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Enfermagem e saúde mental: uma reflexão em meio à pandemia de coronavírus

RESUMO

Objetivo:

Refletir sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem no contexto na pandemia de coronavírus.

Método:

Estudo teórico-reflexivo baseado na formulação discursiva acerca da temática, sustentado pela literatura científica nacional e internacional e análise crítica dos autores.

Resultados:

Os estudos analisados, somados à prática assistencial, têm evidenciado que os profissionais de enfermagem são suscetíveis à exacerbação de sintomas como depressão, ansiedade, insônia, angústia, estresse, em meio à pandemia de coronavírus, tendo em vista os turnos exaustivos de trabalho, a morte de pacientes, risco de autocontaminação e de seus familiares e isolamento social.

Considerações finais:

A saúde mental dos profissionais de enfermagem necessita ser elencada como uma das prioridades para os gestores de saúde, garantindo estratégias e políticas públicas que assegurem a sanidade para estes que estão na linha de enfrentamento da pandemia.

Palavras-chave:
Enfermagem; Saúde mental; Infecções por coronavírus; Pandemias; Adaptação psicológica

ABSTRACT

Objective:

To reflect on the mental health of Nursing professionals in the context of the coronavirus pandemic.

Method:

This is a theoretical-reflective study based on the discursive formulation on the theme and supported by the national and international scientific literature and by the authors' critical analysis.

Results:

The analyzed studies, along with the care practice, showed that Nursing professionals are susceptible to the exacerbation of symptoms such as depression, anxiety, insomnia, anguish, and stress in the midst of the coronavirus pandemic, in view of their exhaustive work shifts, patients' deaths, risk of infecting themselves and their families, and social isolation.

Final considerations:

The mental health of Nursing professionals needs to be listed as one of the priorities for health managers, guaranteeing strategies and public policies that ensure sanity for those who are in the front line of the fight against the pandemic.

Keywords:
Nursing; Mental health; Coronavirus infections; Pandemics; Adaptation, psychological

RESUMEN

Objetivo:

Reflexiones sobre la salud mental de los profesionales de Enfermería en el contexto de la pandemia de coronavirus.

Método:

Estudio teórico-reflexivo basado en la formulación discursiva sobre el tema respaldada por literatura científica nacional e internacional y por el análisis crítico de los autores.

Resultados:

Los estudios analizados, sumados a la práctica asistencial, demuestran que los profesionales de Enfermería son susceptibles a la exacerbación de síntomas como depresión, ansiedad, insomnio, angustia y estrés en medio de la pandemia de coronavirus, en vista de los exhaustivos turnos de trabajo, la muerte de los pacientes, el riesgo de autocontaminación y de contagio de sus familias y el aislamiento social.

Consideraciones finales:

La salud mental de los profesionales de Enfermería debe figurar como una de las prioridades para los gerentes de salud, garantizando estrategias y políticas públicas que aseguren la salud de quienes están en la primera línea de lucha contra la pandemia.

Palabras clave:
Enfermería; Salud mental; Infecciones por coronavirus; Pandemias; Adaptación psicológica

