estudo e assinaram o consentimento informado. A fim de garantir a privacidade e o anonimato, foram atribuídos nomes fictícios aos participantes do estudo.
De forma a caraterizar a experiência académica dos estudantes guineenses em Portugal, os tópicos utilizados para desencadear o processo narrativo dos participantes foram os seguintes: “gostaria que refletisse sobre a sua experiência académica em Portugal, referindo as dificuldades encontradas e também as medidas que permitam ultrapassá-las”.
As entrevistas foram realizadas entre os meses de fevereiro e julho de 2023 e tiveram uma duração entre 60 e 120 minutos. As entrevistas foram transcritas na íntegra e, posteriormente, recorreu-se à técnica de análise de conteúdo temática (Bardin, 2014) com o propósito de identificar as categorias emergentes do discurso dos entrevistados, tendo em conta os objetivos do estudo. Neste contexto, foram identificadas duas categorias: 1) as barreiras sentidas e 2) as recomendações para promover a integração e o sucesso académico. A primeira categoria compreende as subcategorias: barreiras burocráticas; socioculturais; linguísticas; financeiras e académicas. A segunda categoria inclui como subcategorias as recomendações de apoio social e financeiro, linguísticas e pedagógicas.
De seguida, apresenta-se e discute-se os dados recolhidos à luz de algumas perspetivas teóricas.
Apresentação e discussão dos resultados
Tendo em conta a experiência dos estudantes guineenses no ensino superior em Portugal, os resultados remetem para (i) as barreiras experienciadas pelos estudantes nas suas trajetórias académicas e (ii) as recomendações para promover a integração social e o sucesso académico.
Barreiras
Barreiras burocráticas
Em primeiro lugar, a maioria dos entrevistados deparou-se com barreiras burocráticas, nomeadamente os vistos de entrada em Portugal. O processo de emissão dos vistos junto da Embaixada Portuguesa na Guiné-Bissau é definido pelos entrevistados como bastante difícil, exigente e moroso. Desta forma, a demora na obtenção dos vistos contribuiu para a chegada tardia destes estudantes:
Esperei pelo visto quase 5 meses [é] muito tempo. Na maioria das vezes, os estudantes africanos chegam atrasados por causa do visto. Nós só chegamos cá em janeiro. (Alfredo, 31 anos, Educação Especial)
Para muitos entrevistados, o atraso da emissão dos vistos teve consequências na adaptação, integração e sucesso académico, como nos relatou Ester:
Senti-me perdida, por completo! Perdi as matérias, as aulas já tinham sido dadas e os professores não iam voltar atrás. (Ester, 20 anos, Biotecnologia)
Assim, o atraso na emissão dos vistos junto da Embaixada Portuguesa influenciou, desde logo, a chegada dos participantes à IES e, por conseguinte, a integração social e o sucesso académico, corroborando os resultados de diversos estudos (Cá, 2015; Vinagre, 2017).
Por outro lado, após a chegada tardia a Portugal mais de metade dos participantes revela que deparou-se com a escassez de alojamento, quer nas residências universitárias, quer na cidade de acolhimento. Tal constatação é expressa no discurso de Elson:
Quando chegamos aqui contactámos os serviços de ação social [que] nos enviaram um formulário para preencher, mas eu não consegui [quarto] porque o alojamento já estava todo ocupado desde outubro. A procura de alojamento é uma situação muito difícil. (Elson, 33 anos, Gestão e Administração Escolar)
A par disso, foram confrontados com a ausência de informações processuais e claras relativamente à obtenção de vaga nas residências universitárias. A este respeito, Naira contou-nos o seguinte:
Eu vim para cá para fazer a matrícula e tudo mais. E eu não tinha sítio para ficar. Essa foi a minha primeira dificuldade porque eu queria um sítio para ficar, mas [os] serviços de ação social disseram que a residência era só para [os estudantes] nacionais. Os internacionais não podiam ficar na residência. Ah, eles sempre falaram “não tem espaço, está tudo ocupado”. Eu estava à procura de casa e foi difícil. Então eu perdi um mês e meio de aulas porque voltei para Lisboa [porque] não tinha sítio para ficar. Então, só depois os serviços me deram a residência. Entrei, tipo, em novembro, dezembro. (Naira, 21 anos, Psicologia)
Por outro lado, alguns participantes mencionaram ter sentido alguma forma de preconceito aquando da tentativa do aluguer de um quarto, sobretudo por serem guineenses. O seguinte relato ilustra esta questão:
Eu não tenho onde morar. Então, neste momento estou à procura de um quarto. Ao dizer que você é guineense, não sei se é por causa disso, mas até agora é difícil encontrar um quarto para nós guineenses. É difícil! (Batista, 32 anos, Gestão e Administração Escolar)
De um modo geral, a barreira sentida ao nível do alojamento constitui outra dimensão importante na adaptação e integração social. Aquando da chegada a Portugal, a maioria dos participantes deparou-se com a dificuldade em encontrar um alojamento, quer pela escassez de quartos para arrendar na cidade de acolhimento, quer pela recusa por questões de nacionalidade ou pela “cor da pele” (Doutor et al., 2018). Esta ausência de estruturas de alojamento para os estudantes guineenses é também confirmada pelo estudo de Almeida (2019), que analisou a experiência de ser estudante guineense no Brasil.
