As Redes em Saúde, durante as últimas décadas, em diferentes partes do mundo, vem se constituindo em novas formas de organização social, que utilizam de forma intensiva as tecnologias de produção e disseminação de informações e se baseiam na cooperação e na colaboração daqueles que as compõem, de forma autônoma, não hierarquizada e descentralizada(1).
As Redes, na área da Enfermagem, nos países latinoamericanos, foram criadas a partir dos anos 2000, por iniciativa de profissionais que tinham como objetivo o intercâmbio de experiências e conhecimentos. Com o apoio e a liderança da Assessoria Regional da Enfermagem e Técnicos de Saúde da Organização Pan Americana de Saúde (OPAS), esta iniciativa foi se consolidando, ao longo do tempo e, em 2007, foi realizada a I Reunião Internacional de Redes de Enfermagem, em Toledo (Espanha), durante a IX Conferência Iberolatinoamericana da Associação Latino Americana de Escolas e Faculdades de Enfermagem (ALADEFE).
Essas Redes funcionam como uma estratégia de comunicação, vinculação, cooperação e sinergia entre enfermeiros interessados no desenvolvimento da atenção, gestão, pesquisa, informação e educação em Enfermagem com a finalidade de apoiar o desenvolvimento e avanço da profissão e contribuir para que os países alcancem a cobertura universal de saúde e o acesso universal aos serviços de saúde.
Atualmente, são cerca de 25 Redes Internacionais de Enfermagem nas Américas que, em seu conjunto, formam a Rede EnfAmericas e que agregam mais de 3000 enfermeiros da América Latina. As informações relativas a cada uma delas estão disponíveis em: http://www.observatoriorh.org/?q=node/562
Dentre os objetivos pretendidos pela Rede EnfAmericas, está aquele de potencializar o desenvolvimento de pesquisas multicêntricas, a fim de compartilhar informações, conhecimentos e evidências científicas, metodologias e recursos tecnológicos destinados às atividades de atenção, gestão, ensino, pesquisa, informação e cooperação técnica relacionadas à Enfermagem e sua contribuição com outros campos do saber(1). Considerando-se que a maior parte dos membros das Redes Internacionais de Enfermagem são docentes(2), muitas das atividades realizadas, no âmbito das Redes, estão voltadas ao desenvolvimento de pesquisas colaborativas e de ambito internacional. Porém, nem todas as Redes (ou os "nós" que as compõem) estão utilizando tais estratégias no limite de suas potencialidades.
Algumas Redes Internacionais de Enfermagem já evidenciaram a necessidade de maior articulação entre participantes nacionais e internacionais com a finalidade de realizarem maiores e mais efetivos intercâmbios, com vistas à produção de conhecimentos comuns. No entanto, no Brasil, ainda que tenhamos um grande número de Redes Nacionais constituídas e ativas(2), temos encontrado dificuldades de realizar atividades conjuntas ou buscar colaborações para além do território nacional. Certamente, a dimensão territorial, a posição geográfica e questão linguística são limitadores importantes para uma maior aproximação, mas devem ser feitos esforços no sentido de favorecer a criação de mecanismos de compartilhamentos e enredamentos com pessoas, grupos, organizações e instituições que estejam produzindo conhecimentos acerca de temas de interesse na área da Enfermagem, sejam eles nacionais ou internacionais.
Cassiani et al.(3) identificam prioridades e fazem algumas recomendações que poderão beneficiar o planejamento, o desenvolvimento, o monitoramento e a avaliação do trabalho das/nas Redes. Dentre as recomendações feitas, destacamos:
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Desenvolver pesquisas sobre o déficit, distribuição e qualificação da força de trabalho em Enfermagem;
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Implementar estratégias de integração de Enfermeiras que atuem em serviços de saúde às Redes;
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Incentivar a participação de países que ainda não possuem Redes;
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Criar sites (ou outros meios) e incentivar o uso de mídias sociais;
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Promover atividades de extensão.
A visibilidade das ações das Redes Internacionais de Enfermagem ainda é um desafio para todos. A utilização de tecnologias de comunicação e informação necessitam ser ainda mais utilizadas na divulgação dos produtos e na contribuição dessas Redes para o avanço do conhecimento e da prática de Enfermagem.
Todavia, a oportunidade de intercambios de experiencias e conhecimentos diversos e distintos e o fortalecimento de laços entre seus membros, em um ambiente multicultural e colaborativo, são as maiores fortalezas do trabalho dessas Redes.
À OPS/OMS cabe coordenar, apoiar e acompanhar o trabalho dessa forma de organização de enfermeiros, em redes temáticas, em prol do avanço da saúde e visibilizar regionalmente o trabalho das Redes Internacionais de Enfermagem e dos enfermeiros em especial.
Referências bibliográficas
- 1Mendes EV. As redes de atenção à saúde.Brasília: OPAS; 2011.
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2Observatório Regional de Recursos Humanos en Salud [Internet] Wahington; c2012-2015 [acesso 10 out 2014]. Objetivos de la red de enfermería; [1 tela]. Disponível em:http://www.observatoriorh.org/?q=node/566. Acesso em: 10 out. 2014.
» http://www.observatoriorh.org/?q=node/566 - 3Cassiani SHB, García AB, Cabalero E, Jiménez MA, Esperón JMT, Osegueda E, et al. Redes internacionales de enfermería de las Américas: trabajo colaborativo para el logro de la cobertura universal en salud. Enfermería (Montev.).2014 jun;3 (1):42-54.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
Apr-Jun 2015