Incerteza e comunidade de investigação filosófica: do pensamento local à ação global

Resumo

Há pouco do que podemos ter a certeza, mas o mantra nos jornais e nas televisões, enquanto assistimos à agitação política a desenrolar-se diante dos nossos olhos, e à medida que as alterações climáticas avançam rapidamente, é que vivemos em tempos de incerteza. Esta afirmação, de que vivemos em tempos incertos, é algo de que podemos ter certeza. A imprevisibilidade e a falta de controlo são perturbadoras para todos, mas provavelmente ainda mais para as crianças. Este artigo propõe que a incerteza não precisa ser negativa em todos os casos. Sugere que a incerteza leva ao crescimento cognitivo através do encontro com a dissonância e da assimilação e acomodação de novas ideias. Ela postula que as salas de aula são um microcosmo da sociedade e, neste contexto muito local, as crianças podem ser apresentadas à filosofia prática na forma de Comunidade de Investigação Filosófica (CoPI). No artigo, argumenta-se que a CoPI pode ser uma abordagem útil para apoiar as crianças não só a enfrentarem, mas também a acolherem a incerteza. A estrutura previsível proporcionada pela CoPI oferece um elemento de certeza e controle para os participantes. Além disso, promove a mente aberta e o conforto com as divergências por meio de sua própria estrutura. O artigo destaca a importância dos relacionamentos e da voz das crianças e indica como isso é nutrido na CoPI. O artigo conclui que, ao encorajar o diálogo filosófico com os seus pares, é facilitado o crescimento cognitivo que pode ser considerado gerador de compaixão e de uma forma de estar no mundo e com o mundo. O artigo expõe a possibilidade de que o pensamento filosófico e colaborativo no contexto local da sala de aula possa levar a uma ação global por parte dos participantes, mas que isso exige que as crianças e a sua participação deliberativa sejam levadas a sério.

Palavras-chave:
Incerteza; Crescimento Cognitivo; Comunidade De Investigação Filosófica; Filosofia Com Crianças.