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Condutas de autocuidado e indicadores de saúde em adultos com diabetes tipo 2

Resumos

Estudo descritivo correlacional que teve como objetivo analisar as condutas de autocuidado e a sua relação com indicadores de saúde, representados pelo controle glicêmico, perfil de lipídios, índice de massa corpórea (IMC), circunferência da cintura e porcentagem de gordura corporal, em amostra aleatória de 98 adultos com diabetes tipo 2, de uma zona conturbada em Nuevo León, México (agosto 2005/maio 2006). Os resultados mostraram índice de autocuidado baixo (<img border=0 width=11 height=14 id="_x0000_i1028" src="../../../img/revistas/rlae/v18n4/symbol.gif" align=absmiddle > ou = 36,94, dp=15,14). Encontrou-se correlação significativa entre o autocuidado e a hemoglobina glicolisada (HbA1c) (r s=0,379, p<0,001), triglicerídeos (r s=0,208, p=0,040), IMC (r s=0,248, p=0,014) e gordura corporal (r s=0,221, p=0,029). A análise multivariada revelou influência do autocuidado em HbA1c, IMC e gordura corporal com variâncias explicadas de 9 a 41% (p<0,05). Das dimensões do autocuidado, a dieta foi o principal fator de predição moderado pelo gênero e a compreensão dos conceitos sobre o diabetes (p<0,05).

Autocuidado; Indicadores Basicos de Saúde; Diabetes Mellitus Tipo 2


This descriptive correlational study aimed to analyze self-care behaviors and their relationship with health indicators represented by glycemic control, lipid profile, Body Mass Index [BMI], waist circumference and body fat percentage in a sample of 98 adults with type 2 diabetes in an area of Nuevo Leon, Mexico (August 2005/May 2006). The results showed a low self-care behaviors index (<img border=0 width=11 height=14 id="_x0000_i1026" src="../../../img/revistas/rlae/v18n4/symbol.gif" align=absmiddle > or = 36.94, SD=15.14). A significant relationship was found between self-care behaviors and glycosilated hemoglobin [HbA1c] (r s=-.379, p<.001), triglycerides (r s=-.208, p=.040), BMI (r s=-.248, p=.014) and body fat percentage (r s=-.221, p=.029). Multivariate analysis revealed the influence of self-care behaviors on HbA1c, BMI and body fat percentage with explained variances of 9 to 41% (p < .05). From all self-care dimensions, diet was the most predictive for health indicators, moderated by gender and understanding of diabetes contents (p< .05).

Self-Care; Health Status Indicators; Diabetes Mellitus, Type 2


Se trata de un estudio descriptivo y correlacional que tuvo como objetivo analizar las conductas de autocuidado y su relación con indicadores de salud, representados por el control de la glucemia, perfil de lípidos, IMC, circunferencia de cintura y porcentaje de grasa corporal, en una muestra aleatoria de 98 adultos con diabetes tipo 2 de un zona periférica de la ciudad de Nuevo León, en México; los datos fueron recolectados entre agosto del 2005 y mayo del 2006. Los resultados mostraron un índice de autocuidado bajo (promedio= 36,94 y desvío estándar=15,14). Se encontró correlación significativa entre el autocuidado y la HbA1c (r s= 0,379, p< 0,001), triglicéridos (r s= 0,208, p=0,040), IMC (r s= -.248, p=0,014) y grasa corporal (r s= 0,221, p=0,029). El análisis multivariado reveló influencia del autocuidado en HbA1c, IMC y grasa corporal con varianzas explicadas de 9% a 41% (p <0,05). De los factores del autocuidado, la dieta fue el principal factor de predicción moderado por el género y la comprensión de los aspectos de la diabetes (p<0,05).

Autocuidado; Indicadores de Salud; Diabetes Mellitus Tipo 2


ARTIGO ORIGINAL

Condutas de autocuidado e indicadores de saúde em adultos com diabetes tipo 21

Lidia Guadalupe Compeán OrtizI; Esther Carlota Gallegos CabrialesII; José Gerardo González GonzálezIII; Marco Vinicio Gómez MezaIV

IDoutor em Ciências da Enfermagem, Professor-Pesquisador, Facultad de Enfermería, Campus Tampico, Universidad Autónoma de Tamaulipas, México. E-mail: lcompean@uat.edu.mx

IIDoutor em Filosofia da Enfermagem, Professor-Pesquisador, Facultad de Enfermería, Universidad Autónoma de Nuevo León, México. E-mail: egallego@fe.uanl.mx

