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Espiroquetose intestinal: primeiros casos no Brasil e o uso de técnicas imunohistoquímicas como ajuda no diagnóstico histopatológico

A colonização do colo e reto por espiroquetas intestinais foi detectada pela primeira vez no Brasil em 4 de 282 (1,41%) pacientes submetidos a sigmoidoscopia e/ou colonoscopia com o diagnóstico histopatológico de colite crônica inespecífica. A frequência é provavelmente menor que a real, urna vez que espécimens cirúrgicos não foram considerados no presente estudo. O diagnóstico histopatológico foi feito através de colorações de rotina, tais como a hematoxilina-eosina, que mostraram franja basofílica de 3µ de espessura sobre a borda em escova do epitélio e por impregnações pela prata como o método de Whartin-Starry. Métodos imunohistoquímicos, usando dois soros primários policlonais, um contra o Treponema pallidum e o outro contra Leptospira interrogans, serovar copenhageni serogrupo Icterohaemorrhagiae revelaram reatividade cruzada com os antígeno/s dos espiroquetas produzindo um contraste acentuado da franja sobre o epitélio colônico e preservando a morfologia espiralada do parasita. Em um paciente, com acentuada diarréia, a imunohistoquímica detectou antígenos de espiroqueta no citoplasma de uma célula da cripta intestinal, demonstrando que a infecção estava mais disseminada do que parecia pelas colorações comuns. Portanto, os métodos imunohistoquímicos facilitam o diagnóstico histológico da espiroquetose intestinal e podem , também, contribuir para a melhor compreensão da patogenia da doença. A microscopia eletrônica de transmissão e a microscopia de varredura, realizadas em um paciente, demonstraram que os espiroquetas lembram a espécie designada como Brachyspira aalborgi.


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