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Síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis* * Apoio Financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Brasil - Processo 2017/17759-0.

Resumos

Objetivo:

analisar os escores das dimensões do burnout em trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis.

Método:

estudo quantitativo, transversal e comparativo, realizado com 589 trabalhadores de enfermagem que responderam o Questionário de Caracterização Sociodemográfica e Profissional e o Maslach Burnout Inventory. Procedeu-se a análise descritiva e analítica dos dados.

Resultados:

Os trabalhadores de enfermagem espanhóis apresentam maiores médias na dimensão Despersonalização (p=0,004) e os brasileiros maiores pontuações na dimensão Realização Profissional (p=0,031). Observou-se que tanto na Espanha quanto no Brasil auxiliares/técnicos de enfermagem possuem maior Exaustão Emocional do que os enfermeiros; no Brasil a Despersonalização é maior em enfermeiros, na Espanha é maior em auxiliares/técnicos de enfermagem. Verificou-se resultados estatisticamente significativos na associação das dimensões do burnout com as características sociodemográficas e de trabalho: idade, categoria profissional, local de trabalho, regime de trabalho, turno de trabalho, tempo de experiência profissional, tempo de atuação no mesmo local de trabalho e considerar o trabalho estressante.

Conclusão:

apesar dos trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis pontuarem níveis baixos de Despersonalização e elevados de Realização Profissional, verifica-se níveis médios de Exaustão Emocional, indicando um fator preventivo importante a ser trabalhado, uma vez que a Exaustão Emocional é considerada o primeiro estágio do burnout.

Descritores:
Esgotamento Profissional; Despersonalização; Enfermagem; Recursos Humanos de Enfermagem; Administração de Recursos Humanos em Saúde; Saúde do Trabalhador


Objective:

to analyze the burnout dimensions scores in Brazilian and Spanish nursing workers.

Method:

quantitative, cross-sectional and comparative study conducted with 589 Nursing workers who answered the Sociodemographic and Professional Characterization Questionnaire and the Maslach Burnout Inventory. Descriptive and analytical analysis of the data was performed.

Results:

Spanish Nursing workers presented higher averages in the Depersonalization dimension (p = 0.004) and Brazilians, higher scores in the Professional Achievement dimension (p = 0.031). In both Spain and Brazil, nursing assistants / technicians were found to have higher Emotional Exhaustion than nurses; In Brazil, Depersonalization is higher in nurses and in Spain it is higher in Nursing assistants / technicians. Statistically significant results were found in the association of burnout dimensions with sociodemographic and work characteristics: age; professional category; workplace; work regime; work shift; time of professional experience; working time in the same workplace and consider stressful work.

Conclusion:

Although Brazilian and Spanish nursing workers score low levels of Depersonalization and high Professional Achievement, there are average levels of Emotional Exhaustion, indicating an important preventive factor to be worked on, since Emotional Exhaustion is considered the first stage of burnout.

Descriptors:
Burnout, Professional; Despersonalization; Nursing; Nursing Staff; Health Personnel Management; Occupational Health


Objetivo:

analizar los puntajes de las dimensiones del burnout en trabajadores de enfermería brasileños y españoles.

Método:

estudio cuantitativo, transversal y comparativo realizado con 589 trabajadores de enfermería que respondieron el cuestionario de caracterización sociodemográfica y profesional y el Maslach Burnout Inventory. Se realizó un análisis descriptivo y analítico de los datos.

Resultados:

los trabajadores de enfermería españoles tuvieron promedios más altos en la dimensión de Despersonalización (p=0,004) y los brasileños más altos puntajes en la dimensión de Logro Profesional (p=0,031). Tanto en España como en Brasil, se descubrió que los asistentes/técnicos de enfermería tenían un mayor Agotamiento Emocional que los enfermeros; en Brasil, la Despersonalización es mayor en enfermeros; en España, es mayor en auxiliares/técnicos de enfermería. Se encontraron resultados estadísticamente significativos en la asociación de las dimensiones del burnout con las características sociodemográficas y laborales: edad, categoría profesional, lugar de trabajo, régimen laboral, turno de trabajo, duración de la experiencia laboral, tiempo trabajando en el mismo lugar y considerar el trabajo estresante.

Conclusión:

aunque los trabajadores de enfermería brasileños y españoles obtienen bajos niveles de Despersonalización y altos de Logro Profesional, existen niveles promedio de agotamiento emocional, lo que indica un importante factor preventivo en el que trabajar, ya que el agotamiento emocional se considera la primera etapa del burnout.

Descriptores:
Agotamiento Profesional; Despersonalización; Enfermería; Personal de Enfermería; Administración del Personal en Salud; Salud Laboral


Introdução

Os transtornos mentais nos trabalhadores de enfermagem têm adquirido maior expressividade na última década, evidenciando uma séria problemática no campo da saúde do trabalhador e para os serviços de saúde no contexto internacional(11 Dewa CS, Loong D, Bonato S, Thanh NX, Jacobs P. How does burnout affect physician productivity? A systematic literature review. BMC Health Serv Res. 2014; 14:325. doi: https://doi.org/10.1186/1472-6963-14-325
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2 Portero S, Vaquero M. Professional burnout, stress and job satisfaction of nursing staff at a university hospital. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2015; 23(3):543-52. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.0284.2586
http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.0284...
-33 Perry L, Lamont S, Brunero S, Gallagher R, Duffield C. The mental health of nurses in acute teaching hospital settings: a cross-sectional survey. BMC Nurs. [internet]. 2015 [cited Dec 29, 2017]; 14:15. Available from: https://bmcnurs.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12912-015-0068-8
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).

