Empoderamento juvenil em saúde: uma estrutura teórica das práticas de letramento

Barros, Mariana Boulitreau Siqueira Campos; Nascimento, Marcela Martins da Silva; Rosário, Helena Rafaela Vieira do; Galvão, Dulce Maria Pereira Garcia; Silva, Rayane Gomes Medeiros da; Soares, Karla Hellen Dias; Leandro, Vitória Carla Conceição Almeida; Monteiro, Estela Maria Leite Meirelles

doi:10.1590/1983-1447.2023.20220126.pt

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Revista Gaúcha de Enfermagem

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Sumário

Artigo Original • Rev. Gaúcha Enferm. 44 • 2023 • https://doi.org/10.1590/1983-1447.2023.20220126.pt copiar

Empoderamento juvenil em saúde: uma estrutura teórica das práticas de letramento

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

RESUMO

Objetivo:

Elaborar uma estrutura teórica sobre práticas de letramento comprometidas com o empoderamento em saúde com base na compreensão de adolescentes escolares e integrantes de uma comunidade Quilombola, no Estado de Pernambuco, Brasil.

Método:

Análise interpretativa alicerçada nos pressupostos da Teoria Fundamentada nos Dados e o Interacionismo Simbólico. Para a coleta dos dados, foram realizados Círculos de Cultura com 18 adolescentes no período de outubro de 2020 a agosto de 2021.

Resultados:

O arquétipo teórico se estrutura consoante ao reconhecimento do contexto juvenil em vulnerabilidade, e o desenvolvimento do potencial pelas relações coletivas edificadas pelo diálogo, confiança, construção compartilhada do conhecimento e o uso das tecnologias.

Considerações finais:

A estrutura teórica sobre práticas de letramento comprometidas com o empoderamento pela compreensão dos adolescentes perpassa pelo arcabouço de uma teoria substantiva que culmina em uma perspectiva de protagonismo e reconhecimento de suas necessidades.

Descritores:
Adolescente; Letramento em saúde; Empoderamento

IMPLICAÇÕES PARA A PRÁTICA
Em um cenário oprimido no modelo sanitarista-campanhista ou consumido pela ótica do capitalismo no modelo médico-assistencial privatista, as implicações para a prática permeiam os modelos assistenciais alternativos da promoção à saúde, que sustentam a base epistemológica nas ciências sociais e comportamentais pela liberdade, e ao dar voz aos adolescentes, permitindo o exercício da cidadania com consciência crítica. Para a práxis voltada para a educação em saúde e a aplicabilidade do empoderamento, tornam-se necessárias as seguintes ações:
No planejamento das intervenções de letramento em saúde, deve-se promover o estudante como sujeito e protagonista do seu próprio processo de ensino/aprendizagem;
Implementar estratégias educativas mediadas por abordagens de ensino participativas e problematizadoras;
Desmistificar as relações de poder para um relacionamento horizontal com estratégias educativas empoderadoras embasadas no diálogo como uma ferramenta fortalecedora da justiça social e cultura de paz;
Estratégias de promoção à saúde e formação permanente que estimulem o interesse do envolvimento dos profissionais de saúde como promotores das práticas educativas na reflexão e reconstrução conforme se dá a representação dos adolescentes na sociedade;
Conhecer as singularidades, fragilidades, o contexto histórico-cultural, limitações de aprendizado e potencialidades desse público, para, então, problematizar a conjuntura de saúde e propor a construção compartilhada que promova o desejo da emancipação;
Fundamentar-se na necessidade dos adolescentes e assegurar uma contextualização com entrelace entre os saberes populares e científicos;
Promover o empoderamento por meio da promoção do letramento em saúde para ações prioritárias aos mais vulneráveis;
Desenvolver intervenções de letramento em saúde que envolvam metodologias voltadas para um modelo de aprendizagem que fortaleça os adolescentes para o enfrentamento das vulnerabilidades e alcance da libertação;
Reconhecer o empoderamento como a essência do health literacy;
“Viver a história como tempo de possibilidade, e não de determinação.”1919. Freire P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Paz e Terra; 2021.

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[1] Autora correspondente:
Mariana Boulitreau Siqueira Campos Barros E-mail: mariana.cbarros@ufpe.br