RESUMO
O presente artigo tem como objetivo apresentar três cartas inéditas de Mário de Andrade para Murilo Mendes, que estão depositadas no acervo de Jorge de Lima, no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) da Fundação Casa de Rui Barbosa, no Rio de Janeiro. Entre as missivas (escritas em 1932 e 1933), encontram-se os manuscritos de dois poemas de Mário, “Nova canção do Tamoio” e “Girassol da madrugada”. Por sua vez, no acervo de Mário de Andrade no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP), estão preservados 32 documentos, entre cartas e bilhetes escritos à mão, enviados por Murilo para Mário, entre 1928 e 1944.
PALAVRAS-CHAVE
Mário de Andrade; Murilo Mendes; correspondência inédita.
ABSTRACT
This essay aims to present three unpublished letters from Mário de Andrade to Murilo Mendes, which are deposited in Jorge de Lima’s collection, at the Arquivo-Museu de Literatura Brasileira (AMLB) at Fundação Casa de Rui Barbosa, in Rio de Janeiro. Among the missives (written in 1932 and 1933) there two manuscripts of two poemas by Mário, “Nova canção do Tamoio” e “Girassol da madrugada”. In turn, in Mário de Andrade’s collection at Instituto de Estudos Brasileiros of the Universidade de São Paulo (IEB/USP), thirty-two documents are preserved, including letters and handwritten notes, sent by Murilo to Mário, between 1928 and 1944.
KEYWORDS
Mário de Andrade; Murilo Mendes; unpublished correspondence.
No acervo de Jorge de Lima (1893-1953), no Arquivo-Museu de Literatura Brasileira da Fundação Casa de Rui Barbosa (AMLB), no Rio de Janeiro, estão depositadas três cartas datilografadas de Mário de Andrade para Murilo Mendes, nos seguintes dias: 8 de março de 1932, 26 de junho de 1932 e 24 de junho de 1933. Por sua vez, as cartas enviadas por Murilo Mendes (1901-1975) para Mário de Andrade (1893-1945) encontram-se no acervo de Mário de Andrade no Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB/USP). Trata-se de 32 documentos, entre cartas e bilhetes escritos à mão, enviados entre 1928 e 1944. Segundo a informação que obtive no acervo de Murilo Mendes, em Juiz de Fora, os originais foram registrados em um DVD e enviados pelo IEB, em 2008, para o acervo do poeta, no Museu de Arte Murilo Mendes (MAMM), em Juiz de Fora.
As missivas, ao abarcarem um período de mais de 16 anos, abrangem uma fase extensa da produção dos dois poetas, fornecendo, assim, informações relevantes sobre dados históricos, biográficos e literários. As cartas - além das declarações de poética, das inúmeras citações (literárias, artísticas, musicais), das análises estéticas, das leituras críticas realizadas sobre a obra do interlocutor - contêm, naturalmente, diversos aspectos relativos à intimidade dos autores. A maioria das missivas foi enviada do Rio de Janeiro, onde Murilo residia, para a famosa Rua Lopes Chaves, em São Paulo, onde Mário morava, com exceção das cartas dos dias 2, 11 e 27 de dezembro de 1930 enviadas de Pitangui (Minas Gerais), cidade na qual vivia o irmão do poeta mineiro, Onofre Mendes Júnior.
Ao revelar uma intensa troca intelectual, a correspondência esclarece questões relacionadas à gênese, à publicação e à recepção de obras como Poemas 1925-1929 (1930), Bumba-meu-poeta1 (1932a), História do Brasil (1932b), A poesia em pânico (1937), As metamorfoses (1944), de Murilo Mendes; Clã do jabuti (1927), Macunaíma (1928), Remate de males (1930), Os contos de Belazarte (1934), Aspectos da literatura brasileira (1943), O baile das quatro artes (1943), Dicionário musical brasileiro (1989), de Mário de Andrade.
Na correspondência, encontram-se referências a diversos poemas - além dos manuscritos de “Girassol da madrugada” e de “Nova canção do Tamoio” - de ambos os autores. No caso, por exemplo, de “Nova canção do Tamoio”, de Mário de Andrade e de “A cartomante”2, de Murilo Mendes, é interessante notar como se trata de textos paródicos, escritos no mesmo ano (1931). Com alusões explícitas, nos títulos, a dois célebres textos da literatura brasileira do século XIX (o poema de Gonçalves Dias e o conto de Machado de Assis), os dois poemas, apesar das diferenças estilísticas, indicam uma proximidade na concepção estética, que já havia sido detectada por Murilo na carta de 29 de setembro de 1928 (“Que grande afinidade de ideias você tem comigo. [...] Se a gente se conhecesse melhor diriam que nós andamos nos copiando”)3. Quanto aos aspectos culturais, a carta de 28 de janeiro de 19314 traz informações sobre os assim chamados “crioléus”5: bailes e agremiações, típicos da época, frequentados pela população afrodescendente do Rio de Janeiro.