INTRODUÇÃO

A doença denominada Coronavirus Disease-19 (COVID-19) foi notificada pela primeira em vez em dezembro de 2019, em um grupo de pessoas com conexões a um mercado de frutos do mar em Wuhan, no sul da China. Posteriormente, o número de pacientes infectados aumentou exponencialmente neste continente11. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud Psicol. (Campinas). 2020;37:e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
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O primeiro caso de COVID-19 relatado no continente americano foi em 19 de janeiro de 2020, no Estado de Washington, nos EUA, e, cinco dias depois, houve o primeiro caso na Europa, especificamente em Bordeaux, na França. Em 26 de fevereiro, o Ministério da Saúde (MS) brasileiro relatou o primeiro caso de COVID-19 na cidade de São Paulo. Somente em 11 de março de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a situação como pandemia. Já em 16 de abril de 2020, o número de casos confirmados mundialmente superava dois milhões, e o número de mortes superava 130 mil. Nessa mesma data, o Brasil contava com 30.425 casos confirmados e 1.924 mortes11. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud Psicol. (Campinas). 2020;37:e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
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O significativo número de casos que demandam internação hospitalar, incluindo cuidados em unidades de terapia intensiva (UTIs), bem como a ausência de intervenções farmacológicas eficazes e seguras, tais como medicamentos ou vacinas, têm gerado preocupações quanto ao colapso dos sistemas de saúde em diferentes países. Após isso, a OMS preconizou medidas fundamentais de distanciamento social e de higienização das mãos como as mais eficientes para reduzir os impactos da pandemia22. World Health Organization (CH). Geneva: WHO; c2020 [cited 2020 Apr 07]. Coronavirus disease (COVID-19) pandemic; [about 1 screen]. Available from: Available from: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
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Estima-se que essas medidas possibilitem “achatar a curva” de infecção, ao favorecerem um menor pico de incidência, reduzindo as chances de que a capacidade de leitos hospitalares, respiradores e outros suprimentos seja insuficiente frente ao aumento repentino da demanda, o que se associaria a maior mortalidade11. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud Psicol. (Campinas). 2020;37:e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
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Essa doença possui um espectro clínico amplo, podendo variar desde um quadro gripal, envolvendo tosse, febre, até uma pneumonia severa, que pode ocasionar a morte. Os piores desfechos clínicos estão relacionados proporcionalmente às pessoas com maior idade e que possuem outras comorbidades, como doenças cardiovasculares, diabetes, doenças respiratórias crônicas e câncer11. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud Psicol. (Campinas). 2020;37:e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
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-22. World Health Organization (CH). Geneva: WHO; c2020 [cited 2020 Apr 07]. Coronavirus disease (COVID-19) pandemic; [about 1 screen]. Available from: Available from: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
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Algumas iniciativas a respeito da temática já vinham sendo trabalhadas pelo MS, apesar de o primeiro caso de COVID-19 ter sido confirmado no Brasil no final de fevereiro, porém as grandes manobras iniciaram quando foi lançada a campanha publicitária de prevenção ao Coronavírus33. Ministério da Saúde (BR). Brasília: Ministério da Saúde; c2020 [cited 2020 Apr 16]. Saúde lança campanha de prevenção ao coronavírus; [about 1 screen] Available from: Available from: https://www.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/46458-saude-lanca-campanha-de-prevencao-ao-coronavirus
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O alto poder de contágio fez com que muitos profissionais de saúde no mundo tenham se contaminado, devido à vulnerabilidade de suas atividades laborais. No Brasil, a situação não é diferente e a constatação de casos entre profissionais se constitui como uma das maiores preocupações do Sistema Único de Saúde (SUS)44. Souza LPS, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? J Nurs Health. 2020;10(4):20104005. doi: https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18444
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Trabalhar em meio a uma pandemia exige dos profissionais e dos serviços uma estrutura consistente capaz de comandar e controlar a tomada de decisões e as informações, permitindo que estes possam atravessar a pandemia da melhor forma. Na linha de frente no combate ao COVID-19, os profissionais no mundo todo dividem-se em turnos exaustivos de trabalho, atuando tanto no cuidado de casos mais complexos, quanto na prevenção em saúde55. Choi KR, Skrine Jeffers K, Logsdon MC. Nursing and the novel coronavirus: risks and responsibilities in a global outbreak. J Adv Nurs. 2020;76(7):1486-7. doi: https://doi.org/10.1111/jan.14369
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A exposição dos profissionais de saúde no cuidado direto a paciente com o vírus tem influência na sua saúde mental, impactando nos processos de trabalho e na vida pessoal desses trabalhadores. Nesse sentido, um estudo realizado na China com 1.257 profissionais de saúde (médicos e enfermeiros), em 34 hospitais que receberam pacientes com COVID-19, mostra que um número expressivo desses profissionais relatou apresentar sintomas relacionados com depressão (50,4%,), ansiedade (44,6%), insônia (34,0%) e angústia (71,5%). Os sintomas foram mais expressivos em mulheres, enfermeiras, que estavam diretamente envolvidas nos diagnósticos, tratamentos ou cuidados de pacientes com suspeita ou confirmação do vírus66. Lai J, Ma S, Wang Y, Cai Z, Hu J, Wei N, et al. Factors associated with mental health outcomes among health care workers exposed to coronavirus disease 2019. JAMA Netw Open. 2020;3(3):e203976. doi: https://doi.org/10.1001/jamanetworkopen.2020.3976
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Neste contexto, destaca-se a atuação da equipe de enfermagem. Além de serem profissionais da linha de frente, trabalham em jornadas extenuantes, lidam com as excretas dos pacientes e talvez sejam os profissionais que mais passam tempo ao lado de pessoas internadas pela doença. Além disso, enfrentam a escassez de equipamentos de proteção individual (EPIs), lidam com a morte a todo instante e, quando retornam para suas casas, vivenciam o distanciamento social e o receio de contaminar seus familiares. Sendo assim, questiona-se: Como está a saúde mental destes profissionais no contexto da pandemia por COVID-19?

