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Heroínas em tempos de Covid-19: visibilidade da enfermagem na pandemia

RESUMO

Objetivo

Analisar a visibilidade de trabalhadores/as de Enfermagem através de imagens, que circularam na mídia durante a pandemia da Covid-19.

Métodos

Análise cultural que visa articular a imagem e seus efeitos com teorizações de autores do campo dos Estudos Culturais.

Resultados

Foram selecionadas seis figuras nas quais enfermeiras são retratadas como heroínas para combater a Covid-19 e são promovidas de coadjuvante à personagem principal, aliando a estratégia de cuidado ao discurso científico da defesa do distanciamento social. As imagens as retratam enquanto mulheres que enfrentam sofrimento laboral por executarem trabalhos extenuantes e uso prolongado de equipamentos de proteção individual.

Considerações finais

A pandemia tem colocado em evidência discursos referentes ao trabalho em saúde, onde vemos imagens de enfermeiras como heroínas que organizam o caos e trazem a ordem à “linha de frente”, ficando visível a idealização da Enfermagem.

Palavras-chave
Infecções por coronavírus; Pandemias; Enfermagem; Mídias sociais

ABSTRACT

Objective

To analyze the visibility of Nursing workers through images, which circulated in the media during the Covid-19 pandemic.

Methods

Cultural analysis that aims to articulate the image and its effects with theories from authors in the field of Cultural Studies.

Results

Six figures were selected in which nurses are portrayed as heroines to fight Covid-19 and are promoted from supporting actor to main character, combining the care strategy with the scientific discourse of defense of social isolation. The images portray them as women who face labor suffering from strenuous work and prolonged use of personal protective equipment.

Final considerations

The pandemic, has highlighted speeches related to health work, where we see images of nurses as heroines who organize the chaos and bring order to the “frontline”, making the idealization of Nursing visible.

Keywords
Coronavirus infections; Pandemics; Nursing; Social media

RESUMEN

Objetivo

Analizar la visibilidad de los trabajadores/as de Enfermería a través de imágenes, que circularon en los medios durante la pandemia del Covid-19.

Métodos

Análisis cultural que tiene como objetivo articular la imagen y sus efectos con teorías de autores en el campo de los Estudios Culturales.

Resultados

Se seleccionaron seis figuras en las que se retrata a las enfermeras como heroínas de la lucha contra el Covid-19 y se promocionan como complemento del protagonista, conjugando la estrategia asistencial con el discurso científico de la defensa del aislamiento social. Las imágenes las retratan como mujeres que enfrentan el sufrimiento laboral por realizar un trabajo arduo y el uso prolongado de equipo de protección personal.

Consideraciones finales

La pandemia ha destacado discursos relacionados con el trabajo en salud, donde vemos imágenes de enfermeras como heroínas que organizan el caos y ponen orden en la “primera línea”, visibilizando la idealización de la Enfermería.

Palabras clave
Infecciones por coronavirus; Pandemias; Enfermería; Medios de comunicación sociales