Logo após a breve nota de rodapé de Alceu Amoroso Lima, publicada, em O Jornal (RJ), em 1930, e a crônica de Manuel Bandeira6, Mário foi o terceiro crítico a analisar o livro de estreia de Murilo Mendes, em artigo no Diário Nacional de 21 de dezembro de 1930. Esse texto foi reaproveitado por ele para a elaboração do famoso estudo “A poesia em 30”, na Revista Nova, em 1931, no qual o escritor paulistano analisou quatro livros publicados em 1930: Alguma poesia, de Carlos Drummond de Andrade; Libertinagem, de Manuel Bandeira; Pássaro Cego, de Augusto Frederico Schmidt, e Poemas 1925-1929, de Murilo Mendes. Entre os quatro, Mário considerou o livro de Murilo o mais importante do ponto de vista histórico, dedicando-lhe palavras elogiosas (ANDRADE, 1972, p. 43-44). Em seguida, Mário não se eximiu em apontar defeitos na obra do poeta mineiro. Em 9 de abril de 1939, por exemplo, o escritor paulistano publicou o artigo “A poesia em pânico”, no Diário de Notícias (a partir de 1946, o texto foi incluído no livro O empalhador de passarinho). Nesse estudo dedicado ao livro de Murilo Mendes A poesia em pânico (1937), Mário indicou diversos problemas do ponto de vista do ritmo (“ritmo pobre”), da forma (“descuido estético”) e do conteúdo (“as mais rudes banalidades”) (ANDRADE, 1955, p. 49-50).
Em geral, o escritor paulistano se demonstrou um leitor atento da poesia de Murilo, conforme indica, por exemplo, o volume repleto de anotações do livro As metamorfoses, hoje depositado no acervo de Mário de Andrade no IEB/USP. Murilo, também, era solícito ao enviar, através das cartas, suas impressões críticas acerca da obra do amigo. Ao longo da correspondência, há diversas referências aos protagonistas do movimento modernista no Brasil, tais como Alceu Amoroso Lima (Tristão de Athayde), Manuel Bandeira, Oswald de Andrade, Antônio de Alcântara Machado, Raul Bopp, Paulo Prado, Augusto Frederico Schmidt, Jorge de Lima, Carlos Drummond de Andrade, Ismael Nery, Emiliano Di Cavalcanti, entre outros.
Construídas numa linguagem repleta de gírias, jogos de palavras, termos de baixo calão, neologismos, latinismos, italianismos, francesismos e inúmeras referências ao contexto literário e político da época, as cartas são relevantes como exemplo do estilo dos dois poetas e como base para a reconstrução de suas poéticas. Nas missivas, há referências, também, ao projeto modernista de transposição literária da língua portuguesa falada no Brasil, a respeito do qual escreveu Telê Ancona Lopez (2008, p. 164-165) ao analisar Amar, verbo intransitivo.
Em 3 de março de 1932, Murilo menciona a publicação do livro Bumba-meu-poeta na Revista Nova e pede o envio do poema “Girassol da madrugada”:
Como vai você? Nós aqui estamos vivendo dos boatos de S. Paulo e de Changai. Fiquei admirado de você não ter mandado dizer nada sobre a “Jandira”, que lhe mandei em meiados de janeiro, você sempre tão pontual pra responder à gente. Tenho vontade de publicar na Revista o Bumba-meu-poeta, que hoje lhe envio, registrado. Entretanto, me parece muito comprido, não é? Avança no espaço dos outros, tipo do japonês mesmo. Em todo caso você veja e seja franco. Se não servir peço me devolva, pois só tenho essa cópia datilografada. Estou com muita ansiosidade do “Girassol da madrugada”. Eu tenho um “Giralua”. Lembranças ao Alcântara e P. Prado7.
Mário responde em 8 de março de 1932:
Ia escrevendo só Murilo mas imaginei no pintor espanhol, ficou tão besta que acabei escrevendo o nome inteiro de você, não por secura mas por causa do pintor. Mas fez bem mesmo de ficar admirado de eu não ter mandado nenhuma palavra sobre “Jandira”. Ou você está sonhando e não mandou nada ou a coisa se perdeu, nesta rua, nesta rua, no meu Bosque solidão é que absolutamente não chegou. Chegou foi agora a carta sua e o Bumba-meu-poeta. Nem se discute: coisa grande em tamanho, mas é grande também como poesia, seu Gil Vicente Juan del Encina, vulgo O Judeu, o auto está admirável e fica pra nós. Apenasmente temos que firmar um contratinho, isto é, sairá no número de agosto deste ano. Você tem que aceitar e nem discuta porque fazemos questão de publicar a coisa8.