Dentre os transtornos mentais, o burnout, uma síndrome psicossocial que surge em resposta a estressores crônicos do trabalho, composta por Exaustão Emocional (EE), Despersonalização (DE) e Realização Profissional (RP)(44 Maslach C, Schaufeli WB, Leiter MP. Job Burnout. Annual Rev Psychol. 2001;52: 397-422. doi: https://doi.org/10.1146/annurev.psych.52.1.397
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) tem sido alvo de muitas investigações. Revisão sistemática recente apontou que países de todo o mundo estão reconhecendo o impacto do burnout e do desgaste psíquico dos trabalhadores na produtividade, especialmente pelo número de dias perdidos e pelo impacto na capacidade para o trabalho(11 Dewa CS, Loong D, Bonato S, Thanh NX, Jacobs P. How does burnout affect physician productivity? A systematic literature review. BMC Health Serv Res. 2014; 14:325. doi: https://doi.org/10.1186/1472-6963-14-325
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). Outros estudos apontam os transtornos psíquicos e o burnout como responsáveis por grande parte das restrições na enfermagem, intenção de abandonar a profissão, baixa qualidade da assistência, aumento de erros, refletindo na segurança do paciente(33 Perry L, Lamont S, Brunero S, Gallagher R, Duffield C. The mental health of nurses in acute teaching hospital settings: a cross-sectional survey. BMC Nurs. [internet]. 2015 [cited Dec 29, 2017]; 14:15. Available from: https://bmcnurs.biomedcentral.com/track/pdf/10.1186/s12912-015-0068-8
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,55 Baptista PCP, Pustiglione M, Almeida MCS, Felli VEA, Garzin ACA, Melleiro MM. Nursing workers health and patient safety: the look of nurse managers. Rev Esc Enferm USP. [Internet] 2015 [cited Dec 29, 2017]; 49(Esp2):120-6. Available from: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v49nspe2/en_1980-220X-reeusp-49-spe2-0122.pdf
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-66 Silveira ALP, Colleta TCD, Ono HRB, Woitas LR, Soares SH, Andrade VLA, et al. Burnout Syndrome: consequences and implications of an increasingly prevalent reality in health professionals' lives. Rev Bras Med Trab. [internet].2016[cited 3 Marc 2019];14(3):275-84. Available from: http://www.rbmt.org.br/details/121/pt-BR/sindrome-de-burnout--consequencias-e-implicacoes-de-uma-realidade-cada-vez-mais-prevalente-na-vida-dos-profissionais-de-saude
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).

Apesar de algumas particularidades, o processo de trabalho da enfermagem acontece de forma semelhante em diferentes países, devido às características inerentes ao cuidar e suas implicações práticas, relacionadas a tensão emocional constante, necessidade de concentração, atenção e grande responsabilidade(77 Admi H, Yael EM. Do hospital shift charge nurses from different cultures experience similar stress? An international cross sectional study. Int J Nurs Stud. 2016; 63: 48-57. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2016.08.005
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). Além disso, a natureza do trabalho em saúde, caracterizada pela experiencia da dor, sofrimento e perda de pacientes, pode afetar os trabalhadores, propiciando o surgimento da síndrome de burnout22 Portero S, Vaquero M. Professional burnout, stress and job satisfaction of nursing staff at a university hospital. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2015; 23(3):543-52. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.0284.2586
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.

Contudo, o burnout e outros transtornos psíquicos têm sido alvo de investigações, na perspectiva da análise das condições de trabalho, e detalhamento das variáveis que permeiam esse constructo(88 Granero A, Blanch JM, Ochoa P. Labor conditions and the meanings of nursing work in Barcelona. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e2947. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2342.2947
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9 Blanca-Gutiérrez JJ, Arias-Herrera A. Burnout syndrome among nursing staff: hospital-environment stress associations, Andalucia, Spain. Enferm Univ. [internet]. 2018 Mar [cited 2019 Mar 6]; 15(1): 30-44. Available: http://www.scielo.org.mx/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1665-70632018000100030&lng=es. http://dx.doi.org/10.22201/eneo.23958421e.2018.1.62903.
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10 Cañadas-De la Fuente GA, Albendín-García L, de la Fuente EI, San Luis C, Gómez-Urquiza JL, Cañadas GR. Burnout in Nursing Professionals Performing Overtime Workdays in Emergency and Critical Care Departments. Spain. Rev Esp Salud Publica. [internet]. 2016 set [cited Marc 2, 2019]; 90: e1-9. Available from: http://www.mscbs.gob.es/biblioPublic/publicaciones/recursos_propios/resp/revista_cdrom/VOL90/ORIGINALES/RS90C_GCF.pdf
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-1111 Soto-Rodríguez A, Pérez-Fernandez MR. Burnout syndrome and stress of nursing staff in a Ourense hospital. Rev ROL Enferm. [internet]. 2015 fev [cited Feb 28, 2018];38(2):101-6. Available from: http://www.e-rol.es/articulospub/articulospub_paso3.php?articulospubrevista=38(02)&itemrevista=101-106#
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). Nessa direção, questões organizacionais no trabalho da enfermagem brasileira e européia também têm refletido no adoecimento físico e psíquico dos trabalhadores devido às condições de trabalho adversas, agravadas com a recente crise econômica, que expôs os trabalhadores desses cenários ao aumento da sobrecarga de trabalho, má dimenssionamento de recursos humanos, aumento do número de vínculos informais e medo do desemprego(88 Granero A, Blanch JM, Ochoa P. Labor conditions and the meanings of nursing work in Barcelona. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2018;26:e2947. doi: http://dx.doi.org/10.1590/1518-8345.2342.2947
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,1010 Cañadas-De la Fuente GA, Albendín-García L, de la Fuente EI, San Luis C, Gómez-Urquiza JL, Cañadas GR. Burnout in Nursing Professionals Performing Overtime Workdays in Emergency and Critical Care Departments. Spain. Rev Esp Salud Publica. [internet]. 2016 set [cited Marc 2, 2019]; 90: e1-9. Available from: http://www.mscbs.gob.es/biblioPublic/publicaciones/recursos_propios/resp/revista_cdrom/VOL90/ORIGINALES/RS90C_GCF.pdf
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,1212 Machado MH, Oliveira E, Lemos W, Lacerda WF, Aguiar W Filho, Wermelinger M, et al. Mercado de trabalho da enfermagem: aspectos gerais. Enferm Foco.[internet]. 2015[cited Mar 2, 2019]; 6 (1/4): 43-78. Available from: http://revista.cofen.gov.br/index.php/enfermagem/article/view/691/301
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).

