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Experiência da imigração da mulher latina trabalhadora em Alicante, Espanha - estudo etnográfico1 1 Artigo extraído da tese de doutorado "Estudo etnográfico sobre a experiência vivida pela mulher latina como immigrante trabalhadora na cidade de Alicante, Espanha", apresentada à Universidad de Alicante, Alicante, Espanha

Resumos

OBJETIVO:

descrever a experiência da mulher latina trabalhadora no contexto da imigração, considerando as expectativas e as condições em que ocorre esse processo.

MÉTODO:

corresponde a estudo qualitativo de cunho etnográfico. A coleta de dados foi realizada através de entrevistas semiestruturadas com 24 mulheres imigrantes, na Espanha. As informações recolhidas foram analisadas por meio de dois grupos focais.

RESULTADOS:

as expectativas das mulheres migrantes focalizam a melhoria das condições da vida familiar. O apoio social é essencial para a residência e o desempenho das atividades da vida diária. Consideram-se adaptadas ao país de residência, embora admitam viver com stress. Veem-se como tendo maior liberdade sexual e maior poder na vida de casadas, mantendo, no entanto, maior responsabilidade no cuidado das crianças, faceta essa que se une ao papel de mulheres trabalhadoras.

CONCLUSÕES:

as mulheres migrantes desempenham papel central na sobrevivência das famílias, constroem e produzem novos significados sobre o que é ser mulher, a sua concepção de vida, as relações sociais e a vida a dois. Tais significados são determinados pelas expectativas e condições em que o processo de migração ocorre, assim como a sua inserção laboral.

Saúde da Mulher; Migração Internacional; Transferência de Experiência (Psicologia); Antropologia Cultural.


OBJECTIVE:

to describe the experience of Latin American working women regarding immigration, taking into account the expectations and conditions in which this process takes place.

METHOD:

ethnographic qualitative study. Data collection was performed by means of semi-structured interviews with 24 Latin American immigrant women in Spain. The information collected was triangulated through two focal groups.

RESULTS:

the expectations of migrant women focus on improving family living conditions. Social support is essential for their settling and to perform daily life activities. They declare they have adapted to the settlement country, although they live with stress. They perceive they have greater sexual freedom and power with their partners but keep greater responsibility in childcare, combining that with the role of working woman.

CONCLUSIONS:

migrant women play a key role in the survival of households, they build and create new meanings about being a woman, their understanding of life, their social and couple relationships. Such importance is shaped by their expectations and the conditions in which the migration process takes place, as well as their work integration.

Women's Health; Emigration and Immigration; Transfer of Experience (Psychology); Anthropology; Cultural


OBJETIVO:

describir la experiencia de la mujer latina trabajadora de la inmigración, considerando las expectativas y condiciones en que se da este proceso.

MÉTODO:

correponde a un estudio cualitativo de corte etnográfico. La recolección de datos se realizó a través de entrevistas semiestructuradas a 24 mujeres latinas inmigrantes en España. Se trianguló la información recogida a través de dos grupos focales.

RESULTADOS:

las expectativas de las mujeres migrantes se enfocan en mejorar las condiciones de vida familiar. El apoyo social es fundamental para su asentamiento y para el desempeño de actividades de la vida diaria. Refieren estar adaptadas en el país de asentamiento, aunque viven con estrés. Se perciben con mayor libertad sexual y poder con sus parejas pero mantienen una mayor responsabilidad en el cuidado de los hijos, aunado al rol de mujer trabajadora.

CONCLUSIONES:

las mujeres migrantes juegan un papel central en la supervivencia de los hogares, construyen y crean nuevos significados acerca de ser mujer, su concepción de la vida, las relaciones sociales y de pareja. Tal significación está moldeada por las expectativas y las condiciones en que se da el proceso migratorio, así como su inserción laboral.

Salud de la Mujer; Migración Internacional; Transferencia de Experiencia (Psicología); Antropología Cultural


Introdução

A migração feminina, procedente da América Latina, apresentou crescimento sustentável desde 1960 até o ano 2000, tendo aumentado de 44,7 para 50,5%, respetivamente( 1. Zlotnik H. Las dimensiones globales de la migración femenina [Internet] 2003. (Acesso 9 setembro 2012). Disponível em: http://www.migrationinformation.org/feature/display.cfm?ID=109
http://www.migrationinformation.org/feat...
). Na Espanha, os fluxos migratórios procedentes da América Latina foram caracterizados por um contínuo predomínio do sexo feminino, que aumentou até 62%, no período de 1992-1996, tendo-se moderado para 53% entre 2002 e 2006( 2. Colectivo IOÉ, Fernández M. Encuesta Nacional de Inmigrantes 2007. El mercado de trabajo y las redes sociales de los inmigrantes 24. Madrid: Ministerio de Trabajo e Inmigración. Observatorio permanente de la migración; 2010. 624 p. ). Essas cifras revelam número crescente de mulheres que decidiram emigrar como decisão individual ou como parte de uma estratégia de sobrevivência familiar (para que a família pudesse ter um meio de subsistência econômica), situação que se soma à migração tradicional por motivos de reagrupamento familiar( 3. Sassen S. Actores y espacios laborales de la globalización. Papeles. 2008;101:33-51. ).

