RESUMO
Objetivo: Avaliar a percepção do clima de segurança do paciente na atenção primária à saúde associada às categorias profissionais, centros de saúde e experiência prévia de participação no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica.
Método: Estudo transversal com 119 profissionais de saúde em um município do interior do estado de São Paulo, entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020, com a versão brasileira do Primary Care Safety Questionnaire.
Resultados: O clima de segurança foi favorável, com melhor avaliação para comunicação e liderança e pior avaliação para carga de trabalho. Houve diferença entre centros de saúde quanto ao trabalho em equipe (p=0,0010), carga de trabalho (p=0,0001) e escore total (p=0,0185). Os profissionais com experiência prévia de participação no programa de melhoria possuem melhor percepção do clima.
Conclusão: A percepção do clima não diferiu entre as categorias profissionais, mas diferiu entre centros de saúde.
Descritores: Cultura organizacional; Segurança do paciente; Atenção primária à saúde; Estratégias de saúde nacionais; Equipe de assistência ao paciente
ABSTRACT
Objective: To evaluate the perception of the patient safety climate in primary health care associated with professional categories, health centers, and previous experience of participation in the National Program for the Improvement of Access and Quality of Primary Care.
Method: Cross-sectional study with 119 health professionals in a city in the interior of the state of São Paulo, between August 2019 and February 2020, using the Brazilian version of the Primary Care Safety Questionnaire.
Results: The safety climate was favorable, with better evaluation for communication and leadership and worse evaluation for workload. There were differences among health centers regarding teamwork (p=0.0010), workload (p=0.0001) and total score (p=0.0185). Professionals with previous experience participating in the improvement program have a better perception of the climate.
Conclusion: The perception of climate did not differ between professional categories but differed between health centers.
Descriptors: Organizational culture; Patient safety; Primary health care; National health strategies; Patient care team
RESUMEN
Objetivo: Evaluar la percepción del clima de seguridad del paciente en atención primaria asociada a las categorías profesionales, los centros sanitarios y la experiencia previa de participación en el Programa Nacional de Mejora del Acceso y la Calidad de la Atención Primaria.
Método: Estudio transversal con 119 profesionales de la salud en un municipio del estado de São Paulo, entre agosto de 2019 y febrero de 2020, utilizando la versión brasileña del Primary Care Safety Questionnaire.
Resultados: El clima de seguridad fue favorable, con mejor valoración para comunicación y liderazgo y peor valoración para carga de trabajo. Hubo diferencias entre centros de salud en cuanto al trabajo en equipo (p=0,0010), la carga de trabajo (p=0,0001) y la puntuación total (p=0,0185).Los profesionales con experiencia previa de participación en el programa de mejora tienen una mejor percepción del clima.
Conclusión: La percepción del clima no difería entre categorías profesionales, pero sí entre centros sanitarios.
Descriptores: Cultura organizacional; Seguridad del paciente; Atención primaria de salud; Estrategias de salud nacionales; Grupo de atención al paciente
INTRODUÇÃO
No Plano de Ação Global para a Segurança do Paciente 2021-2030, a Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca que, apesar desta temática ser comumente associada ao ambiente hospitalar, os cuidados inseguros são um problema de todo o sistema de saúde. Dentre os objetivos estratégicos deste plano, a OMS enfatiza que a segurança do paciente deve ser prioridade em todos os processos e cenários clínicos, e uma das ações sugeridas refere-se à promoção da cultura de segurança na atenção primária1.
A cultura de segurança refere-se a todos os valores e ações de uma organização voltados para a segurança do paciente. A avaliação da cultura é realizada por meio do clima, o qual diz respeito à percepção do profissional sobre como a segurança é gerenciada na organização2. A medida do clima de segurança pode variar em um determinado momento quanto aos aspectos organizacionais, unidade de trabalho e relações interpessoais, sendo mais sensível às mudanças e melhorias realizadas em prol da segurança2.