Barreiras socioculturais
A experiência académica dos entrevistados é, também, caracterizada por algumas barreiras de adaptação à cultura portuguesa decorrentes das diferenças culturais entre a Guiné-Bissau e Portugal. Alguns estudantes referiram que encontraram, em Portugal, diferentes hábitos e práticas de sociabilidade quando comparados com o seu país. Denota-se nos discursos seguintes a perceção de que os portugueses são pouco acolhedores e amigáveis:
No início era cada um no seu canto, porque é, como eu disse, é a maneira de conviver dos portugueses. Lá [na Guiné-Bissau] é diferente as pessoas vão logo “Olá sou o X, sou o Y” E tentam incluir logo à primeira vez. É, por isso, que nós dizemos que somos mais hospitaleiros que os portugueses. (Mauro, 24 anos, Engenharia Eletrotécnica)
Além disso, os entrevistados evidenciam uma certa discriminação vivenciada em ambiente académico:
Eu acho que tem pessoas também que não querem falar. Eu vejo na cara da pessoa dá para perceber se a pessoa é amigável ou não. E aí se a pessoa ficar com a cara trancada mesmo que se eu quiser dirigir alguma palavra eu já desisto logo porque não vale a pena. (…). Ali na escola [de Engenharia], por exemplo, sempre que eu estou com as meninas montes de pessoas vêm, mas só falam com elas e não falam comigo. Se calhar é porque elas não me conhecem ou não faço ideia, mas também se não conheceres alguém não custa dizer “olá, tudo bem?”. (Melissa, 24 anos, Engenharia Alimentar)
Neste sentido, os entrevistados foram confrontados com uma cultura diferente. De fato, a ausência de convivialidade com os colegas portugueses associada a um sentimento de discriminação parece afetar a integração e, consequentemente, a solidão destes indivíduos. Estudos anteriores destacaram que os guineenses apresentam, em Portugal, níveis de solidão mais elevados quando comparados com outros indivíduos provenientes dos PALOP (Neto, Pinto, 2022).
Barreiras linguísticas
Ainda no âmbito das barreiras, os entrevistados referem sérias dificuldades na língua portuguesa. Apesar de ser uma língua imposta pelo colonialismo, os estudantes revelaram que usam a língua materna crioula, sobretudo em casa e na escola, o que acaba por dificultar o domínio da língua portuguesa:
Às vezes, os professores explicavam as coisas em crioulo quando era necessário. E o português não era uma coisa que eu soubesse falar muito bem e nem entendia tudo. Então quando eu cheguei a minha dificuldade foi em termos da linguagem. (Anaís, 20 anos, Psicologia da Educação)
A este respeito, Jaló (2019) refere que os próprios professores guineenses enfrentam, não raramente, dificuldades para se exprimirem em português, recorrendo, frequentemente, ao crioulo guineense para se fazerem entender. Ora, estas dificuldades linguísticas contribuem, efetivamente, para o insucesso escolar dos alunos da Guiné-Bissau (Mendes, 2022). Embora o português simbolize um “estatuto social superior, o seu uso no quotidiano permanece muito limitado por causa da imagem que dele tem os guineenses: a língua do opressor” (Djalo, 2012, p. 268).