Na última década, as mulheres emigraram com a intenção de melhorar as condições de vida familiar( 4. Téllez IA, Martínez GJE, editores. Economía informal y perspectiva de género en contextos de trabajo. Barcelona: Icaria. Economía; 2009. 245 p. - 5. Organización Internacional del Trabajo. Cómo prevenir la discriminación, la explotación y el abuso de las trabajadoras migrantes. Lima: OIT/Proyecto Migrandina; 2010.Guía Informativa, 6. 92 p. ), a fim de influenciar o futuro dos seus filhos, poder adquirir uma casa familiar ou iniciar um negócio. Isso revela como as mulheres vêm emigrando de forma independente, à procura de trabalho( 6. Gaye A, Shreyasi JHA. Measuring women's empowerment through migration. Diversities. 2011;1:1-13. ), e expressa uma feminização da sobrevivência das famílias( 3. Sassen S. Actores y espacios laborales de la globalización. Papeles. 2008;101:33-51. ).

Se se considerar a migração como um processo de transição, onde as pessoas vivem situações de adaptação, passando de uma situação para outra, deve-se considerar os aspetos que influenciam esse fenômeno, enquadrado em mudanças no estilo de vida, na saúde, nas interações e ambientes sociais( 7. Meleis AI, Sawyer LM, Im EO, Hilfinger M, DeAnne K. Experiencing Transitions: An emerging middle-range theory. Adv Nurs. Sci. 2000;1(23):12-28. ). Nesse sentido, é importante conhecer as condições, as repercussões pessoais das mulheres imigrantes nos países de destino, sendo que as suas atividades laborais estão geralmente relacionadas com os trabalhos relativos à reprodução.

Os trabalhos relativos à reprodução são importantes, uma vez que são atividades relativas à alimentação das famílias, visando manter as condições mínimas de higiene e cuidado dos membros mais jovens e dependentes. O fato de as mulheres prestarem esses serviços garante a criação de tempo de lazer e descanso para alguns membros da família: geralmente do sexo masculino e os mais jovens, à custa de um espaço próprio que a mulher deve usufruir( 8. La Parra CD. La atención a la salud en el hogar: desigualdades y tendencias. (TESE de doutorado). Alicante: Universidad de Alicante Facultad de Enfermería; 2002. 554 p. ). Esses trabalhos também incluem a tarefa de garantir a saúde de todos os membros do núcleo familiar, além de, quando necessário, fornecer apoio emocional e social( 9. García-Calvente MM, Mateo-Rodríguez I, Eguiguren PA. El sistema informal de los cuidados en clave de desigualdad. Gac Sanit. 2004;18 supl 1:132-9. ).

Desde a incorporação da mulher ao mercado laboral, os trabalhos relativos à reprodução têm apresentado tendência progressiva à mercantilização( 1010 . Galiana-Gómez de Cádiz MaJ, De la Cuesta-Benjumea C, Donet-Montagut T.Cuidadoras inmigrantes: características del cuidado que prestan a la dependencia. Enferm Clín. 2008;18 (5):269-72. ). Consequentemente, esses cuidados também se tornaram um cenário laboral, descrito na literatura como um mercado triplamente segregado com relação ao gênero, classe e etnia( 1111 . Parella RS. El trasvase de desigualdades de clase y etnia entre mujeres: los servicios de proximidad. Papers. 2000;60:275-89. ). Caracterizam-se igualmente por constituírem mão de obra barata, com pouco tempo livre disponível, problemas de socialização com o grupo de trabalho e baixa possibilidade de regulação laboral( 4. Téllez IA, Martínez GJE, editores. Economía informal y perspectiva de género en contextos de trabajo. Barcelona: Icaria. Economía; 2009. 245 p. ).

Portanto, este estudo teve como objetivo descrever a experiência da mulher latina trabalhadora face à imigração, considerando as expectativas e as condições em que esse processo ocorre. Poder analisar essas questões permitirá avaliar o impacto e as situações que influenciam o significado que a mulher atribui a essa experiência.

