Acessibilidade / Reportar erro

Fatores de risco para óbito de pacientes com trauma internados em Unidade de Terapia Intensiva * * Artigo extraído da tese de doutorado “Internações por trauma em unidade de terapia intensiva: panorama epidemiológico e preditores para o óbito”, apresentada à Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.

Resumos

Objetivo:

analisar os fatores de risco para óbito de pacientes com trauma internados em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

Método:

estudo de coorte retrospectivo, com dados de prontuários de adultos hospitalizados por trauma em Unidade de Terapia Intensiva geral. Foram incluídos pacientes de 18 anos ou mais de idade e admitidos por lesões. As variáveis foram agrupadas em níveis de maneira hierarquizada. O nível distal contemplou variáveis sociodemográficas, da internação, causa do trauma e comorbidades; o intermediário, as características do trauma e do atendimento pré-hospitalar; o proximal, as variáveis dos índices prognósticos, da admissão intensiva, procedimentos e complicações. Realizou-se análise de regressão logística múltipla.

Resultados:

os fatores de risco associados ao óbito no nível distal foram idade igual ou superior a 60 anos e comorbidades; no nível intermediário, a gravidade do trauma e no nível proximal, as complicações circulatórias graves, uso de drogas vasoativas, ventilação mecânica, disfunção renal, não realização de hemocultura na admissão e Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II. Conclusão: os fatores identificados são úteis para compor um perfil clínico e para planejar a assistência intensiva a fim de evitar complicações e óbitos de pacientes traumatizados.

Descritores:
Feridas e Lesões; Ferimentos; Unidade de Terapia Intensiva; Cuidados Intensivos; Óbito; Fatores de Risco


Objective:

To analyze the risk factors for death of trauma patients admitted to the intensive care unit (ICU).

Method:

Retrospective cohort study with data from medical records of adults hospitalized for trauma in a general intensive care unit. We included patients 18 years of age and older and admitted for injuries. The variables were grouped into levels in a hierarchical manner. The distal level included sociodemographic variables, hospitalization, cause of trauma and comorbidities; the intermediate, the characteristics of trauma and prehospital care; the proximal, the variables of prognostic indices, intensive admission, procedures and complications. Multiple logistic regression analysis was performed.

Results:

The risk factors associated with death at the distal level were age 60 years or older and comorbidities; at intermediate level, severity of trauma and proximal level, severe circulatory complications, vasoactive drug use, mechanical ventilation, renal dysfunction, failure to perform blood culture on admission and Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II.

Conclusion:

The identified factors are useful to compose a clinical profile and to plan intensive care to avoid complications and deaths of traumatized patients.

Descriptors:
Wounds and Injuries; Injuries; Intensive Care Unit; Critical Care; Death; Risk Factors


Objetivo:

analizar los factores de riesgo para muerte de pacientes con trauma internados en unidad de terapia intensiva.

Método:

estudio de cohorte retrospectivo, con datos de fichas médicas de adultos hospitalizados por trauma en unidad de terapia intensiva general. Fueron incluidos pacientes de 18 años o más de edad y admitidos por lesiones. Las variables fueron agrupadas en niveles de manera jerarquizada. El nivel distal contempló variables sociodemográficas, internación, causa del trauma, y comorbilidades; el nivel intermedio las características del trauma y de la atención prehospitalaria; el nivel proximal las variables de índices pronósticos, de admisión intensiva, de procedimientos y complicaciones. Se realizó análisis de regresión logística múltiple.

Resultados:

los factores de riesgo asociados a la muerte en el nivel distal fueron: edad igual o superior a 60 años y comorbilidades; en el nivel intermedio la gravedad del trauma; y, en el nivel proximal las complicaciones circulatorias graves, uso de drogas vaso activas, ventilación mecánica, disfunción renal, no realización de hemocultivo en la admisión y Acute Physiology and Chronic Health Evaluation II.

Conclusión:

los factores identificados son útiles para componer un perfil clínico y para planificar la asistencia intensiva con la finalidad de evitar complicaciones y muertes de pacientes traumatizados.

Descriptores:
Heridas y Lesiones; Lesiones; Unidad de Terapia Intensiva; Cuidados Intensivos; Fallecimiento; Factores de Riesgo


Introdução

O trauma tornou-se preocupação internacional devido aos milhares de óbitos(11 World Health Organization: Global status report on road safety 2018. [Internet]. Geneva; 2018. [cited 2019 Jan 25]. Avaliable from: https://www.who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2018/en/
https://www.who.int/violence_injury_prev...
). Somente em 2013, cerca de 4,8 milhões de pessoas morreram em decorrência de algum ferimento(22 Haagsma JA, Graetz N, Bolliger I, Naghavi H, Mullany EC, Higashi H, et al. The global burden of injury: incidence, mortality, disability-adjusted life years and time trends from the Global Burden of Disease study 2013. Inj Prev. 2016; 22(1): 3-18. doi: 10.1136/injuryprev-2015-041616.
https://doi.org/10.1136/injuryprev-2015-...
). No Brasil, o trauma representa 12,4% de todos os óbitos, sendo o principal motivo de morte entre pessoas jovens, com menos de 44 anos de idade(33 Ministério da Saúde (BR). Saúde Brasil 2018 - Uma análise da situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. [Internet]. Brasília (DF); 2019 [Acesso 3 set 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2018_analise_situacao_saude_doencas_agravos_cronicos_desafios_perspectivas.pdf.
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoe...
), e é heterogêneo quanto às suas causas, tipos de lesões, gravidade e fatores de risco. Essa heterogeneidade influencia o prognóstico clínico, além de exigir a utilização de amplo sistema de atendimento que, por sua vez, depende de diferentes estruturas, organizações e especialidades clínicas e cirúrgicas(44 Faul M, Sasser SM, Lairet J, Mould-Millman N, Sugerman D. Trauma center staffing, infrastructure, and patient characteristics that influence trauma center need. West J Emerg Med. 2015: 16(1): 98-106. doi: 10.5811/westjem.2014.10.22837.
https://doi.org/10.5811/westjem.2014.10....
).

O manejo do trauma requer abordagem multidisciplinar que começa no local do trauma onde o atendimento pré-hospitalar (APH) exerce ação fundamental. Após essa fase, a assistência para a estabilização do paciente deve ser realizada em estrutura ambulatorial ou hospitalar equipada. O paciente será mantido sob observação em ambiente hospitalar, principalmente intensivo, que prioriza o atendimento ao traumatizado com maior risco de vida(55 González-Robledo J, Martín-Gonzáles F, Moreno-García M, Sánchez-Barba M, Sánches-Hernández F. Prognostic factors associated with mortality in patients with severe trauma: from prehospital care to the Intensive Care Unit. Med Intensiva. 2015: 39(7): 412-21. doi:10.1016/j.medin.2014.06.004.
https://doi.org/10.1016/j.medin.2014.06....
).

