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Riscos de adoecimento de enfermeiros docentes no contexto de trabalho da pós-graduação em enfermagem

RESUMO

Objetivo

Identificar o risco de adoecimento relacionado ao contexto de trabalho de enfermeiros docentes vinculados a programas de pós-graduação stricto sensu em enfermagem de instituições públicas.

Método

Estudo de abordagem mista (paralelo convergente), realizado em universidades federais do Rio Grande do Sul, com enfermeiros docentes, de novembro/2015 a outubro/2016. Como técnica de coleta de dados, utilizaram-se a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho e entrevista semiestruturada. Os dados foram analisados segundo estatística descritiva e análise temática.

Resultados

Na etapa quantitativa, identificou-se que todos os fatores da escala foram avaliados como críticos para o risco de adoecimento. Na etapa qualitativa, os relatos complementam os dados quantitativos, e apontam a sobrecarga de trabalho, a competitividade e a infraestrutura inadequada.

Conclusão

Os dados oferecem subsídios para a implementação de ações voltadas à saúde dos enfermeiros docentes e auxilia na compreensão do contexto de trabalho.

Palavras-chave
Saúde do trabalhador; Docentes de enfermagem; Educação superior; Riscos ocupacionais; Ambiente de trabalho; Enfermagem

ABSTRACT

Objective

To identify the risk of illness related to the work context of nurse professors of stricto sensu nursing post-graduation programs of public institutions.

Method

Mixed study (convergent and parallel) carried out in federal universities in Rio Grande do Sul, with nurse professors, from November 2015 to October 2016. As data collection techniques, the Work Context Assessment Scale and a semi-structured interview were used. The data were analyzed using descriptive statistics and thematic analysis.

Results

For the quantitative data, it was identified that all factors on the scale were assessed as critical for the risk of illness. The reports complement the quantitative data, and point to work overload, competitiveness, and inadequate infrastructure.

Conclusion

This study offers subsidies for the implementation of actions aimed at the health of nursing professors and helps in the understanding of the work context, which presents risks for illness.

Keywords
Occupational health. Faculty; Nursing. Education; higher. Occupational risks. Working environment. Nursing

RESUMEN

Objetivo

identificar el riesgo de enfermedad relacionado con el contexto laboral de los profesores de enfermería vinculados a los programas de posgrado en enfermería stricto sensu en instituciones públicas.

Método

Estudio de enfoque mixto (paralelo convergente), realizado en universidades federales de Rio Grande do Sul, con enfermeras docentes, de noviembre/2015 a octubre/2016. Como técnica de recopilación de datos, se utilizó la Escala de evaluación del contexto laboral y la entrevista semiestructurada. A los datos se analizó de acuerdo con estadísticas descriptivas y análisis temáticos.

Resultados

En la etapa cuantitativa, se identificó que todos los factores en la escala fueron evaluados como críticos para el riesgo de enfermedad. En la etapa cualitativa, los informes complementan los datos cuantitativos y apuntan a la sobrecarga de trabajo, la competitividad y la infraestructura inadecuada.

Conclusión

Este estudio ofrece subsidios para la implementación de acciones dirigidas a la salud de los docentes de enfermería y ayuda a comprender el contexto laboral, que presenta riesgos de enfermedad.

Palabras clave
Salud laboral; Docentes de enfermería; Educación superior; Riesgos laborales; Ambiente de trabajo; Enfermería

INTRODUÇÃO

Na área da saúde, instituições e trabalhadores vivenciam mudanças nas formas de trabalho nos últimos anos relacionadas às relações com usuários/cidadãos e às exigências de qualidade e produtividade, o que tem impacto no contexto laboral e na saúde dos trabalhadores. Nesse cenário, as instituições de ensino têm como protagonista o trabalhador docente, um dos responsáveis pela formação dos futuros profissionais para o mercado de trabalho1Penteado RZ, Souza NS. Teacher malaise, suffering and sickness: from narratives of teacher work and culture to teaching as a profession. Saude Soc. 2019;28(1):135-13. doi: https://doi.org/10.1590/s0104-12902019180304
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, especialmente os da enfermagem.

