Acessibilidade / Reportar erro

Avaliação do teste de imunofluorescência indireta para diagnóstico da filariose bancroftiana usando a microfilária de W. bancrofti como antígeno, em Recife-PE, Brasil

Evaluation of indirect immunofluorescence test for bancroftian filariasis using Wuchereria bancroft microfilariae as the antigen in Recife, Brazil

Resumos

Analisou-se o teste de imunofluorescência indireta com microfilárias de W. bancrofti tratadas pela papaína, como antígeno, amplamente utilizado em Recife para o imunodiagnóstico da filariose linfática. Foram testados soros de 50 pacientes portadores das diversas formas clínicas da doença, incluindo microfilaremia assintomática, eosinofilia pulmonar tropical, elefantíase de membros inferiores, linfagite aguda e quilúria. Para o grupo controle, foram selecionados 50 indivíduos vivendo pelo menos há 5 anos em área endêmica, sem nenhuma evidencia clínica e/ou laboratorial da doença, constituindo os chamados endêmicos normais. A sensibilidade e especificidade do teste, segundo diferentes pontos de corte, mostraram a impossibilidade de diferenciação entre o grupo controle e o grupo sabidamente infectado. Também não foi possível estabelecer correlação entre os títulos encontrados e as diferentes formas clínicas. Foi considerada a existência de reações cruzadas relacionadas a helmintíases intestinais, porém nenhuma relação direta foi encontrada.

W. bancrofti; imunodiagnóstico; imunofluorescência indireta; resposta humoral; filariose linfática


The authors analysed the indirect immunofluorescence assay, for the diagnosis of bancroftian filariasis using papain treated W. bancrofti microfilariae as antigen, widely used in Recife - Brazil. Sera from 50 patients with several clinical forms of the disease including asymptomatic carriers, tropical pulmonary eosinophilia, elephantiasis, filarial fever and chyluria were analysed. For the control group, 50 individuals were selected, living at least 5 years in endemic area, with neither previous DEC treatment nor clinical-laboratory evidences of the disease, called normals endemic. The sensitivity and specificity were analised taking into account different cut off values. It was not possible to differentiate infected individuals from the control group. It was not even possible to establish any correlation with IMF titers among different clinical presentation of the disease. Crossed reactions with various intestinal helminths were considered, but no relationship was found.


IMUNODIAGNÓSTICO

Avaliação do teste de imunofluorescência indireta para diagnóstico da filariose bancroftiana usando a microfilária de W. bancrofti como antígeno, em Recife-PE, Brasil

Evaluation of indirect immunofluorescence test for bancroftian filariasis using Wuchereria bancroft microfilariae as the antigen in Recife, Brazil

Gerusa DreyerI; Luiz AndradeI; Marlene Espírito SantoII; Zulma MedeirosI; Isolda MouraII; Jocelene TenórioII; Abraham RochaI; Maria Itecir CasimiroII; Eliane GaldinoII; Elisabeth DreyerI; Fátima BélizI; Antonio RangelIII; Amaury CoutinhoI

ICentro de Pesquisas Aggeu Magalhães/FIOCRUZ, Cx. Postal 7472, Recife, PR, Brasil 50739

IIHospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Recife, PE, Brasil

IIISecretaria de Saúde de Olinda, Olinda, PE, Brasil

RESUMO

Analisou-se o teste de imunofluorescência indireta com microfilárias de W. bancrofti tratadas pela papaína, como antígeno, amplamente utilizado em Recife para o imunodiagnóstico da filariose linfática. Foram testados soros de 50 pacientes portadores das diversas formas clínicas da doença, incluindo microfilaremia assintomática, eosinofilia pulmonar tropical, elefantíase de membros inferiores, linfagite aguda e quilúria. Para o grupo controle, foram selecionados 50 indivíduos vivendo pelo menos há 5 anos em área endêmica, sem nenhuma evidencia clínica e/ou laboratorial da doença, constituindo os chamados endêmicos normais. A sensibilidade e especificidade do teste, segundo diferentes pontos de corte, mostraram a impossibilidade de diferenciação entre o grupo controle e o grupo sabidamente infectado. Também não foi possível estabelecer correlação entre os títulos encontrados e as diferentes formas clínicas. Foi considerada a existência de reações cruzadas relacionadas a helmintíases intestinais, porém nenhuma relação direta foi encontrada.

Unitermos: W. bancrofti: imunodiagnóstico, imunofluorescência indireta: resposta humoral, filariose linfática.

