Pelo menos dezoito espécies de triatomíneos foram encontradas na Amazônia brasileira, nove das quais infectadas com Trypanosoma cruzi ou semelhante ("cruzi-like"), associadas com numerosos reservatórios silvestres. A despeito do pequeno número de casos humanos da doença de Chagas descritos até agora na Amazônia brasileira, o risco que essa doença se torne endêmica é cada vez maior, pelas seguintes razões: a) desmatamentos e colonização descontrolados, alterando o balanço entre reservatórios e vetores; b) adaptação de reservatórios e vetores silvestres com T.cruzi ao peridomicílio, como única alternativa alimentar; c) migração de populações humanas infectadas com T.cruzi acompanhadas de reservatórios domésticos (cães e gatos) ou de vetores de suas regiões de origem na bagagem, já adaptados ao domicílio. Em resumo, o risco de que a doença de Chagas se torne endêmica na Amazônia brasileira está ligado à transposição do ciclo silvestre para o doméstico na própria área ou do ciclo doméstico já estabelecido em áreas endêmicas para a Amazônia.