De janeiro de 1988 a janeiro de 1989 todos os pacientes submetidos a transplante de coração ou de medula óssea no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo foram estudados quanto à incidência e morbidade das infecções pós-transplante causadas por vírus do grupo herpes. Cinco recipientes de medula óssea e 5 transplantados cardíacos foram observados por um período médio de 4.2 meses após o transplante. Todos os pacientes tinham sorologia positiva para citomegalovírus (CMV) antes do transplante e 80% desenvolveram uma ou mais recorrências durante o período de observação. Dos 12 episódios de infecão por CMV detectados neste estudo, 83% foram acompanhados por alterações clínicas ou laboratoriais. Apenas um caso apresentou doença grave. A incidência de infecções causadas por vírus Herpes simplex (HSV), foi de 50%. Apesar da maioria das reativações do HSV fossem representadas por lesões orais ou genitais, houve também um caso de hepatite por HSV. Um dos 6 episódios de infecção, por HSV que foram tratados com aciclovir não respondeu ao tratamento. Posteriormente, o paciente se beneficiou com o uso de ganciclovir. Todos os indivíduos apresentavam antes do transplante anticorpos anti-vírus da varicela zoster. Porém, não houve nenhum caso de reativação. Este estudo realça a importância do controle diagnóstico ativo das infecções por herpes-vírus em pacientes transplantados. Tanto as infecções causadas por CMV como por HSV mostraram alta incidência e grande morbidade indicando a necessidade de quimioprofilaxia.