Esta reflexão vislumbra a necessidade de trazer à tona a temática da saúde mental destes profissionais no contexto da atual pandemia.

OBJETIVO

Refletir sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem no contexto na pandemia de Coronavírus.

MÉTODO

Estudo de cunho teórico-reflexivo, baseado na formulação discursiva acerca da temática e sustentado pela literatura científica nacional e internacional e análise crítica dos autores. A busca foi realizada nas bases de dados eletrônicas SciELO, PubMed e LILACS, no período de abril a junho de 2020. A seleção dos descritores utilizados no processo de revisão foi efetuada mediante consulta ao Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), sendo estes: Enfermagem, Pandemia, Saúde Mental e Infecções por Coronavírus. Teve-se por critérios de inclusão: artigos que estivessem disponíveis na íntegra, em português, inglês e espanhol, publicados no período de 2019 a 2020 e que respondessem à questão norteadora do estudo.

Através deste procedimento de busca, foram identificadas, inicialmente, 125 publicações potencialmente elegíveis para este manuscrito. Após a primeira análise, com avaliação dos títulos, 98 artigos foram considerados para a segunda fase, que consistiu da leitura dos resumos e, após, os estudos que preencheram os critérios de inclusão foram lidos na íntegra. Ao final, 9 artigos (SciELO - quatro artigos, PubMed - quatro artigos, LILACS - um artigo) atenderam a todos os critérios e subsidiaram a presente reflexão.

Foram incluídos, ainda, um documento da Inter-Agency Standing Committee (IASC) e um da OMS que se julgaram relevantes para a temática. Consideradas as restrições normativas de formato para este periódico, selecionaram-se como referências as publicações indispensáveis. Enfatiza-se que as reflexões a serem tecidas resultaram das interpretações da literatura e, também, das impressões reflexivas dos autores.

Refletindo sobre a saúde mental dos profissionais de enfermagem em meio à pandemia

O atual cenário fez com que os profissionais e serviços de saúde se reinventassem, sendo necessária uma reorganização das suas atividades laborais. Eles se mobilizaram priorizando os atendimentos de urgência e emergência e postergando consultas e/ou procedimentos eletivos, destinando, assim, a atenção e os recursos disponíveis para o enfrentamento da pandemia77. Jackson D, Bradbury-Jones C, Baptiste D, Gelling L, Morin K, Neville S, et al. Life in the pandemic: some reflections on nursing in the context of COVID-19. J Clin Nurs. 2020;(29):2041-3. doi: https://doi.org/10.1111/jocn.15257
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Os primeiros profissionais atuantes no combate ao COVID-19 foram os trabalhadores da saúde de Wuhan, que demonstraram uma atuação laboral com alto risco de infecção, proteções inadequadas, excesso de trabalho, discriminação, falta do contato com a família e a exaustão de enfrentar uma contaminação em larga escala88. Torales J, O’Higgins M, Castaldelli-Maia JM, Ventriglio A. The outbreak of COVID-19 coronavirus and its impact on global mental health. Int J Soc Psychiatry. 2020;66(4):317-20. doi: https://doi.org/10.1177/0020764020915212
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. Tais situações, vivenciadas em outros países, trouxeram à tona a realidade dos profissionais de saúde e desencadearam outras formas organizacionais para que a realidade brasileira fosse enfrentada de outro modo.

Novos serviços foram abertos no país, como os hospitais de campanha, aumentando a capacidade de acolhimento do SUS. Com isso, muitos gestores precisaram investir na contratação emergencial de profissionais para cobrir uma carência significativa existente em grande parte das instituições de saúde.