IIIMédico Endocrinologista, Doutor em Medicina, Hospital Universitario "Dr. José Eleuterio González", Universidad Autónoma de Nuevo León, México. E-mail: gergonz@hotmail.com

IVProfessor-Pesquisador, Facultad de Economía Centro de Estadística, Universidad Autónoma de Nuevo León, México. E-mail: marcogvmeza@hotmail.com

Endereço para correspondência

RESUMO

Estudo descritivo correlacional que teve como objetivo analisar as condutas de autocuidado e a sua relação com indicadores de saúde, representados pelo controle glicêmico, perfil de lipídios, índice de massa corpórea (IMC), circunferência da cintura e porcentagem de gordura corporal, em amostra aleatória de 98 adultos com diabetes tipo 2, de uma zona conturbada em Nuevo León, México (agosto 2005/maio 2006). Os resultados mostraram índice de autocuidado baixo (=36,94, dp=15,14). Encontrou-se correlação significativa entre o autocuidado e a hemoglobina glicolisada (HbA1c) (rs= -0,379, p<0,001), triglicerídeos (rs= -0,208, p=0,040), IMC (rs= -0,248, p=0,014) e gordura corporal (rs= -0,221, p=0,029). A análise multivariada revelou influência do autocuidado em HbA1c, IMC e gordura corporal com variâncias explicadas de 9 a 41% (p<0,05). Das dimensões do autocuidado, a dieta foi o principal fator de predição moderado pelo gênero e a compreensão dos conceitos sobre o diabetes (p<0,05).

Descritores: Autocuidado; Indicadores Basicos de Saúde; Diabetes Mellitus Tipo 2.

Introdução

Diabetes mellitus é uma das doenças crônicas mais comuns na atualidade. É considerada problema de saúde pública em nível mundial. Projeta-se que o número total de pessoas com essa doença poderia ascender de 171 milhões estimados em 2000, até 366 milhões para o ano 2030(1). No México, tem-se observado tendência crescente na prevalência, agora com taxas mais altas que os das outras doenças transmissíveis que eram mais prevalentes até três décadas atrás. O diabetes é a primeira causa de mortalidade geral, a segunda causa da perda de anos de vida saudável pelas mulheres e a sexta pelos homens, e a doença que consume o maior gasto público. Atualmente, mais de 5 milhões de adultos, com idade maior que 20 anos, padecem dessa doença no país(2).

A forma mais frequente é o diabetes tipo 2 (DMT2) em 90-95% dos casos, e seu início, com poucos anos de idade, expõe os portadores a um período mais longo de possível hiperglicemia e, com isso, a maior risco de complicações crônicas. A longo prazo, a hiperglicemia pode produzir retinopatias, neuropatias, cardiopatias; assim, o controle glicêmico é o objetivo principal do tratamento, e esse inclui a glicose sanguínea em jejum, a hemoglobina glicolisada (HbA1c), colesterol e triglicerídeos(3).

Desses marcadores, a HbA1c é o indicador que se relaciona melhor com o risco de complicações futuras, situação que tem sido evidenciada por alguns estudos, mostrando que porcentagens menores que 7% estariam associados a menor número de complicações microvasculares(4). A glicose sanguínea permite ter a medição do nível no momento da medição, porém, ela sozinha não é capaz de garantir o controle glicêmico adequado do paciente, principalmente se só é realizada de vez em quando. Indicadores como o colesterol, triglicerídeos e lipoproteínas têm importância nas pessoas com diabetes, pela associação ao maior risco de doenças cardiovasculares e que, junto com a presença de obesidade e hipertensão arterial, podem favorecer o desenvolvimento de resistência à insulina e síndrome metabólica(5).

Para obter controle glicêmico adequado, a pessoa deve manter o balanço correto entre os diferentes elementos do tratamento integral como a alimentação, exercício, medicamentos, monitoramento de glicose e educação contínua. As condutas de autocuidado (AC) são essenciais nas pessoas que têm DMT2 para manter e melhorar a sua saúde, porém, representam desafio para o indivíduo que a sofre e para o profissional da saúde.

Diversas pesquisas têm destacado a importância do autocuidado(6-8), porém, a prevalência do diabetes segue em aumento e isso se vê refletido nas estatísticas. No México, mesmo quando a prevalência é mais alta nas pessoas com mais de 60 anos de idade, proporção importante dos casos inicia a doença antes dos 40 anos, o que representa implicações consideráveis: maior tempo com a doença expõe a períodos mais longos de hiperglicemias e isso favorece o início, ou intensificação, das complicações, as quais afetam a qualidade de vida das pessoas e podem levá-los à morte. Com a finalidade de apoiar o cuidado da pessoa com diabetes mellitus e identificar alguns fatores relacionados, realizou-se a presente pesquisa, na procura por definir as condutas de autocuidado como as atividades que a pessoa com diabetes leva a cabo para cuidar da sua saúde na alimentação, exercício, monitoramento e medicamentos.