O trabalho docente tem sido submetido a constantes desafios relacionados a qualificações e adaptações no intuito de acompanhar as transformações oriundas dos avanços tecnológicos, das mudanças sociais e das exigências do mercado de trabalho2Araújo PC, Maduro M, Zogahib A, Lima O, Silva LC. Avaliação sobre Qualidade de Vida no Trabalho entre os docentes de duas Instituições de Ensino Superior: uma realidade no Estado do Amazonas. Rev Eletrôn Gestão Soc. 2016;9(23):961-976. doi: https://doi.org/10.21171/ges.v9i23.1931
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. Essa categoria de profissionais tem sido apontada como uma das mais expostas a ambientes conflituosos e de alta exigência no trabalho, pois o trabalho docente é avaliado pela produção, que tem como produtos atividades de ensino, orientações, publicações científicas, elaboração e desenvolvimento de projetos, relatórios, patentes e pesquisas3Pizzio A, Klein K. Qualidade de vida no trabalho e adoecimento no cotidiano de docentes do ensino superior. Educ Soc. 2015;36(131):493-513. doi: https://doi.org/10.1590/ES0101-73302015124201
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-4D’Oliveira CAFB, Almeida CM, Souza NVDO, Pires A, Madriaga LCV, Mó TC, et al. Teaching work of nursing and the impact on the health-disease process. Rev Fund Care Online. 2018 [cited 2019 Sept 07];10(1):196-202. Available from: https://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i1.196-202
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O modelo de gestão adotado pelas universidades tem exigido mais dedicação, fidelidade e compromisso com os pares4D’Oliveira CAFB, Almeida CM, Souza NVDO, Pires A, Madriaga LCV, Mó TC, et al. Teaching work of nursing and the impact on the health-disease process. Rev Fund Care Online. 2018 [cited 2019 Sept 07];10(1):196-202. Available from: https://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i1.196-202
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, e esta realidade, muitas vezes, tem sido alcançada com a participação dos docentes em programas de pós-graduação (PPGs) stricto sensu. O papel da pós-graduação na enfermagem, nessa modalidade, tem sido essencial para o avanço e consolidação da profissão, pois tem impacto direto na ciência, tecnologia e inovação, proporcionando maior visibilidade profissional5Scochi CGS, Munari DB, Gelbcke FL, Ferreira MA. The challenges and strategies from graduate programs innursing for the dissemination of scientific production at international journals. Esc Anna Nery. 2014 [cited 2019 Sep 07];18(1):5-10. Available from: http://www.scielo.br/pdf/ean/v18n1/en_1414-8145-ean-18-01-0005.pdf
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. No entanto, essa configuração produtiva, que se acentua a cada ano, associada a mecanismos de controle leva à intensificação do trabalho dos enfermeiros docentes e, em consequência, sua precarização, o que pode ocasionar insatisfação e adoecimento do trabalhador1Penteado RZ, Souza NS. Teacher malaise, suffering and sickness: from narratives of teacher work and culture to teaching as a profession. Saude Soc. 2019;28(1):135-13. doi: https://doi.org/10.1590/s0104-12902019180304
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Sofrimento e prazer são abordagens da psicodinâmica do trabalho, que tem como objeto de estudo as relações entre a organização do trabalho e os processos de subjetivação do trabalhador, como desejos e expectativas diante do trabalho6Mendes AM, Ferreira MC. Inventário sobre o trabalho e riscos de adoecimento - ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: Mendes A, organizador. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2007. p. 111-26.. O sofrimento no trabalho acontece quando o trabalhador não consegue desempenhar suas atividades de acordo com a sua idealização decorrente de uma organização de trabalho que, muitas vezes, limita o trabalho espontâneo e prescreve um modo operatório específico. Já o prazer é alcançado quando ocorrem a ressignificação do sofrimento ou a transformação do contexto de trabalho7Dejours C. A carga psíquica do trabalho. In: Dejours C, Abdoucheli E, Jayet C, Betiol MIS. Psicodinâmica do trabalho, contribuições da Escola Dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. São Paulo: Atlas; 2011. p. 21-32..

Considera-se que atuar em programas de pós-graduação (PPGs) stricto sensu pode representar prazer/realização ou sofrimento/adoecimento decorrentes do contexto de trabalho, com repercussão na saúde do trabalhador. A partir disso, elegeu-se a seguinte questão de pesquisa: Há risco de adoecimento relacionado ao contexto de trabalho de enfermeiros docentes participantes de programas de pós-graduação stricto sensu em enfermagem de instituições públicas do Rio Grande do Sul? O objetivo foi identificar o risco de adoecimento relacionado ao contexto de trabalho de enfermeiros docentes vinculados a programas de pós-graduação stricto sensu em enfermagem de instituições públicas.

