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Sobre a possibilidade da ocorrência de doença de Chagas autóctone em Roraima, Amazônia brasileira, 2000-2001

A doença de Chagas foi quase inteiramente erradicada das zonas áridas do Brasil Central e Nordeste, onde ciclos autóctones de transmissão praticamente inexistem. Contudo, na última década a doença vem sendo registrada na Região Amazônica. Objetivando investigar a possibilidade da ocorrência de ciclos autóctones de transmissão em áreas de colonização agrícola no Estado de Roraima, foram realizadas coletas de triatomíneos e estudos de sua biologia (a ser mostrado em outro artigo), sorologia (imunofluorescência, hemaglutinação, ELISA) e pesquisa parasitológica (xenodiagnóstico, PCR) entre moradores de Rorainópolis, do Projeto Passarão e da Comunidade da Ilha. Candidatos a doação sanguínea do Hemocentro de Boa Vista também foram avaliados. Foram coletados Triatoma maculata, Rhodnius pictipes, Rhodnius robustus e Panstrongylus geniculatus em palmeiras-buriti Mauritia flexuosa, em anexos peridomiciliares e em domicílios. Nenhum triatomíneo foi encontrado naturalmente infectado. A presença de anticorpos anti-Trypanosoma cruzi foi verificada em 25 indivíduos (1,4% de um total de 1821), 20 dos quais migrantes, todos adultos >15 anos. Apenas dois indivíduos migrantes tiveram mais de dois exames sorológicos positivos (um ainda com xenodiagnóstico positivo e o outro com PCR positivo), estando seguramente infectados. Os resultados mostram que apesar de não ser endêmica, há a presença de todos os elos da cadeia de transmissão da doença de Chagas em Roraima que permitem a sua instalação na ausência de vigilância.


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