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Crioglobulinemia na hepatite crônica C: aspectos clínicos e resposta ao tratamento com interferon alfa e ribavirina

INTRODUÇÃO: A crioglobulinemia mista (CM) representa importante complicação extra-hepática da hepatite C. Nesse estudo avaliamos sua prevelência em pacientes com hepatite C crônica (HCC) e relacionamos sua presença com aspectos clínicos e resposta ao tratamento com interferon alfa e ribavirina. CASUÍSTICA E MÉTODOS: 202 pacientes consecutivos com HCC (136 com hepatite crônica e 66 com cirrose) foram avaliados para a presença de CM. Os crioprecipitados foram caracterizados por imunoeletroforese e classificados de acordo com BROUET et al. RESULTADOS: A prevalência de CM nessa população foi de 27% (54/202), e, desses, 24% (13/54) apresentaram manifestações clínicas maiores da doença. Embora MC tipo III tenha sido a forma mais freqüentemente encontrada, a doença sintomática foi mais comum entre os pacientes com MC tipo II. A presença de cirrose (RR = 2,073; IC95% = 1,029 - 4,179; p = 0,041) e a idade do paciente (RR = 1,035; IC95% = 1,008 - 1,062; p = 0,01) estiveram independentemente associadas à presença de CM. Não houve associação entre a presença de CM e genótipo ou carga viral do vírus C. No total, 102 pacientes foram tratados com interferon alfa e ribavirina. Desses, 31 apresentavam CM. A resposta virológica sustentada (em torno de 30%) não diferiu entre pacientes com e sem CM (p = 0,971). CONCLUSÃO: CM é uma freqüente complicação na HCC, especialmente em pacientes com idade avançada e com cirrose hepática. Apenas 24% desses pacientes apresentam manifestações clínicas da doença, sendo mais freqüentes entre portadores de CM tipo II. A presença de crioglobulinemia não afetou a resposta virológica ao tratamento com interferon alfa e ribavirina.


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