MÉTODO

Trata-se de um estudo transversal, com abordagem mista, do tipo paralelo convergente. A estratégia do tipo paralelo convergente ocorre quando se utiliza, simultaneamente, a implementação dos elementos quantitativos e qualitativos, durante a mesma fase do processo de pesquisa, priorizando igualmente os métodos e mantendo os elementos independentes durante a análise e, depois, integrando os resultados durante a interpretação geral8Creswell JW, Clark VLP. Pesquisa de métodos mistos. 2. ed. Porto Alegre: Penso; 2013..

O estudo foi desenvolvido com enfermeiros docentes atuantes em programas de pós-graduação stricto sensu de três universidades federais do Rio Grande do Sul, Brasil, caracterizados como programas de mestrado e doutorado acadêmicos. Para participar do estudo, estabeleceu-se como critérios de inclusão: ter graduação em enfermagem, atuar em programa de pós-graduação stricto sensu em enfermagem; e ter concluído, ao menos, uma orientação de dissertação ou tese, considerando-se que teve a oportunidade de conhecer e realizar todas as etapas inerentes às vivências no programa. Foram excluídos os docentes afastados por licença de qualquer natureza no período estabelecido para a coleta de dados.

Na Tabela 1 é possível identificar a população de docentes enfermeiros por instituição e o quantitativo de participantes elegíveis em cada etapa do estudo.

Tabela 1 -
Distribuição dos docentes participantes nas diferentes etapas do estudo. Rio Grande do Sul, 2017

A partir dos critérios estabelecidos, três foram excluídos por não serem graduados em enfermagem, oito não possuíam orientação concluída, quatro estavam em afastamento e uma foi excluída por ser a pesquisadora responsável pelo estudo. Portanto, a população elegível foi de 58 docentes. Desse quantitativo, houve quatro recusas e quatro pessoas não devolveram os instrumentos de pesquisa. Assim, na etapa quantitativa, participaram da pesquisa 50 docentes e, na etapa qualitativa, 20 docentes.

A coleta foi realizada no período de novembro de 2015 a outubro de 2016. Para a etapa quantitativa, os docentes responderam a Escala de Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT), a qual compõe o Inventário sobre o Trabalho e Riscos de Adoecimento (ITRA)6Mendes AM, Ferreira MC. Inventário sobre o trabalho e riscos de adoecimento - ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: Mendes A, organizador. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2007. p. 111-26., que é formado por quatro escalas e tem como objetivo investigar o trabalho e os riscos de adoecimento por ele provocado. A EACT avalia o risco de adoecimento por meio do contexto de trabalho caracterizado pelas representações relativas à organização, às condições de trabalho e às relações socioprofissionais6Mendes AM, Ferreira MC. Inventário sobre o trabalho e riscos de adoecimento - ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: Mendes A, organizador. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2007. p. 111-26..

Essa escala é autoaplicável e é uma escala psicométrica do tipo Likert composta por 31 itens e três fatores: organização do trabalho (11 itens), condições de trabalho (10 itens) e relações socioprofissionais (10 itens). Cada item possui cinco pontos, onde: 1 = nunca, 2 = raramente, 3 = às vezes, 4 = frequentemente e 5 = sempre. O tratamento dos dados deu-se através de estatística descritiva com frequência, média e desvio padrão por fator, pois o instrumento é constituído por itens negativos. Como resultado para essa escala, pode-se considerar: médias acima de 3,7 = avaliação negativa, grave, o que indica que o contexto de trabalho possibilita de forma grave o adoecimento do profissional; médias entre 2,3 e 3,69 = avaliação moderada, crítico, o que indica que o contexto de trabalho favorece moderadamente o adoecimento do profissional e; médias abaixo de 2,29 = avaliação positiva, satisfatório, o que indica que o contexto de trabalho favorece a saúde do profissional.

Para auxiliar na etapa de coleta dos dados quantitativos, um docente de cada instituição de ensino superior (IES) indicou um estudante coletador (graduação ou pós-graduação) e, na instituição de origem do estudo, indicaram-se dois acadêmicos, totalizando, assim, quatro auxiliares de pesquisa, que foram orientados, treinados e certificados individualmente em encontros online e/ou presencial para este fim. O instrumento de coleta de dados era entregue em envelopes e agendava-se uma data para recolhimento, momento em que se realizava a conferência do preenchimento de todos os itens.