Desde 2013, o Programa Nacional de Segurança do Paciente chama a atenção para a expansão desta temática em todos os serviços da Rede de Atenção à Saúde (RAS), incluindo a Atenção Primária à Saúde (APS)3. Avaliar o clima de segurança no contexto da APS faz-se relevante por constituir-se como a principal porta de entrada ao sistema de saúde, quando indivíduo, família e comunidade buscam assistência e deparam-se com a diversidade de necessidades e problemas de diferentes complexidades4. A Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) ressalta que as ações e medidas relacionadas à segurança do paciente são de responsabilidade de todos os membros da equipe multiprofissional4.
Dentre as iniciativas na atenção primária, o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB), com o propósito de oferecer um padrão de qualidade e inovação na gestão e ampliar o acesso da população aos serviços de saúde no contexto da Estratégia Saúde da Família (ESF)5, foi recentemente reestruturado e denominado Programa Previne Brasil, considerado um novo modelo de financiamento da APS6. O PMAQ-AB se destacou como um dos maiores programas de pagamento por desempenho do mundo e alcançou resultados efetivos em melhorias de processo de trabalho e infraestrutura7, fortalecendo acultura de avaliação na atenção primária8.
No ambiente de prática da APS, os tipos de incidentes mais comuns relacionados à segurança do paciente são erros de diagnóstico e de medicação, e entre os fatores contribuintes tem-se a falha de comunicação entre a equipe9,10. Estudos internacionais voltados à atenção primária avaliaram o clima de segurança com a utilização do Primary Care Safety Questionnaire (PC-SafeQuest) e identificaram que o sistema de segurança e aprendizagem11, o trabalho em equipe e a liderança foram fatores que influenciaram positivamente na percepção do clima de segurança11-13. Por sua vez, a comunicação - apesar de avaliada positivamente - o fez em menor medida, e a carga de trabalho evidenciou-se como o fator pior avaliado11-13. Além disso, estes estudos apontaram diferenças na percepção do clima entre profissionais com cargo de gestão e os que não ocupam cargo de gestão11-13.
Estudos nacionais que avaliaram o clima de segurança na APS utilizando outro instrumento encontraram diferenças na percepção do clima em relação às categorias profissionais. Nestas pesquisas, médicos relataram uma percepção mais positiva do clima em relação aos demais membros da equipe14, enquanto os agentes comunitários de saúde (ACS) demonstraram percepção negativa da cultura de segurança em relação aos membros da equipe15. Diferenças na percepção do clima também foram identificadas entre membros da equipe de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Básica (eAB)16. Entretanto, cabe ressaltar a lacuna de estudos no Brasil que avaliaram o clima de segurança na APS, seja com o uso do PC-SafeQuest ou de outros instrumentos específicos.
A avaliação periódica do clima de segurança na percepção dos profissionais de saúde consiste em uma estratégia fundamental para embasar melhorias nos processos de trabalho, por meio da identificação e resolução de lacunas e fragilidades na equipe17. Implementar e fortalecer ações de segurança do usuário na APS constitui-se como desafios para a gestão, profissionais de saúde, usuários e famílias, de modo a convergir com o quarto objetivo estratégico do Plano de Ação Global da OMS1.
Ao considerar o impacto da assistência prestada no contexto da APS para a saúde do indivíduo, família e comunidade, assim como os desafios enfrentados e a incipiência da cultura de segurança nesse cenário,iniciativas como a avaliação do clima devem ser valorizadas pelos gestores a fim de implementar ações que promovam a segurança do paciente, favorecendo o bem-estar do profissional e o cuidado seguro. Neste estudo estabeleceu-se a seguinte pergunta de pesquisa: “Os profissionais diferem quanto à percepção do clima de segurança entre os centros de saúde (CS)?”, com o objetivo de avaliar a percepção do clima de segurança do paciente na atenção primária à saúde associada às categorias profissionais, centros de saúde e experiência prévia de participação no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB).
MÉTODO
Trata-se de estudo quantitativo e transversal que seguiu as recomendações do Strengthening the reporting of observational studies in epidemiology (STROBE)18. O estudo foi realizado em um município de grande porte do interior do estado de São Paulo, considerando a existência de 66 CS divididos em cinco distritos de saúde e cujo dimensionamento aponta 1 CS para cada 20 mil habitantes. A gestão destes centros de saúde é municipal e as equipes são compostas nos modelos eSF, eAB e Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde (EACS).