TEMPOS DE GUERRA, CORONAVÍRUS E VISIBILIDADE DA ENFERMAGEM

A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou, em 11 de março de 2020, que estava ocorrendo uma pandemia da Covid-19, doença causada pela mutação de um novo coronavírus denominada Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2 (Sars-CoV-2). A partir daí, no mundo todo, têm sido produzidas notícias, imagens, entrevistas, comunicados acerca deste acontecimento e de seus efeitos, dados envolvendo a proliferação da doença, notícias sobre as últimas pesquisas científicas, orientações quanto aos modos de prevenção ao contágio, modos de se comportar na rua e em casa, enfim, um grande volume de informações e orientações onde vemos também imagens, muitas imagens, todos os dias. Entre elas, nos chama a atenção o apelo à guerra em imagens que conclamam profissionais da Enfermagem “na linha de frente” do “combate” ao coronavírus, como se estivessem falando de soldados, criando a expectativa de que devam estar prontos para sacrificar suas vidas pela manutenção do nosso bem-estar11. Merrin W. Anthropocenic war: coronavirus and total demobilization. Digital War. 2020;1:36-49. doi: https://doi.org/10.1057/s42984-020-00016-9
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Metáforas militares ganharam destaque no início do século XX, relacionando a guerra às situações críticas de saúde. Enquanto antes era o médico que empreendia a luta, agora é toda a sociedade que o faz. Susan Sontag aponta que “de fato, a utilização da guerra como oportunidade para a mobilização ideológica em massa faz da ideia de guerra uma metáfora adequada para designar qualquer campanha cujo objetivo seja apresentado como a derrota de um “inimigo”22. Sontag S. Doença como metáfora: AIDS e suas metáforas. 3a ed. Rio de Janeiro: Graal Edições; 2002. :68. O caso da covid 19 não é diferente, temos observado que um dos modos de caracterizar esta pandemia é pela utilização de metáforas relacionadas à guerra. Xi Jinping (China) prometeu fazer uma "guerra popular" contra o vírus; Emmanuel Macron (França) declarou repetidamente que a França estava "em guerra"; o comissário especial da Itália para a emergência de coronavírus pediu uma "economia em tempo de guerra"; Donald Trump (Estados Unidos da América) se apresentou como um "presidente da guerra"; o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, disse ao público que era "uma luta" em que "todos nós estamos diretamente alistados11. Merrin W. Anthropocenic war: coronavirus and total demobilization. Digital War. 2020;1:36-49. doi: https://doi.org/10.1057/s42984-020-00016-9
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As guerras, ao longo dos séculos, sempre preocuparam em função do número de mortes que ocasionam, quando não dizimam populações inteiras. No passado, por ser uma das causas de diminuição da população, especialmente a masculina, as guerras ameaçavam o domínio e o poder de reis e imperadores. Aprendemos, no entanto, que “jamais as guerras foram tão sangrentas como a partir do século XIX e nunca, guardadas as proporções, os regimes haviam, até então, praticado tais holocaustos em suas próprias populações”33. Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 3ª ed. Rio de Janeiro: Graal Edições ; 2015.:147. Nesse sentido, “as guerras já não se travam em nome do soberano a ser defendido, travam-se em nome da existência de todos; populações inteiras são levadas à destruição mútua em nome da necessidade do viver”33. Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 3ª ed. Rio de Janeiro: Graal Edições ; 2015.:147. Michel Foucault conceitua a “biopolítica” para “designar o que faz com que a vida e seus mecanismos entrem no domínio dos cálculos explícitos, e faz do poder-saber um agente de transformação da vida humana” 33. Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 3ª ed. Rio de Janeiro: Graal Edições ; 2015.:154. Nesta direção, observamos que para expor os efeitos, tanto das guerras como das pandemias, são utilizados números, medidas, índices e taxas que adquirem grande importância quando se quer organizar o gerenciamento biopolítico da vida, dirigindo e otimizando condutas individuais e coletivas, bem como confrontando dados com outros eventos históricos.

Utilizamos a metáfora da guerra para lembrar um aspecto marcante da história da Enfermagem Moderna, a visibilidade e importância que a profissão adquire nesses eventos. A Enfermagem, tal como a conhecemos, foi inventada em um momento de crise, por Florence Nightingale (1820-1910) durante a guerra da Criméia (1853-1856), onde o Império Russo lutou contra a Aliança Anglo-Franco-Sarda pelo domínio do Mar Negro em terras do Império Otomano (atual Turquia)44. Wiggers E, Donoso MTV. Discorrendo sobre os períodos pré e pós Florence Nightingale: a enfermagem e sua historicidade. Enferm Foco. 2020;11(1 esp):58-61. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n1.ESP.3567
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. A partir de conhecimentos adquiridos com as Irmãs de Caridade que atuavam em instituições de auxílio aos pobres e doentes na Alemanha, Florence recrutou e treinou 38 enfermeiras voluntárias para cuidar dos feridos da guerra e organizou o hospital de campanha. Tais cuidados salvaram a vida de soldados feridos levando Florence a ser reconhecida como heroína na Inglaterra, sendo a única mulher condecorada pela Rainha Vitória.