Esses resultados trazem implicações para o campo de estudos e práticas em saúde do trabalhador, revelando a necessidade de medidas protetivas à saúde mental dos profissionais da equipe de saúde, especialmente da enfermagem.

Tanto no Brasil como na Espanha, a equipe de enfermagem é constituída por enfermeiros, profissional com escolaridade de nível superior e auxiliares/técnicos de enfermagem, que se profissionalizam com um curso de menor duração, de nível médio. O papel da enfermeiro envolve ações mais complexas do cuidar e o gerenciamento da equipe, enquanto os auxiliares/técnicos são responsáveis pelo desenvolvimento de atividades de menor complexidade e maior exigência física como higienização dos pacientes e arrumação dos leitos. Ponderando sobre os dados apresentados, a similaridade dos contextos do trabalho e a importância de diagnosticar para intervir e prevenir agravos aos trabalhadores e consequentemente às organizações e aos pacientes, o presente estudo objetivou analisar os escores das dimensões do burnout em trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis.

Método

Estudo de abordagem quantitativa, transversal e comparativo, utilizando amostragem não probabilística por conveniência constituída por 589 trabalhadores de enfermagem (enfermeiros, auxiliares/técnicos de enfermagem) brasileiros e espanhóis. Seguindo os preceitos éticos vigentes em cada país, foi aprovado no Brasil pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (parecer 912.483 de 17/11/2014) e na Espanha pelo Comitê Regional de Ética em Pesquisa Clínica do Principado de Astúrias (código 83/15). Esta pesquisa é parte do projeto multicêntrico “Dos contextos de trabalho à saúde ocupacional dos profissionais de enfermagem, um estudo comparativo entre Portugal, Brasil e Espanha”, desenvolvido entre a Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo, a Universidade de Oviedo, a Universidade do Porto e a Escola Superior de Enfermagem do Porto.

A coleta de dados foi realizada por dois dos autores, entre junho de 2015 e dezembro de 2016, em quatro instituições públicas hospitalares e uma pré-hospitalar do litoral norte de São Paulo, Brasil e, em seis hospitais e seis instituições pré-hospitalares de uma Província do norte de Espanha.

Tanto no Brasil, como na Espanha adotou-se seguintes procedimentos para coleta de dados: previamente foi verificado junto aos gerentes das instituições de saúde os dias e horários mais propícios para realização do convite aos trabalhadores de enfermagem para participarem do estudo; estes foram abordados individualmente no local de trabalho e após esclarecimentos sobre o teor da pesquisa e aspectos éticos pertinentes, os questionários, juntamente com os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) foram distribuídos e posteriormente recolhidos, em data e horário agendados, em envelope lacrado, sem identificação externa, buscando garantir o sigilo e a confiabilidade das informações, bem como não interferir na rotina de trabalho. Foram elegíveis os trabalhadores de enfermagem das instituições que autorizaram a aplicação do estudo e que estavam presentes no local de trabalho nas datas acordadas para coleta de dados com os respectivos gerentes; excluiu-se 08 questionários com dados incompletos e/ou ilegíveis.

Para a coleta de dados, foram utilizados um Questionário de Caracterização Sociodemográfica e Profissional (constam informações sobre idade, sexo, estado conjugal, categoria profissional, tempo de formação profissional e no local atual de trabalho, regime de trabalho e turno, se considera o trabalho estressante e se possui dependente ao qual presta cuidados) e o Maslach Burnout Inventory - Human Services Survey (MBI-HSS) elaborado por Maslach e Jackson(1313 Maslach C, Jackson SE. MBI- Inventário "Burnout" de Maslach. Madrid: TEA Ediciones; 1997.), traduzido e validado para o Português(1414 Lautert L. O desgaste do Profissional enfermeiro. Tese. Salamanca: Universidad Pontificia Salamanca; 1995 [acesso mar 9 2017]. Disponível em:http://hdl.handle.net/10183/11028
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) e para o Espanhol(1515 Seisdedos N. MBI- Inventario Burnout de Maslach: manual. Madrid: TEA; 1997.). Tanto no Brasil, como na Espanha o MBI-HSS é constituído por 22 itens. Na versão brasileira cada item é distribuído numa escala de 5 pontos, que varia de 0 a 4 (“nunca” até “diariamente”) e na versão espanhola numa escala de 7 pontos, que varia 0 a 6 (“nunca” até “diariamente”). Assim, para possibilitar a comparação dos escores entre os países foi necessário a normalização dos mesmos, que foi realizada multiplicando-se os escores da versão brasileira por 600 e da versão espanhola por 400. Após, os escores de ambas as versões da escala passaram a ser de 0 a 100.