Após a conclusão da coleta dos dados quantitativos, iniciou-se a etapa qualitativa, por meio de entrevista semiestruturada aplicada pela pesquisadora responsável com a finalidade de aprofundar e complementar os dados quantitativos. Destaca-se que foram exploradas as seguintes questões norteadoras: Como você percebe as condições de trabalho na pós-graduação (em relação a infraestrutura, relações interpessoais, colegas, chefia e tarefas)? Você identifica efeitos do seu trabalho sobre a sua saúde (efeitos físicos, psicológicos e sociais)? As entrevistas foram codificadas com a letra D (docente) seguida por número cardinal sequencial conforme a ordem de coleta dos dados. Tiveram duração média de 50 minutos e foram gravadas após a autorização dos participantes.

A seleção dos participantes para esta etapa foi determinada por sorteio, de forma manual, entre os docentes que participaram da etapa quantitativa do estudo, sendo respeitada a proporcionalidade entre os respondentes por instituição. Os sorteados foram contatados por e-mail, e verificada a disponibilidade em participar desta etapa. Diante do retorno positivo, as entrevistas foram agendadas em horário e local indicados pelo próprio respondente. O número de entrevistas foi definido segundo critério de saturação dos dados9Minayo MCS. [Sampling and saturation in qualitative research: consensuses and controversies]. Rev Pesq Qualit. 2017 [cited 2019 Sep 07];5(7):1-12. Portuguese. Available from: https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/82/59
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Para análise dos dados quantitativos, construiu-se um banco de dados em planilha do programa Excel for Windows, no qual os dados foram organizados mediante a dupla digitação independente, realizada pela autora da pesquisa e por uma das auxiliares. Após a correção de erros e inconsistências, os resultados foram analisados pelo programa Statistical Analysis System (SAS - versão 9.02). A confiabilidade do instrumento foi avaliada pelo Coeficiente Alpha de Cronbach, e as entrevistas, analisadas segundo análise temática10Bardin L. Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70; 2011..

Este estudo foi aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), sob o Parecer nº 1.219.043, em 2015 e com CAAE nº 48451615.0.0000.5346. O desenvolvimento da pesquisa seguiu as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos, conforme estabelece a Resolução do Conselho Nacional de Saúde n.º 466/2012.

RESULTADOS

Quanto ao perfil sociodemográfico, observou-se a predominância do sexo feminino (49; 98%), na faixa etária de 51 a 60 anos (23; 64%) e casados (37; 74%).

Sobre o contexto de trabalho, a Tabela 2 mostra que todos os fatores da EACT foram avaliados como críticos para o risco de adoecimento, o que sugere que estes contribuem moderadamente para o adoecimento dos participantes.

Tabela 2 -
Avaliação do Contexto de Trabalho (EACT). Rio Grande do Sul, 2017

Sobre a organização do trabalho, destaca-se que, na distribuição geral do fator, 29 (58%) dos participantes apresentaram avaliação crítica, enquanto 19 (38%) avaliaram de forma grave e dois (4%) de forma satisfatória. No Quadro 1 é possível verificar o fator organização do trabalho, seus itens e a classificação de risco.

Quadro 1 -
Média, desvio padrão (DP) e classificação de risco (CR), por item do fator Organização do trabalho da EACT. Rio Grande do Sul, 2017

No fator relações socioprofissionais, 22 (64%) apresentaram avaliação crítica, enquanto 12 (24%) avaliaram de forma satisfatória e seis (12%), de forma grave. No Quadro 2 verifica-se o fator relações socioprofissionais, seus itens e a classificação de risco.

Quadro 2 -
Média, desvio padrão (DP) e classificação de risco (CR), por item do fator Relações Socioprofissionais da EACT. Rio Grande do Sul, 2017

Sobre o fator condições de trabalho, verifica-se uma equiparação entre os que as consideram como críticas 24 (48%) e graves 22 (44%). Um total de quatro (8%) respondentes avaliou de forma satisfatória. No Quadro 3 exibem-se o fator condições de trabalho, seus itens e a classificação de risco.

Quadro 3 -
Média, desvio padrão (DP) e classificação de risco (CR), por item do fator Condições de Trabalho da EACT. Rio Grande do Sul, 2017

Em relação à etapa qualitativa, ao serem questionados sobre a percepção acerca das condições de trabalho na pós-graduação, os docentes mencionaram que a sobrecarga de trabalho, a competitividade entre os colegas do programa e a infraestrutura inadequada constituíam-se aspectos promotores de adoecimento no trabalho.