A fim de conhecer o perfil da morbimortalidade por trauma, a maioria das pesquisas explora, principalmente, informações e dados do APH(66 Mcqueen C, Smyth M, Fischer J, Perkins G. Does the use of dedicated dispatch criteria by Emergency Medical Services optimise appropriate allocation of advanced care resources in cases of high severity trauma? A systematic review. Injury. 2015: 46(7): 1197-206. doi:10.1016/j.injury.2015.03.033.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2015.03...
-77 Wilson MH, Habig K, Wright C, Hughes A, Davies G, Imray CHE. Pre-hospital emergency medicine. Lancet. 2015: 386(10012): 2526-34. doi:10.1016/S0140-6736(15)00985-X.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)00...
), mesmo que este agravo exija internações hospitalares e em Unidades de Terapia Intensiva (UTI)(88 Santos PR, Monteiro DLS. Acute kidney injury in an intensive care unit of a general hospital with emergency room specializing in trauma: an observational prospective study. BMC Nephrol. 2016: 16(30). doi: 10.1186/s12882-015-0026-4.
https://doi.org/10.1186/s12882-015-0026-...
). Após o atendimento inicial ao traumatizado, seja por acidentes ou violências, no período compreendido entre a ocorrência do trauma, a admissão hospitalar e a permanência do indivíduo em UTI, vários fatores permanecem associados ao óbito dos casos mais graves. A identificação precoce de fatores associados ao óbito por trauma em UTI, que considere a gravidade e a assistência ao trauma em todas as fases do atendimento, pode ter impacto positivo no prognóstico do paciente(55 González-Robledo J, Martín-Gonzáles F, Moreno-García M, Sánchez-Barba M, Sánches-Hernández F. Prognostic factors associated with mortality in patients with severe trauma: from prehospital care to the Intensive Care Unit. Med Intensiva. 2015: 39(7): 412-21. doi:10.1016/j.medin.2014.06.004.
https://doi.org/10.1016/j.medin.2014.06....
).

Como já identificado, o aumento de equipes e a qualidade do APH; a segurança ambiental e veicular(99 Wang CY, Chen YC, Chien TH, Chang HY, Chen YH, Chien CY, et al. Impact of comorbidities on the prognoses of trauma patients: Analysis of a hospital-based trauma registry database. PloS One. 2018: 13(3): e0194749. doi: 10.1371/journal.pone.0194749.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.019...
-1010 Nagata I, Abe T, Uchida M, Saitoh D, Tamiya N. Ten-year inhospital mortality trends for patients with trauma in Japan: a multicentre observational study. BMC Open. 2018: 8(2): e018635. doi: 10.1136/bmjopen-2017-018635.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-018...
); o aprimoramento de técnicas e diagnósticos como a tomografia computadorizada, o manejo do paciente e estratégias de tratamento; a utilização de protocolos de transfusão com uso de plasma, plaquetas, concentrado de hemácias e ácido tranexâmico(1111 Cannon JW, Khan MA, Raja AS, Cohen MJ, Como JJ, Cotton BA, et al. Damage control resuscitation in patients with severe traumatic hemorrhage: A practice management guideline from the Eastern Association for the Surgery of Trauma. J Trauma Acute Care Surg. 2017; 82(3): 605-17. doi: 10.1097/TA.0000000000001333.
https://doi.org/10.1097/TA.0000000000001...
) e a cooperação integrada entre os componentes do sistema de atendimento ao traumatizado e para a prevenção do trauma junto à população(1010 Nagata I, Abe T, Uchida M, Saitoh D, Tamiya N. Ten-year inhospital mortality trends for patients with trauma in Japan: a multicentre observational study. BMC Open. 2018: 8(2): e018635. doi: 10.1136/bmjopen-2017-018635.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-018...
) são estratégias que têm sido apontadas para a redução da mortalidade de vítimas de trauma internadas em UTI.

Objetivou-se, por este estudo, considerando o aumento dos acidentes e violências no Brasil que impacta diretamente a demanda por leitos hospitalares especializados, analisar os fatores de risco para o óbito de pacientes com trauma internados em UTI. Este estudo foi orientado pela hipótese de que características do indivíduo, do tipo e gravidade do trauma, do atendimento pré-hospitalar e da assistência hospitalar estão associadas ao óbito. Portanto, analisar os determinantes do óbito de pacientes traumatizados internados em UTI torna-se importante principalmente quando esses determinantes são organizados de maneira hierarquizada, em diferentes níveis de determinação. Acredita-se que essa estratégia de análise pode contribuir para o conhecimento dos fatores associados ao óbito e, sobretudo, para monitorar e direcionar o cuidado ao paciente com a adoção de uma assistência interdisciplinar e interprofissional qualificada.

Método

Estudo de coorte retrospectiva, com dados de prontuários de indivíduos adultos, com 18 anos ou mais de idade, hospitalizados por trauma em UTI. A UTI em estudo é geral, com dez leitos, em um hospital de referência para aproximadamente 500 mil habitantes localizado na mesorregião centro sul do Estado do Paraná(1212 Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Perfil da Região Geográfica Centro-Sul Paranaense; 2018. Avaliable from: http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?codlocal-708&btOk-ok.
http://www.ipardes.gov.br/perfil_municip...
).

Foram selecionadas 569 internações ocorridas de um de janeiro de 2013 a 31 de dezembro de 2016 e identificadas em livro de admissão com motivos de internação de qualquer lesão devido à causa externa. Consideraram-se, como critérios de seleção inicial, internações com menção de trauma, causa externa e procedimento relacionado a atendimento ao trauma. Após análise de cada internação, foram excluídas, do estudo, as internações referentes a procedimentos não relacionados com manejo do trauma (101), com registros incompletos (31) e ocorridas em menores de 18 anos (9). Também foram excluídos traumas referentes às queimaduras (3) e intoxicações (8), no sentido de tornar a amostra homogênea, uma vez que estes são considerados tipos de trauma específicos, necessitando de cuidados intensivos diferenciados. A amostra de estudo totalizou 417 indivíduos.

Os dados foram coletados prioritariamente no prontuário eletrônico em consulta a todos os documentos como as evoluções clínicas, prescrições médicas e de Enfermagem, controle e anotações de procedimentos, resultados de exames laboratoriais e de imagem, fichas de atendimento pré-hospitalar e do Serviço de Controle de Infecção Hospitalar (SCIH). De maneira complementar, foi acessado o prontuário físico.

Os determinantes para o óbito por trauma em UTI foram classificados em três níveis: distal, intermediário e proximal. A inserção dos possíveis determinantes nos níveis seguiu uma ordem previamente estabelecida por modelo teórico definido “a priori”, fundamentado na literatura e em possíveis relações(55 González-Robledo J, Martín-Gonzáles F, Moreno-García M, Sánchez-Barba M, Sánches-Hernández F. Prognostic factors associated with mortality in patients with severe trauma: from prehospital care to the Intensive Care Unit. Med Intensiva. 2015: 39(7): 412-21. doi:10.1016/j.medin.2014.06.004.
https://doi.org/10.1016/j.medin.2014.06....
,1313 Munter L, Polinder S, Lansink KW, Cnossen MC, Steyerberg EW, Jongh MA. Mortality prediction models in the general trauma population: A systematic review. Injury. 2017; 48(2): 221-9. doi: 10.1016/j.injury.2016.12.009.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.12...
) e considerado estratégia para lidar com todas as variáveis conceitualmente relacionadas e, portanto, com potencial de auxiliar na identificação e análise dos fatores de risco.