Na continuação da carta, Mário relata ao amigo o motivo da desavença entre ele, Ronald de Carvalho e Guilherme de Almeida. A questão estava relacionada ao uso de “brasileirismos” na língua literária, aspecto que teria sido apresentado pela primeira vez, de forma consciente, por Mário no seu poema “Noturno de Belo Horizonte” (1924), incluído no livro Clã do jabuti (1927):
O que acontece é que temos compromissos anteriores que não podem ser abalados mais: no número de agora abril vamos publicar uns poemas de Augusto Meyer, e no de junho seguinte publicaremos o “poema giratório”, do Luiz Aranha Pereira. Este Luiz Aranha Pereira foi um poetinha (em tamanho físico) simili-homem-feito que andou por aqui fazendo barulho em 1922, tempo de Semana de Arte Moderna. Depois arripiou carreira de poesia, aprendeu um mundo de coisas sábias e hoje é minúsculo funcionário do Ministério das Relações Exteriores. Não faz mais poesia e nunca teve ocasião de ver nenhum dos poemas compridos dele publicado. A Estética, do Prudentinho, ia publicar no 3º número este “Poema Giratório”, mas sucedeu uma intrigalhada dos demônios em que, com vergonha confesso, também me meti. O fato é que o Ronald a todo vapor publicava meio à socapa Toda a América, onde vinha o poema “Brasil” dele, mas estava indignadíssimo com o Guilherme de Almeida, porque este com mais faca ou mais queijo na mão, inda ia ganhar dele em avanço de publicação com o Raça9. Soube e isso me doeu porque nós bem sabíamos, e o Manu dissera pro próprio Guilherme, que a moda de tais brasileirismos de momento tinha nascido do meu “Noturno de Belo Horizonte” que eu na mais ingênua das lealdades andara lendo por aí e os dois poetas laureados conheciam.
Fiquei todo espinafradinho, pedi pro amigo Luiz que me cedesse o lugar dele e o “Noturno” inda acabou saindo primeiro, pelo 3º número de Estética. Mas o Ronald bem tivera razão num artigo ou discurso, não lembro, de distinguir entre os artistas do Rio que chamava de “malandros” e os da província, e acabou ganhando da gente, pois antedatou o Brasil, e quem que agora vai provar que ele antedatou a coisa? O fato é que quando eu recitara o “Noturno” aí no Rio, por duas vezes, uma na casa do Elísio e outra na casa do Ronald, esta vez em reunião íntima, jamais que ele falara no Brasil dele, dissera mas outras coisas, em que se não me engano muito, estava o famoso estampido do baiacu. Ora o 4º número de Estética não saiu mais e com isso o Luiz mais uma vez ficou inédito. Agora faz dez anos da Semana e no número de junho da R.N. o Prudente escreverá um estudo sobre ela. Eu escreverei um estudo sobre a obra inédita do Luiz que só eu possuo, nem ele! E publicaremos o “Poema Giratório”, que, com todos os vícios de época, sempre se conserva interessantíssimo. Assim o Bumba-meu-poeta ficará pro número imediatamente seguinte da R.N. Mande dizer que aceita, porque aceita mesmo, a única cópia está comigo e não dou mais ela nem que você brigue comigo, amicus Plato sed magis amica R.N.
Na conclusão da missiva, Mário, ao demonstrar relutância em enviar o poema “Girassol da madrugada”, declara sua predisposição mais para o exercício crítico do que para a escrita poética:
E aproveite a ocasião pra me mandar outra cópia da “Jandira” que estou seco pra ler. Não mando o “Girassol da Madrugada”, porque, sem modéstia, acho que não vale a pena. Não acho ruim não, mas acho que você deve achar ruim. Ah companheiro, eu agora já estou naquela descida da montanha em que a gente procura as perfeições e não sabe mais se enlambuzar com o rouge dos lábios safadíssimos da verdadeira poesia, com perdão da palavra e da imagem. Deixe que eu ainda tenha a sabedoria de compreender e amar vocês, poetas verdadeiros, e você em especial, bumba, meu poeta, que depois duns turtuveios, após a publicação do livro, voltou de novo a equilibrar a coroa sobre a cabeça, olelê bumba riá! como se canta no Nordeste. Mas vocês não devem gostar de mim. Me contento de saber que teve um tempo em que já fui sustança, e dez anos de sustança cansa. Agora sou veneno, que não rima com sustança nem com cansa: veneno que não rimo mais com vocês. Me apupem, se quiserem, que está certo, o político Schmidt diz que já principiou, eu cá fico na minha adoração de vocês, quando são bons de verdade. Por isso toque nestes ossos e que vão de mim para os vossos, com o maior entusiasmo, chique palavra graçaranhica! Com o maior amor, chique palavra viadesca! Com o maior não-sei-o-quê pelo real Bumba meu poeta.
