Resumo
Objetivo Identificar os fatores associados à prevalência do controle pressórico inadequado em hipertensos residentes em uma comunidade quilombola no Nordeste do Brasil.
Métodos Estudo epidemiológico de delineamento transversal com a participação de residentes do Quilombo do Barro Preto (Jequié, Bahia) com idade de 35 a 79 anos. O controle da pressão arterial foi classificado como inadequado para pressão arterial sistólica ≥140 mmHg e/ou pressão arterial diastólica ≥90 mmHg. A adesão medicamentosa foi avaliada pela Morisky Medication Adherence Scale. Utilizando-se regressão log-binomial, foram estimadas razões de prevalência (RP) ajustadas por sexo e por idade com intervalos de confiança de 95% (IC95%), para comparar diferenças entre as prevalências de controle pressórico inadequado entre grupos de interesse. Comparações entre médias basearam-se em testes t de Student e análise de variância.
Resultados Entre os 300 participantes, 71,7% eram mulheres, 49,3% se autodeclararam pretos, 41,0% pardos e 39,7% tinham nível fundamental incompleto. A pressão arterial sistólica associou-se com a idade, com média maior entre pessoas com mais de 65 anos, já a média da pressão arterial diastólica foi maior entre pessoas com até 55 anos. A prevalência de controle da pressão inadequada foi de 66,3% (IC95% 60,7; 71,7), sendo maior em pessoas com diabetes tipo 2 (RP 1,28; IC95% 1,09; 1,51) e baixa adesão a medicamentos (RP 1,27; IC95% 1,01; 1,59).
Conclusões A população quilombola apresenta dificuldades no controle da hipertensão arterial, com alta prevalência de descontrole pressórico, especialmente entre pessoas com diabetes tipo 2 e baixa adesão ao tratamento medicamentoso.
Palavras-chave
Pressão Arterial; Fatores de Risco; Quilombolas; População Negra; Estudos Transversais