Em 2020, comemora-se o ano do bicentenário do nascimento de Florence e, por este motivo, a OMS e o Conselho Internacional de Enfermeiros (CIE) dentre outras entidades da categoria, decidiram lançar a Campanha Nursing Now, que tem como objetivo elevar o status e o perfil das profissionais de Enfermagem em todo o mundo. Com a pandemia do coronavírus esta tendência se ampliou e as comemorações e homenagens às enfermeiras ficaram mais visíveis, inclusive chegando à Internet, aos jornais e às revistas55. Huertas JR. Coronavirus superestrella: el impacto del Covid-19 en la sociedad a través de los medios de comunicación. In: Grupo de Investigação Corona Social, organizador. Ensayos deconfinados: ideias de debate para la post pandemia. Badajoz: AnthropiQa; 2020 [cited 2020 Aug 15]. p. 71-84. Available from: http://www.anthropiQa.com
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Assim, o estudo tem como objetivo analisar a visibilidade de trabalhadores/as de Enfermagem através de imagens que circularam na mídia durante a pandemia da Covid-19, formulando as seguintes questões de pesquisa: Como a Enfermagem está sendo visibilizada no contexto da pandemia da Covid-19? Quais reflexões podemos elaborar a partir de imagens publicadas na mídia referentes aos trabalhadores e trabalhadoras de Enfermagem durante a pandemia da Covid-19?

PERCURSO METODOLÓGICO

Trata-se de uma análise cultural que visa articular a imagem e seus efeitos com teorizações de autores do campo dos Estudos Culturais. O objeto de análise são imagens selecionadas em diferentes mídias, sobre a atuação dos trabalhadores de Enfermagem, que circularam durante a pandemia da Covid-19, no ano de 2020. No campo teórico dos Estudos Culturais, não parece ser adequado definir uma única forma de estabelecer pesquisas, pois tais estudos rompem com o formato rígido de desenvolver investigações e não é possível fazer demarcações. Esse campo teórico é fértil e não possui a característica de uma teoria unificada, fixa. A metodologia é diversa e ampla, um verdadeiro amontoado de ideias, métodos e temáticas que dependem das questões elaboradas, podendo combinar diferentes métodos66. Costa MV. Estudos Culturais - para além das fronteiras disciplinares. In: Costa MV, organizadora. Estudos culturais em Educação. 2ª ed. Porto Alegre: Ed. UFRGS; 2004. p.13-36..