De acordo com a população cadastrada no território, o número de equipes para cada CS varia de duas a cinco equipes, de modo que cada eAB ou eSF responsabiliza-se por, no máximo, 4 mil pessoas. No município estudado, as unidades contam com profissionais do Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) por incluírem na equipe mínima outras categorias profissionais ou especialidades, como médicos ginecologistas/obstetras, pediatras, médicos psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais e farmacêuticos4.
Os distritos de saúde do município apresentam população e quantidades diferentes de CS. Dentre os cinco distritos definiu-se como objeto de estudo aquele utilizado em atividades práticas de ensino na formação dos profissionais de saúde, composto por 12 CS e que apresenta a terceira maior população adstrita com cerca de 230.370 habitantes. Assim, foram selecionados os CS mais populosos, denominados aqui como: CS/A, CS/B e CS/C, sendo que estes três centros de saúde foram selecionados por também possuírem o maior quantitativo de profissionais, totalizando de181 trabalhadores da saúde (CS/A=66, CS/B=60 e CS/C=55), dentre os quais se encontram médicos, enfermeiros, auxiliares e técnicos de enfermagem, farmacêuticos, técnicos em farmácia, auxiliares e/ou técnicos de saúde bucal, cirurgiões-dentistas e ACS.
Os três centros de saúde localizam-se em área urbana, mas possuem em seu território bairros situados em áreas rurais. Quanto aos demais serviços da RAS, o CS/A possui em seu território uma unidade de Pronto-Atendimento e o CS/B encontra-se perto de um hospital público universitário de grande porte. O CS/C possui em territórios próximos um Centro de Atenção Psicossocial III e um hospital público municipal. Ainda, o CS/A encontra-se em território mais vulnerável em relação aos demais, enquanto os CS/B e CS/C possuem em seu território bairros mais privilegiados e com menos dependentes do Sistema Único de Saúde (SUS).
O cálculo amostral foi definido de acordo com a metodologia para estimar uma proporção em uma população de tamanho finito19. Considerou-se uma proporção igual a 0,5, cujo valor representa a variabilidade máxima da distribuição binomial, um erro amostral de 5% e nível de significância de 5%, obtendo uma amostra mínima de 118 profissionais. A amostra foi dividida proporcionalmente de acordo com o quantitativo populacional de profissionais em cada um dos centros de saúde e categorias profissionais. Como critério de inclusão para participar do estudo foram considerados os profissionais que trabalhavam há, no mínimo, seis meses no CS e excluídos os ausentes por motivo de férias ou licenças.
A coleta de dados foi realizada entre agosto de 2019 e fevereiro de 2020. Os profissionais que atendiam aos critérios de inclusão foram abordados em seus locais de trabalho, informados sobre o objetivo do estudo e tiveram suas dúvidas esclarecidas. Após concordarem em participar do estudo, procedeu-se com a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Posteriormente, todos receberam o envelope com o instrumento que era preenchido individualmente em local privado, com a disponibilidade das pesquisadoras no CS caso houvesse dúvida.
Foram utilizados dados pessoais e profissionais,além da versão brasileira do Primary Care Safety Questionnaire (PC-SafeQuest)20, todos no formato impresso e autopreenchíveis, e o tempo de preenchimento foi estimado em aproximadamente 40 minutos. As variáveis pessoais foram: idade, sexo e estado civil. As variáveis profissionais abarcaram: categoria profissional, tempo de trabalho na equipe atual e de experiência na APS, carga horária semanal e se possuía outro vínculo empregatício. Outras informações consideradas nesta ficha foram o tipo de equipe do profissional, se a equipe na qual se encontrava estava completa ou não e se havia experiência prévia de participação no PMAQ-AB.
O PC-SafeQuest foi desenvolvido21 e validado para a cultura brasileira20 como objetivo de avaliar a percepção do clima de segurança especificamente na APS. Contém 28 itens distribuídos em cinco dimensões: comunicação, liderança, carga de trabalho, trabalho em equipe e sistema de segurança e aprendizagem.