SUMMARY

The authors analysed the indirect immunofluorescence assay, for the diagnosis of bancroftian filariasis using papain treated W. bancrofti microfilariae as antigen, widely used in Recife - Brazil. Sera from 50 patients with several clinical forms of the disease including asymptomatic carriers, tropical pulmonary eosinophilia, elephantiasis, filarial fever and chyluria were analysed. For the control group, 50 individuals were selected, living at least 5 years in endemic area, with neither previous DEC treatment nor clinical-laboratory evidences of the disease, called normals endemic. The sensitivity and specificity were analised taking into account different cut off values. It was not possible to differentiate infected individuals from the control group. It was not even possible to establish any correlation with IMF titers among different clinical presentation of the disease. Crossed reactions with various intestinal helminths were considered, but no relationship was found.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Dr. Eric Ottesen e Robert Poindexter pela realização do teste ELISA e aos técnicos Leonardo Dutra, Fernando Gonçalves e Luiz Carlos Figueredo pelo processamento dos exames parasitológicos de fezes.

Recebido para publicação em 02/08/1990.

Aceito para publicação em 02/08/1991.

Trabalho financiado pelo CNPq (Processo 401718/86 - BM e 500762/90-2)

  • 1. AALHERSE, R.C.; van der GAOG, R. & van LEEUWEN - Serologic aspects of IgG4 - restricted response. J. Immunol., 130: 722-726, 1983.
  • 2. AMBROISE-THOMAS, P. - Immunological diagnosis of human filariasis: present possibilities, difficulties and limitations (a review). Acta trop. (Basel), 31: 108-128, 1974.
  • 3. HARINATH, B.C. - Immunodiagnosis of Filariasis. Comum. Dis., 17 (Suppl. 1): 113-116, 1985.
  • 4. HUSSAIN, R.; HAMILTON, R.G.; KUMARASWAMI, V.; ADKINSON, F.A. Jr. & OTTESEN, E.A. - IgE response in human filariasis. I. Quantification of filaria - specific IgE. J. Immunol., 127: 1623-1629, 1981.
  • 5. LAU, R.B. & OTTESEN, E.A. - Enhanced Diagnostic Specificity in Human Filariasis by IgG4 antibody assessement. J. infect. Dis., 158: 1034-1037, 1988.
  • 6. NUTMAN, T.B.; KUMARASWAMI, V.; PAO, L.; NARAYANAM, P.R. & OTTESEN, E.A. - An Analysis of "in vitro" B cell Immune responsiveness in human lymphatic filariasis. J. Immunol., 138: 3954-3959, 1987.
  • 7. OTTESEN, E.A. - Immunological aspects of lymphatic filariasis and onchocerciasis in man. Trans roy. Soc. trop. Med. Hyg., 78 (Suppl.): 9-18, 1984.
  • 8. OTTESEN, E.A. - Immunopathology of lymphatic filariasis in man. Springer Sem. Immunopath., 2: 373-385, 1980.
  • 9. OTTESEN, E.A.; SKVARIL, F.; TRIPATRY, S.P.; POINDEXTER, R. W. & HUSSAIN, R. - Prominence of IgG4 in the IgG antibody response to human filariasis. J. Immunol., 134: 2707-2712, 1985.
  • 10. PIESSENS, W.F. & MACKENZIE, C.D. - Immunology of lymphatic filariasis and onchocerciasis. In: COHEN, S. & WARREN, K. S. Immunology of parasitic infections. 2nd. ed. Oxford, Blackwell Scient. Publ., 1982. p. 622-636.
  • 11. PIESSENS, W.F.; Mc CREEVY, P.B.; PIESSENS, P.W.; Mc CREEVY, M.; KOIMAN, I.; SAROSO, J.S. & DENNIS, D.T. - Immune responses in human infections with Brugia malayi specific cellular responsiveness to filarial antigens. J. clin. Invest., 65: 172-179.
  • 12. SANTOS, L.G.; SANTOS, D.S. & AZEVEDO, R. - Diagnosis of Wuchereria bancrofti by Immunofluorescence using microfilarie as antigen. Ann. trop. Med. Parasit., 70: 219-225, 1976.
  • 13. SCOTT, M.G.; BRILES, D.E.; SHACKELFORD, P.A.; SMITH, D.S. & NAHM, M.H. - Human antibodies to phosphocholine IgG anti-PC antibodies express restricted numbers of V and C regions. J. Immunol., 138: 3325-3331, 1987.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    06 Set 2006
  • Data do Fascículo
    Out 1991

Histórico

  • Aceito
    02 Ago 1991
  • Recebido
    02 Ago 1990
Instituto de Medicina Tropical de São Paulo Av. Dr. Enéas de Carvalho Aguiar, 470, 05403-000 - São Paulo - SP - Brazil, Tel. +55 11 3061-7005 - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: revimtsp@usp.br