A análise de imagens depende dos modos de expressão e compreensão de cada época e lugar. Uma imagem não é apenas um conjunto composto por linhas, cores, luzes e sombras ou apenas uma questão de forma; ela existe como um pensamento político, histórico e cultural, ou seja, cada imagem conta a sua própria história, incorpora e apresenta determinadas representações de modos muito particulares. Uma imagem é um artefato cultural que pode ser compreendido como “grande subjetivador de identidades e como um instrumento propagador de verdades”77. Schwengber MSV, Rohr DR. Imagens de uma nova economia identitária dos corpos grávidos. Educ Real. 2015;40(3):899-921. doi: https://doi.org/10.1590/2175-623644756
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:907. Deste modo, a leitura crítica de imagens implica em aprender valores estéticos e culturais por meio daquilo que mostram e pelo modo como mostram77. Schwengber MSV, Rohr DR. Imagens de uma nova economia identitária dos corpos grávidos. Educ Real. 2015;40(3):899-921. doi: https://doi.org/10.1590/2175-623644756
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A análise de mídia nos permite explicar relações entre imagens e tendências sociais numa certa cultura, além de fornecer habilidades para ler tendências atuais da sociedade e/ou observar mudanças77. Schwengber MSV, Rohr DR. Imagens de uma nova economia identitária dos corpos grávidos. Educ Real. 2015;40(3):899-921. doi: https://doi.org/10.1590/2175-623644756
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. A mídia, entendida como a televisão, o rádio, a imprensa e a internet, vale-se da utilização de artefatos culturais, aqui compreendidos como invenções sociais e culturais, que circulam e estão presentes nas atividades cotidianas produzindo sentidos e significados que interpelam sujeitos em peças publicitárias, propagandas, músicas, filmes, redes sociais da internet, vídeos, imagens, charges, revistas, encartes, livros, jornais e programas televisivos, entre outras88. Silva SG. Escolhas teórico-metodológicas para pesquisas em educação: perspectiva, movimentos e análise. ETD - Educ Temat Digit. 2020;22(2):278-96. doi: https://doi.org/10.20396/etd.v22i2.8654187
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. Os textos midiáticos, portanto, são uma forma de linguagem que se constituem como prática social e interpelam as relações sociais e culturais, produzindo significados e transformando os sujeitos88. Silva SG. Escolhas teórico-metodológicas para pesquisas em educação: perspectiva, movimentos e análise. ETD - Educ Temat Digit. 2020;22(2):278-96. doi: https://doi.org/10.20396/etd.v22i2.8654187
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A partir disso, é possível afirmar que os discursos e as imagens, produzidas e veiculadas pela mídia, possibilitam pensar em redes discursivas que assujeitam seus leitores, produzindo efeitos que pretendem conduzir condutas e determinar modos de vida99. Kruse MHL, Dornelles CS, Viana KRF, Bernardi KS, Botega MSX, Pinheiro MS. Cultural studies: new perspectives on research possibilities in nursing. Rev Gaúcha Enferm. 2018;39:e2017-0135. doi: https://doi.org/10.1590/1983-1447.2018.2017-0135
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Dentre as inúmeras imagens que circularam na mídia sobre o trabalho da Enfermagem, selecionamos seis que consideramos representativas daquilo que queremos mostrar: a visibilidade dos trabalhadores e trabalhadoras da Enfermagem. Após a seleção das imagens, realizada entre março e maio de 2020, realizamos a análise. Para tanto, nos reunimos enquanto grupo de análise (autoras do manuscrito) e juntas “dissecamos” o que vimos: quais aspectos chamaram a atenção? Quais não compensavam o investimento teórico-analítico? Quais questões teóricas as imagens nos suscitavam? A partir de uma roda de conversa analítica da imagem, decidíamos no que iríamos investir para produzir a análise acordada coletivamente e quem iria se dedicar à escrita do texto analítico. Após, todas as autoras realizavam leitura do texto e o revisavam, incluindo novos comentários e autores.

Destacamos que os aspectos éticos relacionados ao uso das imagens neste trabalho estão de acordo com a Lei nº 9.610/1998, que trata dos direitos autorais1010. Presidência da República (BR). Lei nº 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislação sobre direitos autorais e dá outras providências. Diário Oficial República Federativa do Brasil. 1998 fev 20;136(36 Seção 1):3. . A utilização de tais imagens de domínio público está assegurada, especialmente, nas afirmações do artigo 46, capítulo IV, incisos I e III, em que é destacada a importância da citação do autor e da origem da obra.

SOBRE A DOR E A DELÍCIA DE SER ENFERMEIRA EM TEMPOS DE PANDEMIA

Na pandemia da Covid-19, a Enfermagem caracteriza-se por um trabalho na linha de frente do combate daquilo que ameaça a vida da população, tal como no início da Enfermagem moderna, quando se destacou na Guerra da Crimeia. No Brasil, mensagens de alerta sobre a importância do distanciamento social foram veiculadas logo após a ocorrência dos primeiros casos de Covid-19 e os profissionais se prepararam para a batalha: devidamente uniformizadas, como soldados que se dirigem à guerra, se paramentam e se preparam para combater o inimigo invisível.

Figura 1 -
Profissionais de saúde divulgam fotos na internet portando cartazes que incentivam pessoas a ficar em casa

Imagem como a da Figura 1circulou na internet em março de 2020, apresentando profissionais da saúde em uma campanha que se caracterizou pela frase “nós estamos aqui por você! Fique em casa por nós!” A iniciativa, que surgiu no exterior a partir de postagens de médicos e enfermeiras segurando cartazes com o escrito “we stay here for you, please stay home for us”, foi replicada em vários serviços de saúde com trabalhadores segurando cartazes com frases semelhantes. Nela vemos sujeitos anônimos com rostos cobertos por máscaras de proteção. Aqui não importa quem eles são, mas sim a posição e o lugar que ocupam frente à pandemia, isto é, produção de discurso no campo da ciência a partir da afirmação do distanciamento social como recurso mais eficaz para evitar a contaminação e proliferação da doença.