O nível distal refere-se às variáveis que estão mais distantes do desfecho e agem indiretamente por meio dos determinantes proximais para afetar o risco de óbito por trauma. Neste nível, foram consideradas variáveis disponíveis no prontuário: sociodemográficas(1414 Lilitsis E, Xenaki S, Athanasakis E, Papadakis E, Syrogianni P, Chalkiadakis G, et al. Guiding management in severe trauma: reviewing factors predicting outcome in vastly injured patients. J Emerg Trauma Shock. 2018;11(2): 80-7. doi: 10.4103/JETS.JETS_74_17.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_74_17...
) (sexo, idade, local de residência); da internação (tipo de financiamento, dia da semana e horário da admissão); causa do trauma(1515 Varley J, Pilcher D, Butt W, Cameron P. Self harm is na independent predictor of mortality in trauma and burns patients admitted to ICU. Injury. 2012;43(9): 1562-5. doi: 10.1016/j.injury.2011.06.005.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2011.06...
) (acidente de trabalho ou tentativa de suicídio) e Índice de Comorbidade de Charlson (ICC)(1313 Munter L, Polinder S, Lansink KW, Cnossen MC, Steyerberg EW, Jongh MA. Mortality prediction models in the general trauma population: A systematic review. Injury. 2017; 48(2): 221-9. doi: 10.1016/j.injury.2016.12.009.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.12...
-1414 Lilitsis E, Xenaki S, Athanasakis E, Papadakis E, Syrogianni P, Chalkiadakis G, et al. Guiding management in severe trauma: reviewing factors predicting outcome in vastly injured patients. J Emerg Trauma Shock. 2018;11(2): 80-7. doi: 10.4103/JETS.JETS_74_17.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_74_17...
).

O nível intermediário contém variáveis que ampliam a compreensão dos determinantes proximais e valorizam a ligação entre informações do trauma e sua assistência antes do tratamento definitivo na UTI. Para esse nível, foram agrupadas as características do trauma(1313 Munter L, Polinder S, Lansink KW, Cnossen MC, Steyerberg EW, Jongh MA. Mortality prediction models in the general trauma population: A systematic review. Injury. 2017; 48(2): 221-9. doi: 10.1016/j.injury.2016.12.009.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.12...
-1414 Lilitsis E, Xenaki S, Athanasakis E, Papadakis E, Syrogianni P, Chalkiadakis G, et al. Guiding management in severe trauma: reviewing factors predicting outcome in vastly injured patients. J Emerg Trauma Shock. 2018;11(2): 80-7. doi: 10.4103/JETS.JETS_74_17.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_74_17...
) (Revised Trauma Score - RTS, Injury Severity Score - ISS, New Injury Severity Score - NISS; número de regiões corpóreas acometidas e região corpórea mais grave; tipo de trauma; transporte sanitário e causa externa) e do atendimento pré-hospitalar (APH)(55 González-Robledo J, Martín-Gonzáles F, Moreno-García M, Sánchez-Barba M, Sánches-Hernández F. Prognostic factors associated with mortality in patients with severe trauma: from prehospital care to the Intensive Care Unit. Med Intensiva. 2015: 39(7): 412-21. doi:10.1016/j.medin.2014.06.004.
https://doi.org/10.1016/j.medin.2014.06....
,77 Wilson MH, Habig K, Wright C, Hughes A, Davies G, Imray CHE. Pre-hospital emergency medicine. Lancet. 2015: 386(10012): 2526-34. doi:10.1016/S0140-6736(15)00985-X.
https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)00...
) (suportes respiratório e circulatório básicos e avançados, drogas vasoativas e hálito etílico).

O nível proximal foi constituído por determinantes intimamente ligados ao óbito por trauma e organizados em grupos de variáveis: índices prognósticos medidos nas primeiras 24 horas(1616 Sardinha DS, Sousa RM, Nogueira LS, Damiani LP. Risk factors for the mortality of trauma victims in the intensive care unit. Intensive Crit Care Nurs. 2015. 31(2): 76-82. doi: 10.1016/j.iccn.2014.10.008.
https://doi.org/10.1016/j.iccn.2014.10.0...
) (Acute Physiology And Chronic Health Evaluation - APACHE II; Simplified Acute Physiology Score - SAPS II; Logistic Organ Dysfunction System - LODS II; Sepsis-Related Organ Failure Score - SOFA); procedimentos realizados na UTI(1717 Schreiter D, Carvalho NC, Katscher S, Mende L, Reske AP, Spieth PM, et al. Experimental blunt chest trauma-cardiorespiratory effects different mechanical ventilation strategies with high positive end-expiratory pressure: a randomized controlled study. BMC Anesthes. 2016; 16(3). doi: 10.1186/s12871-015-0166-x.
https://doi.org/10.1186/s12871-015-0166-...
-1818 Mcgrath C. Blood transfusion strategies for hemostatic resuscitation in massive trauma. Nurs Clin North Am. 2016; 51(1): 83-93. doi: 10.1016/j.cnur.2015.11.001.
https://doi.org/10.1016/j.cnur.2015.11.0...
) (administração de substâncias biológicas; concentrado de hemácias nas primeiras 24 horas; nutrição enteral; nutrição parenteral total; drogas vasoativas e uso de ventilação mecânica); características da admissão na UTI(1717 Schreiter D, Carvalho NC, Katscher S, Mende L, Reske AP, Spieth PM, et al. Experimental blunt chest trauma-cardiorespiratory effects different mechanical ventilation strategies with high positive end-expiratory pressure: a randomized controlled study. BMC Anesthes. 2016; 16(3). doi: 10.1186/s12871-015-0166-x.
https://doi.org/10.1186/s12871-015-0166-...
) (intervalo de tempo entre admissão e UTI e programação cirúrgica) e complicações ocorridas durante a internação na UTI(1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
) (Figura 1).

