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CORPOS DOENTES, CURAS EXTRAORDINÁRIAS: A PRÁTICA MÉDICA DE GEORGES-LOUIS LIENGME NOS CAMINHOS PARA GAZA (SUL DE MOÇAMBIQUE, 1891-1895)* * Este artigo está associado à pesquisa de doutorado “Lança presa ao chão”: guerreiros, redes de poder e a construção de Gaza (travessias entre a África do Sul, Moçambique, Suazilândia e Zimbábue, século XIX), desenvolvida com financiamentos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Núcleo de Apoio à Pesquisa Brasil-África (NAP-USP) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), processo 2012/20813-3. Agradeço aos pareceristas ad hoc pelas inspirações, correções e contribuições ao texto.

SICK BODIES, EXTRAORDINARY CURES: THE MEDICAL PRACTICE OF GEORGES-LOUIS LIENGME ON THE ROADS TO GAZA (SOUTHERN MOZAMBIQUE, 1891-1895)* ** Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em História Social do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. Desenvolveu pesquisa em arquivos históricos de Moçambique, de Portugal e da África do Sul, com ênfase nos movimentos, travessias e contatos de populações africanas, especialmente dos atuais territórios de Moçambique, África do Sul, Suazilândia e Zimbábue no século XIX.

Resumo

O artigo analisaNotice de géographie médicale: quelques observations sur les maladies des indigènes des provinces de Lourenço Marques et de Gaza, escrito por Georges-Louis Liengme (1859-1936), reconstituindo a confluência entre a medicina como prática social e o paradigma civilizatório que o levou a viajar para o sul do atual território de Moçambique no ano de 1891. Dominando a gramática clínica apoiada no poder de intervenção e de controle diretos sobre o indivíduo, Liengme buscou decodificar o universo africano pelo signo da doença e sob a perspectiva de corpos particularmente enfermos, à espera da ação de governos e sociedades missionárias. Para intervir nesse mundo em desordem, de loucuras e de cegueiras, o seu olhar se voltou para os referentes capazes de produzir “conexões de sentido” e “convergência de horizontes simbólicos” com as populações, mas, nesse processo, avançou em direção a uma liminaridade que acabou por subverter o sentido de sua própria presença.

Palavras-chave
Medicina social; disciplinarização; Missão Suíça; Mandlakazi; Gaza; século XIX; Moçambique; Georges-Louis Liengme

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