Em anexo à carta de 28 de maio de 1932, Murilo Mendes envia o poema “Jandira”, que será publicado, somente em 1941, no livro O visionário, e pede para Mário um número da Revista Nova, no qual havia sido publicada “A cartomante”:
Aí tem você a famigerada “Jandira”. Não sei escrever à máquina, sou antitécnico; se tiram a caneta da minha mão sou um sujeito perdido. Ando arrastando uma vasta preguiça... está explicado o tardio aparecimento dessa madona de 1931, Jandira. Que vontade de estar em São Paulo! Parece que invadiram a exposição do Di, amigo do Miguelzinho, e queimaram as mulatas... apesar da reação da colônia portuguesa. É o que rosnam por aqui. Afinal de contas, São Paulo é o único estado do Brasil que tem consciência coletiva. Você botou umas queixas naquela carta - carta de visagem comovente, mas safada no fundo. Ando afastado das cogitações da denominada “gente nova”, não sei bem o que eles pensam... quanto a mim, penso que Macunaíma responde a todos os mas, entretanto há exagero, restrições etc. Não sou 100% a favor de você, nem de ninguém. Nem ninguém é 100% a favor de ninguém. Nem deve ser mesmo. Em vez de dosar os elementos contra, doso os a favor. Que me importam, por exemplo, as fumaças de ópio de Baudelaire, os seus chinelos roxos, os cabelos verdes, os seus excessos de devoção ao Poe etc., se as Flores do mal botam uma pedra em tudo? Eu, que sou antissistemático, posso sair de mim mesmo para avaliar com justeza a sua posição, como sistema, na nossa literatura, e toda a significação finalística da sua obra. Cumprido esse dever positivamente crítico, boto o pijama e me delasso nas páginas do Clã, do Macu e do Remate, sem compromissos mais com as teorias. Vejo também que em certas páginas desse último livro há um estremecimento, onde se antecipa uma certa maturidade que dará à sua poesia uma ressonância maior; livre dos compromissos com o ambiente em q. se tem desenvolvido. Estou contra o Ataíde, que taxou de epidérmico esse livro. O diabo é que estou me surpreendendo numa latitude soi-disant crítica!... Fiquei ciente a respeito da publicação do Bumba meu poeta. Estive achando que é muito comprido, eu vou atrapalhar vocês!... não se vexem, botem de lado. Se tiver por aí algum exemplar perdido da revista em que vem “A cartomante”, peço me mandar, não tenho cópia10.
O telegrama de 25 de outubro de 1932 é assinado também por Aníbal Machado: “pedimos urgentes suas notícias. Esperamos poesia tenha se salvado meio catástrofe. Macunaíma deve ter ficado com algumas reservas de ‘não pode’! e bananas líricas para diversas categorias”. No bilhete de 16 de junho de 1932, Murilo pede a Mário que envie ao pintor Di Cavalcanti o livro de contos Galinha cega de João Alphonsus de Guimaraens:
O João Alphonsus me mandou uma Galinha cega11 pra eu servir ao Di. Acontece q. eu não sei o endereço do mesmo, desde q. ele se passou pra esse país amigo. Mando-a, portanto, ao s/ cuidado. Desculpe a liberdade. Já lhe mandei por 3 vezes a “Jandira”. Não recebeu? Insisto no “Girassol da madrugada”12.
Em 26 de junho de 1932, Mário escreve acusando o recebimento de “Jandira” e de Bumba-meu-poeta:
Recebi sua carta e enfim acuso recebimento da “Jandira” que de fato só me chegou da segunda vez. É uma aventura “Jandira”, simplesmente uma delícia. Acho ainda melhor que aquela outra mulher do fim pro princípio que publicamos na R.N. Mas essa Jandira é uma aventura, o Bumba meu poeta é formidável. Sinto que nasceu sob o signo da eternidade. Mas engraçado, estas últimas coisas de você me deixam, eu, que sou inteligente pra burro, numa atrapalhação safada, não consigo dizer nada sobre, gosto de ti porque gosto, e pronto. Inda um dia hei de pegar todas estas coisas novas de você, e tão novas mesmo, tão déroutantes13, e leio tudo duma assentada, esmiúço tudo, vou verificar por que escapatória maravilhosa você já está indo muito além do sobrerrealismo, sem no entanto abandonar seu caminho, numa evolução que sinto admiravelmente lógica mas que ainda não consigo explicar bem14.
Na continuação da carta, Mário, além de informar Murilo sobre o fato de que o poema “Girassol da madrugada” ainda não estava concluído, lhe envia um poema escrito em 1931, intitulado “Nova canção do Tamoio”:
Você me pede que lhe mande o “Girassol da madrugada”, mas desta vez ainda não vai. Simplesmente porque tem dois versos dentro dele que me desgostam horrivelmente e que careço mudar. Mas inda não tive tempo de rever os poemas, ou antes, rever esse pedaço. Mas, assim que mudar a coisa, lhe mandarei tudo. Aliás, outro dia, mexendo na minha pasta da secretaria, achei a lápis este poema, com a data de 17 de outubro de 31, quatro horas da madrugada. Não sei de que aventuras tenebrosas eu vinha pra estar assim safadamente cético, e escrever essas coisas. Não tem nada de bonito, a não ser o verso da Margarida, que esse gosto. Mas acho engraçado o resto e por isso lhe mando.
