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Imunoativação e imunopatogenia durante leishmaniose visceral ativa

A leishmaniose visceral é causada por protozoários do gênero do complexo Leishmania donovani. Durante a doença ativa no homem são detectados altos níveis de IFN-γ e de TNF-α no soro, e elevada expressão de mRNA de IFN-γ em amostras de órgãos linfóides sugerindo um estado intensamente ativado do sistema imunológico. A visão atual, no entanto, refere-se à imunossupressão específica aos antígenos de Leishmania com base em estudos utilizando células mononucleares do sangue periférico; a explicação para sua resposta deficiente seria provavelmente porque os linfócitos compometidos com antígeno de Leishmania são sequestrados nos órgãos linfóides. Para permitir a proliferação do parasito, citocinas desativadoras IL-10 e TGF-β atuariam nos macrófagos, bem como os anticorpos anti-Leishmania opsonizando amastigotas e induzindo a produção IL-10 pelos macrófagos. Estes processos de intensa ativação e desativação provavelmente ocorreriam no baço e fígado, principalmente, e confirmados com amostras de órgãos. No entanto, analisando dados seqüenciais obtidos na leishmaniose visceral no hamster, sugere-se provável presença de fatores fora do sistema imunológico como responsável pela inativação inicial de sintase induzível do óxido nítrico que ocorre antes da expressão de citocinas desativadoras. Na leishmaniose visceral ativa o sistema imunológico participa ativamente na lesão de órgãos não linfóides. Contrária à visão existente que considera somente mecanismos de deposição de imunocomplexos, observa-se na patogenia a participação de macrófagos, células T, citocinas e imunoglobulinas por mecanismo alternativo.


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