Pensando nisso, o MS lançou no início de abril a ação estratégica “Brasil conta comigo - Profissionais da Saúde”, que teve como objetivo o cadastro e capacitação de profissionais que estivessem dispostos a atuar no combate ao COVID-19 no país, ficando à disposição de gestores federais, estaduais, distritais e municipais do SUS44. Souza LPS, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? J Nurs Health. 2020;10(4):20104005. doi: https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18444
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Nesse contexto, o COFEN publicou a Resolução 634/202099. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução Cofen Nº 634/2020. Autoriza e normatiza, “ad referendum” do Plenário do Cofen a teleconsulta de enfermagem como forma de combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), mediante consultas, esclarecimentos, encaminhamentos e orientações com uso de meios tecnológicos, e dá outras providências. Brasília, DF: COFEN, 2020 [cited 2020 May 03]. Available from: Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-0634-2020_78344.html
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, que autorizou e normatizou a teleconsulta de enfermagem, como forma de combater a pandemia de Coronavírus, mediante consultas, esclarecimentos, encaminhamentos e orientações com uso de meios de tecnologias de informação e comunicação. Tal ação surge em um momento de fortalecimento das ações de enfermagem, mostrando a importância de tais práticas no cuidado à população.

A procura pela valorização dos trabalhadores da saúde e a preocupação com a exposição fizeram com que profissionais além de médicos (que historicamente já possuem visibilidade entre a população) ganhassem maior notoriedade, como é o caso dos fisioterapeutas, enfermeiros e técnicos de enfermagem. No Brasil e no mundo, a equipe de enfermagem faz parte da linha de frente no enfrentamento ao Coronavírus e possui importante função em todos níveis de atenção, tornando imprescindível sua presença no combate e no cuidado ao paciente com COVID-19.

É interessante ressaltar que em 2020, considerado o ano da Enfermagem, quando líderes de todo o mundo recomendaram que a profissão se torne central nas políticas de saúde, com estabelecimento de programas para o desenvolvimento de líderes da enfermagem, como a campanha Nursing Now, os profissionais enfrentam a triste realidade da pandemia de COVID-19. No entanto, a campanha está dando visibilidade aos trabalhadores da saúde e trazendo à tona fragilidades que os expõem em atuações arriscadas, como sobrecarga de trabalho, ambientes insalubres, exposição diária ao vírus e falta de valorização da profissão, impactando negativamente na saúde física e mental44. Souza LPS, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? J Nurs Health. 2020;10(4):20104005. doi: https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18444
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Devido à natureza do trabalho de enfermagem voltada para o paciente, em ambientes primários, secundários e terciários, há riscos ocupacionais para a prestação de cuidados, sendo essencial que esses trabalhadores recebam os insumos necessários para sua proteção no manejo aos pacientes com o vírus55. Choi KR, Skrine Jeffers K, Logsdon MC. Nursing and the novel coronavirus: risks and responsibilities in a global outbreak. J Adv Nurs. 2020;76(7):1486-7. doi: https://doi.org/10.1111/jan.14369
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. No entanto, sabe-se que, diante do cenário atual, há escassez de EPIs e que está sendo orientado o uso de máscaras faciais de tecido para a população em geral, já que as descartáveis precisam ser destinadas a estes profissionais. Além disso, a falta desses equipamentos também é fonte geradora de medo e angústia para equipe.