Nova canção do Tamoio
Entregue-me o espírito,
Carregue na força;
Disfarce o tamanho
Da bolsa mineira;
Revolte-se contra;
Descubra petróleo
Não tenha bichinho,
Controle a virtude,
Entreabra os ovários,
Fecunde com o vento.
Depois com malícia
Transporte o seu vício
Pras costas da Mãe;
Ponha o seu retrato
Em todos os records,
Só pratos do dia,
Recortes das folhas...
Lampeão, mas é intriga:
Russo condestável,
Chicago no leme;
E então é possível
Ir ver Margarida.
Porém não insista
E leve os gerânios.
Cosquinhas, alardes
Dos autos sensuais,
Vem o soberano
Gozando a explosão.
No peito! no peito!
Mas sem hesitar!
Que a faca que corta
Dá corte sem dor.
Agora é só espírito,
Desista da força;
Vem a cruz descendo
Do alto Corcovado,
Músicas e incensos
Corcovam no vento,
Mas sem fecundar...
Lamento, seu mano,
É um duro combate...
Eleve ou abata,
Viver é lutar.
Há duas diferenças fundamentais entre esse manuscrito e o que se lê na edição de Oneyda Alvarenga (1974) e na preparada por Telê Ancona Lopez e Tatiana Longo Figueiredo (2013): a modificação na pontuação e a substituição de um sintagma. “Faca que corta”, no verso 31, foi substituído por “faca de ponta”, sintagma que, mantendo o mesmo número de sílabas do anterior, remete mais à imagem do objeto (“ponta”) do que propriamente à sua função (“que corta”). Mário realizou 17 modificações na pontuação (sendo que o caso mais frequente foi a inserção da vírgula no lugar do ponto-e-vírgula), elemento evidentemente fundamental para a criação do ritmo, das pausas e da musicalidade. Na primeira estrofe, foram substituídos os pontos-e-vírgulas (versos 2, 4 e 5) e foi inserida uma vírgula (verso 6). Na segunda estrofe, houve inserção de duas vírgulas (verso 11), substituição do ponto-e-vírgula (no seu lugar, no verso 13, foi inserido o ponto final, e, no verso 20, foram postos os dois-pontos), substituição das reticências pela vírgula (verso 17), inserção de parêntesis (no verso 18, entre as palavras “mas é intriga”). Na terceira estrofe, foram inseridos uma vírgula (verso 25), um ponto-final no lugar da vírgula (verso 26), dois-pontos no lugar do ponto-final (verso 28). Na quarta estrofe, foi substituído o ponto-e-vírgula pela vírgula (verso 34) e foi inserida uma vírgula (verso 38). Na quinta estrofe, foram substituídas as reticências pelo ponto-e-vírgula (verso 41). É interessante notar como Mário suprimiu, por duas vezes, as reticências, mas a manteve, no verso 39, ao final da terceira estrofe: “Mas sem fecundar...”. Parece - arriscamo-nos numa tímida interpretação - que Mário preferiu retirar o excessivo lirismo, que as reticências criavam nos versos 17 e 41, e decidiu mantê-las, no verso 39, no qual as reticências parecem, mais do que ativar efeitos líricos, criar uma pausa necessária para a áspera imagem final da vida como luta.
Na conclusão da missiva de 26 de junho de 1932, Mário autoanalisa o próprio poema, destacando um “obscurantismo consciente” (“não entendo nada do que isso quererá dizer”) em certas construções de seu texto:
E ciao que estou com pressa. Não é pândego? Não gosto muito daquele “soberano gozando a explosão”, não sei bem por que, não entendo nada do que isso quererá dizer. Será soberano dinheiro, ou soberano classe? O andamento do sentido parece indicar soberano dinheiro, mas não consigo sentir soberano dinheiro e quando leio a passagem é soberano gente, soberano classe que me vem na imagem, tanto mais que a explosão, parece que está mandando o soberano à puta que o pariu. Mas então por que será que o soberano está gozando!... Não sinto, mas não tenho razão nenhuma que me permita mudar esses versos, e tirar é impossível, repare que corta todo o ritmo do sentimento. Talvez inda decore essa poesia que é boa pra fazer a gente andar em passo bem rápido na rua, e, dizendo, dizendo, inda cabe uma interpretação pra esses dois versos, ou arrebente dentro de mim qualquer substituição mais lógica deles. E agora ciao de verdade.