Figura 1
Modelo teórico hierarquizado para a determinação do óbito em pacientes traumatizados hospitalizados em UTI††. Guarapuava, PR, Brasil, 2018

*RTS = Revised Trauma Score; ISS = Injury Severity Score; NISS = New Injury Severity Score; §APACHE = Acute Physiology And Chronic Health Evaluation; ||SAPS = Simplified Acute Physiology Score; LODS = Logistic Organ Dysfunction System; **SOFA = Sepsis = Related Organ Failure Score; ††UTI – Unidade de Terapia Intensiva


Consideraram-se como complicações na UTI: circulatórias graves (parada cardiorrespiratória - PCR, trombose venosa profunda e infarto agudo do miocárdio - IAM); respiratórias graves (embolia pulmonar e síndrome da angústia respiratória aguda - SARA); disfunções cardiológica, hematológica, hepática, neurológica, renal e pulmonar medidas pelo LODS nas primeiras 24 horas; insuficiência renal durante o internamento; intubação não planejada; infecções (pulmonar, corrente sanguínea, trato urinário e de sítio cirúrgico); lesão por pressão; sepse; infecção na admissão e internação intensiva crônica (Doença Crítica Crônica - DCC).

Foi realizada análise de regressão logística múltipla com entrada hierárquica das variáveis, em níveis, na seguinte ordem: as distais, que condicionam todas as demais; as intermediárias, que condicionam aquelas do nível inferior, e as proximais, diretamente preditoras do óbito (Figura 1). Esta análise é utilizada para explicar a relação entre variáveis em modelos cujo conjunto de proposições empíricas já indica a força e a direção da relação e permite identificar se a associação é direta ou mediada pelo efeito de outras variáveis(2020 Victora CG, Huttly SR, Fuchs SD, Olinto MTA. The role of conceptual frameworks in epidemiological analysis: a hierarchical approch. Int J Epidemiol. 1997; 26(1): 224-27. doi: 10.1093/ije/26.1.224.
https://doi.org/10.1093/ije/26.1.224...
).

O modelo de regressão logística múltipla, com a inclusão das variáveis stepwise forward, considerou aquelas com p-valor<0,20 na análise univariada, e permaneceram no modelo final as variáveis com p<0,05 ou que se ajustaram ao modelo. A magnitude das associações foi estimada pelo Odds Ratio (OR), com intervalos de confiança de 95% como medida de precisão. A adequação do modelo final foi verificada a partir dos testes de deviance, Hosmer-Lemeshow, e a colinearidade das variáveis foi testada com o fator de inflação da variância (VIF). A análise estatística foi realizada por meio do software Stata 12.0.

A apresentação dos modelos seguiu os passos de inserção das variáveis de cada nível. O modelo A mostra associações dos fatores sociodemográficos (nível 1) e o óbito; o modelo B mostra associações dos fatores sociodemográficos, características do trauma e APH e o óbito (níveis 1 e 2) e o modelo C mostra associações dos fatores sociodemográficos, características do trauma e APH e características da assistência em UTI (níveis 1, 2 e 3) e o óbito, com os seus respectivos ajustes. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres Humano da Universidade Estadual de Maringá (CEP/UEM protocolo nº 1.835.356/2016).

Resultados

A taxa de mortalidade por trauma em UTI foi de 28,2%. As tabelas 1, 2 e 3 mostram as análises univariadas com as associações incluídas no modelo múltiplo (p<0,20). Houve associação do óbito com a idade de 40 a 59 anos e 60 anos e mais, o índice de comorbidade de Charlson (variáveis do nível distal) e o trauma penetrante, as quedas, a gravidade do trauma (estimada pelo RTS, ISS e NISS), procedimentos realizados no momento do atendimento pré-hospitalar (suporte respiratório avançado, suporte circulatório avançado) e a presença de hálito etílico (variáveis do nível intermediário) (Tabela 1).

Tabela 1
Análise univariada da associação das variáveis dos níveis distal, intermediário e o óbito por trauma em internações em UTI* * UTI = Unidade de Terapia Intensiva; (n-417). Guarapuava, PR, Brasil, 2018
Tabela 2
Análise univariada de associação das variáveis, procedimentos e índices prognósticos do nível proximal e o óbito por trauma em internações em UTI* * UTI = Unidade de Terapia Intensiva; (n-417). Guarapuava, PR, Brasil, 2018
Tabela 3
Análise univariada de associação das complicações do nível proximal e o óbito por trauma em internações em UTI* * UTI = Unidade de Terapia Intensiva; (n-417). Guarapuava, PR, Brasil, 2018

Das variáveis do nível proximal, observou-se a associação do óbito com índices de gravidade do paciente (APACHE II, SAPS II, LODS e SOFA), uso de drogas vasoativas, ventilação mecânica, nutrição parenteral total, substâncias biológicas, concentrado de hemácias e nutrição enteral (Tabela 2).

Das complicações ocorridas na UTI, as circulatórias e respiratórias graves, as disfunções renal, pulmonar, neurológica, cardíaca e hepática, sepse, lesão por pressão e intubação não planejada associaram-se ao óbito (Tabela 3).

No modelo A da análise de regressão múltipla hierarquizada, permaneceram independentemente associadas ao óbito por trauma em UTI a idade e as comorbidades (ICC). Na presença de variáveis do nível 2 - intermediário (modelo B), as comorbidades perderam significância e permaneceu a associação do óbito com a idade e com o ISS (índice de gravidade do trauma). Na última etapa da análise, com a presença das variáveis do nível proximal, permaneceram como fatores de risco independentes para o óbito ter 60 anos ou mais, apresentar comorbidades (ICC) e a gravidade do trauma (ISS) (modelo C). Das variáveis do nível proximal, permaneceram associadas ao óbito as complicações circulatórias graves, o uso de drogas vasoativas, a ventilação mecânica, a disfunção renal, a não realização do exame de detecção de infecção na admissão na UTI e o APACHE II (gravidade do paciente). Destacaram-se as complicações circulatórias, com OR-7,33 (IC-2,43;22,06), o uso de ventilação mecânica, com OR-5,58 (IC-1,94;15,98), e de drogas vasoativas, com OR-5,09, além da idade de 60 anos ou mais, com OR-3,77 (IC-1,03;13,82) (Tabela 4).

Tabela 4
Análise de regressão logística múltipla para o óbito por trauma e fatores de risco em pacientes internados em UTI* * UTI = Unidade de Terapia Intensiva; (n-417). Guarapuava, PR, Brasil, 2018

Discussão

O trauma grave é uma pandemia mundial e uma das principais causas de morte(22 Haagsma JA, Graetz N, Bolliger I, Naghavi H, Mullany EC, Higashi H, et al. The global burden of injury: incidence, mortality, disability-adjusted life years and time trends from the Global Burden of Disease study 2013. Inj Prev. 2016; 22(1): 3-18. doi: 10.1136/injuryprev-2015-041616.
https://doi.org/10.1136/injuryprev-2015-...
). A identificação de fatores de risco para o óbito por trauma em UTI, por meio de análise hierarquizada, pode agregar informações, sobretudo quando muitos fatores são considerados na análise. Este estudo identificou taxa de mortalidade em UTI por traumas de 28,2%, considerada alta em comparação com dados de estudo multicêntrico nos EUA, que analisou 1,03 milhões de pacientes adultos em UTI internados por traumas em 2013(1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
). Em duas regiões da Estônia, foram comparados os resultados das hospitalizações por trauma grave em 2013 e identificou-se uma mortalidade de 20,7%(2121 Saar A, Merioja I, Lustenberger T, Lepner U, Asser T, Metsvaht T, et al. Severe Trauma in Estonia: 256 consecutive cases analysed and the impact on outcomes comparing two regions. Eur J Trauma Emerg Surg. 2016;42(4): 497-502. doi: 10.1007/s00068-015-0568-y.
https://doi.org/10.1007/s00068-015-0568-...
). E dados semelhantes foram registrados em UTI brasileira, em Sobral - CE, entre 2013 e 2014, que identificou mortalidade de 28,6% em traumatizados(88 Santos PR, Monteiro DLS. Acute kidney injury in an intensive care unit of a general hospital with emergency room specializing in trauma: an observational prospective study. BMC Nephrol. 2016: 16(30). doi: 10.1186/s12882-015-0026-4.
https://doi.org/10.1186/s12882-015-0026-...
).