O ato de “ficar em casa”, incentivado na pandemia da Covid-19, traduz-se pelo isolamento e distanciamento social, podendo também ser entendido como um desdobramento das quarentenas conhecidas historicamente. As quarentenas constituíram um período de reclusão, contabilizado em dias e imposto aos indivíduos doentes ou suspeitos de portar doenças infecciosas. Ganharam destaque durante a Idade Média para distanciar doentes da lepra e peste bubônica1111. Santos IA, Nascimento WF. As medidas de quarentena humana na saúde pública: aspectos bioéticos. Bioethikos. 2014; 8(2):174-185. doi: https://doi.org/10.15343/1981-8254.20140802174185
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. Entretanto, no caso da Covid-19, o “fique em casa por nós” foi um discurso dirigido para toda a população, para evitar que ficassem doentes, por não haver recursos de diagnóstico e tratamento disponíveis. Assim, nesta situação, o cuidado aos doentes e o controle da população parece ser um dos únicos recursos para uma doença que, até aquele momento, ainda não dispunha de medicamentos nem vacinas. Vemos aqui, a biopolítica33. Foucault M. História da sexualidade I: a vontade de saber. 3ª ed. Rio de Janeiro: Graal Edições ; 2015., isto é, a política de controle de vidas, na administração dos corpos e na gestão calculista, atuando diretamente sobre os corpos de toda a população, apoiada nos saberes e poderes da ciência, nos discursos científicos, transformando a vida humana, a partir do reforço destas ações pelo discurso dos trabalhadores de saúde.

Figura 2 -
Nova obra de Banksy mostra enfermeira como heroína

A Figura 2 é uma ilustração do artista inglês Banksy que ganhou visibilidade no mundo via redes sociais. A obra foi deixada no Hospital da Universidade de Southampton, na Inglaterra, com um bilhete que dizia: “Obrigado por tudo que vocês estão fazendo. Espero que isso ilumine um pouco o local, apesar de ser em preto e branco”1212. g1.globo.com [Internet]. Nova obra de Banksy mostra enfermeira como heroína. São Paulo: Globo Comunicação e Paticipações; c2020 [updated 2020 May 07, cited 2020 May 20]. Available from: https://g1.globo.com/bemestar/coronavirus/noticia/2020/05/07/nova-obra-de-banksy-mostra-enfermeira-como-super-heroina.ghtml
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. Nas mãos do menino há uma boneca vestida de enfermeira que voa como se heroína fosse, enquanto outros bonecos, homens, representados por Batman e Homem Aranha são deixados ao lado, em um cesto. A figura da mulher, quase sempre atrelada à de esposa e mãe, é uma poderosa construção discursiva que atravessa os tempos e que inferioriza o sexo feminino. Ao reportarmo-nos à figura da “Mulher Maravilha” podemos perceber que por muito tempo ela ganhou o papel de ajudante do super-herói masculino1313. Weschenfelder GV, Colling A. As super-heroínas das histórias em quadrinhos e as relações de gênero. Diálogos. 2017 [cited 2020 Aug 10];15(2):437-54. Disponível em: Disponível em: http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/Dialogos/article/view/36207
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. O que vemos na Figura 2 é uma desconstrução dessa invenção tornando a enfermeira não mais coadjuvante de outras profissões/heróis, mas sim a personagem principal. Importa destacar aqui, que a forma como a mídia dispõe elementos ajuda a moldar o ambiente de comunicação e, muitas vezes, encoraja um maior respeito em torno dos atores culturais1414. Jenkins H, Green J, Ford S. Cultura da conexão: criando valor e significado por meio da mídia propagável. São Paulo: Aleph; 2015..