Dessa maneira, as medidas de biossegurança tornaram-se mais restritas do que o habitual, podendo haver um aumento da tensão física pelo uso dos equipamentos protetores, mantendo os profissionais constantemente em estado de atenção e vigilância. Como consequência, esses trabalhadores são submetidos a procedimentos mais rigorosos que podem inibir a sua autonomia e espontaneidade1010. Inter-Agency Standing Committee (CH). IASC’s Reference Group on Mental Health and Psychosocial Support. Interim briefing note addressing mental health and psychosocial aspects of COVID-19 outbreak. Geneva: IASC; 2020 [cited 2020 Apr 15]. Available from: Available from: https://interagencystandingcommittee.org/iasc-reference-group-mental-health-and-psychosocial-support-emergency-settings/interim-briefing
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Neste cenário, os trabalhadores estão com medo e preocupados com o que está por vir. Em alguns países, as taxas de infecção dobram a cada 24 horas, o que leva a um aumento da ansiedade da população em geral. Sintomas de estresse, alto absenteísmo, tristeza, fadiga, ansiedade e reclusão parecem estar fazendo parte do cotidiano de trabalho. Além disso, para enfermeiros que trabalham em setores como emergência e UTIs, a morte pode representar falha, sendo também uma fonte de estresse e angústia77. Jackson D, Bradbury-Jones C, Baptiste D, Gelling L, Morin K, Neville S, et al. Life in the pandemic: some reflections on nursing in the context of COVID-19. J Clin Nurs. 2020;(29):2041-3. doi: https://doi.org/10.1111/jocn.15257
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Tanto os profissionais que atuam na linha de frente, quanto em outros setores, podem apresentar sofrimento psicológico e se afastarem temporariamente. Nesse sentido, destaca-se o fenômeno da “traumatização vicária”, no qual pessoas que não sofreram diretamente um trauma passam a apresentar sintomas psicológicos decorrentes da empatia por quem o sofreu. Assim, quando precisam se afastar das funções laborais, os trabalhadores da saúde tendem a reportar sentimentos como culpa, raiva, frustração e tristeza11. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud Psicol. (Campinas). 2020;37:e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
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A proteção da equipe de enfermagem é igualmente necessária aos cuidados prestados aos pacientes, pois, se estes trabalhadores não estiverem em condições de desempenhar suas atividades, quem serão os responsáveis pelos cuidados? A equipe de enfermagem se expõe durante toda a jornada de trabalho, estando diretamente em contato com o paciente, e cada trabalhador que adoece torna-se um risco para a população, já que, com seu afastamento, será um profissional a menos, sobrecarregando as equipes que continuam na batalha contra o vírus44. Souza LPS, Souza AG. Enfermagem brasileira na linha de frente contra o novo Coronavírus: quem cuidará de quem cuida? J Nurs Health. 2020;10(4):20104005. doi: https://doi.org/10.15210/jonah.v10i4.18444
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O Brasil registrou em abril a primeira morte de uma técnica de enfermagem pela doença, e a cada dia o número de profissionais com suspeita e contaminados cresce na área, inclusive o quantitativo de mortes. As denúncias nos órgãos responsáveis, como Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) e Conselhos Regionais de Enfermagem (COREN), pelo uso de materiais inadequados para o atendimento aos pacientes assustam e prenunciam um aumento ainda maior na contaminação por Coronavírus nestes trabalhadores1111. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Brasília, DF: COFEN ; c2020 [citado 2020 mai 03]. Após fiscalizações, conselhos direcionam 4.533 denúncias a órgãos governamentais; [about 1 screen]. Available from: Available from: http://www.cofen.gov.br/apos-fiscalizacoes-conselhos-direcionam-4-533-denuncias-a-orgaos-governamentais_80324.html
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Já se calcula um déficit de enfermeiros para o atendimento ao COVID-19 no Brasil. Nesse sentido, o Ministério da Educação autorizou, conforme a Portaria nº 374, de 3 de abril de 20201212. Ministério da Educação (BR). Portaria nº 374, de 3 de abril de 2020. Dispõe sobre a antecipação da colação de grau para os alunos dos cursos de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Fisioterapia, exclusivamente para atuação nas ações de combate à pandemia do novo coronavírus - Covid-19. Diário Oficial da União. 2020 abr 6 [cited 2020 May 10];158(66 Seção 1):66. Available from: Available from: http://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-374-de-3-de-abril-de-2020-251289249
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, a formatura antecipada de estudantes de enfermagem e de outros cursos da saúde, como farmácia, fisioterapia e medicina, em caráter excepcional, enquanto durar pandemia, visando contribuir com o corpo de profissionais para atuar no enfrentamento da doença.

No entanto, questiona-se: se o atendimento a pacientes com COVID-19 requer profissionais qualificados, como exigir de novos trabalhadores competência técnica, se não completaram todo o curso? Ainda, se profissionais com mais tempo de formação deparam-se com a morte a todo instante e, mesmo assim, muitos ficam com a saúde mental comprometida, como esperar de recém-formados esse preparo? Como ampará-los?