Os determinantes para o óbito por trauma em UTI observados neste estudo foram alguns existentes no momento do trauma, como idade acima de 60 anos e comorbidades, a gravidade do trauma identificada a partir do atendimento pré-hospitalar e no pronto atendimento e fatores identificados durante a internação na UTI, como o uso de ventilação mecânica, disfunção orgânica renal nas primeiras 24 horas e gravidade do paciente (APACHE II), assim como drogas vasoativas, complicações circulatórias e não realização de hemocultura na admissão.

Neste estudo, a idade de 60 anos e mais permaneceu como preditora para o óbito, aumentando o risco em três vezes. Pior prognóstico para idosos traumatizados, comparado aos pacientes mais jovens, tem sido apresentado constantemente na literatura(88 Santos PR, Monteiro DLS. Acute kidney injury in an intensive care unit of a general hospital with emergency room specializing in trauma: an observational prospective study. BMC Nephrol. 2016: 16(30). doi: 10.1186/s12882-015-0026-4.
https://doi.org/10.1186/s12882-015-0026-...
-99 Wang CY, Chen YC, Chien TH, Chang HY, Chen YH, Chien CY, et al. Impact of comorbidities on the prognoses of trauma patients: Analysis of a hospital-based trauma registry database. PloS One. 2018: 13(3): e0194749. doi: 10.1371/journal.pone.0194749.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.019...
,2222 Sammy I, Lecky F, Sutton A, Leaviss J, O'Cathain A. Factors affecting mortality in older trauma patientes - A systematic review and meta-analysis. Injury. 2016; 47(6): 1170-83. doi: 10.1016/j.injury.2016.02.027.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.02...

23 DiMaggio C. Ayoung-Chee P, Shinseki M, Wilson C, Marshall G, Lee DC, et al. Traumatic Injury in the United States: In-Patient Epidemiolgy 2000-2011. Injury. 2016; 47(7): 1393-403. doi: 10.1016/j.injury.2016.04.002.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.04...

24 Kirshenbom D, Ben-Zaken Z, Albilya N, Niyibizi E, Bala M. Older Age, Comorbid Illnesses, and Injury Severity Affect Immediate Outcome in Elderly Trauma Patients. J Emerg Trauma Shock. 2017; 10(3): 146-50. doi: 10.4103/JETS.JETS_62_16.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_62_16...
-2525 Sim J, Lee J, Lee JC, Heo Y, Wang H, Jung K. Risk factors for mortality of severe trauma based on 3 years' data at a single Korean institution. Ann Surg Treat Res. 2015: 89(4): 215-9. doi: 10.4174/astr.2015.89.4.215.
https://doi.org/10.4174/astr.2015.89.4.2...
).

risco para o óbito(3030 Silva NTF, Ribeiro RCHM, Galisteu KJ, Cesarino CB, Pinto MH, Beccaria M. Profile of older adult victims of trauma cared for in the emergency care unit of a teaching. Cien Cuid Saúde. 2018; 17(2). doi: 10.4025/cienccuidsaude.v17i2.42045.
https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v...
). Existem lacunas no desenvolvimento e implementação de protocolos de tratamento para idosos traumatizados, com carência de diretrizes e centros especializados(2626 Kozar RA, Arbabi S, Stein DM, Shackford SR, Barraco RD, Biffl WL, et al. Injury in the aged: Geriatric trauma care at the crossroads. J. Trauma Acute Care Surg. 2015; 78(6): 1197-209. doi: 10.1097/TA.0000000000000656.
https://doi.org/10.1097/TA.0000000000000...
). Tal fato foi observado neste estudo, que aponta para a necessidade de adoção de instrumentos que facilitem a identificação e a triagem de pacientes idosos traumatizados, desde o APH até a UTI como prioridade(3131 Silva HC, Pessoa RL, Menezes RMP. Trauma in elderly peaple: access to the health system through pre-hospital care. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016: 24:e2690. doi: 10.1590/1518-8345.0959.2690.
https://doi.org/10.1590/1518-8345.0959.2...
).

Constatou-se também que, a cada aumento na pontuação do ICC, o risco para o óbito, independentemente do ajuste pela idade, cresceu 41%. As comorbidades podem contribuir para desfechos negativos em UTI, como a maior possibilidade de complicações(99 Wang CY, Chen YC, Chien TH, Chang HY, Chen YH, Chien CY, et al. Impact of comorbidities on the prognoses of trauma patients: Analysis of a hospital-based trauma registry database. PloS One. 2018: 13(3): e0194749. doi: 10.1371/journal.pone.0194749.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.019...
,1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
,2323 DiMaggio C. Ayoung-Chee P, Shinseki M, Wilson C, Marshall G, Lee DC, et al. Traumatic Injury in the United States: In-Patient Epidemiolgy 2000-2011. Injury. 2016; 47(7): 1393-403. doi: 10.1016/j.injury.2016.04.002.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.04...
-2424 Kirshenbom D, Ben-Zaken Z, Albilya N, Niyibizi E, Bala M. Older Age, Comorbid Illnesses, and Injury Severity Affect Immediate Outcome in Elderly Trauma Patients. J Emerg Trauma Shock. 2017; 10(3): 146-50. doi: 10.4103/JETS.JETS_62_16.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_62_16...
). Nesse sentido, é importante a adoção de um sistema de classificação que seja capaz, além do número de comorbidades, considerar também a sua gravidade(99 Wang CY, Chen YC, Chien TH, Chang HY, Chen YH, Chien CY, et al. Impact of comorbidities on the prognoses of trauma patients: Analysis of a hospital-based trauma registry database. PloS One. 2018: 13(3): e0194749. doi: 10.1371/journal.pone.0194749.
https://doi.org/10.1371/journal.pone.019...
).