Metodologia

Trata-se de estudo qualitativo, realizado através de uma abordagem teórica do interacionismo simbólico. O referencial teórico ajuda a entender como os seres humanos dão sentido às experiências que vivem, a partir de interações sociais, determinando-se, assim, o seu comportamento e respostas em situações quotidianas( 1212 . Pons X. La aportación a la psicología social del interaccionismo simbólico: una revisión histórica. EduPsyké. 2010;9(1):23-41. ). Neste estudo, os princípios teóricos foram utilizados para compreender como a experiência das mulheres imigrantes é configurada a partir das expectativas que têm ao imigrar, assim como a interação social e as redes estabelecidas na comunidade de destino.

Metodologicamente, realizou-se uma pesquisa etnográfica, adequada para uma abordagem EMIC, mostrando uma visão interna e amplia a compreensão sobre a vida pessoal e laboral das mulheres latinas imigrantes. Os fundamentos do método utilizado como base desta pesquisa foi a antropologia hermenêutica de Clifford Geertz( 1313 . Geertz C. Interpretación de las culturas. Barcelona: Gedisa; 1988. ), que concebe a cultura como uma trama de acontecimentos e fenômenos que têm significado. De acordo com esse conceito, o comportamento humano é visto como ações simbólicas que têm significado e valor nas interações sociais e no contexto em que se inscrevem.

Este estudo foi realizado na cidade de Alicante, na comunidade de Virgen del Remedio, durante os meses de abril a junho de 2012. A recolha dos dados foi realizada em dois períodos, a fim de se obter uma amostragem teórica e saturação dos dados. As mulheres que participaram do estudo eram mulheres imigrantes, estabelecidas na Espanha há mais de cinco anos, de maneira a garantir uma série de eventos transcendentes ou relevantes na vida pessoal e laboral dessas mulheres, durante os seus períodos de residência nas comunidades de destino. O número total de participantes do estudo foi de 24 mulheres (Tabela 1).

Tabela 1
- Mulheres migrantes trabalhadoras em Alicante, Espanha, 2012

As técnicas da coleta de dados foram a observação participante, a entrevista semiestruturada e o grupo focal. A entrevista semiestruturada foi realizada com 13 mulheres imigrantes. As mulheres entrevistadas foram contatadas através da Fundación Alicante Acoge [Fundação Alicante Acolhe], cuja missão é atender a população migrante. As entrevistas foram realizadas nas casas das participantes e, quando isso não foi possível, foram marcados encontros em locais públicos, sem barulho, de maneira a permitir a coleta de informações. As entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas na íntegra e duraram cerca de 30 a 40 minutos. O roteiro da entrevista foi projetado com perguntas abertas, com questões relacionadas à experiência das mulheres sobre a imigração, as suas repercussões e a situação que vivem em nível pessoal e laboral, procurando dar respostas ao objetivo dessa investigação. Por exemplo, algumas das perguntas colocadas foram: qauais eram as suas expectativas antes de chegar à Espanha? Pode descrever as situações pelas quais teve de passar para se adaptar a essa cultura? Quais as repercussões que o processo da imigração trouxe à sua vida? Como descreve a sua vida neste país? Entre outras perguntas realizadas.

Para a triangulação da informação, foram efetuados dois grupos focais, tendo-se o primeiro desenvolvido nas instalações da Universidade de Alicante, onde participaram sete mulheres, e o segundo grupo nas instalações do Centro Socioeducativo Unamuno, localizado na comunidade Virgen del Remedio, no qual participaram quatro mulheres. As sessões foram moderadas pela investigadora principal, com o apoio de membros da equipe de investigação.

O propósito dos grupos focais foi o de coletar a narrativa das mulheres em relação à sua experiência pessoal e laboral, nas comunidades de destino, e o registo dos diferentes pontos de vista e níveis de experiência. O texto produzido pelos grupos de discussão foi gravado em áudio e vídeo, com duração de, aproximadamente, 1 hora. Além disso, alguns detalhes considerados importantes acerca do desenvolvimento dos grupos focais foram registados num diário de campo.

No que diz respeito à análise dos dados, foi realizada uma análise descritiva manual, onde o primeiro passo no processo de análise foi uma leitura cuidadosa da informação. Os princípios da abordagem teórica de referência orientaram a construção de categorias emergentes. A seguir, os dados foram segmentados, tendo-se codificado, em separado, os grupos focais e as entrevistas. Posteriormente, as informações extraídas foram comparadas e contrastadas, e os fragmentos significativos extraídos do texto narrativo das participantes do estudo. Isso permitiu encontrar semelhanças conceituais entre o observado e o expressado pelas mulheres participantes. O processo de análise foi realizado com o apoio do software de análise qualitativa Atlas ti, para estruturar as categorias e subcategorias emergentes.