O MBI-HSS avalia como é a vivência do trabalhador no seu trabalho em três dimensões: Exaustão Emocional (EE) (itens 1, 2, 3, 6, 8, 13, 14, 16 e 20), Despersonalização (DE) (itens 5, 10, 11, 15 e 22) e Realização Profissional (RP) itens (4, 7, 9, 12, 17, 18, 19 e 21). Valores elevados nas dimensões EE e DE, associadas à baixa pontuação na dimensão RP indicam burnout (1414 Lautert L. O desgaste do Profissional enfermeiro. Tese. Salamanca: Universidad Pontificia Salamanca; 1995 [acesso mar 9 2017]. Disponível em:http://hdl.handle.net/10183/11028
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). Nesse estudo não se adotou ponto de corte; as análises foram realizadas pelo cálculo das médias dos escores em cada dimensão, tanto para trabalhadores de enfermagem brasileiros, quanto para os espanhóis.

Os dados coletados foram inseridos em planilha do programa de computador Microsoft Office Excel®, em forma de banco de dados eletrônico e, posteriormente, convertidos para o programa Statistical Package for the Social Sciences® (SPSS) 22.0 e Software livre R 3.3.2 para análise. Foi realizada análise descritiva e analítica dos dados, por meio de frequências relativas, absoluta, média, desvio padrão, mínimo e máximo, bem como testes de associação e correlação entre as variáveis. Para a comparação das médias das dimensões do burnout entre os países foi utilizado o Test T Student. O modelo ANOVA dois fatores foi utilizado para a associação das dimensões do burnout em cada país com as variáveis categóricas e o ANCOVA fatorial para associação com as variáveis numéricas, adotando-se intervalo de confiança de 95%.

Resultados

Dos 589 participantes do estudo, 47,20% são brasileiros e 52,80% são espanhóis, 89,47% do sexo feminino, sendo que 60,61% vivem em união conjugal estável (Tabela 1). Possuem idade média de 39,5 anos (DP 9,36; mínimo 20; máximo 64).

Tabela 1
Caracterização sociodemográfica e profissional dos trabalhadores de enfermagem. São Paulo, Brasil/Astúrias, Espanha, 2015-2016

Quanto às características profissionais, 48,56% são trabalhadores de enfermagem de nível médio (técnico) e 51,44% são enfermeiros; 94,06% trabalham na atenção hospitalar, 74,02% não possuem estabilidade no emprego, e 77,76% consideram o trabalho como estressante (Tabela 1).

O tempo de experiência profissional média é de 13,5 anos (DP 8,94; mínimo 0,16; máximo 45) e tempo médio de atuação no local atual de trabalho é 7,9 anos (DP 7,05; mínimo 0; máximo 40).

Em relação às dimensões do burnout, os trabalhadores de enfermagem espanhóis apresentaram maiores médias na dimensão DE (p=0,004) e os trabalhadores de enfermagem brasileiros maiores pontuações na dimensão RP (p= 0,031) (Tabela 2).

Tabela 2
Distribuição e comparação das médias das dimensões do burnout em trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis. São Paulo, Brasil/Astúrias, Espanha, 2015-2016

Não houve evidência de associação das dimensões do burnout em cada país com as variáveis categóricas sexo, estado civil e presença de dependentes. A Tabela 3 apresenta as associações com significância estatística das dimensões do burnout com as demais variáveis categóricas.

Tabela 3
Associação das dimensões do burnout em trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis com as variáveis categóricas. São Paulo, Brasil/Astúrias, Espanha, 2015-2016

Verifica-se que tanto na Espanha quanto no Brasil auxiliares/técnicos de enfermagem possuem maior EE do que enfermeiros (efeito principal p=0,029); os trabalhadores da atenção hospitalar possuem níveis maiores de EE do que os da atenção pré-hospitalar (efeito principal p<0,001) e que os participantes que consideram o trabalho estressante possuem maiores níveis de EE do que aqueles que não consideram o trabalho estressante (efeito principal p<0,001). No Brasil, trabalhadores com turno de trabalho fixo possuem maior grau de EE, enquanto na Espanha são os trabalhadores do turno rotativo (interação p=0,001).

Na associação da dimensão DE verifica-se que tanto na Espanha como no Brasil, os trabalhadores da atenção hospitalar possuem níveis maiores do que os da atenção pré-hospitalar (efeito principal p<0,001), assim como os trabalhadores que consideram o trabalho estressante possuem maiores níveis de DE do que os que não consideram (efeito principal p<0,001). No Brasil a DE é maior em enfermeiros, enquanto na Espanha é maior em auxiliares/técnicos de enfermagem (interação p=0,024). No Brasil, trabalhadores com turno de trabalho fixo possuem maior grau de DE, enquanto na Espanha são os trabalhadores do turno rotativo (interação p=0,047) (Tabela 3).