O trauma, na sociedade contemporânea, não está apenas relacionado aos jovens, mas, sim, significa um agravo que acompanha o homem durante sua vida. Ao considerar que a população está envelhecendo, com o avanço no manejo de doenças crônicas que lhe proporciona uma vida mais ativa, o idoso com comorbidades utiliza medicamentos como antiplaquetários e anticoagulantes, por exemplo. Essa medicação contínua pode aumentar o risco de complicações hemorrágicas, de infecções cirúrgicas, pneumonias e outras infecções que contribuem com maior tempo de permanência na UTI(2424 Kirshenbom D, Ben-Zaken Z, Albilya N, Niyibizi E, Bala M. Older Age, Comorbid Illnesses, and Injury Severity Affect Immediate Outcome in Elderly Trauma Patients. J Emerg Trauma Shock. 2017; 10(3): 146-50. doi: 10.4103/JETS.JETS_62_16.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_62_16...
).

Em consonância com pesquisas anteriores(1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
,2222 Sammy I, Lecky F, Sutton A, Leaviss J, O'Cathain A. Factors affecting mortality in older trauma patientes - A systematic review and meta-analysis. Injury. 2016; 47(6): 1170-83. doi: 10.1016/j.injury.2016.02.027.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.02...
,2424 Kirshenbom D, Ben-Zaken Z, Albilya N, Niyibizi E, Bala M. Older Age, Comorbid Illnesses, and Injury Severity Affect Immediate Outcome in Elderly Trauma Patients. J Emerg Trauma Shock. 2017; 10(3): 146-50. doi: 10.4103/JETS.JETS_62_16.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_62_16...
-2525 Sim J, Lee J, Lee JC, Heo Y, Wang H, Jung K. Risk factors for mortality of severe trauma based on 3 years' data at a single Korean institution. Ann Surg Treat Res. 2015: 89(4): 215-9. doi: 10.4174/astr.2015.89.4.215.
https://doi.org/10.4174/astr.2015.89.4.2...
), a gravidade do trauma foi fator de risco para o óbito e o único preditor independente no nível intermediário de determinação. Observou-se que cada aumento na pontuação do índice de gravidade (ISS) resultou em aumento de 4% no risco de óbito, assim como identificado em outros estudos, independentemente da causa do trauma. Estudo com pacientes hospitalizados por trauma graves (ISS>15) na Coreia do Sul identificou aumento de 4% no risco de óbito a cada aumento do ISS(2525 Sim J, Lee J, Lee JC, Heo Y, Wang H, Jung K. Risk factors for mortality of severe trauma based on 3 years' data at a single Korean institution. Ann Surg Treat Res. 2015: 89(4): 215-9. doi: 10.4174/astr.2015.89.4.215.
https://doi.org/10.4174/astr.2015.89.4.2...
), e estudo em idosos internados em Israel por trauma contuso identificou aumento de 1,08% na chance de óbito(2424 Kirshenbom D, Ben-Zaken Z, Albilya N, Niyibizi E, Bala M. Older Age, Comorbid Illnesses, and Injury Severity Affect Immediate Outcome in Elderly Trauma Patients. J Emerg Trauma Shock. 2017; 10(3): 146-50. doi: 10.4103/JETS.JETS_62_16.
https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_62_16...
).

A avaliação fisiológica e anatômica do paciente traumatizado é uma ação realizada pela equipe de saúde em UTI para conhecer a gravidade do trauma, o que contribui para garantir a qualidade do atendimento(3232 Agarwal A, Agrawal A, Maheshwari R. Evaluation of Probability of Survival using APACHE II & TRISS Method in Orthopaedic Polytrauma Patients in a Tertiary Care Centre. J Clin Diagn Res. 2015;9(7): RC01-RC04. doi: 10.7860/JCDR/2015/12355.6201.
https://doi.org/10.7860/JCDR/2015/12355....
). Nesse contexto, o uso do ISS pode ser muito útil, pois, no âmbito hospitalar, sobretudo na UTI, há maior disponibilidade das informações necessárias para a sua pontuação do que no APH ou imediatamente após a chegada ao hospital, o que torna sua capacidade prognóstica mais eficiente(3333 Hagiwara S, Oshima K, Murata M, Kaneko M, Aoki M, Kanbe M, Model for predicting the injury severity score. Acute Med Surg. 2015; 2(3): 158-62.doi: 10.1002/ams2.89.
https://doi.org/10.1002/ams2.89...
).

A identificação das complicações em UTI, além de melhorar as práticas assistenciais(1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
), pode contribuir para a utilização racional dos recursos. Apesar de sua identificação não ser simples, torna-se essencial para a segurança do paciente e para sua sobrevivência. Nesse sentido, a observação de pacientes com complicações em subgrupos pode contribuir para a adoção de terapias preventivas em vez de terapias reativas.

As complicações circulatórias graves foram o fator mais importante, aumentando em sete vezes o risco de óbito. Neste estudo, três condições retratam o conjunto das complicações circulatórias graves: a parada cardiorrespiratória (PCR); a trombose venosa profunda e o infarto agudo do miocárdio (IAM). Essas complicações no paciente traumatizado, mesmo que menos incidentes, podem ser letais. Em análise das complicações de pacientes traumatizados em UTI de centros de trauma nível 1 e 2 do maior banco de dados de trauma nos EUA, em 2013, identificou-se a PCR (OR-9,5) como um dos principais fatores que aumentaram a chance do óbito(1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
).

Embora, neste estudo, não seja possível estabelecer se as complicações circulatórias ocorrem antes ou após a admissão na UTI, ou mesmo se elas possuem uma relação direta com comorbidades, o trauma pode transformar-se em fator decisivo para seu desencadeamento ao tornar o indivíduo frágil e ao expô-lo a excessivas intervenções e procedimentos. O desenvolvimento de complicações durante a internação do traumatizado na UTI pode ser um fator clínico para determinar, com segurança e atenção, o desdobramento do tratamento intensivo, como o óbito ou maior tempo de internação(1919 Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-...
).

Outro fator que contribui para a mortalidade em pacientes traumatizados é a instabilidade hemodinâmica e, nesses casos, deve-se assegurar perfusão tecidual adequada com administração precoce de líquidos cristaloides. Os medicamentos vasoativos podem ser requeridos transitoriamente na presença da hipotensão com risco de vida(3434 Hylands M, Toma A, Beaudoin N, Frenette AJ, D'Aragon F, Belley-Côté É, et al. Early vasopressor use following traumatic injury: a systematic review. BMJ Open. 2017; 7(1): e017559. doi: 10.1136/bmjopen-2017-017559.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-017...
)) e seu uso precoce pode limitar a hipoperfusão de órgãos e prevenir a falência múltipla(2828 Braun BJ, Holstein J, Fritz T, Veith NT Mörsdorf P, Pohlemann T. Polytrauma in the elderly: a review. EFORT Open Rev. 2016: 1(5): 146-51. doi: 10.1302/2058-5241.1.160002.
https://doi.org/10.1302/2058-5241.1.1600...
). Entretanto, evidências identificadas em revisão sistemática sobre o uso precoce de vasopressores após lesão traumática destacam que, além dos benefícios, alguns danos da terapia vasopressora na fase inicial do trauma também são relatados, como o risco de hemorragia, coagulopatia, síndrome compartimental e complicações cirúrgicas(3434 Hylands M, Toma A, Beaudoin N, Frenette AJ, D'Aragon F, Belley-Côté É, et al. Early vasopressor use following traumatic injury: a systematic review. BMJ Open. 2017; 7(1): e017559. doi: 10.1136/bmjopen-2017-017559.
https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-017...
).