Entre contos gregos e epopeias, heróis medievais e renascentistas, passando pela cultura pop moderna dos quadrinhos e filmes, não é de hoje que a imagem do herói aparece em nossas sociedades. Entretanto, nos chama a atenção certa aparição da enfermeira no lugar de heroína, vestindo capa e capaz de voar, a quem se deve agradecer.

Figura 3 -
Super heróis se curvam em respeito aos profissionais da Enfermagem

Figura 4 -
Enfermeira como membro do time de heróis mascarados

As Figuras 3 e 4 estão entre as mais divulgadas no Dia do Enfermeiros/as, em 12 de maio deste ano, conforme reportagem do canal de internet G11515. g1.globo.com [Internet]. Saúde Bragança Paulista: Globo Comunicação e Participações; c2020 [updated 2020 May 12, cited 2020 May 20]. Available from: https://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/especial-publicitario/santa-casa-braganca-paulista/saude-braganca-paulista/noticia/2020/05/12/no-dia-do-enfermeiro-veja-10-tuites-com-homenagens-para-enfermagem.html
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. Ao rememorarmos os primórdios da Enfermagem no Brasil, retornamos ao ano de 1923 quando a primeira Escola de Enfermagem foi fundada no Rio de Janeiro1. À época, cabia à enfermeira ser devotada, honesta, disciplinada, abnegada e, por vezes, religiosa ou espiritualizada. Além disso, a enfermeira deveria ainda ser subordinada, um elemento de apoio, auxiliar especialmente do médico e nunca agente principal1616. Padilha MICS, Sobral VRS, Leite LMR, Peres MAA, Araújo AC. Enfermeira - a construção de um modelo de comportamento a partir dos discursos médicos do início do século. Rev Latino-Am Enfermagem. 1997;5(4):25-33. doi: https://doi.org/10.1590/S0104-11691997000400004
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. Filmes, recorrentemente retratam cenas de enfermeiras que valorizam regras, normas e disciplina. Herança histórica, pautada em valores que fizeram parte da trajetória da enfermeira que assistia doentes na guerra44. Wiggers E, Donoso MTV. Discorrendo sobre os períodos pré e pós Florence Nightingale: a enfermagem e sua historicidade. Enferm Foco. 2020;11(1 esp):58-61. doi: https://doi.org/10.21675/2357-707X.2020.v11.n1.ESP.3567
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Nas Figuras citadas (especialmente 2, 3 e 4), no entanto, aparece uma “nova” personagem profissional, que assume o protagonismo da assistência. Tais imagens dialogam com sentimentos, afetos e desejo de reconhecimento, permitindo refletir acerca da visibilidade das trabalhadoras de Enfermagem na pandemia. Observamos que há uma tendência de romantizar o esforço, apontado como heroico e o sofrimento, possivelmente para inspirar os demais profissionais a fim de que continuem atuando sob riscos, tanto seu como de seus familiares. Afinal, as desigualdades sociais presentes em nosso país, o abarcamento de diferentes níveis assistenciais em um mesmo sistema de saúde universal e a negligência quanto às condições de trabalho dos que estão atuando pode contribuir para que haja um colapso também emocional naqueles que seriam responsáveis por manter as estruturas disponíveis em tempos de pandemia1717. Ornell F, Halpern SC, Kessler FHP, Narvaez JCM. The impact of the Covid-19 pandemic on the mental health of healthcare professionals. Cad Saúde Pública. 2020;36(4):e00063520. doi: https://doi.org/10.1590/0102-311x00063520
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Certamente somos atraídos por heróis e super-heróis porque eles elevam a condição humana - e o fazem justamente porque atuam em um plano “sobre-humano”. Os heróis são como nós, mas potencializados: mais fortes, mais inteligentes, mais rápidos. Eles sofrem das mesmas fragilidades humanas que nós, contudo, por causa de seus superpoderes, esses conflitos internos se tornam aparentes em uma arena mais dramática do que a nossa. Os super-heróis impõem ordem em um mundo caótico, que parece estar sempre tomado por forças nefastas (de desastres naturais a supervilões) que nós, simples mortais, não conseguimos identificar - muito menos combater. Ao que parece, preferimos um mundo de super-heróis acima da lei a um mundo sem nenhum super-heroísmo.