As opções de respostas avaliadas numa escala Likert variam de um ponto (de modo algum) a sete pontos (completamente), e a análise pode ser realizada pelo cálculo da média da pontuação dos itens de cada uma das dimensões ou pela média da pontuação total do PC-SafeQuest21. Pontuações elevadas indicam a contribuição positiva de uma determinada dimensão para a percepção do clima de segurança21, indicando que a temática segurança do paciente está presente na gestão da instituição.Para este estudo, a confiabilidade resultou em um alfa de Cronbach de 0,60 para carga de trabalho, 0,87 para comunicação, 0,77 para liderança, 0,89 para trabalho em equipe e 0,91 para sistema de segurança e aprendizagem, o que indica uma boa confiabilidade22.
A descrição das variáveis quantitativas foi realizada por meio do cálculo dos valores de média, desvio-padrão (DP), mediana e intervalo interquartílico (IIQ) e, das variáveis categóricas por meio do cálculo de frequências e porcentagens. Para as comparações entre as dimensões do PC-SafeQuest e as variáveis de categorias profissionais e CS aplicou-se o modelo ANOVA, seguido do pós-teste de Tukey ou o teste de Kruskal-Wallis e pós-teste de Dunn, de acordo com a distribuição dos dados. As comparações em relação às variáveis equipe completa e participação no PMAQ-AB utilizaram-se dos testes t de Student não pareado ou de Mann-Whitney, também de acordo com a distribuição dos dados. Para as correlações entre as dimensões tempo de experiência na equipe atual e na APS aplicou-se o coeficiente de correlação de Spearman. As escolhas dos testes foram de acordo com a distribuição dos dados,avaliada pelo teste de Shapiro-Wilk.
Nas análises das associações entre as variáveis de caracterização da amostra e os CS realizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson. Para todas as análises considerou-se um nível de significância de 5% e utilizaram-se os softwares estatísticos SAS versão 9.4 e SPSS versão 23.
O estudo seguiu todos os pressupostos éticos e legais estabelecidos na Resolução nº 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde. Foi obtida a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição em 15 de julho de 2019, sob o parecer 3.454.133.
RESULTADOS
Dos 131 profissionais convidados para participarem do estudo obteve-se a participação efetiva de 119 profissionais, com uma taxa de resposta de 90,8%. A média de idade foi de 45,0 anos (DP= 10,8) e, quanto ao estado civil, 71 (59,7%) reportaram ser casados ou união estável; 36(30,2%) solteiros e 12 (10,1%) separados/viúvos. O tempo médio de experiência na APS foi de 14,1 anos (DP= 10,8) e, na equipe atual, de 9,7 anos (DP= 8,0). Relataram trabalhar em média 34,1 horas (DP= 5,8) por semana e 98 (82,4%) profissionais possuem um único vínculo empregatício.Demais características estão apresentadas na Tabela 1.
Quanto ao tempo de trabalho na equipe atual verificou-se diferenças entre CS (p=0,0053, teste de Kruskal-Wallis). O pós-teste de Dunn indicou que os CS/A (Mediana = 15,0; IIQ= 6,0 - 19,0) e CS/B (Mediana = 4,4; IIQ = 2,5 - 8,8) diferem entre si. Com a finalidade de verificar se existem diferenças entre as categorias profissionais quanto ao tempo de trabalho na equipe atual e de experiência no contexto da APS, mostrou-se necessário realizar o agrupamento das categorias em médicos, profissionais de enfermagem, ACS e demais categorias, esta última sendo composta pelos profissionais: farmacêutico, técnico em farmácia, cirurgião-dentista e técnico/auxiliar de saúde bucal. Ao realizar o teste de Kruskal Wallis (p=0,006) verificaram-se diferenças estatísticas significantes por meio do pós-teste de Dunn quanto ao tempo de experiência na equipe atual entre os ACS (Mediana = 5,1; IIQ = 3,9 - 15,0) e demais categorias (Mediana = 7,4anos; IIQ = 7,0 - 19,5).