Neste estudo, o uso de vasopressores permaneceu independentemente associado ao óbito. Da mesma forma, pesquisa que acompanhou pacientes internados por trauma em centro de nível I nos EUA, entre 2011 e 2016, que utilizaram transfusão de hemácias na admissão, identificou que a mortalidade aumenta de forma gradual com o aumento da utilização de agentes vasoativos(3535 Barmparas G, Dhillon NK, Smith Ej, Mason R, Melo N, Thomsen GM, et al. Patterns of vasopressor utilization during the resuscitation of massively transfused trauma patients. Injury. 2018; 49(1): 8-14. doi: 10.1016/j.injury.2017.09.021.
https://doi.org/10.1016/j.injury.2017.09...
). Mesmo diante de controvérsias no uso das drogas vasoativas para pacientes traumatizados, a admissão desses pacientes em ambiente intensivo permite um gerenciamento cuidadoso e contínuo com monitoração de suas funções vitais de maneira instantânea.

Apesar da heterogeneidade de pacientes com trauma, que apresentam diferentes necessidades respiratórias, uma grande proporção de pacientes necessita de ventilação mecânica devido à insuficiência respiratória aguda (IRA)(3636 Schreiber A, Yildirim F, Ferrari G, Antonelli A, Delis PB, Gündüz M, et al. Non-Invasive Mechanical Ventilation in Critically Ill Trauma Patients: A Systematic Review. Turk J Anaesthesiol Reanim. 2018; 46(2): 88-95. doi: 10.5152/TJAR.2018.46762.
https://doi.org/10.5152/TJAR.2018.46762...
), como é o caso da população estudada. Nesse aspecto, a utilização de suporte ventilatório depende da gravidade da disfunção respiratória, do comprometimento na troca de gases, do trauma associado e da viabilidade de utilizar ventilação mecânica não invasiva (VNI)(3636 Schreiber A, Yildirim F, Ferrari G, Antonelli A, Delis PB, Gündüz M, et al. Non-Invasive Mechanical Ventilation in Critically Ill Trauma Patients: A Systematic Review. Turk J Anaesthesiol Reanim. 2018; 46(2): 88-95. doi: 10.5152/TJAR.2018.46762.
https://doi.org/10.5152/TJAR.2018.46762...
) ou para a proteção das vias aéreas e prevenção de lesão cerebral secundária(3737 Lopez-Aguilar J. Blanch L. Brain injury requires lung protection. Ann Transl Med. 2015; 3 (Suppl 1): S5. doi: 10.3978/j.issn.2305-5839.2015.02.24
https://doi.org/10.3978/j.issn.2305-5839...
) e de outras condições, como o choque hemorrágico e a lesão de múltiplos órgãos(3838 Shepherd JM, Cole E, Brohi K. Contemporary patterns of multiple organ dysfunction in trauma. Schock. 2017: 47(4): 429-35. Doi: 10.1097/SHK.0000000000000779.
https://doi.org/10.1097/SHK.000000000000...
). Assim, independentemente da necessidade da ventilação mecânica, os pacientes com trauma compartilham cuidados comuns em UTI. Neste estudo, a ventilação mecânica, independentemente da justificativa para o seu uso, aumentou em cinco vezes a probabilidade do óbito.

Com exceção dos pacientes intubados para a proteção das vias aéreas, existem alternativas para evitar a ventilação mecânica e reduzir as complicações associadas(3636 Schreiber A, Yildirim F, Ferrari G, Antonelli A, Delis PB, Gündüz M, et al. Non-Invasive Mechanical Ventilation in Critically Ill Trauma Patients: A Systematic Review. Turk J Anaesthesiol Reanim. 2018; 46(2): 88-95. doi: 10.5152/TJAR.2018.46762.
https://doi.org/10.5152/TJAR.2018.46762...
). Para prevenir complicações e óbito, o uso de ventilação mecânica não invasiva(3636 Schreiber A, Yildirim F, Ferrari G, Antonelli A, Delis PB, Gündüz M, et al. Non-Invasive Mechanical Ventilation in Critically Ill Trauma Patients: A Systematic Review. Turk J Anaesthesiol Reanim. 2018; 46(2): 88-95. doi: 10.5152/TJAR.2018.46762.
https://doi.org/10.5152/TJAR.2018.46762...
) e de ventilação controlada por pressão combinada com a respiração espontânea(3939 Kumpf O, Braun JP, Brinkmann A, Bause H, Belgardt M, Bloos F, et al. Quality indicators in intensive care medicine for Germany - third edition 2017. Ger Med Sci. 2017; 15:Doc10. doi: 10.3205/000251.
https://doi.org/10.3205/000251...
) podem ser alternativas à ventilação mecânica.

A disfunção renal durante as primeiras 24 horas foi fator de risco para o óbito em UTI na coorte analisada. Sabe-se que a resposta imune ao trauma, de forma excessiva e inadequada, pode resultar em disfunção de múltiplos órgãos e lesão celular que, por sua vez, podem levar ao óbito(4040 Cabrera C, Manson J, Shepherd JM, Torrance HD, Watson D, Longhi MP, et al. Signatures of inflammation and impending multiple organ dysfunction in the hyperacute phase of trauma: A prospective cohort study. PloS Med. 2017; 14(7): e1002352. doi: 10.1371/journal.pmed.1002352.
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100...
). A identificação, pela equipe intensivista, de pacientes com essa disfunção pode ser uma ação de prevenção do óbito e de outras complicações renais mais graves que podem se desenvolver durante o internamento na UTI.

Dessa maneira, tal identificação torna-se importante para a prática clínica, uma vez que a disfunção renal apresenta respostas fisiológicas à lesão que podem ser reversíveis, diferentemente da falência renal(4141 Harrois A, Soyer B, Gauss T, Hamada S, Raux M, Duranteau J. Prevalence and risk factors acute kidney injury among trauma patients: a multicenter cohort study. Crit Care. 2018; 22:344. doi: 10.1186/s13054-018-2265-9.
https://doi.org/10.1186/s13054-018-2265-...
), e os primeiros minutos ou horas após o trauma são fundamentais para uma resposta imune adequada. Estudo realizado em Londres demonstrou que o funcionamento do sistema imunológico em traumatizados graves se associa ao desenvolvimento de disfunção de órgãos em uma fase hiperaguda (até duas horas)(4040 Cabrera C, Manson J, Shepherd JM, Torrance HD, Watson D, Longhi MP, et al. Signatures of inflammation and impending multiple organ dysfunction in the hyperacute phase of trauma: A prospective cohort study. PloS Med. 2017; 14(7): e1002352. doi: 10.1371/journal.pmed.1002352.
https://doi.org/10.1371/journal.pmed.100...
). Este conhecimento fisiopatológico torna-se importante para um tratamento eficiente, principalmente na UTI, pois, diante da complexidade no APH e logística do transporte, o tempo até uma assistência definitiva pode contribuir para o desenvolvimento de disfunções orgânicas como a renal.

