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Hipoplasia cardíaca em modelo animal de hérnia diafragmática congênita

OBJETIVO: Em trabalhos anteriores investigamos um novo modelo experimental de hérnia diafragmática congênita em coelhos e estudamos também métodos terapêuticos não invasivos para prevenir a imaturidade estrutural e funcional dos pulmões decorrente deste defeito. Além da hipoplasia pulmonar, hipertensão pulmonar, imaturidade bioquímica e estrutural dos pulmões, ocorrem alterações hemodinâmicas significativas em crianças com hérnia diafragmática congênita. Desta forma, hipoplasia cardíaca tem sido implicada como provável causa de óbito em crianças com hérnia diafragmática congênita, e interpretada provavelmente como conseqüência da compressão exercida pelas vísceras herniadas durante o desenvolvimento do feto. Este fenômeno tem sido relatado também em modelos experimentais de hérnia diafragmática congênita em fetos de ovelhas e ratos. O objetivo da presente experiência é o de verificar a ocorrência de hipoplasia cardíaca em nosso novo modelo de hérnia diafragmática congênita produzida com cirurgia em fetos de coelho. MÉTODOS: Doze coelhas prenhes foram operadas no 24º ou 25º dia de gestação (duração total da gestação -- 31 a 32 dias), com o objetivo de produzir hérnia diafragmática esquerda em um ou dois fetos em cada mãe. No 30º dia as coelhas foram novamente operadas para retirada dos fetos, que foram pesados e divididos em dois grupos: controle -- fetos não operados (n=12) e grupo com hérnia diafragmática (n=9). Os corações foram retirados, pesados e submetidos a estudos histológicos e histomorfométricos. RESULTADOS: Durante a necropsia verificou-se que em todos os fetos com hérnia diafragmática o lobo esquerdo do fígado sofreu herniação através do defeito produzido cirurgicamente e ocupou o lado esquerdo do tórax com desvio do coração para a direita, compressão do pulmão esquerdo e em conseqüência, este pulmão encontrava-se menor do que o direito. O peso total dos animais não sofreu alteração em decorrência da hérnia diafragmática, mas os pesos dos corações estavam diminuídos em comparação aos dos animais do grupo controle. Os estudos histomorfométricos demonstraram que a hérnia diafragmática provocou significativa redução na espessura da parede dos ventrículos e aumento da espessura do septo interventricular. CONCLUSÃO: Hipoplasia cardíaca ocorre em modelo de hérnia diafragmática congênita. Este modelo pode ser utilizado em investigações sobre métodos terapêuticos que tenham por objetivo prevenção ou tratamento da hipoplasia cardíaca decorrente da hérnia diafragmática congênita.

Hérnia diafragmática congênita; Coração; Hipoplasia; Feto


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