Sobrecarga de trabalho

Os docentes têm que conciliar atividades com graduandos e pós-graduandos o que, muitas vezes, é identificado como fator gerador de sobrecarga no trabalho.

A nossa sobrecarga de trabalho enquanto grupo de professores hoje é muito grande, então acho que isso afeta mais a gente do que o trabalho propriamente na pós-graduação. Porque, se eu tivesse um encargo menor na graduação e aqui na pós também, assim menos alunos (...), eu acho que seria muito melhor de trabalhar. Não é ruim quando tu consegue “casar” tudo, mas a questão é que hoje nós somos poucas para muitas coisas. Já faz tempo que nós somos poucas. (D7).

Eu acho que, às vezes, a gente se exige mais do que aquilo que o corpo da gente aguenta. Então, a gente acaba adoecendo. Tu não é só pesquisadora. Tu também precisa trabalhar a parte da docência, no dia a dia da graduação, aí exige extensão, aí tem a família, aí tem os amigos, aí... tu entra em crise (...) (D6).

A gente não consegue dar conta de tudo, eu pelo menos tento, mas não consigo. Acho que quem consegue isso acaba adoecendo. (D7).

De acordo com os depoimentos, os docentes se percebiam sobrecarregados com a demanda de trabalho.

Competitividade

Os programas de pós-graduação têm valorizado a produtividade em pesquisa, o que tem pressionado os docentes para que tenham mais publicações e, consequentemente, tem aumentado a individualização e o clima de competitividade neste ambiente.

(...) eu tenho acompanhado é uma certa competitividade. Então, isso, às vezes, atrapalha um pouco as relações das pessoas. (D11).

Em relação aos colegas (...) eu penso que a tendência é aumentar a disputa. Eu penso, inclusive, que a lógica, quando se pensa em pós-graduação, com esses extratos assim de quem produz tanto está em um nível A, quem produz tanto menos está em um nível B, isso favorece uma lógica de disputa interna (...) (D20).

Infraestrutura inadequada

Além da sobrecarga de trabalho e da competitividade entre os colegas, os participantes destacaram que a infraestrutura não proporciona um ambiente favorável à concentração nas atividades requeridas pela pós-graduação.

O principal problema que eu vejo também na nossa pós é a falta de estrutura física (...) (D2).

Porque orientar aluno, escrever artigo, tu tem que ficar em um ambiente (...) que tu possa te concentrar só nisso. A gente não tem uma sala só da gente (...) nós temos uma sala com nove professores, mas não é uma sala da pós, é uma sala da nossa área (...) e produção acadêmica requer concentração. Então, sobre essa questão de estrutura, eu acho que a gente tem que melhorar. (D1).

A falta de materiais e equipamentos adequados para a realização das suas tarefas foi destacada pelos docentes como ponto que deve melhorar.

(...) nem sempre a gente tem o equipamento que a gente quer. Às vezes, a gente quer inovar, fazer uma coisa diferente e não tem Internet, auditório que precisa... isso causa estresse, desconforto, por a gente ter uma limitação, a gente não consegue resolver, não depende da gente isso. Depende da gente dizer que a coisa não está boa e não aceitar (...) (D4).

DISCUSSÃO

A análise dos resultados evidencia que os três fatores que compõem a EACT foram avaliados de forma crítica, o que sugere que estes contribuem moderadamente para o adoecimento dos enfermeiros docentes dos PPGs-Enfermagem. Ao avaliar os itens de forma individualizada e, ao analisar os relatos dos docentes, identificaram-se situações avaliadas de forma grave para o risco de adoecimento, como: a sobrecarga de trabalho, as disputas profissionais no local de trabalho e a infraestrutura inadequada.

A organização do trabalho é determinada como a divisão do trabalho e o conteúdo das tarefas, normas, controles e ritmos de trabalho6Mendes AM, Ferreira MC. Inventário sobre o trabalho e riscos de adoecimento - ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: Mendes A, organizador. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2007. p. 111-26. e estes elementos estão inter-relacionados de forma dinâmica e medeiam os processos de subjetivação do trabalhador, podendo implicar diretamente na saúde. Neste fator, quatro itens receberam avaliação grave para o risco de adoecimento. O item com pior avaliação foi “o ritmo de trabalho é excessivo” (μ=4,14), acompanhado por “existe forte cobrança por resultados” (μ=4,12), “as tarefas são cumpridas com pressão de prazos” (μ=4,00) e “o número de pessoas é insuficiente para realizar as tarefas” (μ=3,78). Vale ressaltar que nenhum item deste fator foi avaliado pelos docentes como satisfatório, ou seja, promotor da saúde dos trabalhadores.

