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Sequela fibrótica na paracoccidioidomicose pulmonar: aspectos histopatológicos em camundongos BALB/c infectados com propágulos viáveis e não viáveis do Paracoccidioides brasiliensis

Pacientes com paracoccidioidomicose apresentam, algumas vezes, fibrose pulmonar e exibem limitações respiratórias importantes. Baseados num modelo animal já estabelecido da micose, estudamos a possível contribuição de propágulos viáveis e não viáveis do Paracoccidioides brasiliensis ao desenvolvimento da fibrose. Assim, camundongos BALB/c, machos de 4 a 6 semanas de idade, foram inoculados intranasalmente com 4 x 10(6) conídios viáveis (Grupo I), ou com 6,5 x 10(6) fragmentos não viáveis de células leveduriformes (Grupo II). Animais controles (Grupo III) receberam unicamente PBS. Seis camundongos por período foram sacrificados 24, 48, 72h (inicial) e 1, 2, 4, 8, 12 e 16 semanas pós-inoculação (tardio). Os pulmões dos animais foram fixados, incluidos em parafina, cortados e corados com H & E, Tricrômico (Masson), reticulina e Grocott. Durante o período inicial houve afluxo importante de PMNs em ambos os grupos I e II, e a inflamação aguda comprometeu entre 34 a 45% dos pulmões. Depois, foram as células mononucleares as que predominaram. No grupo I, a inflamação progrediu e formaram-se granulomas os quais, às 12 semanas, ficaram confluentes e frouxos. Adicionalmente, se observaram fibras de colágeno tipo I muito densas em 66,6% e 83,3% dos animais após 8 e 12 semanas, respectivamente. As fibras do colágeno tipo III foram observadas nos animais a partir das 4 semanas pós-infecção, e 83% deles exibiram, às 12 semanas, alterações na sua distribuição e organização. Nos animais do grupo II o padrão foi diferente, pois mostraram diminuição gradual no número de focos inflamatórios e não houve formação dos granulomas. Embora animais deste grupo tivessem no período inicial pequenas alterações nas fibras de colágeno tipo I, estas desapareceram por volta da 4a semana. Os resultados indicam que a resposta tissular aos fragmentos de leveduras foi transitória, enquanto que os conídios induzem resposta inflamatória progressiva permitindo a formação de granuloma e um excesso na produção e desorganização dos colágenos I e III, permitindo finalmente a fibrose.


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