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O TERREIRO DO GANTOIS: REDES SOCIAIS E ETNOGRAFIA HISTÓRICA NO SÉCULO XIX * * A pesquisa teve o apoio de uma bolsa de pós-doutorado da Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado de São Paulo Fapesp. Minha gratidão aos descendentes de Maria Júlia da Conceição e Francisco Nazareth, especialmente à ialorixá Carmen Oliveira, pelo diálogo; a Urano Andrade, Luis Nicolau Parés, Ângela Lühning e Carlos da Silva Jr., pelos documentos compartilhados; a João José Reis, Kristin Mann, Sílvia Lara, Mariza de Carvalho Soares, Hendrik Kraay, Willys de Andrade Santos e os membros de duas linhas de pesquisa, História Social da Cultura (Unicamp) e Escravidão e Invenção da Liberdade (Ufba), pelas críticas a versões iniciais deste texto.

SOCIAL NETWORKS AND HISTORICAL ETHNOGRAPHY OF THE GANTOIS TERREIRO IN THE NINETEENTH CENTURY

Resumo

O Ilê Iyá Omi Axé Iyamassé, localizado na cidade de Salvador e mais conhecido como o Terreiro do Gantois, é um dos mais antigos candomblés da Bahia, comentado nos estudos afro-brasileiros desde os tempos de Nina Rodrigues e reconhecido como patrimônio histórico do Brasil desde 2002. Contudo, pouco se sabe sobre seus primeiros tempos, além de tradições orais sobre o envolvimento da fundadora no legendário Candomblé da Barroquinha. Este texto cruza dados das tradições orais com pesquisa documental e etnográfica, reconstruindo assim as histórias de vida da fundadora, Maria Júlia da Conceição, e de seu marido, Francisco Nazareth d’Etra, desde o cativeiro até a liberdade. A fundadora era de nação nagô, mas seu marido era jeje e as evidências sobre os primeiros tempos da comunidade religiosa apontam para a importância de influências jejes. O texto ainda traz novas reflexões sobre a antiga relação entre o Gantois e o Ilê Axé Iyá Nassô Oká (Casa Branca), sugerindo uma nova cronologia para a cisão entre as duas comunidades.

Palavras-chave:
Candomblé da Bahia; africanos libertos; barbeiros; irmandades negras; sincretismo

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