RESUMO
Este ensaio tenta avaliar a abordagem do ministro Marcílio Marques Moreira nas negociações de dívida externa do Brasil. Começa a reconhecer que a reestruturação da dívida externa deve contribuir simultaneamente para a correção dos desequilíbrios financeiros do setor público e para a estabilidade da taxa de câmbio. A decisão de simplesmente aderir aos acordos atuais do tipo Clube de Paris e Plano Brady para países de renda média resultará em um pequeno alívio do serviço da dívida. A estratégia do ministro Marcílio exige, portanto, mais ajustes do setor público e novas entradas de capital para ter sucesso. A correção dos desequilíbrios do setor público ainda não foi alcançada, e os investidores estrangeiros, diante da alta instabilidade macroeconômica, ainda se apegam a instrumentos de curto prazo com altos retornos que se sabe serem inadequados para financiar políticas de estabilização. A assinatura de acordos com credores externos antes de atingir os requisitos para atendê-los de forma não inflacionária é a principal falha da estratégia.
PALAVRAS-CHAVE:
Dívida externa; plano Collor; estabilização