A condição de super-herói vinculada à Enfermagem impõe aos profissionais características semelhantes aos destemidos personagens construídos pelas mídias. As identidades são anônimas, os rostos são encobertos, a disposição é constante, não há dia ou hora para se ausentar. Apesar da homenagem ou valorização representadas nas imagens de super-heróis, aquilo que os profissionais vivenciam são serviços de saúde lotados, sobretudo hospitais, corpos marcados por máscaras nada confortáveis e desgastados, profissionais sobrecarregados e à beira de um colapso devido aos altos índices de transmissibilidade e letalidades provocadas pela Covid-19.

Figura 5 -
Mulheres da saúde viram capa de revista mexicana: ‘verdadeiras influencers’

Durante a pandemia imagens da mídia mostram profissionais de Enfermagem com marcas em seu corpo. A Figura 5 foi a capa de maio da edição latino-americana da revista Marie Clare, impressa no México. Nela, evidencia-se o rosto da enfermeira Olivia Giorgi ao final do turno de trabalho, imagem captada pelo fotógrafo Alberto Giuliani em um hospital da Itália. A edição teve como objetivo destacar o esforço da assistência das profissionais às vítimas de Covid-19. A imagem causou grande repercussão nacional e, posteriormente à publicação da edição da revista, outros profissionais da Enfermagem passaram a expor nas mídias sociais as marcas deixadas pelo uso constante de equipamentos de proteção individual (EPIs). Observamos marcas visíveis no rosto da enfermeira, indicando adversidades enfrentadas diante das extensas e extenuantes jornadas de trabalho, com a utilização de EPIs, quando disponíveis, que apertam, machucam, aquecem o corpo exausto da “suposta” heroína. Vemos que a pandemia também colocou em isolamento o próprio corpo das profissionais de Enfermagem que, por vezes, passam de seis a oito horas sem poder retirar sua “armadura” para ir ao banheiro ou comer. Estar com o corpo marcado pela máscara demonstra o sacrifício da enfermeira e revela os efeitos do sofrimento da trabalhadora ao cuidar de doentes de Covid-19.

Figura 6 -
Enfermeiro fotografa impacto do coronavírus nos hospitais da Itália

A Figura 6 é um registro do enfermeiro Paulo Miranda, trabalhador da Enfermagem do Hospital de Cremona na Itália, epicentro da pandemia em março de 2020. Tal imagem foi divulgada em reportagem produzida pela BBC News sobre o contexto e rotina de profissionais da saúde na assistência aos acometidos pela Covid 19. A figura selecionada mostra um profissional da saúde sendo amparado por outro em uma demonstração de sofrimento laboral. A exposição ao perigo é constante e pode ser vivida como a possibilidade de morte devido a contaminação pelo vírus, agravada pela frequente falta de equipamentos de proteção individual e associado às longas e desgastantes jornadas de trabalho. O local reinventado para as enfermeiras na pandemia nos faz lembrar que o cuidado que ela oferece extrapola os limites do hospital. Afinal, são elas - as enfermeiras- que continuam a ter a seu cargo, exclusiva ou majoritariamente, o cuidado de suas famílias, elas “não se podem defender com uma quarentena para poderem garantir a quarentena de outros” 1818. Santos BS. A cruel pedagogia do vírus. Coimbra: Edições Almedina; 2020.:16.

Dentre os discursos que atravessam enfermeiras, há ainda aqueles que as colocam como mulheres da ciência, que necessitam estudar constantemente, sempre dedicadas ao cuidado dos pacientes, geralmente vistas em uma atividade disciplinadora, especialmente no hospital, um ambiente onde domina a tecnologia, e que se propõe a cuidar e curar, até mesmo casos graves. Para além disso, enfermeiras têm sido retratadas pela mídia, em particular nesse momento da pandemia, como salvadoras, como aquelas que se doam ao outro, à sua dor, à sua condição de doença. Vivendo tais situações, trabalhadoras de Enfermagem são exortadas e atravessadas por discursos que as definem como heroínas, elogiadas na e pela mídia, o que as coloca numa difícil posição. Mesmo em situação de risco não há espaço para retroceder, desistir, ficar em casa, de tal modo que tais discursos constituem mais uma fonte de estresse.