A sobrecarga de trabalho e o acelerado ritmo de trabalho também foram mencionados, nas entrevistas, como situações que afetam a saúde dos docentes, dado convergente nas duas etapas de coleta de dados. O resultado encontrado é similar a estudo realizado com docentes do ensino superior de uma instituição pública localizada na região amazônica11Tundis AGO, Janine Kieling Monteiro JK. Ensino superior e adoecimento docente: um estudo em uma universidade pública. Psicol Educ. 2018 [cited 2020 Apr 19];46:1-10. Available from: https://ken.pucsp.br/psicoeduca/article/viewFile/39139/26512
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, o qual constatou insatisfação com a organização do trabalho tendo em vista a pressão para cumprir os prazos, ampliação do tempo que o professor gasta com o trabalho, cobrança por resultados e aumento do trabalho docente. Estudos internacionais identificaram que a sobrecarga de tarefas faz com que o docente prolongue sua jornada de trabalho no domicílio, prejudicando, assim, momentos de lazer e o relacionamento familiar12Muto S, Muto T, Seo A, Yoshida T, Taoda K, Watanabe M. Job stressors and job stress among teachers engaged in nursing activity. Industrial Health. 2007;45(1):44-8. doi: https://doi.org/10.2486/indhealth.45.44
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-14Whalen KS. Work-related stressors experienced by part-time clinical affiliate nursing faculty in baccalaureate education. Int J Nurs Educ Scholarsh. 2009;6:Article30. doi: https://doi.org/10.2202/1548-923X.1813
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Identifica-se que o acúmulo de atividades que os docentes vivenciam está fortemente atrelado às mudanças que ocorreram no mundo do trabalho, exigindo que os mesmos desempenhem tarefas que transcendam o período laboral. Na atualidade, a atuação do professor do ensino superior não se restringe à graduação, mas, em sua maioria, incorpora também atividades na pós-graduação e pesquisa. Tais vivências possibilitam que o professor tenha maior diversidade de atividades; porém, isso pode levar a sobrecarga15Soares SR, Cunha MI. Qualidade do ensino de graduação: concepções de docentes pesquisadores. Avaliação. 2017;22(2):316-31. doi: https://doi.org/10.1590/s1414-40772017000200003
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As atividades de pesquisa foram relacionadas a sobrecarga de trabalho e a cobrança por resultados, o que refletiu em sentimentos de preocupação e angústia dos docentes para atingir as metas institucionais de produção científica e de publicações2Araújo PC, Maduro M, Zogahib A, Lima O, Silva LC. Avaliação sobre Qualidade de Vida no Trabalho entre os docentes de duas Instituições de Ensino Superior: uma realidade no Estado do Amazonas. Rev Eletrôn Gestão Soc. 2016;9(23):961-976. doi: https://doi.org/10.21171/ges.v9i23.1931
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. Esse contexto, fortemente influenciado por resultados, favorece um clima de disputa e competição entre os enfermeiros docentes dos PPGs-Enfermagem.