Objetivos

Como exposto, no presente estudo foram planejados como objetivos: analisar as condutas de autocuidado (dieta, exercício, monitoramento e medicamentos) e a sua relação com indicadores de saúde como HbA1c, colesterol, triglicerídeos, IMC, circunferência de cintura e porcentagem de gordura corporal; descrever a influência da idade, escolaridade, gênero e educação/compreensão prévia da diabetes no autocuidado e indicadores de saúde e determinar diferenças de condutas de autocuidado, de acordo com o gênero, idade, escolaridade e ocupação.

Métodos

O desenho do estudo foi descritivo e correlacional e se realizou de agosto de 2005 a maio de 2006. A população consistiu de pacientes com diabetes tipo 2, registrados numa clínica de primeiro nível de atenção, num bairro da cidade de Nuevo León, no México. Utilizou-se amostra aleatória simples e se determinou amostra de 98 participantes com o programa n–Query advisor 4.0, com um nível de confiança de 95% e potência de 0,80. Consideraram-se como critérios de inclusão ter diabetes tipo 2, idade de 30 a 55 anos e saber ler e escrever e, como exclusão, a presença de deterioração cognitiva, transtorno psiquiátrico e depressão severa.

Do listado geral de pacientes registrados, foram selecionados aleatoriamente os participantes, aqueles que foram contatados por telefone, ou em seu domicilio, para a realização de uma primeira entrevista na clínica, onde se avaliaram os critérios de inclusão e exclusão. Para esse efeito, utilizou-se um prontuário de dados que incluiu: a) dados sociodemográficos e b) antecedentes clínicos, os quais corroboraram o expediente clínico.

A deterioração cognitiva foi detectada através do Exame Breve do Estado Mental, que avalia o estado cognitivo em áreas como orientação no tempo e lugar, atenção, concentração, memória e linguagem. A pontuação global varia de 0 a 30. O ponto de corte utilizado foi de 23 ou mais pontos para incluí-los no estudo. Descartou-se, também, a depressão severa, utilizando o Inventário de Depressão de Beck, o qual consta de 21 perguntas. Cada item tem valor máximo de 3 pontos. Na pontuação total, um valor de 9 ou menos é considerado como normal, de 10-20 depressão leve, de 21-30 moderada e de 31 a 63 depressão severa. Excluíram-se os participantes que apresentaram depressão severa, remetendo-os ao Departamento de Psicologia da Instituição de Saúde. Ambos os instrumentos foram validados para a população mexicana(9-10). Aos pacientes que não reuniram o perfil foi proporcionada orientação educativa em diabetes, agradecendo a participação. Aqueles que reuniram o perfil foram convidados formalmente a participar do estudo, através do consentimento informado.

Realizaram-se medições antropométricas como altura, peso, porcentagem de gordura corporal e circunferência de cintura, utilizando-se instrumentos adequados, com base nos critérios da Organização Mundial da Saúde para sobrepeso e obesidade(11). Aplicou-se o Questionário de Ações de Autocuidado(12), o qual está fundamentado em elementos típicos do tratamento para o diabetes na alimentação, exercício, monitoramento de glicose e medicamentos. Consta de 12 perguntas de atividades levadas a cabo durante os sete dias prévios à entrevista. A versão em espanhol foi submetida à avaliação de aparência e conteúdo por profissionais da área, e submetida à validação em estudo piloto. As pontuações desse instrumento foram transformados para índices de 0 a 100, onde as pontuações mais altas refletem melhor o autocuidado. Utilizou-se, ademais, as dimensões de educação e compreensão do Questionário de Perfil da Diabetes(13), as quais compreendem 16 perguntas relacionados à educação recebida em diabetes e a compreensão da mesma. Índices mais altos refletem melhor educação/compreensão. Esse instrumento foi submetido, também, à avaliação pertinente.

