Avaliação de TNF-alfa em pacientes com calazar tem despertado grande interesse devido ao seu papel no sistema imunológico e à sua atividade caquetizante. O objetivo deste estudo foi examinar a associação entre os níveis plasmáticos de TNF-alfa, medidos através de sua imunorreatividade (ELISA) e bioatividade (ensaio citotóxico sobre as células L-929), e as manifestações clínicas da leishmaniose visceral. Amostras de 19 pacientes foram obtidas para determinação do TNF-alfa antes, durante e após a terapia antimonial, utilizando o ensaio de citotoxicidade (todos os pacientes) e o ELISA (14 pacientes). Resultados discrepantes entre os ensaios de citotoxicidade e o ELISA foram observados. Níveis circulantes de TNF-alfa, medidos pelo ELISA, foram mais altos nos pacientes que nos controles e declinaram significantemente com a melhora clínica e laboratorial. Níveis plasmáticos antes do tratamento (média = 124,7 pg/ml; DP = 93,3) foram mais elevados que ao final da terapêutica (13,9 pg/ml; DP = 25,1; p = 0,001). Por outro lado, níveis plasmáticos de TNF-alfa, avaliados pela citotoxicidade, não seguiram um curso previsível durante a evolução. Esta discrepância pode ser devida à presença de fatores no plasma que podem influenciar a liberação e atividade do TNF-alfa. Ainda, a lise observada pode não ser totalmente atribuída ao TNF-alfa.