Acessibilidade / Reportar erro

Curral de reses, curral de almas introdução à urbanização dos "Certoens" das capitanias do Norte (séculos XVII-XIX)

Cattle's corral, soul's corral introduction to urbanization of the "certoens" of the North captaincies (17th - 19th centuries)

Resumos

Analisar como ocorreu a paulatina estruturação das redes urbanas (eclesiástica e civil) dos sertões das capitanias do Norte é o objetivo deste ensaio. Com foco nas zonas interiorizadas dos atuais estados que compõem a região Nordeste do Brasil, propõe-se a descortinar a política de urbanização de Portugal através da institucionalização de núcleos urbanos, estrategicamente locados no território, para o favorecimento do Estado luso e Igreja Católica, unidos ao longo do colonialismo por acordos papais de benefícios mútuos. "Curral de reses" busca esclarecer como a pecuária extensiva constituiu o elemento principal para o povoamento e posse das terras sertanejas. Sem o gado não seria possível o surgimento do "curral de almas", isto é, de assentamentos humanos que viriam a configurar o sistema urbano dos sertões nordestinos.

Colonialismo; pecuária; rede urbana; sertão nordestino; urbanização


Analyze occurred as the gradual structuring of urban networks (civil and ecclesiastical) of the hinterlands of North captaincies is the purpose of this essay. Focusing on areas of current internalized states that comprise the Northeast region of Brazil, aims to uncover the urbanization policy of Portugal through the institutionalization of human settlements, strategically leased territory, for favoring the Portuguese State and the Catholic Church, the united over colonialism by papal agreements of mutual benefits. "Cattle corral" seeks to clarify how the ranching was the main element for settlement and land tenure hinterland. Without ranching would not be possible the emergence of the parishes, villages and cities, in other works, "Soul's corral".