Os dados da Tabela 3 evidenciam ainda que quanto a dimensão RP a associação com a estabilidade no trabalho evidencia que na Espanha e no Brasil os trabalhadores sem estabilidade possuem maior RP (efeito principal p=0,025), assim como os trabalhadores que não consideram o trabalho estressante (efeito principal p=0,041).

A Figura 1 apresenta a associação das dimensões do burnout com as variáveis numéricas. Não se encontrou relação entre idade com a dimensão EE (Coeficiente de Regressão (CR)=0,261; p-valor interação=0,209; Intervalo de Confiança (IC)95%: -0,14 a 0,66; Coeficiente de determinação(R²)=0.009). No Brasil verifica-se correlação positiva entre tempo de experiência profissional e EE, ou seja, conforme aumenta o tempo de experiência profissional, eleva também os níveis de EE (CR=0,652; p-valor interação=0,005; IC95%: 0,19 a 1,10; R² = 0.023), enquanto na Espanha essa interação não é significativa.

Figura 1
Relação das dimensões do burnout com as variáveis idade, experiência profissional e tempo de atuação no atual local de trabalho. São Paulo, Brasil/Astúrias, Espanha, 2015-2016

Além disso, os dados pontuam que no Brasil quanto maior o tempo de atuação no local de trabalho maior a EE, enquanto na Espanha, quanto maior o tempo de atuação no local de trabalho, menor a EE (CR=0,552; p-valor interação=0,050; IC95%: -0,001 a 1,106; R² = 0.010).

Não se encontrou relação entre as variáveis numéricas idade (CR=-0,086; p-valor interação=0,661; IC95%: -0,47 a 0,29; R² = 0.010), experiência profissional (CR=0,148; p-valor interação=0,503; IC95%: -0,28 a 0,58; R² = 0.012) e tempo de atuação no local de trabalho (CR=0,237; p-valor interação=0,372; IC95%: -0,28 a 0,75; R² = 0.010) com a dimensão DE.

Ao associar a dimensão RP com as variáveis numéricas observa-se correlação positiva entre idade e RP nos trabalhadores brasileiros, e correlação negativa nos trabalhadores espanhóis (CR=0,475; p-valor interação=0,008; IC95%:0,12 a 0,82; R² = 0.023); no Brasil há correlação positiva entre tempo de experiência profissional e RP, enquanto na Espanha esta correlação é negativa (CR=0,515; p-valor interação=0,012; IC95%:0,11 a 0,91; R² = 0.024). Não houve correlação entre tempo de atuação no local de trabalho e RP (CR=0,025; p-valor interação=0,920; IC95%:-0,46 a 0,51; R² = 0.012).

Discussão

Atualmente, são poucos os estudos que analisam a síndrome de burnout em trabalhadores de enfermagem em uma perspectiva multicultural. A amostra deste estudo foi composta por trabalhadores brasileiros e espanhóis adultos jovens, com predominância feminina, corroborando com resultados obtidos em outros estudos(1616 Panunto MR, Guirardello EB. Professional nursing practice: environment and emotional exhaustion among intensive care nurses. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2013; 21(3):765-72. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-11692013000300016
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17 Gasparino RC. Burnout syndrome in the nursing team of a teaching hospital. Cogitare Enferm. 2014 apr/jun [cited Dec 28, 2017]; 19(2):232-8. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/32649/22725
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...

18 Geuens N, Van Bogaert P, Franck E. Vulnerability to burnout within the nursing workforce: The role of personality and interpersonal behaviour. J Clin Nurs. 2017;26(23-24):4622-33. doi: http://dx.doi.org/10.1111/jocn.13808
http://dx.doi.org/10.1111/jocn.13808...
-1919 Aiken LH, Sloane DM, Bruyneel L, Heede KV, Sermeus W. Nurses' reports of working conditions and hospital quality of care in 12 countries in Europe. Int J Nurs Stud. 2013; 50(2):143-53. doi: http://dx.doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2012.11.009
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). Este estudo demonstra também que a divisão técnica do trabalho, a falta de estabilidade no emprego e a percepção de que o trabalho seja estressante são fatores que permeiam o cenário brasileiro e espanhol.