Se a proficiência linguística contribui fortemente para a adaptação a Portugal, a ausência desta competência constitui, inegavelmente, uma forte barreira. A narrativa de Erineu ilustra claramente esta dificuldade no uso do português falado:
Bom, na Guiné-Bissau, nós já falávamos português, [mas] quando eu cheguei aqui o português foi a primeira barreira porque basicamente fiquei umas três horas na aula e não entendi quase nada do que o professor estava a falar. A pronúncia é muito diferente daquilo que estamos habituados na Guiné. (Erineu, 22 anos, Engenharia Civil)
Além disso, foi possível identificar, em algumas narrativas, situações de preconceito vivenciadas pelos entrevistados relativamente ao sotaque e à forma de falar português, como nos referiu Ester:
Não me lembro o que é que errei e toda a gente disse-me: - “tu não sabes falar português e não sei o quê” (…) depois nas aulas, tu acabas por ficar sozinha [porque] não consegues falar com os outros. (Ester, 20 anos, Biotecnologia)
Portanto, a barreira linguística afeta seriamente a vida social e académica destes estudantes (Ribeiro, 2018). Ademais, parece contribuir para situações de preconceito, na medida em que os entrevistados sentem-se envergonhados devido às dificuldades sentidas na linguagem (Tavares, 2016). Também o estudo de Almeida (2019) evidenciou o preconceito linguístico vivenciado pelos indivíduos guineenses em IES estrangeiras.
Barreiras financeiras
Por outro lado, os estudantes guineenses debatem-se com fortes carências financeiras. Embora poucos participantes recebam bolsas de estudo da Guiné-Bissau, a verdade é que os montantes não são suficientes para satisfazer as suas necessidades em Portugal, como nos refere Mauro (24 anos, Engenharia Eletrotécnica): “E o nosso dinheiro comparado com o dinheiro daqui, 100 euros, não te chega para pagar um mês na pousada, alimentação e propinas, enfim!”.
As barreiras financeiras colocam, frequentemente, os estudantes em situações dramáticas, como nos elucida o discurso de Elson:
O que é difícil para nós é o preço da propina. Imagina os estudantes nacionais pagam 600 euros e nós pagamos 2000 euros. Pagamos a universidade, pago o apartamento 250 euros. Essas contas todas resultam num trabalho que tem que ser duro para conseguir cobrir toda essa situação. E todos os meses tenho que enviar para a família na Guiné-Bissau. Fico muito tempo sem comprar uma camisa, sem ir [ao] supermercado. Já fiquei meses sem comprar nada. O que importa é ter onde dormir. Isso é que importa! (Elson, 33 anos, Gestão e Administração Escolar)
Deste modo, os montantes das bolsas de estudo, assim como os vencimentos auferidos não são, de todo, suficientes para fazer face às despesas de viver e estudar em Portugal. Os entrevistados que não auferem bolsas de estudo ocupam pequenos trabalhos não especializados, como é o caso de Alfredo, que trabalha na construção civil: “estou a trabalhar na obra porque é o único [trabalho] que me dava jeito para vir às aulas à noite” (31 anos, Educação Especial).
Importa ressalvar que no quadro da legislação portuguesa os estudantes internacionais com vistos de estudo podem exercer uma atividade profissional, desde que esta decorra fora do período de estudos. Para tal, os estudantes devem solicitar uma autorização prévia do SEF para exercerem uma atividade profissional (Nº2 do art.97 e nº1 do art. 88, da Lei nº 23/2007, de 4 de julho).
Neste sentido, os participantes debatem-se com fortes carências financeiras que têm, naturalmente, implicações nas suas vidas, quer no processo de adaptação e integração um novo país com uma nova cultura (Cá, 2015; Tavares, 2016; Sin et al., 2017), quer no processo de ensino-aprendizagem e, consequentemente, nos seus desempenhos escolares (Langa, 2017).
