Um estudo soroepidemiológico para o vírus da hepatite A (VHA), investigando os marcadores de infecção passada (anti-VHA total - IgG e IgM) e infecção recente (anti-VHA IgM), foi realizado entre 1991 e 1992, em crianças de creche de Goiânia-Brasil central. Das 310 crianças com idade entre 03 meses e 09 anos, 69,7% mostraram soropositividade ao anti-VHA total, sendo 60%, na faixa etária entre 1 e 3 anos. A prevalência do marcador anti-VHA IgM foi de 3,2%, visto em idade de 1-4 anos e com distribuição uniforme nas 10 creches estudadas. Entre as variáveis sócio-demográficas estudadas, apenas o tempo de freqüência das crianças nas creches, igual ou superior a um ano, mostrou, em análise multivariada ajustada para idade, um risco 4,7 vezes maior quando comparado com o período de um mês (LC 95% 2,3-9,9). De acordo com os resultados, a hepatite A é uma infecção endêmica no tipo populacional estudado e o tempo de freqüência prolongado das crianças, nas creches públicas, constitui um fator de risco para infecção ao VHA. Tais resultados sugerem que, uma vez que a vacina seja instituída na região, as crianças de creche devem recebê-la antes de um ano de idade, ou no mais tardar antes de ingressarem nas creches públicas.