“Nova canção do Tamoio”, junto a um conjunto de 24 “Poesias ‘malditas’”, foi publicado postumamente, pela primeira vez, na Revista do Livro (1960), por Oneyda Alvarenga, a qual o republicou, em 1974, no volume Mário de Andrade, um pouco. A autora, para explicar o termo “maldito”, acrescenta a seguinte nota:
A razão do “malditos” [...] é bom acentuar desde já que o qualificativo não implica, aí, o sentido de perverso, satânico, incômodo aos outros, fora dos padrões de comportamento geralmente adotados, com que é comumente usado nos juízos literários. “Malditos” porque quase renegados pelo autor. (ALVARENGA, 1974, p. 110).
Na mesma nota, Oneyda Alvarenga se deteve a descrever o conjunto de poemas, no qual está inserida a “Nova canção do Tamoio”, explicando o itinerário editorial do texto:
No início de 1944, Mário de Andrade me deu os vinte e quatro poemas e a série de quadras que ora publico, acompanhando-os de uma explicação mais ou menos assim: não achava esses versos merecedores de publicação, mas também não tinha coragem de destruí-los; eram meus. O conjunto se divide em catorze composições anteriores a 1917, e onze escritas de 1924 a 1933. [...] A exclusão que impediu a esses poemas a vida em letra de forma e o ingresso nas Obras completas, não tirou ao presente que recebi o seu único e claríssimo sentido: Se você achar que valha a pena, publique um dia esses versos, quando houver um momento adequado. Que tais poesias devessem ser publicadas, sempre me pareceu fora de dúvida, e a certeza independe de qualquer julgamento da beleza delas, da sua excelência ou precariedade como obras de arte. A posição que Mário de Andrade ocupa na literatura brasileira, a esta altura, já confere, a tudo quanto ele escreveu, pelo menos um valor de documento necessário ao exame dos seus caminhos intelectuais e artísticos. (ALVARENGA, 1974, p. 110-111).
Em 9 de dezembro de 1933, Murilo acusa, finalmente, o recebimento do poema “Girassol da madrugada” e dá conselhos a Mário15. Pelo que essa carta indica, Mário enviou o poema para Murilo, pedindo sugestões sobre a substituição do sétimo verso da quarta estrofe (“O segundo era o louro espanhol”). Murilo, no entanto, emprestou o manuscrito para o amigo Jorge de Lima e, de fato, o manuscrito datilografado encontra-se hoje no acervo de Jorge de Lima, no dossiê referente às cartas inéditas escritas por Mário para Jorge. No manuscrito de “Girassol da madrugada”, enviado para Murilo, Mário, no final da quarta estrofe, incluiu esta nota: “O verso do espanhol será substituído, o Brasil ainda não comporta coisas assim. Penso em: ‘O segundo eclipse, boi que fala, catacumba’. Ou talvez: ‘O segundo, as prisões não condenarão nada, as ciências não corrigirão nada’. Prefiro o primeiro, o que você acha?”. Murilo, nessa mesma carta, aconselha Mário a não modificar o verso, porque a substituição proposta não seria adequada, segundo ele, do ponto de vista estético, e deixa a responsabilidade da publicação do texto a cargo do escritor paulista, o qual, de fato, modificou o verso do poema, publicado somente em 1941, junto aos inéditos de Livro azul, no volume Poesias. No lugar de “O segundo era o louro espanhol”, Mário inseriu “O segundo... eclipse, boi que fala, cataclisma”. Como o eu lírico está mencionando seus amores, a referência homoerótica teria soado muito forte no Brasil dos anos 1930, conforme Mário escreveu no manuscrito (“O verso do espanhol será substituído, o Brasil ainda não comporta coisas assim”).
Há também menções ao “Girassol da madrugada” na correspondência trocada entre Mário de Andrade e Manuel Bandeira (cf. a cartas de 14 de abril de 1931; de 2 de maio de 1931; de 21 de janeiro de 1933; e de 14 de junho de 1933). Mário enviou diferentes versões do poema a Bandeira, o qual afirmou, na carta de 14 de junho de 1933, que, em se tratando do trecho que menciona o “louro espanhol”, entre as variantes enviadas, ele preferia o verso “O segundo, eclipse, boi que fala, catacumba”. Afirma: “é bem poesia, mas não dá o sentido a ninguém. Decida entre Verdade e Poesia” (MORAES, 2000, p. 562). Já na missiva de 21 de janeiro de 1933, Bandeira havia aconselhado o amigo a retirar o verso polêmico: “Suprima o louro espanhol e ponha alguma equivalência, por exemplo: ‘Do terceiro nem é bom falar’” (MORAES, 2000, p. 549).