No que se refere à percepção do clima de segurança, o escore total médio e mediano do PC-SafeQuest foi de 5,0 (DP=1,0) e 5,0 (IIQ= 4,3 - 5,7), respectivamente (Tabela 2).
Ao comparar as dimensões do PC-SafeQuest com os agrupamentos das categorias profissionais, equipe completa e tipo de equipe, não foram identificadas diferenças significantes. A comparação da percepção do clima de segurança pelos profissionais entre os CS encontra-se na Tabela 3.
As análises de correlação entre as dimensões do PC-SafeQuest e a variável tempo de experiência na equipe atual e na APS não apresentaram correlações significantes. Para a análise de comparação entre a percepção do clima de segurança e experiência prévia de participação no PMAQ-AB foram considerados apenas os participantes com ou sem experiência prévia de participação no PMAQ-AB. Os profissionais com experiência prévia apresentaram uma percepção mais positiva do clima de segurança nos domínios carga de trabalho, trabalho em equipe e sistemas de segurança e no escore total (Tabela 4).
DISCUSSÃO
O clima de segurança foi avaliado como positivo em todos os domínios do PC-SafeQuest, sendo a comunicação e a liderança as dimensões mais bem avaliadas, e a carga de trabalho a que foi avaliada em pior escala. A percepção dos trabalhadores não diferiu entre categorias profissionais, mas diferiu entre os CS quanto ao trabalho em equipe, carga de trabalho e o escore total.
A maioria dos profissionais trabalha em eSF e relatou que suas equipes estavam incompletas, aspectos estes que diferiram entre os CS. A eSF se destaca por apresentar resultados efetivos no cuidado à saúde da população quando comparado ao modelo tradicional da eAB23. Entretanto, faz-se essencial que a composição da equipe multiprofissional quanto às categorias e ao dimensionamento esteja adequada, já que estes influenciam nas condições e sobrecarga de trabalho. Tais fatores são importantes e recomendados para o aperfeiçoamento da cultura de segurança das equipes de saúde24, repercutindo em um cuidado integral e seguro3.
O clima de segurança foi positivo para todos os domínios do PC-SafeQuest por apresentarem valores médios acima de 4,0 pontos, o que corresponde a 50% da pontuação total, assim como nos estudos internacionais que avaliaram o clima de segurança no contexto da APS com o uso deste instrumento11-13. Destaca-se que esse resultado se assemelha aos encontrados por estudos nacionais realizados na APS que utilizaram outros instrumentos14,16, exceto por estudo em que a cultura de segurança foi avaliada como negativa24. Consequentemente, se torna necessária a comparação com pesquisas que utilizaram outros instrumentos mas que apresentam similaridades nos aspectos relacionados ao clima de segurança17.
No presente estudo, a comunicação foi a dimensão mais bem avaliada. Nos estudos que utilizaram o PC-SafeQuest11-13 esta dimensão também foi avaliada positivamente, porém com pontuação intermediária em relação às demais, ao contrário de outros estudos que apontaram menores valores para esse fator24,25 a partir do uso de outros instrumentos.Uma das explicações para a contribuição da comunicação na percepção positiva do clima de segurança pode ser atribuída aos itens que compõem esta dimensão no PC-SafeQuest e que abordam questões de comunicação entre os membros da equipe e gestores.
A comunicação eficaz é um dos elementos primordiais que contribuem para a prática interprofissional26. Nesse sentido, a comunicação aberta e não punitiva é indispensável para o cuidado efetivo e seguro27, visto que falhas na comunicação configuram-se como um dos fatores contribuintes mais frequentes na ocorrência de incidentes no contexto da APS9,10. Na APS, espaços coletivos como as reuniões interdisciplinares e em equipe, intersetoriais e Conselhos de Saúde, favorecem a comunicação promovendo o Controle Social da Saúde, a incorporação de práticas de vigilância, clínica ampliada, matriciamento e readequação constante dos processos de trabalho4.
