A questão de fundo do artigo diz respeito às possibilidades contidas na economia solidária para configurar vínculos não determinados pelo cálculo utilitário e materializar um regime singular entre distintos princípios operantes na vida econômica. Para isso, apóia-se em pesquisas empíricas que demonstram a tendência da economia solidária a desenvolver relações portadoras de vínculos sociais, a partir dos quais se entrelaçam indissociavelmente a vida econômica e a vida social. Os valores emanados em tais experiências conduzem à ampliação da reciprocidade social e a envolvimentos na esfera pública, convertendo a economia solidária em agente político impulsionador de novos espaços de deliberação política, cuja perspectiva é a adoção de um sistema de regulação que garanta a coexistência de diferentes lógicas econômicas, em condições mínimas de equilíbrio. Em conclusão do artigo, argumenta-se que essa visão plural da economia requer a superação da antinomia utilitarismo-altruísmo, em favor de uma concepção híbrida das relações sociais.
altruísmo; autogestão; dádiva; democracia; utilitarismo