A patogênese da cardiopatia crônica chagásica ainda é assunto controverso. Na presente revisão as principais teorias patogenéticas propostas, desde a descrição da doença por Carlos Chagas em 1909, são abordadas. A escassez de parasitas do T.cruzi no miocárdio e a aparente falta de correlação entre sua presença e a ocorrência de infiltrado inflamatório no miocárdio originaram várias teorias de autoimunidade na patogênese da cardiopatia crônica chagásica. Entretanto, trabalhos recentes têm demonstratado a presença de Ags do T.cruzi em associação com infiltrado inflamatório chagásico através de técnicas de imunoperoxidase e de PCR, sugerindo fortemente uma participação direta do parasita na gênese dessa miocardite. Diferentes padrões de produção de citocinas parecem desempenhar importante papel na evolução da doença. Ressalta-se também a possível participação do parasita em lesões da microcirculação e fibrose. Finalmente, o autor sugere que a forma indeterminada ocorre em pacientes cuja resposta imunológica contra o T.cruzi é mais efficente, enquanto que pacientes com cardiopatia crônica são aqueles com resposta contra o parasita ineficiente e hiperérgica