Fatores de risco para o desenvolvimento de infecção de sítio cirúrgico em cirurgia bariátrica: revisão integrativa

Silva, Ana Flávia da; Mendes, Karina Dal Sasso; Ribeiro, Vanessa dos Santos; Galvão, Cristina Maria

doi:10.1590/1518-8345.6309.3798

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Artigo de Revisão • Rev. Latino-Am. Enfermagem 31 • Jan-Dec 2023 • https://doi.org/10.1590/1518-8345.6309.3799 linkcopiar

Fatores de risco para o desenvolvimento de infecção de sítio cirúrgico em cirurgia bariátrica: revisão integrativa

Autoria SCIMAGO INSTITUTIONS RANKINGS

Resumo

Objetivo: avaliar as evidências sobre os fatores de risco para o desenvolvimento de infecção de sítio cirúrgico em cirurgia bariátrica.

Método: revisão integrativa. A busca dos estudos primários foi realizada em quatro bases de dados. A amostra foi composta por 11 pesquisas. A qualidade metodológica dos estudos incluídos foi avaliada por meio de ferramentas propostas pelo Joanna Briggs Institute. A análise e a síntese dos dados foram realizadas de maneira descritiva.

Resultados: as taxas de infecção de sítio cirúrgico variaram de 0,4% até 7,6%, considerando os resultados dos estudos primários, cujos pacientes foram submetidos à cirurgia por via laparoscópica. Nas pesquisas com os participantes submetidos aos procedimentos cirúrgicos com diferentes abordagens (aberta, via laparoscópica ou robótica), as taxas de infecção variaram de 0,9% até 12%. Com relação aos fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de infecção, ressaltam-se antibioticoprofilaxia, sexo feminino, Índice de Massa Corporal elevado e hiperglicemia perioperatória.

Conclusão: a condução da revisão gerou corpo de evidências que reforça a importância na implementação de medidas efetivas para prevenção e controle de infecção de sítio cirúrgico pelos profissionais de saúde após cirurgia bariátrica, promovendo a melhoria da assistência e da segurança do paciente no perioperatório.

Descritores:
Enfermagem Perioperatória; Infecção da Ferida Cirúrgica; Cirurgia Bariátrica; Fatores de Risco; Período Perioperatório; Segurança do Paciente

Estudo primário/ano de publicação	Tipo de estudo/amostra	Objetivo (s)	Fator (es) de risco
Ruiz-Tovar, et al. (2013)¹⁴	Estudo prospectivo (autores) Amostra: n=40	Investigar associação de comorbidades e variáveis pré e pós-operatórias com infecção de sítio cirúrgico após gastrectomia vertical.	Pré-operatório: IMC^*>45 kg/m²; distúrbios restritivos identificados por testes de função pulmonar; concentração sérica de proteína total <5,3 g/dL; cortisol plasmático >30 mcg/dL; VCM^† < 82 fL. Pós-operatório: glicemia > 128 mg/dL; hemoglobina <11 g/dL (variáveis associadas à ISC^‡ somente na análise univariada).
Lyons, et al. (2014)¹⁵	Estudo de coorte retrospectivo (autores). Amostra: n=815	Quantificar a taxa de infecção pós-operatória após cirurgia bariátrica. Determinar se os eventos relacionados à infecção contribuem para prolongar o tempo de internação hospitalar e para avaliar o efeito de fatores de risco, como diabetes, nas taxas de infecção.	Os autores não fizeram análise de fatores de risco para ISC e sim para infecção geral ocorrida no período pós-operatório.
Vetter, et al. (2017)¹⁶	Estudo retrospectivo (autores). Amostra: n=1.400	Avaliar se um fechamento secundário e planejado da ferida no abdômen superior esquerdo reduz a taxa de infecção da ferida, e se tal técnica tem impacto positivo sobre internação hospitalar, custos e morbidade pós-operatória.	Sexo feminino; fechamento primário da ferida; dislipidemia e presença de gastrite pré-operatória (tratamento estatístico analítico).
Meister, et al. (2018)¹⁷	Estudo retrospectivo (autores). Amostra: n=1.981	Avaliar a significância da hiperglicemia perioperatória em diferentes complicações de infecção (seis tipos de infecção foram investigados, inclusive a infecção de sítio cirúrgico) e resultados clínicos.	Na análise univariada, a hiperglicemia perioperatória foi associada ao desenvolvimento de ISC, em pacientes com diabetes.
Dang, et al. (2020)¹⁸	Estudo retrospectivo. Amostra: n=274.187	Desenvolver uma ferramenta preditiva para infecção de sítio cirúrgico após 30 dias de cirurgia bariátrica.	Cirurgia de by-pass gástrico em Y- de- Roux; uso crônico de esteroide ou imunossupressor; sexo feminino; doença do refluxo gastroesofágico; hipertensão; diabetes mellitus; raça branca; tempo operatório longo; apneia do sono; IMC elevado (tratamento estatístico analítico)
Falvo, et al. (2020)¹⁹	Estudo retrospectivo. Amostra: n=47.906	Comparar os resultados de curto prazo (30 dias após a cirurgia), por sexo biológico, de pacientes submetidos ao by-pass gástrico em Y- de - Roux.	No estudo não houve análise desta natureza.

