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Febre de origem indeterminada em pacientes com a síndrome da imunodeficiência adquirida no Brasil: relato de 55 casos

Revisaram-se os prontuários médicos de pacientes com AIDS e febre de origem indeterminada (FOI) com o objetivo de definirem-se as causas de FOI em indivíduos HIV positivos em um país tropical e, ainda, determinar o valor dos procedimentos diagnósticos mais utilizados. Cento e oitenta e oito (58,4%) de 322 pacientes apresentavam febre à internação e 55 (17,1%) preencheram os critérios de FOI. A contagem média de CD4+ no grupo com FOI era de 98 células/ml. Definiu-se a causa da febre em 45 pacientes (81,8%). As seguintes doenças infecciosas predominaram como causa de FOI: Tuberculose (32,7%), pneumonia pelo Pneumocystis carinii (10,9%) e Mycobacterium avium complex (9,1%). Outras doenças infecciosas merecem destaque: meningite criptocócica (5,5%), sinusite (3,6%), associação Salmonella-S. mansoni (3,6%), histoplasmose disseminada (3,6%), neuro-sífilis (1,8%) e isosporíase (1,8%). No grupo das neoplasias, quatro pacientes (7,3%) apresentaram linfomas não-Hodgkin disseminados. As biópsias de linfonodos, de fígado e de medula óssea responsabilizaram-se pelo maior número de diagnósticos definitivos na presente casuística. A associação de doenças mostrou-se comum e atrasou o diagnóstico da febre na maioria dos casos. Em nossa região, a realização rotineira de hemoculturas visando identificar os indivíduos com salmonelose prolongada associada à esquistossomose e a pesquisa de antígeno circulante para Cryptococcus neoformans devem ser consideradas nos pacientes com AIDS e FOI.


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