No início do estudo, as mulheres participantes foram advertidas sobre os princípios da confidencialidade, o consentimento informado e os potenciais benefícios e riscos da investigação. Esses princípios foram considerados ao longo de todo o processo da investigação. As participantes foram informadas do seu direito de saber que as conversas estavam sendo gravadas e de desistir da sua participação a qualquer momento. Este estudo foi aprovado pela Universidade de Alicante, incluindo sua aprovação ética.

Resultados

Da presente investigação surgiu a categoria principal denominada paradoxos da integração. Essa categoria é composta por quatro subcategorias: expectativas migratórias, adaptação cultural, transformação do papel das mulheres e sincretismo feminino. A seguir, serão expostos, de forma breve, a descrição das subcategorias e suas diferentes unidades temáticas.

Paradoxos da integração

Expectativas migratórias

Trabalhar e ganhar dinheiro; voltar e melhorar as condições de vida. A maioria das mulheres chegou à Espanha com a intenção de ganhar dinheiro, trabalhar e voltar ao país de origem para construir uma casa, a fim de melhorar as condições da vida familiar, pessoal e o seu futuro no país de origem. O regresso ao país é uma ideia implícita no discurso das mulheres imigrantes como algo que pode acontecer no futuro, no entanto, veem-no como algo distante. De qualquer forma, a ideia de voltar está sempre presente em suas vidas, como se descreve no relato a seguir. Eh... a expectativa, portanto, ganhar dinheiro, trabalhar, e voltar ao nosso país para construir uma boa casa (EN01GF1-P01).

Imigração para o desenvolvimento profissional. Algumas das mulheres, quando pensaram em imigrar e tomaram essa decisão, tinham a intenção de estudar ou de que os seus filhos o fizessem. No entanto, elas afirmam ser difícil conciliar a necessidade de trabalhar com a possibilidade de estudar. As mulheres selecionam, organizam, reproduzem e transformam os significados( 1212 . Pons X. La aportación a la psicología social del interaccionismo simbólico: una revisión histórica. EduPsyké. 2010;9(1):23-41. ), porque suas situações de vida podem impedir o cumprimento das suas expectativas. Dois exemplos desses fatores limitantes são o fato de não falarem valenciano (língua da Comunidade Valenciana, em Espanha) e terem de trabalhar para viver. Eu pensei que poderia estudar sem documentos, mas não foi assim. Então tive a sorte de conseguir um trabalho em três meses e providenciaram os meus documentos, o processo demorou um ano, então, no decorrer desse ano, obtive os documentos, mas desde que comecei a trabalhar já não estudei (ENT. 11).

Imigração para mudar de vida. Nos seus discursos, as mulheres referem como algo importante a expectativa de conseguirem uma experiência de vida diferente daquela que tinham nos seus países de origem. No entanto, as suas histórias revelam que as razões que prevalecem na tomada de decisão de emigrar eram econômicas. Bem, talvez, as razões fossem econômicas, e assim ter uma nova oportunidade para melhorar a minha vida, porque eu sou órfã de pai e mãe e a emigração era uma oportunidade para alcançar os meus objetivos (ENT. 04).

Imigração para formar uma família. Uma das expectativas constantes das mulheres no processo de migração é conseguir um ambiente familiar, que permita um suporte emocional. Muitas vezes, eles formam uma nova família, com homens de outras nacionalidades. Desse modo, o seu ambiente e situação familiar baseiam-se em famílias multiculturais, estabelecidas a partir da imigração. Tal como se descreve na narração adiante. Então, vivendo em grande solidão, encontras (colombiana) a pessoa que agora é o meu companheiro, ele é do Equador. E pronto, ele também vinha de uma outra relação acabada no Equador, tem lá um filho e precisava de uma mulher aqui na Espanha, que o ajudasse, que aceitasse esse outro filho que ele tem, e eu não vi inconvenientes, para seguir em frente, depois veio a nossa filha (ENT. 04).

Reunificação dos filhos. Um componente fundamental para o bem-estar das mulheres migrantes trabalhadoras é a reunificação dos filhos, inicialmente viajam sozinhas e depois promovem a reunificação familiar quando já estão estabelecidas. As crianças ficam geralmente sob os cuidados de avós ou irmãs, ou de pais de família ou irmãos mais velhos.

Durante o tempo da separação, as mulheres relatam sentimentos de tristeza e angústia, refletindo-se essas emoções na sua disposição e entusiasmo pela vida. Um fator que as acalmava era manter a comunicação com a família através de telefonemas e contactos pela internet. Na vivência do processo de migração, elas atribuem importância à vida com os filhos e encaram o fato de não poderem estar com os filhos no dia a dia como uma perda irreparável, como demonstra o seguinte fragmento de uma entrevista. Do que mais tinha saudades quando cheguei à Espanha era dos meus dois filhos. Não era capaz, mas eu sem pensar aceitei vir para a Espanha, não podia, todos os dias tinha uma obsessão por telefonar aos meus filhos e de que fossem 6 da manhã na Colômbia, todos os dias queria estar com eles ao telefone, acompanhar o banho da minha filha, a ida para a escola; a mesma coisa do meu filho, até que fui buscá-los. Não era capaz de deixar eles lá (ENT. 05).