Encontramos uma grande variação na literatura internacional ao comparar em trabalhadores de enfermagem as médias de cada dimensão do burnout, inclusive dentro dos países aqui estudados(22 Portero S, Vaquero M. Professional burnout, stress and job satisfaction of nursing staff at a university hospital. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2015; 23(3):543-52. doi: http://dx.doi.org/10.1590/0104-1169.0284.2586
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,1717 Gasparino RC. Burnout syndrome in the nursing team of a teaching hospital. Cogitare Enferm. 2014 apr/jun [cited Dec 28, 2017]; 19(2):232-8. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/32649/22725
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
,2020 Guo J, Chen J, Fu J, Ge X, Chen M, Liu Y. Structural empowerment, job stress and burnout of nurses in China. Appl Nurs Res. 2016; 31: 41-5. doi: https://doi.org/10.1016/j.apnr.2015.12.007
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-2121 Zhang L, You L, Liu K, Zheng J, Fang J, Lu M, et al. The association of Chinese hospital work environment with nurse burnout, job satisfaction, and intention to leave. Nurs Outlook.[Internet]. 2014[cited dec 29, 2017]; 62(2):128- 37. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC3959248/pdf/nihms540287.pdf
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). Neste estudo, ao analisar as médias das dimensões no burnout em trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis observa-se que apesar de níveis baixos de DE e elevados de RP, verifica-se níveis médios de EE, indicando um fator preventivo importante a ser trabalhado, uma vez que a EE é considerada o primeiro estágio do burnout levando a DE, podendo interferir na RP. A literatura demonstra que a EE é resultante da sobrecarga de trabalho e de conflitos no relacionamento interpessoal e relaciona-se à falta de energia para realização das atividades laborais, ao sentimento de estar sobrecarregado, fadigado e com esgotamento físico e mental; a DE é uma forma de enfrentamento da EE, uma tentativa de se distanciar dos receptores do seu trabalho devido à EE, o que leva o trabalhador a uma resposta negativa no contexto interpessoal, tratando os receptores do seu trabalho com cinismo ou frieza, como se fossem objetos, como os responsáveis pelos seus problemas e; a reduzida RP é resultante de processo de auto avaliação, quando o trabalhador sente-se incompetente, fracassado, com baixa autoestima e com baixo desempenho no trabalho(44 Maslach C, Schaufeli WB, Leiter MP. Job Burnout. Annual Rev Psychol. 2001;52: 397-422. doi: https://doi.org/10.1146/annurev.psych.52.1.397
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).

Além disso, a EE está associada à insatisfação profissional, a intenção em deixar o emprego no próximo ano e ao sentimento de sobrecarga(1717 Gasparino RC. Burnout syndrome in the nursing team of a teaching hospital. Cogitare Enferm. 2014 apr/jun [cited Dec 28, 2017]; 19(2):232-8. Available from: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/32649/22725
https://revistas.ufpr.br/cogitare/articl...
).

Tratando-se da organização do trabalho, cada vez mais evidencia-se a influência do líder na manutenção de um clima de trabalho e de equipe favoráveis à realização dos trabalhadores e concretização das metas organizacionais. Nesse âmbito, a formação continuada dos líderes e a maturidade da equipe pode representar um ponto chave para a construção de estratégias de promoção de qualidade de vida no trabalho e consequentemente, redução do burnout.

Quanto à comparação das dimensões do burnout entre os países evidenciou diferenças significativas, onde trabalhadores de enfermagem brasileiros apresentam maior RP, enquanto os trabalhadores de enfermagem espanhóis DE.

Outra diferença observada tem relação com a organização do trabalho, de modo que a EE e a DE é mais elevada nos trabalhadores de enfermagem brasileiros com turno de trabalho fixo, enquanto na Espanha isso ocorre no turno rotativo.

A categoria profissional também parece desempenhar um papel importante nas diferentes dimensões do burnout, em função do país. Este estudo observou que os níveis de EE foram maiores em auxiliares/técnicos de enfermagem do que em enfermeiros, tanto no Brasil como na Espanha. Importante destacar a divisão técnica e social do trabalho de enfermagem que não somente expõe os trabalhadores à diferentes tipos de cargas de trabalho como, processos de adoecer, também diferentes, uma vez que os trabalhadores de nível superior se dedicam às atividades de maior exigência intelectual e cunho gerencial e os trabalhadores de nível médio, atividades de cunho manual, que exigem maior esforço físico.

Nos contextos brasileiro e espanhol, as atribuições dos auxiliares/técnico de enfermagem incluem atividades de assistência direta ao paciente; como técnicas de limpeza e higiene, ocasionando maior desgaste físico à categoria. Por outro lado, a pressão direta por ocasião da supervisão estrita, pela qualidade do atendimento tanto pelos usuários, quanto pelo supervisor (enfermeiro), também se constitui um elemento capaz de incrementar a EE nesses trabalhadores.

Esse dado diverge de pesquisa realizada com trabalhadores de saúde hospitalares italianos(2222 Mattei A, Fiasca F, Mazzei M, Necozione S, Bianchini V. Stress and Burnout in Health-Care Workers after the 2009 L'Aquila Earthquake: A Cross-Sectional Observational Study. Front Psychiatry. 2017; 8: 98. doi: http://doi.org/10.3389/fpsyt.2017.00098
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), porém corrobora com estudo brasileiro que evidenciou altos níveis de EE associado com o baixo nível de escolaridade(2323 Paiva LC, Canário ACG, China ELCP, Gonçalves AK. Burnout syndrome in health-care professionals in a university hospital. Clinics. (São Paulo). 2017; 72(5): 305-9. doi: http://doi.org/10.6061/clinics/2017(05)08
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).

Em relação aos níveis mais elevados de DE em enfermeiros brasileiros do que em auxiliares/técnicos de enfermagem, os dados coincidem com resultados da pesquisa(2222 Mattei A, Fiasca F, Mazzei M, Necozione S, Bianchini V. Stress and Burnout in Health-Care Workers after the 2009 L'Aquila Earthquake: A Cross-Sectional Observational Study. Front Psychiatry. 2017; 8: 98. doi: http://doi.org/10.3389/fpsyt.2017.00098
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) realizada na Itália e com estudo(2323 Paiva LC, Canário ACG, China ELCP, Gonçalves AK. Burnout syndrome in health-care professionals in a university hospital. Clinics. (São Paulo). 2017; 72(5): 305-9. doi: http://doi.org/10.6061/clinics/2017(05)08
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) com trabalhadores brasileiros da saúde hospitalar que encontrou associação da DE com maior grau de escolaridade em enfermeiros. Presume-se que o maior grau de escolaridade esteja atrelado à atribuição de maiores responsabilidades e com expectativas mais elevadas desses trabalhadores em relação à profissão. No entanto, outro estudo foi consistente com os resultados na população espanhola, que mostrou níveis mais elevados de DE em técnicos/auxiliares de enfermagem(2424 Arrogante O. Mediator effect of resilience between burnout and health in nursing staff. Enferm Clín. 2014; 24(5): 283-9. doi: https://doi.org/10.1016/j.enfcli.2014.06.003
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).