Em meio ao caos vivenciado em uma pandemia, é essencial que as autoridades de saúde estejam preparadas para lidar da melhor forma com as consequências que o vírus pode causar nas pessoas, incluindo problemas relacionados à saúde mental. Neste momento, é esperado que estes saibam conduzir a situação, sendo flexíveis e ajustando as condutas de acordo com a complexidade da doença1313. Ornell F, Halpern SC, Kessler FHP, Narvaez JCM. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saúde Pública. 2020;36(4):e00063520. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00063520
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A equipe de enfermagem que trabalha em setores de emergência e UTIs habitualmente vivencia momentos de tensão, porém, a intensificação de tarefas, exigência por resultados positivos e a expectativa social no seu trabalho podem fazer com que a mesma não esteja em condições plenas para o desenvolvimento de atividades laborais, já que tais acontecimentos impactam na saúde mental e também nas relações humanas. Ainda, muito profissionais têm sofrido assédio por parte de alguns gestores para continuar o atendimento, mesmo em precárias condições laborais1111. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Brasília, DF: COFEN ; c2020 [citado 2020 mai 03]. Após fiscalizações, conselhos direcionam 4.533 denúncias a órgãos governamentais; [about 1 screen]. Available from: Available from: http://www.cofen.gov.br/apos-fiscalizacoes-conselhos-direcionam-4-533-denuncias-a-orgaos-governamentais_80324.html
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Além da luta por melhores condições de trabalho e proteção dos profissionais com comorbidades, a plataforma do COFEN oferta atendimento de apoio de forma on-line e gratuita, reconhecendo a importância da preservação da saúde mental neste momento99. Conselho Federal de Enfermagem (BR). Resolução Cofen Nº 634/2020. Autoriza e normatiza, “ad referendum” do Plenário do Cofen a teleconsulta de enfermagem como forma de combate à pandemia provocada pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), mediante consultas, esclarecimentos, encaminhamentos e orientações com uso de meios tecnológicos, e dá outras providências. Brasília, DF: COFEN, 2020 [cited 2020 May 03]. Available from: Available from: http://www.cofen.gov.br/resolucao-cofen-no-0634-2020_78344.html
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. No entanto, sabe-se que muitos trabalhadores ainda desconhecem esse atendimento e outros não possuem consciência do comprometimento da sua saúde mental.

Além disso, os profissionais envolvidos diretamente no tratamento da COVID-19 acabam sofrendo estigmatização social, contribuindo para um maior isolamento destes e desencadeando angústia em relação ao alto risco de contaminação e ao medo de transmissão às pessoas da família11. Schmidt B, Crepaldi MA, Bolze SDA, Neiva-Silva L, Demenech LM. Saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus (COVID-19). Estud Psicol. (Campinas). 2020;37:e200063. doi: https://doi.org/10.1590/1982-0275202037e200063
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,1313. Ornell F, Halpern SC, Kessler FHP, Narvaez JCM. The impact of the COVID-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saúde Pública. 2020;36(4):e00063520. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311X00063520
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Nesse sentido, uma revisão realizada sobre os problemas de saúde mental enfrentados pelos profissionais de saúde devido à pandemia de COVID-19 mostra que os mesmos apresentaram um grau considerável de estresse, ansiedade, depressão e insônia1414. Spoorthy MS, Pratapa SK, Mahant S. Mental health problems faced by healthcare workers due to the COVID-19 pandemic- a review. Asian J Psychiatr. 2020;51:102119. doi: https://doi.org/10.1016/j.ajp.2020.102119
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. Esses sintomas provavelmente possuem relação com o estigma de os profissionais de enfermagem terem contato direto com os pacientes contaminados, assim como maior demanda no ambiente de trabalho, aumento do número de pacientes para o cuidado e a necessidade de atualização constante1010. Inter-Agency Standing Committee (CH). IASC’s Reference Group on Mental Health and Psychosocial Support. Interim briefing note addressing mental health and psychosocial aspects of COVID-19 outbreak. Geneva: IASC; 2020 [cited 2020 Apr 15]. Available from: Available from: https://interagencystandingcommittee.org/iasc-reference-group-mental-health-and-psychosocial-support-emergency-settings/interim-briefing
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Sabe-se que a situação da saúde do país já exigia muito da classe de enfermagem antes do atual cenário, expondo-a a condições trabalhistas longe de serem as ideais. O que aparece agora, é um movimento por parte de gestores que busca a oferta de recursos básicos para garantir a permanência desses trabalhadores em um dos períodos mais complexos da saúde brasileira. No entanto, a que custo? Às custas da saúde mental de muitos profissionais que trabalham tensos, angustiados e repletos de riscos ocupacionais?