Adaptação cultural

Apoio na chegada. Essa subcategoria refere-se, por um lado, às redes de familiares ou amigos. Às vezes, os imigrantes já estabelecidos são os que incentivam os familiares mais próximos ou amigos a emigrarem à procura de trabalho, outras vezes a decisão é tomada no seio das famílias. Formam-se verdadeiras redes entre os membros da família ou amigos que se encontram no país de emissão, assim como no de estabelecimento. Desses, recebem o apoio para o deslocamento, manutenção e alojamento de forma temporária, até o momento de conseguirem um emprego no qual a expectativa migratória se veja cumprida.

Observa-se a intervenção de "empresas" migratórias que dão apoio ao emigrante em troca de pagamento, geralmente como resultado de ter hipotecado os seus bens no país de origem, com o intuito de obterem a solvência econômica para a viagem e pagarem as despesas da estadia inicial no país de acolhimento. Alguns pagamentos incluem comissões por carta-convite, no sentido de apoiar o deslocamento, entre outras. Este contato foi realizado através de uma senhora que me ajudou a obter uma passagem numa agência de viagens, mas em troca desta atividade foi paga uma comissão (ENT. 08).

Apoio social para a vida quotidiana. No desempenho da vida quotidiana, as mulheres valorizam a interação com familiares acolhidos previamente, vizinhos ou amigos, tanto das pessoas de origem latina ou espanhola como de migrantes comunitários, para contarem com o apoio na realização de algumas atividades da vida diária. Tal apoio consiste no cuidado dos filhos por hora, ajuda para ir buscar as crianças à escola e em períodos de doença. Conforme demonstra a narrativa a seguir. Acho que aqui, se não fizermos amigos, a vida torna-se impossível. Aqui a necessidade de um amigo é muito mais forte do que no nosso próprio país de origem (ENT. 09).

Diferente no país de origem e gosto pela vida no país receptor. Aquelas mulheres que tiveram a oportunidade de regressar ao seu país de origem diziam sentir-se inadaptadas. Os vínculos que tinham estabelecido com amigos e vizinhos já não eram os mesmos. As mulheres continuavam a valorizar o fato de estarem perto da família de origem, no entanto, diziam não se sentirem contentes no seu país, o que acaba sendo paradoxal. Consideravam que, ao tomarem a decisão de voltar, era como iniciar a vida de novo. Sentia-me uma estranha, não no seio da minha família, mas no bairro. E já no bairro era realmente uma estranha (EN01GF1-P03).

A vida no país de acolhimento é valorizada como uma vida tranquila e ordenada, onde se pode adquirir o necessário para viver e obter um futuro melhor. Apesar dessa avaliação positiva, essa experiência também pode ser considerada como causadora de stress. A vida é tranquila, isso é positivo. Quer queiramos quer não, as coisas podem ser adquiridas mais facilmente (ENT 04). Eu gosto da vida aqui, porque me parece mais ordenada (EN01GF1-P01).

Valorizar a cultura de origem. As mulheres referiram que o fato de terem emigrado lhes permitiu valorizar a sua cultura, a sua gente, os seus costumes latinos. Observavam o processo de migração como uma aprendizagem que lhes podia servir no caso de regressarem aos seus países de origem. Tive que ficar longe dos meus, do meu país, da minha cultura, para valorizar tudo o que tenho realmente e que a maior riqueza está no meu país. Isto é, valeu a pena o fato de vir para Espanha, pois descobri que tenho uma mãe maravilhosa, que tenho um país espetacular, uma cultura muito bonita e que é uma pena o fato de eu ter de sair dele para reparar nisto (ENT. 03).

Transformação do papel feminino

Maturidade pessoal. As mulheres referiram que o processo de migração fez com que sofressem várias mudanças na sua vida: maturidade, maior responsabilidade e crescimento pessoal. Elas aprenderam a valorizar a vida. Um dos elementos que favoreceu essas mudanças foi a interação com pessoas de outras culturas. Acho que isso me ajudou a amadurecer muito mais como pessoa, pois aprendi que as coisas têm de ser ganhas, aprendi a valorizar tudo o que tenho e o que tive, pelo que acho que isto é uma experiência e um benefício na nossa vida (ENT. 10).