Barreiras académicas
Por fim, os entrevistados apontaram as barreiras académicas. Estas encontram-se divididas em duas categorias: (i) de adaptação ao novo espaço académico; e (ii) de aprendizagem. Em primeiro lugar, a adaptação a um novo e desconhecido espaço académico constitui, indiscutivelmente, um momento crítico na vida de todos os estudantes e os estudantes guineenses não são uma exceção. Alguns entrevistados experienciaram sentimentos de desorientação e de confusão. A seguinte narrativa ilustra o desconhecimento do espaço académico:
Bom, no primeiro dia de aulas não conhecia a sala [de aula], não conhecia ninguém. Eu estava a ver se eu encontrava uma menina preta para perguntar, até graças a Deus eu encontrei uma menina do meu curso que já acabou. (…) Eu disse: “Eu comecei a estudar e não conheço a turma de Engenharia Alimentar”. Ela disse “ah, boa, eu também sou de Engenharia Alimentar. Eu posso te mostrar. Tu tens o horário?”. Eu disse: “Não, não me deram o horário”. Eu pensei que era igual à Guiné que no início da aula dão o horário. E aí eu disse: “não, não me deram o horário ainda”. Ela disse “não, tu tens que ver”. Depois, ela entrou [na plataforma], mas só que era tão confuso. (Melissa, 24 anos, Engenharia Alimentar)
Neste sentido, a ausência de informações relativas à localização das salas de aulas e horários do curso origina sentimentos de desorientação. A este respeito, Cá (2015) referiu, no seu estudo, a complexidade do espaço académico e o desconhecimento da instituição de ensino, em particular a localização de salas de aulas como uma das principais dificuldades apontadas pelos estudantes guineenses numa universidade portuguesa.
Por outro lado, os estudantes revelam que foram confrontados com um sistema de ensino muito exigente e diferente quando comparado com a Guiné-Bissau, sobretudo ao nível dos conteúdos programáticos:
E o conteúdo da matéria está num nível que a gente não costuma ver [na Guiné-Bissau]. As nossas bases de lá nem sempre são suficientes para chegar aqui e enquadrar logo. A primeira aula foi aula de álgebra e eu tive que voltar a estudar alguns conteúdos passados para conseguir entender a matéria. (Erineu, 22 anos, Engenharia Civil)
Os entrevistados travam, assim, uma verdadeira batalha para acompanhar e compreender os conteúdos programáticos do ensino superior português. Aliás, Ié e Branco (2023) enfatizam as diversas limitações do ensino de ensino guineense para proporcionar um ensino de qualidade, em termos de infraestruturas, programas curriculares e recursos humanos. Tais limitações parecem originar dificuldades de aprendizagem nos estudantes guineenses em Portugal.
Ademais, é percetível a tomada de consciência, dos entrevistados, de lacunas em determinadas áreas científicas, a saber: Física, Matemática e Informática:
Nos primeiros dias quando eu vi a matéria da Física eu chorava na sala de aula porque eu achava tão difícil. E quando a professora falava eu não percebia. Todo o mundo percebia e eu não percebia. E a professora me disse: “Vais conseguir, tu tens que estudar!”. (Melissa, 24 anos, Engenharia Alimentar)
Na Guiné eu usava o computador da escola, mas não era para fazer trabalhos. Eu usava mais só para falar mesmo com as minhas amigas, tipo, no WhatsApp. Eu não usava para fazer os trabalhos, porque na Guiné não fazíamos trabalhos no PowerPoint para apresentar. Essas coisas, não. Então, essa parte foi difícil fazer porque a gente lá não usava. (Naira, 21 anos, Psicologia)
A partir das narrativas, percebemos que os estudantes são confrontados com um sistema de ensino muito diferente da Guiné-Bissau, principalmente ao nível dos conteúdos programáticos (Cá, 2015). A par disso, as lacunas decorrentes da formação escolar anterior agravam ainda mais a aprendizagem e o sucesso académico. No fundo, estas barreiras académicas têm implicações quer na integração, quer no sucesso académico destes estudantes (Ié, Branco, 2023).
Recomendações para melhorar a integração e o sucesso académico dos estudantes guineenses
Tendo em consideração as barreiras vivenciadas nas suas trajetórias académicas em Portugal, os entrevistados apresentaram um conjunto de recomendações institucionais para melhorar quer a integração, quer o sucesso académico.
Recomendações de apoio social e financeiro
Em primeiro lugar, a recomendação que se afigura bastante pertinente reporta-se aos diversos tipos de apoio social concedidos a estes estudantes pelas IES, especificamente o alojamento. Partindo da constatação de que a maioria dos participantes sente dificuldades ao nível do alojamento, as IES devem desenvolver medidas institucionais de forma a colmatar esta barreira como aumentar a oferta de alojamento estudantil:
O que se pode fazer para melhorar a integração dos estudantes, aqui, é procurar dar uma resposta em termos de alojamento. Acho que pode haver duas explicações, aqui! Uma é que não existe assim tanto alojamento e outra é que quando a pessoa consegue ver qualquer alojamento, vem então a questão financeira! O alojamento é tão alto que a pessoa começa a não ter condição financeira para pagar. (Onésimo, 26 anos, Gestão e Administração Escolar)
Ademais, os entrevistados deparam-se com sérias dificuldades financeiras dado que os montantes dos vencimentos que auferem como os apoios dos seus familiares são insuficientes para suportar as despesas em Portugal, como é o caso do alojamento. Nestas circunstâncias, afigura-se fundamental que a universidade crie condições para que estes estudantes encontrem alojamento disponível e acessível assim que chegam a Portugal. De igual modo, Vinagre (2017) concluiu, no seu estudo, a necessidade de intervenção das IES ao nível dos serviços de apoio prestados a estes estudantes, nomeadamente o alojamento facultado para uma adaptação e integração bem-sucedidas.