Conforme aponta Júlio Castañon Guimarães, as correspondências de escritores colocam em evidência elementos de interpretação que vão além da dimensão pessoal, ao trazerem informações sobre a produção poética ou sobre a crítica literária desses autores:
E aí já se tem pelo menos indício de como o conteúdo de uma correspondência para além de sua dimensão pessoal pode adquirir repercussão mais ampla. Além desses aspectos, as cartas podem ser deflagradoras de massa de informações que não está exatamente presente nelas, que ultrapassa seus limites. (GUIMARÃES, 2006, p. 9).
A substituição do verso mencionado representa um elemento importante para os estudos da poesia profundamente cifrada de Mário de Andrade. Nesse sentido, será necessário reler a produção do grande poeta modernista à luz das novas teorias de gênero e de sexualidade, que apontam para como o “fantasma do gênero” foi instigado, nas sociedades modernas, promovendo medo e censura:
Colocar o fantasma do “gênero” em circulação também é uma forma encontrada pelos poderes existentes - Estados, igrejas, movimentos políticos - para atemorizar as pessoas, de modo que elas retornem a suas fileiras, aceitem a censura e externalizem seu medo e ódio contra comunidades vulneráveis. Esses poderes não só recorrem aos medos reais de muitas pessoas da classe trabalhadora quanto ao próprio futuro profissional ou à sacralidade de sua vida familiar como incitam esses medos, convenientemente insistindo, por assim dizer, que as pessoas identifiquem no “gênero” a verdadeira causa de seus sentimentos de ansiedade e apreensão em relação ao mundo. (BUTLER, 2024, p. 12).
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 8 de março de 1932, p. 1. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 8 de março de 1932, p. 2. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 26 de junho de 1932, p. 1. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 26 de junho de 1932, p. 2. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 24 de junho de 1933, p. 1. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 24 de junho de 1933, p. 2. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128
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1
“Bumba-meu-poeta” foi publicado, pela primeira vez, em 15 de dezembro de 1932, na Revista Nova, da qual Mário foi um dos fundadores. Juntamente com os Poemas 1925-1929, “Bumba-meu-poeta” teve nova edição em 1988, no primeiro volume das edições críticas monográficas da Editora Nova Fronteira, e na edição da obra completa de Murilo Mendes, organizada por Luciana Stegagno Picchio em 1994.
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2
“A cartomante” foi publicada na Revista Nova, 1º de abril de 1931. Em seguida, o poema foi incluído em Conversa portátil, publicado na edição de Poesia completa e prosa, de 1994.
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3
Carta de Murilo Mendes para Mário de Andrade, Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1938. Fundo Mário de Andrade, Arquivo IEB/USP, código de referência MA-C-CPL4651.
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4
Carta de Murilo Mendes para Mário de Andrade. Pitangui, 28 de janeiro de 1931. Fundo Mário de Andrade, Arquivo IEB/USP, código de referência MA-C-CPL4657.
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5
Termo que está presente, também, no poema “Biografia do músico” de Poemas 1925-1929: “O guri nasceu no morro aniquilado de sambas/ bebeu leite condensado/ soltou papagaio de tarde/ aprendeu o nome de todos os donatários de capitania/ esgotou os crioléus da Cidade Nova” (MENDES, 1994, p. 90).
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Publicada no dia 29 de novembro de 1930 no Diário Nacional.
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Carta de Murilo Mendes para Mário de Andrade. Rio de Janeiro, 3 de março de 1932. Fundo Mário de Andrade, Arquivo IEB/USP, código de referência MA-C-CPL4657. Para a transcrição das cartas, a ortografia original foi atualizada ao padrão atual, preservando-se idiossincrasias linguísticas dos correspondentes.
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8
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 8 de março de 1932. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128.
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Publicado em livro em 1925.
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10
Carta de Murilo Mendes para Mário de Andrade. Rio de Janeiro, 28 de maio de 1932. Fundo Mário de Andrade, Arquivo do IEB/USP, código de referência MA-C-CPL4661.
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11
Em 1932, no Boletim de Ariel (ano 2, n. 1), Murilo escreveu uma apresentação da Galinha cega.
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12
Carta de Murilo Mendes para Mário de Andrade. Rio de Janeiro, 16 de junho de 1932. Fundo Mário de Andrade, Arquivo do IEB/USP, código de referência MA-C-CPL4662.
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13
“Deroutantes”, francesismo, está por “confusas”.
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14
Carta de Mário de Andrade para Murilo Mendes. São Paulo, 26 de junho de 1932. Acervo Jorge de Lima, AMLB, código de referência JL VP RS MIS 128.
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15
Carta de Murilo Mendes para Mário de Andrade. Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1933. Fundo Mário de Andrade, Arquivo do IEB/USP, código de referência MA-C-CPL4665.
Declaração de disponibilidade de dados
Os conjuntos de dados gerados e/ou analisados durante o estudo atual estão disponíveis no manuscrito e em materiais suplementares.