A dimensão liderança contribuiu para a boa avaliação do clima de segurança, ocupando a segunda maior pontuação. Salienta-se que esta dimensão foi a que obteve maior pontuação nos estudos realizados na Irlanda, Escócia e Inglaterra11-13. Em contrapartida, estudos com profissionais da APS no Brasil, utilizando outras medidas de avaliação, identificaram que a dimensão apoio dos líderes e gestores é avaliada como fraca para acultura de segurança14,16,28. Uma das justificativas para a contribuição positiva da liderança,por meio do PC-SafeQuest, pode ser atribuída pelo foco em uma liderança transparente, aberta e não punitiva.O fortalecimento de uma cultura de segurança do paciente em uma instituição de saúde depende de uma liderança qualificada, que garanta uma cultura justa e transparente para orientar e estimular a equipe nesse sentido1.
Por sua vez, a carga de trabalho evidenciou-se como a dimensão com menor contribuição para a percepção positiva do clima de segurança, resultado similar ao obtido em Irlanda, Escócia, Inglaterra11-13. A sobrecarga de trabalho é um dos fatores relacionados à insatisfação dos trabalhadores de saúde atuantes na ESF no Brasil29, avaliada como aspecto necessário para a melhoria da cultura de segurança na APS24.
A avaliação entre categorias profissionais não apresentou diferenças estatisticamente significantes. Entretanto, um estudo nacional identificou diferenças na percepção da cultura de segurança entre enfermeiros e ACS, no qual os enfermeiros possuem uma avaliação mais positiva da cultura de segurança em relação aos ACS15. Os ACS, médicos e dentistas apresentam menores médias de respostas positivas para a dimensão apoio dos gestores, diferindo-se dos auxiliares/técnicos de saúde bucal e equipe de enfermagem. Por sua vez, outro estudo identificou que os médicos apresentaram melhores percepções do trabalho em equipe em relação às demais categorias profissionais da APS14.
Tanto o trabalho em equipe, como a carga de trabalho e o escore total diferiram entre os CS. Os profissionais do CS/C apresentaram uma melhor percepção do clima de segurança para as dimensões carga de trabalho e trabalho em equipe. Uma possível explicação para este resultado é a de que os profissionais desse CS também relataram que trabalharam com a equipe completa e possuem experiência prévia de participação no PMAQ-AB. Contudo, cabe ressaltar que essa relação não foi analisada estatisticamente no presente estudo. É interessante destacar que o trabalho em equipe ocorre por meio do incentivo ao apoio social, à comunicação e à aprendizagem colaborativa entre os membros27, o que é reconhecido como trabalho interprofissional e que, no contexto da APS, possui como foco o usuário, a família e a comunidade26.
O CS que apresentou a pior percepção do clima de segurança para o trabalho em equipe e carga de trabalho foi o CS/B. Esse CS também reportou trabalhar com a equipe incompleta, menor participação e maior desconhecimento do PMAQ-AB, além de menor tempo de trabalho na equipe atual, resultados esses que podem ser a possível explicação para a pior percepção para essas dimensões em relação aos demais. Os profissionais deste CS/B também apresentaram os piores resultados para as demais dimensões do PC-SafeQuest, o que explica a diferença entre o seu escore total e o do CS/A, que apresentou o melhor escore total dentre os três CS.
O tempo de experiência na equipe atual e na APS não resultou em correlações significantes com as dimensões do PC-SafeQuest. Entretanto, outro estudo encontrou que o maior tempo de trabalho na equipe atual estava associado a percepções mais negativas da carga de trabalho e do escore total do clima de segurança12. Um maior tempo de experiência na APS também foi relacionado com uma pior percepção de carga de trabalho11, por outro lado, associou-se a uma melhor percepção de sistemas de segurança e aprendizagem12.
A dimensão sistema de segurança e aprendizagem contribuiu para a percepção positiva do clima de segurança, assim como em outros estudos, e não diferiu entre as categorias profissionais e CS14. Essa dimensão diz respeito ao modo como a instituição previne, analisa e aprende com os eventos significantes, se aproximando do conceito de aprendizagem organizacional. A aprendizagem organizacional é imprescindível para a melhoria contínua de processos, do nível organizacional ou trabalho individual, tendo como principais meios a prática colaborativa, a resposta não punitiva ao erro, a responsabilidade pelo desempenho e a atenção e preparo para lidar com adversidades30.