Colonialism; ranching; urban networks; northeastern backlands; urbanization


  • 1
    1 BANDEIRA, Luiz Alberto Moniz. O feudo: a Casa da Torre de Dias d'Ávila – da conquista dos sertões à independência do Brasil. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000, p. 127.
  • 2
    2 SALVADOR, frei Vicente de. História do Brasil: 1500-1627. 7ª ed. São Paulo: Edusp, 1982, p. 152.
  • 5 BRAGA, Renato. Um capítulo esquecido da esconomia pastoril do Nordeste. Revista do Instituto do Ceará Fortaleza, 1947, t. LXI, p. 149-152.
  • 6 HOLANDA, Sérgio Buarque de. História da civilização brasileira São Paulo: Difusão Europeia do Livro, 1960, v. II, t. I, p. 221.
  • 7 ANDRADE, Manuel Correia de. O processo de ocupação do espaço regional do Nordeste 2ª ed. Recife: SUDENE, 1979.
  • 8 ABREU, Capistrano de. Capítulos de história colonial, 1500-1800 7ª ed. São Paulo: Publifolha, 2000, p. 150-160.
  • 10 ANTONIL, André João. Cultura e opulência do Brasil 3ª ed. Belo Horizonte: Itatiaia/Edusp, 1982, p. 96. (Coleção Reconquista do Brasil).
  • 11 ENNES, Ernesto. As guerras nos Palmares Rio de Janeiro: Cia. Editora Nacional, 1938, p. 349-350.
  • 16 Idéia da população da Capitania de Pernambuco, e das suas annexas, extenção das suas Costas, Rios, e Povoaçoens notáveis, Agricultura, numero de Engenhos, Contractos, e Rendimentos Reaes, augmento que este tem sido & desde o anno de 1774, em que tomou posse do Governo das mesmas Capitanias o Governador e Capitam General Jozé Cezar de Menezes. Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1918, v. XL.
  • 21Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 1918, v. XL, p. 38.
  • 22 VILHENA, Luiz dos Santos. Recopilação de noticias soteropolitanas e brasílicas, Salvador, 1802, v. 1, p. 10 s. Manuscrito disponível em <http://www.bndigital.bn.br>. Acesso em set. 2013.
  • 23Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro Rio de Janeiro, 1912, v. XXXIV, p. 112.
  • 24 Descripção do território de Pastos Bons, nos sertões do Maranhão. Propriedades dos seus terrenos, suas producções, caracter dos seus habitantes colonos, e estados actual dos seus estabelecimentos: pelo major Francisco de Paula Ribeiro (1819). Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Rio de Janeiro, 1849, p. 44.
  • 25 GOULART, José Alípio. Brasil do boi e do couro 2 vol. (O couro). Rio de Janeiro: Edições GRD, 1966, p. 25.
  • 27 PRIMEIRO, P. Fr. Fidelis M. de. Capuchinhos em Terra de Santa Cruz nos séculos XVII, XVIII e XIX São Paulo: Martins, 1942, p. 191.
  • 29 GIRÃO, Valdelice. As charqueadas. Revista do Instituto do Ceará Fortaleza, 1996, t. CX, p. 160.
  • 33 ARINOS, Afonso. Síntese da história econômica do Brasil Salvador: UFBA, 1958, p. 56.
  • 34 MARX, Murillo. Cidade no Brasil: terra de quem? São Paulo: Edusp/ Nobel, 1991, p. 11.
  • 35 REIS FILHO, Nestor Goulart. Contribuição ao estudo da evolução urbana do Brasil: 1500-1720. São Paulo: Pioneira/ Edusp, 1968, p. 200.
  • 37 CARVALHO Jr., Dagoberto Ferreira de. Passeio a Oeiras 6ª ed. Teresina: Fundação Cultural do Piauí, 2010, p. 75-79.
  • 39Annaes da Bibliotheca Nacional do Rio de Janeiro Informação geral da capitania de Pernambuco. (1906). Rio de Janeiro: Officinas de Artes Graphicas da Bibliotheca Nacional, 1908, v. XXVIII, p. 381.
  • 40 A Junta das Missões, por volta de 1684, designou os padres do Oratório de São Felipe Nery para quatro reduções: Ipojuca, Carnijó, Limoeiro e Arorobá. Cf. AHU_ACL_CU_015, cx. 13, d. 1320. Em nossa dissertação de mestrado, defendida em 2012 na Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo, nos alongamos mais sobre a ação catequética dos oratorianos no sertão pernambucano. ARRAES, Damião Esdras Araújo. Curral de reses, curral de almas: urbanização do sertão nordestino entre os séculos XVII e XIX. 2012. 504 p. il. Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, 2012.
  • 42 CLAUDE, D'abbeville. História da missão dos padres capuchinhos na ilha do Maranhão e terras circunvizinhas. São Paulo: Martins, 1945.
  • 46 LEITE, Serafim. História da Companhia de Jesus no Brasil 10 v. Rio de Janeiro: Instituto Nacional do Livro, 1938-1950.
  • 51 Ordem para a criação das Villas e Vigararias de Índios. Arquivo da matriz de Viçosa, livro de registro n. 2. Revista do Instituto do Ceará, Fortaleza, 1929-1930, p. 344-349.
  • 52 LIMA, Ebion. As missões oratorianas no Brasil: informação sobre as missões oratorianas no Nordeste. Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro Rio de Janeiro: IHGB, n. 323. abr./jun., 1979. p. 69-118.
  • 55 REIS FILHO, Nestor Goulart. Contribuição ao estudo da evolução urbana do Brasil (1500/1720) 2ª ed. São Paulo: Pini, 2000, p. 112.
  • 61 AZZI, Riolando. A instituição eclesiástica durante a primeira época colonial. In: HORNAERT, Eduardo. História da Igreja no Brasil: ensaio de interpretação a partir do povo (primeira época, Período Colonial). 5ª ed. Petrópolis: Rio de Janeiro, 2008, p. 181.
  • 63 O Livro grosso do Maranhão. Anais da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Divisão de Obras Raras e Publicações, 1948, v. LXVII, 2ª parte, p. 104.
  • 67 Para Maria Helena Flexor, civilizar os índios significava fazê-los vestirem-se, ter uma vida espiritual e temporal semelhante aos portugueses, bem como ter acesso ao comércio e agricultura. Isto equivale dizer, impor os valores dos brancos: vida sedendária, moral, ambição, acúmulo de bens, unidade familiar. Cf. FLEXOR, Maria Helena. Os núcleos urbanos planejados do séculos XVIII: Porto Seguro e São Paulo. Salvador: Centro de Estudos Baianos da UFBA, 1989, p. 10.
  • 69 MOTT, Luiz R. B. Piauí colonial: população, economia, sociedade. Teresina: Projeto Petrônio Portella, 1985, p. 57.
  • 73 SERRÃO, Joaquim Veríssimo. História de Portugal (A instauração do liberalismo: 1807 – 1832). Lisboa: Editora Verbo, 1983, v. VII, p. 167.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    27 Jun 2014
  • Data do Fascículo
    Jun 2014

Histórico

  • Aceito
    14 Mar 2013
  • Recebido
    10 Jan 2013
Instituto de Estudos Brasileiros Espaço Brasiliana, Av. Prof. Luciano Gualberto, 78 - Cidade Universitária, 05508-010 São Paulo/SP Brasil, Tel. (55 11) 3091-1149 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revistaieb@usp.br