Percepção de maior liberdade. As mulheres consideraram que mudou o papel da mulher em relação ao exercício de poder e os papéis assumidos entre os gêneros. Esse foi mudando pelo fato de estarem vivendo em outra cultura. A sua forma de agir é diferente e consideraram que são mais diretivas e que demonstravam maior comunicação nas suas relações com o parceiro. A liberdade sexual, manifestada pelas mulheres do país de acolhimento, fez com que mudassem de opinião, por exemplo, consideravam ter maior liberdade na forma de se vestirem ou na roupa que utilizavam. Nos países de origem ainda persistem preconceitos em relação à aparência, muito vinculados à cultura latina machista. Senti-me mais livre aqui, no sentido em que posso vestir determinadas roupas, sapatos, porque ninguém está olhando para mim de cima para baixo, porque no bairro (país de origem) todos olham para mim. Então, aqui sinto-me mais livre, vou pela rua e ninguém olha para mim (EN01GF1-P03).

Renegociação de papéis e relações de poder. As mulheres migrantes pensavam que, desde que imigraram, mudou a forma de tomarem decisões na família face à sua vida e às dinâmicas. Referem não estarem submetidas às decisões do seu parceiro e que utilizavam a via da negociação diante de determinadas situações. No entanto, diziam, ainda, que têm maiores responsabilidades no cuidado dos filhos do que os seus parceiros. Nota-se maior participação do parceiro nas atividades de limpeza do lar e menor controle no tempo da mulher imigrante. Consideram que o parceiro não se sente bem com essa mudança na sua maneira de ser; em certas ocasiões chegam a manifestar queixas pelo comportamento que elas demonstram com relação à conduta que tinham no país de origem (no caso de terem mantido a mesma relação que tinham antes de emigrar). A seguinte narração descreve o que pensavam a esse respeito. Digamos que já não estou submetida, que estou mais calma, dou a mesma atenção aos filhos, sim, mas já não dou tanta atenção a ele (parceiro), a que horas chega, a que horas tenho de preparar o almoço, ou qualquer outra coisa (EN02GF2-P04).

Sincretismo feminino

ß Em alguns discursos, as mulheres revelaram a dificuldade de coordenarem o trabalho com o cuidado dos filhos e familiares. Referiam que a essa situação se somam os escassos apoios sociais para poderem tratar dos filhos e cumprirem as suas atividades profissionais, pois devem gastar uma parte do seu salário para pagar outras mulheres para fazer isso. Essa situação se reflete no testemunho adiante. Aqui tenho de coordenar trabalho, crianças e família, pelo que em muitas ocasiões não dou ao meu filho a atenção devida (ENT 08.).

Considerações Finais

A migração representa para a mulher uma estratégia de subsistência familiar e um processo de mudança, onde existem dificuldades para conciliar a vida familiar e o trabalho. Na sociedade de destino, tecem autênticas redes de apoio social, cujas dinâmicas são essenciais para o desenvolvimento das atividades da vida quotidiana e o cuidado dos filhos. Tal como referido por alguns autores( 1414 . Agudelo-Suárez A, Ronda-Pérez E, Gil-González D, Vives-Cases C. Percepción sobre condiciones de trabajo y salud de la población inmigrante colombiana en Alicante, España. Rev Salud Pública. 2008;10(1):160-7. ), as redes de apoio familiar, de amigos ou vizinhos, facilitam a inclusão residencial e profissional.

Os resultados revelam que esse grupo busca a maneira de melhorar a sua situação econômica e encontrar um trabalho, um apoio que lhes permita impulsionar o seu desenvolvimento social e familiar. Essa situação coincide com o referido por outros autores( 1414 . Agudelo-Suárez A, Ronda-Pérez E, Gil-González D, Vives-Cases C. Percepción sobre condiciones de trabajo y salud de la población inmigrante colombiana en Alicante, España. Rev Salud Pública. 2008;10(1):160-7. - 1515 . Parella S, Calvacanti L. Dinámicas Familiares transicionales y migración femenina: el caso de las migrantes bolivianas en España. Congreso Internacional de Americanistas, México, D. F.; 2009. ), onde se destaca a importância que as mulheres migrantes outorgam à segurança econômica e à posição social como preditores do estado de saúde percebida( 1616 . Sanchón-Macias MV, Prieto-Salceda D, Bover-Bover A, Gastaldo D. Relación entre el estatus subjetivo y la salud percibida entre mujeres inmigrantes latinoamericanas. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2013;6(21):1353-9. ). Isso é demonstrado em algumas investigações, que também fazem referência à via empresarial que algumas mulheres exploram ao imigrar. Essa alternativa pode ocorrer através de duas vias: sendo empreendedoras no país de destino e/ou ajudando as suas famílias para essas abrirem uma fonte de rendimentos e de negócios nos seus países de origem. Essa situação permite o seu desenvolvimento profissional, a sua mobilidade social, alcançando um suporte econômico( 1717 . Oso CL, Villares VM. Mujeres inmigrantes latinoamericanas y empresariado étnico: dominicanas en Madrid, argentinas y venezolanas en Galicia. Rev Gallega Economía. 2005;14(1-2):1-19. ).