Determinaram-se níveis de HbA1c, colesterol e triglicerídeos. Para os valores de HbA1c, considerou-se como ponto de corte aceitável <7,0%(14). Para o perfil de lipídeos, foram considerados os valores ótimos: colesterol total <200mg/dl e triglicerídeos <150mg/dl(15). Esta pesquisa se realizou de acordo com o Regulamento da Lei Geral de Saúde em matéria de pesquisa(16), no México, e foi autorizada pela Comissão de Ética e Investigação da Instituição de Saúde e pela Faculdade de Enfermagem da Universidade Autônoma de Nuevo León.

Os dados foram processados e analisados no programa estatístico SPSS, versão 15, através de estatística descritiva e inferencial. Aplicaram-se frequências, proporções, medidas de tendência central e de variabilidade. Previamente à análise inferencial, foi aplicada a prova de normalidade de Kolmogorov-Smirnov e, com base no resultado, decidiu-se utilizar estatística não-paramétrica. Para o primeiro objetivo, utilizou-se a prova de correlação de Spearman, para o segundo, a análise multivariada, e se empregou as provas de U de Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para o terceiro objetivo.

Resultados

As mulheres representaram 74,5% dentre os participantes. A idade média da amostra foi de 47 (dp=5,41) e escolaridade de 7,9 (dp=3,38). A ocupação que mais prevaleceu foram de donas de casa com 48%, seguida de empregados em empresas privadas (24,5%) e setor informal (10,2%). A média de educação prévia em diabetes foi de 84,95 (dp=19,90) e de compreensão 60,73 (dp=18,46). O autocuidado global foi baixo (X=36,94, dp=15,14), os resultados, por dimensão, estão apresentados na Tabela 1.

Dos indicadores de saúde, em todos (exceto o colesterol) os participantes mostraram níveis fora de intervalos normais em mais de 60%. Na Tabela 2, são mostradas as frequências e porcentagens por classificação.

Para dar resposta ao primeiro objetivo, foram realizadas correlações de Spearman entre o autocuidado global e os indicadores de saúde. Encontrou-se que, no melhor autocuidado, houve níveis mais baixos de HbA1c (rs= -0,379, p<0,001), o que se traduz em melhor controle glicêmico. Assim mesmo, observou-se relação negativa significativa entre o autocuidado e os níveis de triglicerídeos (rs= -0,208, p=0,040), autocuidado e gordura corporal (rs= -0,221, p=0,029), e autocuidado e IMC (rs= -0,248, p=0,014). Realizou-se essa análise pela dimensão do autocuidado (ver Tabela 3), destacando-se a relação da dimensão dieta com vários indicadores de saúde.

A respeito do segundo objetivo, ajustou-se um modelo linear geral multivariado, onde foram incluídos os indicadores de saúde (HbA1c, colesterol, triglicerídeos, cintura, gordura corporal e IMC) como variáveis resultado e o autocuidado geral como variáveis independentes moderadas pela idade, escolaridade, gênero e educação/compreensão em diabetes. Utilizando o método backward, o melhor modelo de predição revelou que só o gênero (p<0,05) moderou a relação entre o autocuidado e os indicadores de saúde. Anteriormente ao modelo (análise intrassujeitos), a influência significativa (p<0,05) se observou só nos indicadores de HbA1c, IMC e a gordura corporal com explicações de variâncias de 9 a 41%. Ajustou-se outro modelo multivariado, porém, incluindo as quatro dimensões do autocuidado como variáveis independentes (dieta, exercício, monitoramento e medicamentos) e os indicadores de saúde como variáveis dependentes. Através do método backward, o modelo de melhor predição incluiu somente a dimensão dieta como fator de predição dos indicadores de saúde (p<0,05) moderada pelo gênero (p<0,001) e a compreensão prévia em diabetes (p=0,04). No modelo, a variância explicada mais alta foi para o indicador gordura corporal (R2=0,43).

Em relação ao terceiro objetivo que estabeleceu a determinação de diferenças de autocuidado, de acordo com gênero, idade, escolaridade e ocupação, só se encontraram diferenças significativas no exercício e de acordo com o gênero (U=552, p=0,003). Os homens realizavam mais exercício (Mdn=27,78) que as mulheres (Mdn=11,11).

Discussão

Em relação ao autocuidado, o índice geral obtido nessa população foi baixo, e está de acordo com outras pesquisas realizadas(6-7), porém, outros autores têm informado médias mais altas de autocuidado(17). Uma possível explicação da diferença poderia ser o origem das amostras estudadas e as diversas metodologias de cada um dos estudos. Observou-se melhor nível de ações nos medicamentos se comparados com a dieta, exercício e monitoramento. Esse achado é congruente com aqueles que outros autores têm informado, referentes ao consumo de medicamentos(18).