Referências
- ALMEIDA, Guilherme de. Raça São Paulo: Typographia Paulista de Jose Napoli, 1925.
- ALVARENGA, Oneyda. Mário de Andrade, um pouco Rio de Janeiro: J. Olympio, 1974.
- ANDRADE, Mario. Clã do jabuti 1927.
- ANDRADE, Mário de. Macunaíma: o herói sem nenhum caráter. São Paulo: Cupolo, 1928.
- ANDRADE, Mário de. Remate de males São Paulo: Cupolo, 1930.
- ANDRADE, Mário de. Murilo Mendes. Diário Nacional, n. 1.059, 21 de dezembro de 1930, p. 3. Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
- ANDRADE, Mário de. Os contos de Belazarte São Paulo: Editora Piratininga, 1934.
- ANDRADE, Mário de. “A poesia em pânico”. Vida literária. Diário de Notícias, n. 5.045, Rio de Janeiro, 4 de abril de 1939, p. 2. Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
- ANDRADE, Mário de. Aspectos da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Americ, 1943a.
- ANDRADE, Mário de. O baile das quatro artes São Paulo: Livraria Martins, 1943b.
- ANDRADE, Mário de. Nova canção do Tamoio. Poesias “malditas”. Revista do Livro, ano V, n. 20, dezembro de 1960, Instituto Nacional do Livro/MEC, p. 100-101. Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
- ANDRADE, Mário de. Dicionário musical brasileiro. São Paulo: Edusp; Belo Horizonte: Garnier-Itatiaia, 1989.
- ANDRADE, Mário de. (1943). A poesia em 1930 (1931). In: ANDRADE, Mário de. Aspectos da literatura brasileira 4. ed. São Paulo: Martins, 1972, p. 27-45.
- ANDRADE, Mário de. (1946). A poesia em ânico (1939). In: ANDRADE, Mário de. O empalhador de passarinho 2. ed. São Paulo: Martins, 1955, p. 45-52.
- ANDRADE, Mário de. Poesias completas Edição de texto apurado, anotada e acrescida de documentos por Tatiana Longo Figueiredo e Telê Ancona Lopez. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013.
- BANDEIRA, Manuel. Murilo Mendes. Diário Nacional, n. 1.040, 29 de novembro de 1930, p. 3. Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
- BUTLER, Judith. Quem tem medo de gênero?. Tradução de Heci Regina Candiani. São Paulo: Boitempo, 2024.
- FIGUEIREDO, Tatiana longo; LOPEZ, Telê Ancona. Poesias completas, um livro multifário. In: ANDRADE, Mário de. Poesias completas Edição de texto apurado, anotada e acrescida de documentos por Tatiana Longo Figueiredo e Telê Ancona Lopez. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2013, p. 25-53.
- GUIMARÃES, Júlio Castañon. O jogo das cartas. In: MORAES, Marcos Antonio de (Org.). Mário, Otávio: cartas de Mário de Andrade a Otávio Dias Leite (1936-1944). São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo-IEB/USP, 2006, p. 9-12.
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- MENDES, Murilo. Poemas 1925-1929 Juiz de Fora: Editorial Dias Cardoso, 1930.
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- MENDES, Murilo. Bumba-meu-poeta. Revista Nova, São Paulo, ano 2, n. 8-10, 15 de dezembro de 1932, p. 8-22. Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional.
- MENDES, Murilo. História do Brasil Rio de Janeiro: Ariel, 1932b.
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MENDES, Murilo. Apresentação da “Galinha cega”. Boletim de Ariel, ano II, n. 2, novembro de 1932c, p. 41. Hemeroteca Digital da Fundação Biblioteca Nacional. Disponível em: https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=072702&pasta=ano%20193&pesq=%22galinha%20cega%22&pagfis=98 Acesso em: jul. 2025.
» https://memoria.bn.gov.br/DocReader/docreader.aspx?bib=072702&pasta=ano%20193&pesq=%22galinha%20cega%22&pagfis=98 - MENDES, Murilo. A poesia em pânico Rio de Janeiro: Cooperativa Cultural Guanabara, 1937.
- MENDES, Murilo. O visionário: poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1941.
- MENDES, Murilo. As metamorfoses: poemas. Rio de Janeiro: Ocidente, 1944.
- MENDES, Murilo. Poesia completa e prosa Organização, preparação do texto e notas de Luciana Stegagno Picchio. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994.
- MORAES, Marcos Antonio de (Org.). Correspondência Mário de Andrade e Manuel Bandeira São Paulo: Edusp, 2000.
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Editores responsáveis:
Ana Paula Simioni, Dulcilia Helena Schroeder Buitoni e Marcos Antonio de Moraes
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
01 Dez 2025 -
Data do Fascículo
2025
Histórico
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Recebido
11 Dez 2024 -
Aceito
21 Jul 2025




