Neste estudo, foi possível verificar o papel da mulher na sobrevivência dos lares. Esse papel pode ser valorizado em várias dimensões: no desempenho dos cuidados de reprodução, ou seja, dos seus filhos e do seu lar, e também na constituição de uma nova família no país de acolhimento. Outro é aquele que desenvolvem dentro do sustento familiar, dado indiretamente através das remessas enviadas às famílias de origem( 1717 . Oso CL, Villares VM. Mujeres inmigrantes latinoamericanas y empresariado étnico: dominicanas en Madrid, argentinas y venezolanas en Galicia. Rev Gallega Economía. 2005;14(1-2):1-19. ).

Os resultados deste estudo revelam a importância dada por essas mulheres ao reagrupamento dos filhos. Essas referiram viver sentimentos de tristeza durante o tempo em que as crianças ficam nos seus países de origem, geralmente aos cuidados das avós e das irmãs. Assim, a figura da mãe é inseparável da dupla dimensão de mãe cuidadora que, ao mesmo tempo, sustenta a economia do lar( 1818 . Gentil I. Salud y mujeres inmigrantes latinoamericanas. Index Enferm. 2009;18(4):229-33. ).

Por outro lado, é importante avaliar a possibilidade material que oferece avanços nas novas tecnologias da informação, da comunicação e do transporte, permitindo formas de relações sociais que facilitam que as unidades familiares, separadas pelo fato migratório, continuem agindo como uma família; tomando decisões e discutindo os assuntos importantes que afetam os seus membros de forma habitual. No entanto, a falta de convívio quotidiano com os filhos das mulheres deste estudo é considerada como uma perda pessoal irrecuperável, o que colocaria em risco a estabilidade das famílias de transição referidas na literatura( 1515 . Parella S, Calvacanti L. Dinámicas Familiares transicionales y migración femenina: el caso de las migrantes bolivianas en España. Congreso Internacional de Americanistas, México, D. F.; 2009. ).

Diante da experiência de emigrar, as mulheres referiram sentir-se mais maduras e responsáveis pelas atividades que desenvolviam no país de recepção( 1818 . Gentil I. Salud y mujeres inmigrantes latinoamericanas. Index Enferm. 2009;18(4):229-33. ). Aprenderam a valorizar a sua vida e suas realizações pessoais. Referiram que um elemento central foi o convívio com pessoas de outros costumes. Elas advertem que algumas situações vão gerando mudanças que implementam na sua vida, transformando os papéis tradicionais que tinham incorporado dentro de sua vida cotidiana.

Dentro das mudanças que as mulheres migrantes percebem em sua interação com a população autóctone, chama a atenção que essas se consideram mais reservadas e em alguns casos até mesmo isoladas( 1818 . Gentil I. Salud y mujeres inmigrantes latinoamericanas. Index Enferm. 2009;18(4):229-33. ). Isso pode ser observado em algumas das histórias das mulheres que participaram do estudo. Referiam que se sentiam estranhas nas comunidades onde assentaram a sua vida, provavelmente pelos escassos vínculos estabelecidos com a própria família estendida, amigos e vizinhos. Essa ambiguidade, dentro da experiência da imigração vivida pelas mulheres, também aparece descrita num estudo realizado no País Basco, onde as participantes reconheciam o desejo de voltar para casa. No entanto, uma vez decorrido o período inicial, coincidem em não se arrepender de ter vindo, agradecendo tudo aquilo que o país de acolhimento lhes deu( 1919 . Ruíz DMAA. Cuidar en una cultura diferente: vivencias de cuidadoras de origen latinoamericno en el país Vasco. Index Enferm. 2011;20(1-2):21-5. ).

A população de mulheres que migram inicialmente reproduz as normas sociais, valores e atitudes semelhantes aos do seu país de origem. No entanto, pouco e pouco, com o passar do tempo, as imigrantes adotam os valores e certos padrões culturais do país de destino. Assim, o processo de adaptação faz com que aprendam a apreciar sua origem e cultura, transformando-se em uma aprendizagem valiosa para a sua vida. Elas sentem que se enriquecem com os costumes de cada país, pelo que fazem um balanço daqueles elementos que consideram positivos ou negativos em cada uma das formas de vida que experimentaram nesses locais( 2020 . Maternowska C, Estrada F, Campero L, Herrera C, Brindis DC, Miller V. M. Gender, culture and reproductive decision-making among recent Mexican migrants in California. Cult Health Sex. 2010;1(12):29-43. ).