Sobre isso, destaca-se que, no fator relações socioprofissionais, um item apresentou avaliação grave para o risco de adoecimento: “existem disputas profissionais no local de trabalho”. Ao analisar as entrevistas, a competitividade foi citada pelos docentes como uma situação que interfere negativamente nas relações salutares entre os pares. Este dado corrobora com dados de revisão integrativa, a qual buscou evidenciar os fatores que geram prazer e sofrimento na docência de enfermagem, e identificou o relacionamento interpessoal como o fator de maior sofrimento entre os docentes16Fernandes MNS, Lopes LFD, Coronel DA, Weiller TH, Viero V, Freitas PH. Prazer e sofrimento no trabalho de docentes de enfermagem: revisão integrativa. Rev Aten Saúde. 2017;15(53):95-102. doi: https://doi.org/10.13037/ras.vol15n53.4610
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Os atuais modelos de gestão adotado pelos PPGs, de avaliação dos docentes pelos órgãos de fomento e aqueles vinculados à pós-graduação, adotam, em sua essência, a pressão pelo crescimento na produção e publicação e criam uma disputa e rivalidade entre os pares. Além disso, a disparada para a manutenção de bolsas ou para o alcance de verbas no intuito de equipar laboratórios e salas de estudos e custeio de viagens para congressos também desperta uma intensa competição entre os docentes de um mesmo PPG17Pioli E, Silva EP, Heloani JRM. Plano Nacional de Educação, autonomia controlada e adoecimento do professor. Cadernos Cedes. 2015;35(97):589-607. doi: https://doi.org/10.1590/CC0101-32622015154849
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Nesse contexto, percebe-se que a desarmonia no ambiente da pós-graduação tem se intensificado entre os docentes. Estes profissionais, antes colegas e parceiros solidários, hoje se tornam adversários e competidores categorizados em classes, que se diferenciam segundo o volume de publicações e o Qualis das revistas que aceitam e publicam seus artigos científicos1Penteado RZ, Souza NS. Teacher malaise, suffering and sickness: from narratives of teacher work and culture to teaching as a profession. Saude Soc. 2019;28(1):135-13. doi: https://doi.org/10.1590/s0104-12902019180304
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. Como efeito dessa competitividade, verifica-se, por um lado, o enfraquecimento da solidariedade entre os docentes, e de outro, o aparecimento de inúmeros sintomas institucionais, como estresse, acidentes de trabalho, absenteísmo, adoecimento, presenteísmo, queda de produtividade, reclamações sobre produtos e serviços de baixa qualidade3Pizzio A, Klein K. Qualidade de vida no trabalho e adoecimento no cotidiano de docentes do ensino superior. Educ Soc. 2015;36(131):493-513. doi: https://doi.org/10.1590/ES0101-73302015124201
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Em relação ao fator condições de trabalho, que diz respeito à qualidade do ambiente físico, do posto de trabalho, dos equipamentos e materiais disponibilizados para a execução das atividades laborais6Mendes AM, Ferreira MC. Inventário sobre o trabalho e riscos de adoecimento - ITRA: instrumento auxiliar de diagnóstico de indicadores críticos no trabalho. In: Mendes A, organizador. Psicodinâmica do trabalho: teoria, método e pesquisas. São Paulo (SP): Casa do Psicólogo; 2007. p. 111-26., identificaram-se dois itens com avaliação grave para o risco de adoecimento: “o espaço físico para realizar o trabalho é inadequado” e “o ambiente físico é desconfortável”. Os demais itens receberam avaliação moderada e nenhum recebeu avaliação satisfatória, ou seja, favorável para a saúde dos docentes.

A infraestrutura inadequada também foi abordada pelos docentes na etapa qualitativa do estudo. Nesse contexto, o que se tem observado é que a acelerada expansão do ensino superior brasileiro não tem sido acompanhada, no mesmo ritmo, por ampliações da infraestrutura, equipamentos e quantitativo de recursos humanos4D’Oliveira CAFB, Almeida CM, Souza NVDO, Pires A, Madriaga LCV, Mó TC, et al. Teaching work of nursing and the impact on the health-disease process. Rev Fund Care Online. 2018 [cited 2019 Sept 07];10(1):196-202. Available from: https://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i1.196-202
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Essa carência estrutural faz com que os docentes vivenciem um constante improviso na tentativa de suprir a ausência de recursos. A falta de materiais, de equipamentos e de local que favoreça a concentração está diretamente relacionada à qualidade do trabalho docente, assim como à própria saúde deste trabalhador, uma vez que o mesmo se sente frustrado pelas precárias condições de trabalho ofertadas4D’Oliveira CAFB, Almeida CM, Souza NVDO, Pires A, Madriaga LCV, Mó TC, et al. Teaching work of nursing and the impact on the health-disease process. Rev Fund Care Online. 2018 [cited 2019 Sept 07];10(1):196-202. Available from: https://doi.org/10.9789/2175-5361.2018.v10i1.196-202
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É possível identificar que o enfermeiro docente é um profissional comprometido com a construção do conhecimento, o qual possui o intuito de formar recursos humanos que propagarão a prática do cuidado. No entanto, estes profissionais se percebem, por vezes, imersos em um contexto de trabalho que possui várias exigências e responsabilidades e, por diversas vezes, não possuem as condições ideais para o desenvolvimento das suas atividades18Duarte CG, Lunardi VL, Barlem ELD. Satisfaction and suffering in the work of the nursing teacher: an integrative review. REME - Rev Min Enferm. 2016;20:e939. doi: https://doi.org/10.5935/1415-2762.20160009
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. Assim, cabe destacar que as condições de saúde dos trabalhadores estão intimamente relacionadas às exigências do trabalho e às condições para sua realização, oriundas do contexto e das características da organização do trabalho19Macêdo KB, Lima JG, Fleury ARD, Carneiro CMS, organizadores. Organização do trabalho e adoecimento - uma visão interdisciplinar. Goiânia: Ed. da PUC Goiás; 2016 [cited 2019 Sep 07]. Available from: https://www.medicina.ufmg.br/osat/wp-content/uploads/sites/72/2017/06/Livro-organização-do-trabalho-e-adoecimento-mpt21-06-2017.pdf
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-20Droogenbroeck FV, Spruyt B. Do teachers have worse mental health? review of the existing comparative research and results from the Belgian Health Interview Survey. Teaching Teacher Educ, 2015;51:88-100. doi: https://doi.org/10.1016/j.tate.2015.06.006
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Neste estudo, sob a ótica da psicodinâmica do trabalho, pode-se inferir que os enfermeiros docentes dos PPGs-Enfermagem apresentam expectativas em relação ao desenvolvimento de suas atividades que, por vezes, são dificultadas pelo contexto de trabalho que lhes é apresentado. Foi possível verificar que a sobrecarga de trabalho, a competitividade entre os colegas e a infraestrutura inadequada constituem-se fatores de risco para a saúde dos enfermeiros docentes e, se não forem ressignificadas ou reestruturadas, podem resultar em adoecimento para estes trabalhadores.

