O soro antipeçonhento específico para ser eficaz no tratamento dos acidentes causados pelas cobras corais deve ser administrado logo após a mordedura, uma vez que as neurotoxinas da peçonha são absorvidas muito rapidamente. Como isto não é sempre possível, outras formas de tratamento, além do soroterápico, devem ser empregadas para evitar a asfixia e morte do paciente. A administração da neostigmina e a respiração artificial são utilizadas com esse objetivo. A neostigmina restabelece a transmissão neuromuscular se o efeito da peçonha resultar de interação reversível de suas neurotoxinas com os receptores da placa terminal. É esse o mecanismo da ação das neurotoxinas da peçonha de M. frontalis de serpentes do centroeste e sul do Brasil, e da Argentina. Em conseqüência a neostigmina antagoniza o bloqueio neuromuscular produzido pela peçonha dessas serpentes e é muito eficaz no tratamento do envenenamento experimental de cães e símios. Na presente comunicação relatamos dois acidentes causados por M. frontalis, tratados com a administração do soro específico e da neostigmina. Nos dois pacientes a administração da neostigmina produziu regressão completa dos fenômenos de paralisia, confirmando sua eficiência demonstrada no tratamento do envenenamento experimental de animais