Do ponto de vista das mulheres migrantes, existe maior participação dos parceiros em algumas atividades do lar, embora elas mantenham maior grau de responsabilidade no cuidado dos filhos e da família. Isso coincide com o descrito em relação à migração, pois oferece a possibilidade de se transformarem em agente de negociação e entrarem no âmbito da tomada de decisões, situações não isentas de tensões, pela perda de poder masculino que isso implica( 2121 . González-López JR, Rodriguez-Gázquez MA, Lomas-Campos M M. Prevalence of alcohol, tobacco and street drugs consumption in adult Latin American immigrants. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2012;20(3):528-35. ).

De acordo com a literatura, o coletivo de mulheres participantes nesta investigação afirmou tomar decisões de forma negociada com o parceiro e partilhar o cuidado dos filhos em maior grau do que no seu país de origem. No entanto, as mulheres referiram ter dificuldades para conciliar a vida laboral com a familiar( 1717 . Oso CL, Villares VM. Mujeres inmigrantes latinoamericanas y empresariado étnico: dominicanas en Madrid, argentinas y venezolanas en Galicia. Rev Gallega Economía. 2005;14(1-2):1-19. ). Por outro lado, sentiam-se com maior liberdade ao falarem de assuntos sexuais com os seus parceiros e mais diretivas, com maior facilidade para negociarem e se comunicarem. Soma-se a essa situação, como elemento que influi no nível de bem-estar desse coletivo, o fato de haver poucas oportunidades de diversão, lazer e descanso, pois a maioria de atividades de lazer eram partilhadas com os filhos e a família.

Culturalmente, às mulheres latinas foi ensinada a necessidade de serem boas esposas, donas de casa, mães e filhas, para melhorarem o nível de vida de suas famílias, para assim garantirem o bem-estar presente e futuro dos seus filhos e sacrificarem, em certa medida, os assuntos relacionados com o trabalho, a educação e as ambições pessoais em favor dos filhos ou do bem-estar da família( 2222 . González-González JMa, Zarco V. Inmigration and feminity in southern Europe: A gender-based psychosocial analisis. J Comm Appl Soc Psychol. 2008;18:440-57. ). Isso fica demonstrado quando as mulheres manifestam o desenvolvimento de múltiplos papéis sociais que precisam ser conciliados no quotidiano. Tal reconciliação traz um desafio diário, na medida em que a associação de várias frentes de ação provoca desgaste substancial, proveniente da rotina intensa de atividades que lhes são impostas( 2323 . Barbosa MMA, Pinto DJMC, Moura DDD, Campos PBP. Being a nursing teacher, woman and mother: showing the experience in the light of social phenomenology. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011;19(1):164-70. ).

Conclusões

As mulheres migrantes vivem um papel fundamental na sobrevivência dos lares, constroem e criam novos significados acerca do fato de ser mulher, a sua concepção da vida, as relações sociais e sentimentais. Tal significação está moldada em expectativas e em condições em que acontece o processo migratório. A migração, enquanto processo, oferece às mulheres novas ferramentas de negociação com os seus homólogos. No entanto, ainda prevalece o chamado sincretismo feminino ou o designado segundo sexo: o fato de "serem para o outro". As suas experiências estão marcadas pelos apoios, pelas redes sociais com que contam e pelas escassas oportunidades de realização profissional que alcançam no país de destino. Por fim, pode-se indicar que todos os fatores e elementos que condicionam a experiência da mulher imigrante devem ser avaliados com maior profundidade do ponto de vista da atenção sanitária, para, assim, ser possível conhecer as necessidades e os cuidados que essa população necessita. Devem ser consideradas as cargas emocionais que a mulher imigrante tem de suportar e as consequências da experiência da emigração na sua vida e saúde.

Agradecimentos

À Fundación Alicante Acoge e ao Centro Socioeducativo Unamuno, localizados na comunidade Virgen del Remedio, por proporcionarem facilidades para a realização das entrevistas. Agradecemos também à Escuela Nacional de Enfermería y Obstetricia, Universidad Nacional Autónoma de México, e à area de Enfermagem da Facultad de Ciencias de la Salud da Universidad de Alicante, por proporcionarem facilidades para o desenvolvimento deste estudo.

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    Artigo extraído da tese de doutorado "Estudo etnográfico sobre a experiência vivida pela mulher latina como immigrante trabalhadora na cidade de Alicante, Espanha", apresentada à Universidad de Alicante, Alicante, Espanha

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Sep-Oct 2014

Histórico

  • Recebido
    12 Nov 2013
  • Aceito
    29 Ago 2014
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