EDITORIAL
A busca da excelência na disseminação do conhecimento produzido pela Enfermagem brasileira
Maria Lúcia Zanetti
Membro da Comissão de Editoração da Revista Latino-Americana de Enfermagem, e Professor Titular da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em enfermagem, Brasil, e-mail: zanetti@eerp.usp.br
A Enfermagem é uma área do conhecimento que vem ocupando, por meio de suas representações, vários espaços em instituições nacionais e internacionais. Essas representações estão alicerçadas no avanço da profissão em relação à qualidade de sua produção científica, excelência na formação de recursos humanos e defesa dos direitos à saúde da população. O desenvolvimento da pesquisa, em particular nas últimas décadas, coloca a Enfermagem em posição de destaque, constatada pela excelência dos programas de pós-graduação, projetos financiados por agências de fomento, qualidade do produto de suas ações e resultados de pesquisa, além de representações em órgãos nacionais e internacionais, entre outros.
Novos desafios, no entanto, têm sido incluídos na agenda da Enfermagem. Ao analisar a produção do conhecimento, constata-se que os estudos já produzidos, em consonância com os estágios de desenvolvimento da ciência, são predominantemente de natureza descritiva, o que possibilitou aos pesquisadores conhecerem os fenômenos de interesse da profissão. Também o crescimento dos programas da pós-graduação no país e os avanços já conquistados, em relação à produção do conhecimento, levaram os pesquisadores da área a explorar outros fatores relacionados aos fenômenos investigados pelos enfermeiros.
As tendências atuais nas pesquisas de Enfermagem são cada vez mais direcionadas às fases de explicação, de previsão e de controle dos fenômenos, em busca de fortes evidências científicas para fundamentar as ações de cuidado. Esses desafios podem explicar, em parte, as dificuldades que os pesquisadores estão enfrentando para aceitação de seus manuscritos em revistas de alto impacto. Dentre os entraves encontrados, destacam-se os problemas relacionados à representatividade da amostra, instrumentos validados para a cultura do país de origem, domínio da língua na qual o manuscrito será publicado, entre outras barreiras. Por outro lado, temas de interesse nacional ou regional, de alta relevância social, são aceitos apenas em periódicos nacionais. Assim, os pesquisadores nacionais estão enfrentando dificuldades para disseminar o conhecimento por meio da publicação em periódicos de alto impacto.
Nessa direção, para ampliar a excelência da pesquisa na Enfermagem brasileira é preciso investir na internacionalização, como via para a formação complementar do pesquisador em universidades estrangeiras, no aumento da demanda qualificada de projetos submetidos às agências de fomento para captação de recursos para o desenvolvimento de pesquisas, na inserção do estudante de graduação em Enfermagem em programas de iniciação científica, de modo a identificar os talentos potenciais para o trabalho acadêmico, na capacitação permanente dos pesquisadores, mediante o trabalho colaborativo com investigadores de outras regiões do país e do exterior, e em programas de pós-graduação que ofereçam as ferramentas necessárias para o desenvolvimento de conhecimento científico e tecnológico, contribuindo significativamente para o desenvolvimento do país(1-2).
Referências
- 1. Mendes IAC, Trevizan MA. Ações do Centro Colaborador da OMS para o desenvolvimento da pesquisa em Enfermagem: o caso brasileiro. Acta Paul Enfermagem 2000; 13(2):9-15.
- 2. Marziale MHP. A transnacionalização regional da Enfermagem da America Latina. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2009; 17(1):3-4.
Datas de Publicação
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Publicação nesta coleção
16 Jun 2010 -
Data do Fascículo
Abr 2010
