Resumo
Objetivos Descrever as características clínico-epidemiológicas e analisar os fatores associados aos óbitos por leishmaniose visceral em crianças de um serviço hospitalar do sudoeste maranhense.
Métodos Tratou-se de estudo transversal, realizado em Imperatriz, Maranhão, a partir das fichas de notificação de agravos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação disponibilizadas pelo Núcleo de Vigilância Epidemiológica e Controle de Doenças da unidade regional. Incluíram-se no estudo todos os registros de casos de leishmaniose visceral em crianças internadas em um hospital de referência pediátrica de Imperatriz entre 2010 e 2021. Os dados foram analisados com estatística descritiva, determinando valores absolutos e relativos das variáveis investigadas. Razões de chances (odds ratio, OR) e intervalos de confiança de 95% (IC95%) foram calculados por regressão uni e multivariada.
Resultados Foram registrados 404 casos do agravo, dos quais 43 evoluíram para óbito. Destes, a maioria era de casos novos (95,4%), sexo feminino (53,5%), raça/cor da pele parda (65,1%), residentes na zona urbana (60,5%) que apresentaram manifestações clínicas como aumento do baço (88,4%), palidez cutânea (86,0%), emagrecimento (69,8%), presença de edema (60,5%), febre (95,4%) e aumento do fígado (51,2%). No modelo final da regressão, residir na zona rural foi considerado fator de risco (OR 2,96; IC95% 1,35; 6,50), e a idade entre 1 e 4 anos apresentou-se como fator de proteção (OR 0,23; IC95% 0,11; 0,50) para o óbito pela doença.
Conclusão Os achados destacaram a necessidade de estratégias direcionadas para melhorar o diagnóstico precoce e o manejo de leishmaniose visceral, especialmente em áreas rurais.
Palavras-chave
Leishmaniose Visceral; Evolução Clínica; Criança; Vigilância em Saúde Pública; Análise Transversal