O nível alto encontrado somente numa dimensão do autocuidado é consistente com a literatura, quando sugere que esse tende a diminuir de acordo com a complexidade do regime terapêutico, atividades como a dieta são mais difíceis de manter porque podem ser influenciadas por complexa interação de processos, incluindo condicionamento, costumes e cultura(19), enquanto que para tomar medicamentos o paciente encontra menos dificuldade. Os baixos níveis de autocuidado em dieta e exercício encontrados neste estudo são congruentes com a alta prevalência de obesidade e sobrepeso observados, maior que nos últimos levantamentos realizados no México(20), porém consistente com outros autores(8).

Um dos principais resultados deste estudo foi a relação do autocuidado com o controle glicêmico (representado pela HbA1c), observado nas correlações e, posteriormente, na análise multivariada moderada pelo gênero. Apesar de a relação ter sido modesta, esse achado é congruente com outros estudos(17,21), quando reportaram que melhor autocuidado é predito por melhor controle glicêmico (baixa HbA1c). Porém, é necessário reconhecer que esses autores não mencionam que essa relação tem sido moderada pelo gênero.

Dentre as dimensões do autocuidado, a dieta foi a que mais se relacionou com os indicadores de saúde (moderada pelo gênero e a compreensão prévia em diabetes). Esse achado é muito relevante já que coincide com a ênfase que se dá às intervenções multidisciplinares(14), baseadas em conteúdos educativos que enfocam principalmente estilos de vida na alimentação e exercício, para obter melhor controle glicêmico. A educação é um processo chave para favorecer a modificação de condutas não saudáveis e obter melhor controle da doença(22-25).

Em relação ao autocuidado, relacionado ao gênero, os homens manifestaram se exercitar mais do que as mulheres. Uma explicação para o achado nessa amostra poderia ser o tipo de ocupação que tinham. Por outro lado, do total de mulheres, a maioria era composta por donas de casa; já a maioria dos homens trabalhava como operários ou empregados em empresas privadas, o que implica maior atividade.

Conclusões

Nesta pesquisa encontrou-se que os adultos com diabetes tipo 2 têm autocuidado geral baixo nos fatores alimentação, exercício e monitoramento de glicose, controle glicêmico pobre e alta prevalência de obesidade/sobrepeso. Nas melhores condutas de autocuidado gerais observaram-se melhores indicadores de saúde como melhor hemoglobina glicosilada, IMC baixo e menos gordura corporal, isso influenciado pelo gênero. Das dimensões do autocuidado, pode-se comentar que melhor dieta teve como consequência menor porcentagem de gordura corporal, também influenciada pelo gênero e pela compreensão das informações sobre o diabetes.

Este estudo revela a necessidade de replanejar os conteúdos e estratégias do ensino implementados pelos profissionais da saúde, na educação dos pacientes com diabetes. As intervenções cognitivo-educativas multidisciplinares, dirigidas ao adulto, podem favorecer a aquisição individual e responsável de condutas saudáveis de autocuidado, principalmente na alimentação, exercício e automonitoramento que tenham impacto no controle glicêmico, para diminuir o risco de complicações e melhorar a qualidade de vida. Diversos fatores sociais, cognitivos e culturais requerem ser explorados para garantir aprendizado que leve o portador dessa doença à tomada de ações efetivas. Especificamente, as enfermeiras, como promotoras da saúde, podem facilitar a aquisição dessas habilidades e contribuir para a manutenção e melhoramento da saúde do indivíduo.

Agradecimentos

Este trabalho foi apoiado pela Universidade Autônoma de Tamaulipas, através do Programa de Melhoramento do Professorado (PROMEP), no México.

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  • Corresponding Author:
    Lidia Guadalupe Compeán Ortiz
    Universidad Autónoma de Tamaulipas, Facultad de Enfermería
    Campus Tampico
    Avenida Universidad, Boulevard López Mateos S/N
    89140 Tampico, Tamaulipas, México
    E-mail:
  • 1
    Paper extracted from Doctoral Dissertation “Autocuidado en adultos con diabetes tipo 2: Influencia de la memoria y el aprendizaje”, Facultad de Enfermería de la Universidad Autónoma de Nuevo León, Monterrey México. Supported by Programa de Mejoramiento del Profesorado (PROMEP-SEP), Universidad Autónoma de Tamaulipas, México.
  • Datas de Publicação

    • Publicação nesta coleção
      01 Out 2010
    • Data do Fascículo
      Ago 2010

    Histórico

    • Aceito
      14 Jan 2010
    • Recebido
      21 Maio 2009
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