Recomendações linguísticas
Por outro lado, a oferta de cursos de português como língua estrangeira surge-nos, de igual modo, como uma medida institucional viável para colmatar as diversas barreiras linguísticas dos entrevistados:
Se a universidade tivesse a oportunidade de criar um projeto de aperfeiçoamento da língua [portuguesa] para ajudar os guineenses, seria bom. Por exemplo, frequentar as aulas de português para melhorar a língua. Muitos estudantes desistem por causa da língua. Se não dominares a língua portuguesa não vais compreender! (Patrício, 34 anos, Gestão e Administração Escolar)
Neste sentido, as IES deveriam implementar Cursos Livres de português europeu de acesso gratuito para colmatar as dificuldades linguísticas destes estudantes. Estes resultados são concordantes com o estudo de Ambrósio et al. (2017), que sugeriu a oferta de cursos de português - presenciais e online - como uma solução institucional viável para o desenvolvimento de competências linguísticas no ensino superior.
Recomendações pedagógicas
No âmbito das recomendações pedagógicas, a criação de um “mentor”, ou seja, um estudante que fique responsável pela receção, apoio e orientação dos guineenses recém-chegados ao ensino superior, pode facilitar, em muito, a adaptação e integração destes indivíduos na comunidade académica. A par disso, este mentor deve fornecer informações de caráter logístico fundamentais à vida quotidiana dos estudantes em Portugal, como a localização da cantina, da biblioteca, dos serviços académicos, entre outros:
Para mim, o que é que deve ser feito? É arranjar mentores [que] seriam estudantes. Se o estudante [guineense] tiver um mentor ou uma pessoa que acompanhe a [sua] situação académica acho que isso irá ajudar a integração do estudante tendo em conta as [suas] necessidades e dificuldades. Para além de ajudar o estudante também irá motivá-lo. (Elson, 33 anos, Gestão e Administração Escolar)
A gente precisa de computador, mas o mais essencial é alguém para nos ajudar a trabalhar no computador. Não basta ter o computador, o problema é ter alguém disponível para nos ajudar. (Melissa, 24 anos, Engenharia Alimentar)
Outra sugestão apresentada por alguns entrevistados remete-nos para a oferta de um ano preparatório que, por seu turno, proporcionaria a oportunidade de frequentar algumas unidades curriculares das IES e, por conseguinte, colmatar algumas lacunas em determinadas áreas científicas:
Eu acho que a Universidade deveria ter um primeiro ano preparatório para os estudantes estrangeiros, onde podem dar a noção básica de informática, língua inglesa e francesa, para aqueles que vão fazer Gestão e Hotelaria. Assim seria melhor! Alguns alunos tiraram a maioria das cadeiras, mas ainda não tiraram inglês, francês e informática. Então estão cá há mais de 4, 5 anos por causa destas 3 cadeiras. (Mauro, 24 anos, Engenharia Eletrotécnica)
Bom, (...) normalmente quando chegamos temos muita dificuldade, principalmente na área de matemática. Aqui são assuntos básicos devido ao ensino daqui, não é? Mas esses assuntos na Guiné nem sempre são lecionados. Então, as pessoas chegam aqui sem saber desses assuntos. Então, se tivesse algum programa que pudesse dar uma formação prévia aos alunos nessas matérias seria muito bom. (Erineu, 22 anos, Engenharia Civil)
Na perspetiva dos entrevistados, a criação de um “mentor” e de um ano preparatório constituem importantes auxílios, quer para a transição destes estudantes para o ensino superior português, quer para o processo de ensino-aprendizagem. É, portanto, fundamental que as IES desenvolvam e implementem programas pedagógicos em disciplinas específicas (Brito, 2009) de forma a facilitar a integração e o sucesso académico destes estudantes.