Para além da saúde física, a saúde mental desses profissionais, de fato, precisa ser ponto de pauta das agendas dos gestores de saúde, uma vez que está sendo diretamente prejudicada.

Geralmente, em pandemias, o número de pessoas com comprometimento da saúde mental pode ser maior que o número de pessoas afetadas pela infecção, e essas implicações podem durar mais tempo e ter maior prevalência que o próprio evento traumático. Altas taxas de sintomas de ansiedade e estresse, além de transtornos mentais e estresse pós-traumático, são registradas nos profissionais, principalmente entre a equipe de enfermagem e médicos, o que reforça a necessidade de atenção para este aspecto1515. Ornell F, Schuch JB, Sordi AO, Kessler FHP. ‘‘Pandemic fear’’ and COVID-19: mental health burden and Strategies. Braz J. Psychiatry. 2020;42(3):232-5. doi: https://doi.org/10.1590/1516-4446-2020-0008
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Nesse sentido, a OMS divulgou um guia com cuidados para a saúde mental durante a pandemia, que abrange orientações tanto para profissionais de saúde quanto para a população em geral. Orientações estas que incluem reduzir a leitura de notícias que possam causar ansiedade ou estresse, selecionando apenas fontes de informação confiáveis com o intuito de se atualizar, evitando o “bombardeio desnecessário” de notícias; fazer pausas no trabalho, inclusive quando em home office; manter alimentação saudável, sono regular e a prática de exercícios físicos ou meditação; e, ainda, manter contato com familiares através do ambiente virtual, respeitando a distância física. Esses são alguns cuidados que podem auxiliá-los a reconhecer e ressignificar seus sentimentos e demandas internas, visando ao seu bem-estar e sanidade mental22. World Health Organization (CH). Geneva: WHO; c2020 [cited 2020 Apr 07]. Coronavirus disease (COVID-19) pandemic; [about 1 screen]. Available from: Available from: https://www.who.int/emergencies/diseases/novel-coronavirus-2019
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ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Nesta reflexão objetivou-se trazer à tona a discussão sobre a saúde mental dos profissionais da enfermagem em meio à pandemia de Coronavírus, neste momento de ascensão no Brasil e no mundo.

Pensar a respeito da saúde mental dos profissionais de enfermagem torna-se uma reflexão para além da promoção de saúde, é uma questão de gestão, estratégia e cuidado com os trabalhadores. Discutir esta temática em meio a uma pandemia pode garantir que os trabalhadores de enfermagem tenham melhores condições de assistir à população.

A desvalorização da enfermagem é uma problemática notada muito antes do atual cenário, porém, é em meio ao caos que o mundo pode enxergar com um olhar mais sensível a sua representatividade e importância. A saúde mental deve ser priorizada neste momento, já que, possivelmente, vai deixar marcas irreparáveis em muitos profissionais que estão trabalhando na linha de frente.

Cada serviço de saúde, dentro da sua singularidade, deverá junto com a sua equipe, buscar estratégias que lhes sejam pertinentes e viáveis neste momento, minimizando os efeitos negativos e amedrontadores. Portanto, faz-se necessário que a saúde mental dos trabalhadores de enfermagem seja elencada como uma das prioridades para os gestores de saúde, garantindo estratégias e políticas públicas que assegurem a sanidade e mantenham a integridade da equipe que está na linha de enfrentamento da atual pandemia.

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Editado por

Editor associado:

Dagmar Elaine Kaiser

Editor-chefe:

Maria da Graça Oliveira Crossetti

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    19 Out 2020
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    04 Maio 2020
  • Aceito
    04 Ago 2020
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