Tanto na Espanha como no Brasil os resultados indicaram maiores níveis de EE e DE nos trabalhadores de enfermagem da atenção hospitalar. Parece possível que estes resultados se devam às particularidades do ambiente de trabalho: enquanto o pré-hospitalar é caracterizada por um maior dinamismo e liberdade nas próprias decisões, no hospital o trabalho é realizado em unidades fechadas, com pacientes internados por longos períodos de tempo, em contato contínuo e direto com supervisores e gerentes, além de execução mais frequentes de tarefas administrativas.

Considerar o trabalho estressante demonstrou associação com burnout, uma vez que esses trabalhadores de enfermagem apresentaram maiores níveis de EE e DE, e menor RP, corroborando com a literatura que indica o estresse como preditor do burnout (2222 Mattei A, Fiasca F, Mazzei M, Necozione S, Bianchini V. Stress and Burnout in Health-Care Workers after the 2009 L'Aquila Earthquake: A Cross-Sectional Observational Study. Front Psychiatry. 2017; 8: 98. doi: http://doi.org/10.3389/fpsyt.2017.00098
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,2525 Adriaenssens J, De Gucht V, Maes S. Determinants and prevalence of burnout in emergency nursing: a systematic review of 25 years of research. Int J Nurs Stud. 2015; 52(2): 649-61. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2014.11.004
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). Outros autores encontraram associação do estresse com duas das dimensões do burnout: EE e DE(2626 Ríos-Risquez MI, García-Izquierdo M. Patient satisfaction, stress and burnout in nursing personnel in emergency departments: A cross-sectional study. Int J Nurs Stud. 2016; 59:60-67. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2016.02.008
https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2016....

27 Li B, Bruyneel L, Sermeus W, Van den Heede K, Matawie K, Aiken L, et al. Group-level impact of work environment dimensions on burnout experiences among nurses: a multivariate multilevel probit model. Int J Nurs Stud. 2013; 50: 281-91. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2012.07.001
https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2012....
-2828 Khamisa N, Peltzer K, Oldenburg B. Burnout in relation to specific contributing factors and health outcomes among nurses: a systematic review. Int J Environ Res Public Health. 2013; 10(6): 2214-40. doi: https://doi.org/10.3390/ijerph10062214
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).

Os dados evidenciaram ainda que trabalhadores brasileiros e espanhóis sem estabilidade possuem maiores níveis de RP. Se por um lado a instabilidade pode estar atrelada a incerteza de não ter um emprego estável, por outro a estabilidade no emprego pode imbuir menor expectativa em relação ao crescimento profissional. A associação e comparação da EE com a estabilidade no emprego neste estudo não foi significativa, contrapondo estudo com trabalhadores da saúde hospitalar no Brasil onde maiores pontuações de EE foram encontradas em trabalhadores com estabilidade do que nos sem estabilidade(2929 Ebling M, Carlotto MS. Burnout syndrome and associated factors among health professionals of a public hospital. Trends Psychiatry Psychother. 2012;34(2): 93-100. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S2237-60892012000200008
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).

Ademais, os resultados mostraram que, ao contrário do que acontece no Brasil, na Espanha os trabalhadores de enfermagem mais jovens e com menor tempo de experiência profissional possuem menor RP. Esses resultados são semelhantes aos anteriormente encontrados no ambiente ocupacional(2222 Mattei A, Fiasca F, Mazzei M, Necozione S, Bianchini V. Stress and Burnout in Health-Care Workers after the 2009 L'Aquila Earthquake: A Cross-Sectional Observational Study. Front Psychiatry. 2017; 8: 98. doi: http://doi.org/10.3389/fpsyt.2017.00098
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,3030 Gracia-Gracia P, Oliván-Bláquez B. Burnout and Mindfulness Self-Compassion in Nurses of Intensive Care Units. Holist Nurs Pract. 2017; 31(4):225-33. doi: http://doi.org/10.1097/HNP.0000000000000215
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). Destarte que outro estudo brasileiro com trabalhadores da saúde hospitalar também encontrou associação entre maior idade e maior RP(2929 Ebling M, Carlotto MS. Burnout syndrome and associated factors among health professionals of a public hospital. Trends Psychiatry Psychother. 2012;34(2): 93-100. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S2237-60892012000200008
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).

No Brasil conforme aumenta o tempo de experiência profissional, eleva também os níveis de EE, enquanto na Espanha esta correlação é nula. A influência do tempo de atuação no mesmo local de trabalho pontuam também dados contraditórios: enquanto na Espanha trabalhar no mesmo local de trabalho por um tempo maior está associado a menor EE, no Brasil ocorre o oposto, colaborando com o estudo realizado na Itália(2222 Mattei A, Fiasca F, Mazzei M, Necozione S, Bianchini V. Stress and Burnout in Health-Care Workers after the 2009 L'Aquila Earthquake: A Cross-Sectional Observational Study. Front Psychiatry. 2017; 8: 98. doi: http://doi.org/10.3389/fpsyt.2017.00098
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). Isto pode ser devido a trabalhadores de enfermagem espanhóis desenvolverem um processo de adaptação ao trabalho mais eficaz e de não acumular responsabilidades pelo tempo no mesmo local de trabalho.