Considerações finais
Apesar do crescente fluxo de estudantes guineenses no ensino superior português, a experiência académica destes indivíduos não é, de todo, isenta de barreiras. Neste contexto, este artigo teve por objetivo identificar e compreender as barreiras enfrentadas por este grupo particular de estudantes no ensino superior em Portugal, bem como apresentar algumas recomendações para a melhoria da integração e do sucesso académico. Para tal, recorremos ao método qualitativo através de entrevistas narrativas a onze estudantes guineenses de uma IES portuguesa.
De uma forma geral, os resultados evidenciam que os entrevistados enfrentam um vasto leque de barreiras na sua trajetória académica em Portugal. Estas barreiras assemelham-se às barreiras apontadas por alguns estudos sobre os estudantes internacionais provenientes dos países africanos ou de outros países (e.g., Alves, Chatti, 2021; Doutor, Alves, 2020; França, Cairns, 2020; Nada, Araújo, 2018). Os estudantes guineenses são, assim, confrontados com dificuldades na obtenção dos vistos devido a procedimentos burocráticos do seu país de origem. A estas dificuldades, acrescem as dificuldades sentidas na procura de alojamento e as dificuldades financeiras (Lima, 2018; Sin et al., 2017; Vinagre, 2017). Por outro lado, os guineenses apresentam sérias dificuldades no uso do português falado e escrito (Chaves et al., 2023). De fato, a fraca proficiência na língua portuguesa apontada pelos participantes parece também contribuir para baixos níveis de integração social e de sucesso académico. Este resultado é consistente com algumas investigações sobre as implicações da barreira linguística na socialização e no sucesso académico destes estudantes (Ribeiro, 2018; Tavares, 2016).
Ademais, os resultados revelam ainda que os guineenses confrontam-se com barreiras acrescidas no contexto académico. De fato, quando chegam a Portugal, os participantes sentem que a preparação escolar obtida na Guiné-Bissau é insuficiente para fazer face às exigências do ensino superior. Desta forma, é possível concluir que estas barreiras têm um impacto negativo, quer na integração, quer no sucesso académico dos guineenses. Porém, importa ressalvar que algumas destas barreiras, embora já identificadas por diversos estudos, persistem ainda hoje, o que suscita enormes preocupações.
No que respeita às perspetivas futuras, a maioria dos participantes tenciona continuar as suas formações no ensino superior português e, posteriormente, retornar à Guiné-Bissau para contribuir para o desenvolvimento deste país. Este resultado é concordante com outros estudos realizados quer em Portugal (Cá, 2015), quer no Brasil (Sanca, Röwer, 2018; Tavares, 2016) em torno dos projetos futuros dos estudantes guineenses após o término do curso superior. Nas palavras de Gomes (2022, p. 9), “antes de regressarem ao país de origem, a prioridade desses estudantes é aproveitar o máximo todas as oportunidades em termos de graduação e pós-graduação no Brasil”.
Tendo em conta as barreiras referidas pelos entrevistados, parece evidente que os serviços de apoio prestados pela IES não são, de todo, suficientes para satisfazer as necessidades destes estudantes. Neste contexto, as recomendações apontadas para melhorar a integração e o sucesso destes estudantes reforçam os resultados de estudos anteriores, como o aumento do alojamento estudantil (Vinagre, 2017) e a oferta gratuita de cursos de língua portuguesa (Ambrósio et al., 2017). As universidades portuguesas deveriam oferecer cursos de português tendo em conta o nível de conhecimento destes estudantes. Para além disso, as IES devem divulgar os serviços e os apoios que estes estudantes podem beneficiar, como o alojamento nas residências universitárias. Ainda no âmbito das sugestões, destaca-se a criação de ano preparatório. A este respeito, o estudo desenvolvido por Guerreiro (2015) apontou a criação de um “ano zero” com o propósito de facilitar a aprendizagem dos estudantes em disciplinas específicas, como a Matemática, a Física e a Informática. Por fim, conclui-se que as IES têm a responsabilidade de prestar um apoio institucional eficaz e eficiente de forma a proporcionar a integração social e académica de todos os estudantes, como os guineenses.
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Editores de seção
Roberto Marinucci, Barbara Marciano Marques
Datas de Publicação
-
Publicação nesta coleção
05 Abr 2024 -
Data do Fascículo
2024
Histórico
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Recebido
10 Ago 2023 -
Aceito
18 Jan 2024