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Panem et circenses: a propósito da macroeconomia da pandemia* * Agradeço a L.C. Bresser Pereira por um intercâmbio de ideias produtivo, que me ajudou a formular com mais clareza um ponto essencial deste artigo, a respeito das razões do aumento da poupança privada. Agradeço também a Antônio Luis Licha, Margarida Gutierrez, Marcelo Introini, Vitória Hoff e André Coletti, membros do meu grupo de pesquisa, pela discussão das ideias e dos temas tratados no presente trabalho.

Panem et circenses: on the macroeconomics of the pandemic

RESUMO

O presente texto destaca duas características que singularizam a macroeconomia da pandemia: a interdição de parte do consumo e da produção, pelas políticas de saúde pública; e um importante processo de redistribuição de renda que resulta das políticas destinadas a mitigar os efeitos da paralisia econômica sobre a saúde financeira de indivíduos e empresas. Um aspecto central deste segundo processo é a transferência de renda do setor público para o privado, que resulta em aumento da despoupança do setor público e elevação da poupança privada. A consequência é uma forte alteração da riqueza líquida dos diferentes setores da sociedade. As estimativas feitas neste trabalho indicam que entre fevereiro e agosto de 2020, no Brasil, o setor privado obteve um ganho de riqueza líquida de quase 12% do PIB.

PALAVRAS-CHAVE:
Macroeconomia da pandemia; efeitos macroeconômicos da COVID-19 no Brasil; dívida pública e poupança privada na pandemia

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