Considerando o legado modernista brasileiro, do qual foi um herdeiro sempre crítico, Graciliano Ramos em S. Bernardo faz o seu narrador-personagem vivenciar de modo dramático, e até o extremo, os problemas do escritor na luta por captar o sentido do destino humano em uma situação de degradação e achatamento da vida. Escrever se revela, ao final, como caminho para a compreensão do processo de desumanização. Mas, para tanto, é necessário que a escrita vá além da representação da mera singularidade e se encaminhe para a construção do tipo, entendido como uma forma capaz de iluminar as contradições. A teoria do tipo, ou da particularidade, como elaborada por Lukács, revela aqui o seu valor e atualidade.
S. Bernardo de Graciliano Ramos; a herança crítica do legado do Modernismo brasileiro; a escrita literária como caminho para o entendimento das contradições sociais; Lukács e a estética da particularidade