Estudo primário/ ano de publicação	Tipo de estudo/ amostra	Objetivo (s)	Fator (es) de risco
Freeman, et al. (2011)²⁰	Estudo de coorte prospectivo (autores). Amostra: n=2.012	Avaliar a taxa de infecção de sítio cirúrgico de pacientes de grupo de hospitais comunitários e comparar com taxas publicadas anteriormente de pacientes em hospitais terciários. Avaliar a importância de fatores de risco potenciais para infecção de sítio cirúrgico após cirurgia bariátrica.	Antibioticoprofilaxia (tratamento estatístico analítico).
Chopra, et al. (2012)²¹	Estudo de caso-controle (autores). Amostra: n=751	Analisar dados epidemiológicos e resultados associados com infecção de sítio cirúrgico após cirurgia bariátrica.	Apneia do sono; transtorno bipolar; duração de cirurgia (> 180 minutos); uso de antimicrobiano profilático diferente de cefazolina (tratamento estatístico analítico).
Gerber, et al. (2018)²²	Estudo de coorte (autores). Amostra: n=47.660	Definir o risco de complicações e mortalidade em relação à idade após o by-pass gástrico.	Idade (tratamento estatístico analítico).
Ferraz, et al. (2019)²³	Estudo de coorte prospectivo (autores). Amostra: n=1.596	Apresentar análise descritiva dos resultados de pacote de cuidados aplicado em pacientes com obesidade submetidos à cirurgia bariátrica para o controle de infecção.	Índice de Massa Corporal; diabetes mellitus (correlação entre as variáveis).
Gray, et al. (2020)⁴	Estudo retrospectivo (autores). Amostra: n=148.260	Explorar o uso de rotina de colocação de dreno abdominal em cirurgias de gastrectomia vertical e by-pass gástrico em Y- de - Roux para avaliar complicações associadas e potenciais fatores de risco.	Dreno (tratamento estatístico analítico).

Estudo retrospectivo/ Prospectivo	Q1^*	Q2^†	Q3^‡	Q4^§	Q5^\|\|	Q6^¶\|	Q7^**	Q8^††	Q9^‡‡	Total (Sim)
Ruiz-Tovar, et al. (2013)¹⁴	S^§§	S	N^\|\|\|\|	S	S	S	S	S	NA^¶¶	7
Vetter, et al. (2017)¹⁶	S	S	S	S	S	S	S	S	NA	8
Meister, et al. (2018)¹⁷	S	S	S	S	S	S	S	S	NA	8
Dang, et al. (2020)¹⁸	S	S	S	S	S	S	S	S	NA	8
Falvo, et al. (2020)¹⁹	S	S	S	S	S	I^***	I	N	NA	5
Gray, et al. (2020)⁴	S	S	S	S	S	I	I	S	NA	6

Estudo de coorte	Q1^*	Q2^†	Q3^‡	Q4^§	Q5^\|\|	Q6^¶\|	Q7^**	Q8^††	Q9^‡‡	Q10^§§	Q11^\|\|\|\|	Total (Sim)
Freeman, et al. (2011)²⁰	S^¶\|¶\|	S	S	N^***	N	S	S	I^†††	I	I	S	6
Lyons, et al. (2014)¹⁵	S	S	S	N	N	S	S	S	S	NA^‡‡‡	N	7
Gerber, et al. (2018)²²	S	S	S	N	N	S	I	S	S	NA	S	7
Ferraz, et al. (2019)²³	S	S	S	N	N	S	I	S	S	NA	N	6

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[TFN4] *IMC = Índice de massa corporal; ^†VCM = Volume corpuscular médio; ^‡ISC = Infecção de sítio cirúrgico