CONCLUSÕES

Neste estudo foi possível avaliar o risco de adoecimento relacionado ao contexto de trabalho dos enfermeiros docentes dos programas de pós-graduação stricto sensu em enfermagem de três instituições públicas do Rio Grande do Sul. Os docentes avaliaram o seu contexto de trabalho como moderado (crítico) a alto (grave) para o risco de adoecimento. Nos fatores organização do trabalho e condições de trabalho não houve itens com avaliação positiva, que favoreça a saúde dos docentes.

A abordagem mista de pesquisa possibilitou agregar elementos qualitativos que permitiram vislumbrar a sobrecarga, a competitividade e a infraestrutura inadequada como condições de trabalho que afetam, de maneira grave, a saúde dos docentes. Constituem-se, nesse sentido, situações produtoras de sofrimento no trabalho, o que requer providências imediatas, a fim de buscar-se maior satisfação nesta atividade laboral.

Dessa forma, a fim de evitar o adoecimento e promover a saúde, há necessidade de refletir sobre as situações do contexto de trabalho que possam ser modificadas. Como sugestões, recomendam-se: aumentar o número de docentes a fim de evitar a sobrecarga de trabalho, proporcionar dinâmicas de integração entre os colegas de um mesmo programa visando diminuir o clima de competição existente neste ambiente e proporcionar melhores condições de trabalho, com investimento na infraestrutura - salas adequadas, mobiliários que favoreçam boas acomodações e equipamentos apropriados para o desenvolvimento das atividades. Destaca-se que tais mudanças poderão acarretar em repercussões positivas não só para estes profissionais, mas também para a qualidade do ensino prestado e, consequentemente, na formação de mestres e doutores em enfermagem.

Por fim, como limitações, destaca-se a realização da pesquisa em um estado brasileiro, necessitando ser ampliada para as demais regiões do país. Além disso, inclui-se o fato de a pesquisa ter sido aplicada em universidades federais. A inclusão de universidades privadas, em pesquisas futuras, poderia ser considerada como forma de complementar e comparar os dados encontrados.

Como contribuições para a área da saúde e da enfermagem, este estudo, de modo geral, evidencia importantes aspectos relacionados à saúde dos enfermeiros docentes dos PPGs-Enfermagem, oferecendo subsídios para a implementação de ações voltadas à saúde destes trabalhadores. Somado a isso, o estudo oferece, ainda, subsídios para o sistema de pós-graduação brasileiro, pois auxilia a compreender o contexto de trabalho destes profissionais.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    29 Mar 2021
  • Data do Fascículo
    2021

Histórico

  • Recebido
    20 Jan 2020
  • Aceito
    19 Ago 2020
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