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Possível transmissão oral de doença de Chagas aguda, no Brasil

Em outubro de 1986, 7 a 22 dias após uma reunião em uma fazenda no estado da Paraíba, 26 pessoas apresentaram doença febril, associada a edema bipalpebral bilateral, e de membros inferiores, hepatoesplenomegalia leve, linfadenopatia e, mais raramente, a um exantema. Um menino de 11 anos apresentou arritmia atrial ao eletroeardiograma e um paciente de 74 anos desenvolveu insuficiência cardíaca aguda. Em 2 pacientes hospitalizados em São Paulo, foi estabelecido o diagnóstico de Doença de Chagas aguda por observação de T. cruzi em creme leucocitário. Em autópsia de um caso fatal foi demonstrada cardiomiopatia chagásica aguda. O xenodiagnóstico foi positivo em 9 de 14 pacientes testados. Anticorpos específicos de classe IgG foram encontrados em todos os pacientes e da classe IgM em 20 de 22 doentes examinados. Estudo epidemiológico revelou Triatoma brasiliensis nas vizinhanças desta fazenda, porem tal vetor não foi encontrado na casa onde a maioria dos hóspedes pernoitou. Observou-se alta taxa de gambás infectados por Trypanosoma cruzi. Essas observações, associadas as informações relativas aos alimentos consumidos, sugerem que a contaminação de alimentos tenha se originado de secreções de marsupiais naturalmente infectados ou de triatomíneos infectados, que poderiam ter sido esmagados durante o preparo do caldo de cana.


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