Os profissionais que participaram do PMAQ-AB possuem uma percepção mais positiva do clima de segurança em relação aos profissionais sem experiência prévia nas dimensões carga de trabalho, trabalho em equipe, sistema de segurança e aprendizagem e o escore total. Esses resultados eram esperados por considerar que o PMAQ-AB possui dentre suas diretrizes o estímulo a um processo contínuo de melhorias que envolvam a gestão, os processos de trabalho e a resolutividade, além de uma cultura de planejamento, negociação e contratualização. Os elementos previstos para o desenvolvimento dessas diretrizes de forma transversal são a autoavaliação, monitoramento, educação permanente, apoio institucional e cooperação horizontal5, que podem favorecer aspectos envolvidos nessas dimensões do clima.
Embora os resultados do PMAQ-AB não sejam uniformes em todas as localidades do país7, estudo demonstrou que os melhores resultados com a adoção desse programa foram alcançados em localidades com maior demanda por melhorias, como na região nordeste, contribuindo para a equidade31. Esses aspectos demonstram a necessidade de reforço e investimentos em políticas brasileiras que melhorem a qualidade do cuidado e, consequentemente, que promovam a segurança do usuário1.
Como limitações desta pesquisa têm-se o estudo transversal e o cenário abordado, por ser restrito a um dos cinco distritos de saúde do município e, por isso, não possibilitar a generalização dos dados. Para pesquisas futuras recomenda-se a aplicação do PC-SafeQuest nos diferentes cenários de prática da APS em demais localidades de São Paulo e do Brasil.
Os resultados deste estudo trazem contribuições importantes para os gestores sobre os fatores que podem influenciar na percepção do clima de segurança. Munidos destas informações, a análise dos dados pode evidenciar como a avaliação do clima fornece ao gestor um diagnóstico dos pontos que necessitam de fortalecimento em relação à segurança do paciente em sua unidade. Além disso, o estudo apresentou a importância da participação em programas de melhoria por esses poderem influenciar positivamente no clima de segurança do paciente. Essa avaliação realizada pela percepção de toda a equipe multiprofissional da APS é um diferencial que pode trazer benefícios, favorecendo que todos os profissionais estejam comprometidos com essa temática na prática diária. Por fim, estes achados podem prover melhorias para a gestão em enfermagem e saúde, com o fortalecimento da cultura de segurança do usuário na APS.
CONCLUSÃO
Este estudo possibilitou concluir que os profissionais possuem uma percepção positiva do clima de segurança em todas as dimensões do PC-SafeQuest, com as maiores pontuações atribuídas às dimensões comunicação e liderança, e menor pontuação à carga de trabalho. Os profissionais diferiram na percepção do clima entre os CS para as dimensões carga de trabalho, trabalho em equipe e escore total, mas não diferiram entre categorias profissionais. A experiência prévia de participação no PMAQ-AB influenciou na percepção positiva do clima de segurança nas dimensões carga de trabalho, trabalho em equipe, sistema de segurança e aprendizagem e o escore total. A publicação destes resultados é fundamental para a pesquisa sobre a temática da segurança do paciente, por essa ser emergente e apresentar uma carência de estudos brasileiros.
Agradecimentos:
Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) da Unicamp financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Em memória a Mariana Véo Nery Jesus, doutoranda da Faculdade de Enfermagem da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pela coorientação e contribuição em toda as fases deste estudo. Infelizmente, ela faleceu antes do envio para publicaçãoe divulgação deste estudo e gostaríamos de registrar o nosso eterno agradecimento e saudades.
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Contribuição de autoria:
Análise formal: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Conceituação: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Curadoria de dados: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Escrita - rascunho original: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Escrita - revisão e edição: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Investigação: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Metodologia: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello. Supervisão: Edinêis de Brito Guirardello. Validação: Edinêis de Brito Guirardello. Visualização: Lilian Ceroni Vieira, Edinêis de Brito Guirardello.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
13 Out 2023 -
Data do Fascículo
2023
Histórico
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Recebido
09 Nov 2022 -
Aceito
19 Abr 2023