Considerando os dados relacionados aos dois contextos, evidencia-se a necessidade de implementar medidas de intervenção para reduzir os riscos do desenvolvimento do burnout. Nesse aspecto, os estudos reforçam maior efetividade e durabilidade de intervenções que contemplem tanto o nível individual, quanto o organizacional. A abordagem individual inclui ações psicoeducativas, com discussão de fatores de risco, práticas de relaxamento, desenvolvimento de estratégias de enfrentamento, dentre outras(3131 Nowrouzi B, Lightfoot N, Larivière M, Carter L, Rukholm E, Schinke R, et al. Occupational Stress Management and Burnout Interventions in Nursing and Their Implications for Healthy Work Environments: A Literature Review. Workplace Health Saf. 2015; 63 (7): 308-15.doi: https://doi.org/10.1177/2165079915576931
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-3232 Westermann C, Kozak A, Harling M, Nienhaus A. Burnout intervention studies for inpatient elderly care nursing staff: Systematic literature review. Int J Nurs Stud. 2014; 51:63-71. doi: https://doi.org/10.1016/j.ijnurstu.2012.12.001
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). No âmbito organizacional, as intervenções interferem nas condições de trabalho, como pode ser verificado no estudo com enfermeiros australianos que avaliou o impacto de uma intervenção organizacional na redução do estresse ocupacional utilizando ferramenta para avaliar as cargas de trabalho, aumento do número de pessoal de enfermagem, maior acesso ao desenvolvimento profissional, entre outros, e obtiveram uma redução significativa no sofrimento psicológico e exaustão emocional e uma melhora importante da satisfação no trabalho(3333 Rickard G, Lenthall S, Dollard M, Opie T, Knight S, Dunn S, et al. Organisational intervention to reduce occupational stress and turnover in hospital nurses in the Northern Territory, Australia. Collegian. [internet]. 2012 [cited Mar 2, 2019]; 19(4): 211-21. Available from: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/23362607
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/2336...
).

Vale destacar o trabalho em equipe como um fortalecedor de saúde nos trabalhadores de enfermagem, tendo em vista que o mesmo pode oportunizar uma prática colaborativa, em que os papéis são bem definidos e existe um foco a ser atingido embora haja a especificidade de cada atuação. Nessa ótica, torna-se fundamental envolver os sujeitos no processo de construção e redesenho do trabalho, com vistas à melhoria do clima de trabalho, clima de equipe e consequentemente valorização dos profissionais.

As limitações deste estudo estão relacionadas ao delineamento do mesmo que impossibilita a relação de causa e efeito, ao número de participantes, e a falta de algumas variáveis que podem interferir nos níveis de burnout, como exemplo a resiliência(3434 Bamonti P, Conti E, Cavanagh C, Gerolimatos L, Gregg J, Goulet C, et al. Coping, Cognitive Emotion Regulation, and Burnout in Long-Term Care Nursing Staff: A Preliminary Study. J Appl Gerontol. 2017;1:733464817716970. doi: http://doi.org/10.1177/0733464817716970
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-3535 Guo YF, Luo YH, Lam L, Cross W, Plummer V, Zhang JP. Burnout and its association with resilience in nurses: a cross-sectional study. J Clin Nurs. 2018;27(1-2):441-9. doi: http://doi.org/10.1111/jocn.13952
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), que pode levar o sujeito a agir positivamente diante da adversidade, tornando-se um fator protetivo no desenvolvimento deste agravo. Pode ser interessante o estudo abranger também outros trabalhadores da saúde, inclusive os da atenção primária, considerando os diversos cenários de atuação e relevância destes para a saúde a nível internacional. Entretanto, os dados evidenciam semelhanças nos contextos e subsidia o planejamento de ações no âmbito individual e coletivo, em face ao adoecimento no trabalho e necessidade de manutenção da qualidade e segurança do paciente.

Conclusão

Conclui-se que apesar das diferenças culturais, econômicas e sociais, os trabalhadores de enfermagem enfrentam problemas semelhantes, com algumas particularidades. Trabalhadores de enfermagem brasileiros e espanhóis possuem níveis moderados de EE, baixos níveis de DE e elevada RP. Ao comparar as populações observou-se que os brasileiros apresentaram maiores médias de RP e os espanhóis maiores médias de DE. Verificou-se ainda que dimensões do burnout estão associadas a algumas características sociodemográficas e de trabalho, como: idade, categoria profissional, local de trabalho, regime de trabalho, turno de trabalho, tempo de experiência profissional, tempo de atuação no mesmo local de trabalho e considerar o trabalho estressante.

A investigação do burnout em trabalhadores de enfermagem e seus fatores associados, bem como mecanismos de prevenção e enfrentamento torna-se imprescindível como instrumento de avaliação e suporte para implementação de medidas preventivas e interventivas, buscando proteger a saúde do trabalhador, e consequentemente a segurança do paciente e o sucesso organizacional.

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    Apoio Financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Brasil - Processo 2017/17759-0.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    05 Dez 2019
  • Data do Fascículo
    2019

Histórico

  • Recebido
    27 Nov 2018
  • Aceito
    14 Jun 2019
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