As mulheres, consideradas as cuidadoras, nas sociedades patriarcais ocidentais, são a maioria entre as profissionais de Enfermagem e estão atuando na linha de frente assistencial dentro e fora das instituições1919. Machado MH, coordenadora. Perfil da enfermagem no Brasil: relatório final. Rio de Janeiro: Fiocruz; 2017.. O cuidado à saúde quase sempre foi uma atribuição da mulher. Ainda assim, as enfermeiras têm em sua história e em seu cotidiano os mais diversos desafios e aspectos que a acompanham e se mantiveram vigentes ao longo dos anos, “porque o uniforme impecavelmente ‘branco’ confere à enfermeira um caráter assexuado, sem classe social, sem agressividade ou sem desejos próprios, possuindo este aspecto mais valor que seu próprio conhecimento”2020. Gastaldo DM, Meyer DE. A formação da enfermeira: ênfase na conduta em detrimento do conhecimento. Rev Bras Enferm. 1989;42(1/4):7-13. doi: https://doi.org/10.1590/S0034-71671989000100002
https://doi.org/10.1590/S0034-7167198900...
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Vivemos um período com repercussões nas endêmicas crises econômicas e sociais, cenário que tem colocado em evidência discursos referentes ao trabalho em saúde. Por meio de diferentes imagens de enfermeiras ou em referência a estas, (re)produzidas por mídias e redes sociais, a Enfermagem, como categoria profissional, e na “linha de frente” da pandemia foi reinventada e vestida de heroína em escala mundial, papel que era dignificado, até então, a uma única enfermeira, Florence Nightingale.

Através da análise de seis imagens escolhidas, é possível perceber a tentativa de reforçar este reconhecimento profissional. Em algumas, as enfermeiras são as heroínas que assumem ativamente a “linha de frente”, que organizam o caos e trazem a ordem, servindo de exemplo para as crianças. Em outras, as heroínas sacrificam o próprio corpo para proteger os demais. Se, por um lado, as imagens apresentadas se inscrevem em uma ordem discursiva que idealiza a profissão, de outro, mostram as mazelas de ter que trabalhar em condições tão adversas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

As análises aqui apresentadas apontam para uma necessária reflexão-indagação: quem são os verdadeiros protagonistas da saúde? Não queremos aqui glorificar, insinuar ou tentar responder essa pergunta. Optamos em trazer, ao longo do texto, apenas algumas reflexões acerca dos papeis, locais de fala e estratégias de governar os corpos, em meio à pandemia atual.

Ainda que nossa intenção não tenha sido demonstrar à exaustão as inúmeras imagens que circularam - e, certamente, seguirão circulando - na mídia, a respeito do trabalho de enfermeiros/as, cremos que trabalhos como este possibilitarão a realização de outras formas de análise sobre a construção e reprodução de discursos, articulados com outras questões, tais como a do racismo estrutural e aquela das diferenças de gênero, por exemplo, tão naturalizadas entre nós.

Este artigo, produzido no âmbito dos Estudos Culturais e dos Estudos Foucaultianos, busca contribuir para a ampliação das análises em torno da produção midiática e identitária da profissão. Outras pesquisas, realizadas ao longo da última década, por pesquisadores/as da área e deste campo de estudos, demonstram o quanto ainda temos a estudar e analisar, a partir das produções culturais históricas e contemporâneas, de forma interdisciplinar, para continuarmos colocando em questão/sob escrutínio algumas das verdades (e, no caso desse artigo, das imagens) que nos constituem. Por fim, acreditamos que o estudo poderá contribuir para a divulgação e uma melhor compreensão da campanha Nursing Now no sentido de pensarmos, questionarmos e refletirmos sobre estas e outras questões relacionadas à visibilidade da Enfermagem, no ano de 2020 e para além dele.

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  • Financiamento

    Este estudo recebeu apoio financeiro com bolsas de pós-graduação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    22 Set 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    02 Out 2020
  • Aceito
    17 Maio 2021
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