Sabe-se que alguns fatores podem agravar o prognóstico do paciente com lesão renal pós-traumática como: ressuscitação inadequada; hipotensão; diabetes; hipertensão; insuficiência renal pré-existente; sepse e nefrotoxinas(42 42. Lai WH, Rau C, Wu S, Chen Y, Kuo P, Hsu S, et al. Post-traumatic acute kidney injury: a cross-sectional study of trauma patients. Scand J Trauma Ressusc Emerg Med. 2016; 24. doi: 10.1186/s13049-016-0330-4.
https://doi.org/10.1186/s13049-016-0330-...
). Assim como o trauma é um diagnóstico de internação importante em UTI nos países em desenvolvimento, a epidemiologia da disfunção renal pós-traumática torna-se um grande complicador, como nos resultados de estudo em Sobral - CE, que identificou incidência de 32,9% de lesão renal aguda, e um perfil de pacientes mais idosos, diabéticos, que permaneceram mais tempo na UTI, que tinham APACHE mais elevado e frequentemente faziam uso de ventilação mecânica e vasopressores(88 Santos PR, Monteiro DLS. Acute kidney injury in an intensive care unit of a general hospital with emergency room specializing in trauma: an observational prospective study. BMC Nephrol. 2016: 16(30). doi: 10.1186/s12882-015-0026-4.
https://doi.org/10.1186/s12882-015-0026-...
).

A prevalência de infecções é um indicador de qualidade de resultado e sua prevenção faz parte de esforço interdisciplinar e interprofissional na melhoria da assistência em UTI(3939 Kumpf O, Braun JP, Brinkmann A, Bause H, Belgardt M, Bloos F, et al. Quality indicators in intensive care medicine for Germany - third edition 2017. Ger Med Sci. 2017; 15:Doc10. doi: 10.3205/000251.
https://doi.org/10.3205/000251...
). Portanto, o teste de hemocultura deve ser realizado no momento de admissão do paciente na UTI, pois contribui para o monitoramento e a prevenção de infecções e indica o tratamento com decisão e escolha de antibiótico adequado(3939 Kumpf O, Braun JP, Brinkmann A, Bause H, Belgardt M, Bloos F, et al. Quality indicators in intensive care medicine for Germany - third edition 2017. Ger Med Sci. 2017; 15:Doc10. doi: 10.3205/000251.
https://doi.org/10.3205/000251...
). O uso de testes microbiológicos apropriados é um dos indicadores para controlar e prevenir as infecções em UTI que, aliado aos sinais clínicos, como o nível de consciência, a frequência respiratória, a pressão arterial sistólica e a avaliação da insuficiência de órgãos, pode monitorar a ocorrência de infecções, conforme indica a Sociedade Alemã de Medicina Intensiva(3939 Kumpf O, Braun JP, Brinkmann A, Bause H, Belgardt M, Bloos F, et al. Quality indicators in intensive care medicine for Germany - third edition 2017. Ger Med Sci. 2017; 15:Doc10. doi: 10.3205/000251.
https://doi.org/10.3205/000251...
).

A realização do teste de hemocultura na admissão do paciente na UTI é uma medida oportuna(4343 Phua J, Dean NC, Guo Q, Kuan WS, Lim HF, Lim TK. Severe community-acquired pneumonia: timely management measures in the first 24 hours. Crit Care. 2016; 20(237). doi: 10.1186/s13054-016-1414-2.
https://doi.org/10.1186/s13054-016-1414-...
), sobretudo para pacientes predispostos a permanecer por longo período na unidade. Neste estudo, foi identificada, como fator de risco para óbito, a não realização da hemocultura no momento da admissão na UTI. A não realização do teste dificulta tanto a avaliação do atendimento, como a interpretação dos indicadores de qualidade estabelecidos para monitorar e controlar a ocorrência de infecções associadas aos cuidados de saúde(4444 Karch A, Castell S, Schwab F, Geffers C, Bongartz H, Brunkhorst FM, et al. Proposing an Empirically Justified Reference Threshold for Blood Culture Sampling Rates in Intensive Care Units. J Clin Microbiol. 2015; 53(2): 648-52. doi: 10.1128/JCM.02944-14.
https://doi.org/10.1128/JCM.02944-14...
). A terapia antimicrobiana empírica, sem a identificação da bactéria causadora da infecção e que se baseia nos sintomas do paciente, tende a produzir um resultado oposto ao esperado porque pode resultar em aumento na duração do tratamento com antibióticos, no tempo de permanência hospitalar, na resistência a múltiplos fármacos e na taxa de mortalidade em pacientes gravemente enfermos(4545 Marquet K, Liesenborgs A, Bergs J, Vleugels A, Claes N. Incidence and outcome of inappropriate in-hospital empiric antibiotics for severe infection: a systematic review and meta-analysis. Crit Care. 2015; 19(63). doi: 10.1186/s13054-015-0795-y.
https://doi.org/10.1186/s13054-015-0795-...
).

Medir a gravidade da doença é fundamental para direcionar a assistência, e um dos indicadores de rotina mais utilizados em ambiente de cuidados intensivos é o APACHE II, que tem demonstrado ser suficiente para predizer o óbito em pacientes com trauma(3232 Agarwal A, Agrawal A, Maheshwari R. Evaluation of Probability of Survival using APACHE II & TRISS Method in Orthopaedic Polytrauma Patients in a Tertiary Care Centre. J Clin Diagn Res. 2015;9(7): RC01-RC04. doi: 10.7860/JCDR/2015/12355.6201.
https://doi.org/10.7860/JCDR/2015/12355....
,4646 Nik A, Sheikh Andalibi MS, Ehsaei MR, Zarifian A, Ghayoor Karimiani E, Bahadoorkhan G. The Efficacy of Glasgow Coma Scale (GCS) Score and Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) II for Predicting Hospital Mortality of ICU Patients with Acute Traumatic Brain Injury. Bull Emerg Trauma. 2018; 6(2): 141-5. doi: 10.29252/beat-060208.
https://doi.org/10.29252/beat-060208...
). Os resultados deste estudo também demonstraram a associação da gravidade do paciente medida pelo APACHE II e o óbito. Apesar da utilização do APACHE II demandar tempo e custos, o índice estima o prognóstico na admissão em UTI e pode ser apropriado para avaliar e monitorar pacientes com trauma ao identificar fisiologia anormal(4646 Nik A, Sheikh Andalibi MS, Ehsaei MR, Zarifian A, Ghayoor Karimiani E, Bahadoorkhan G. The Efficacy of Glasgow Coma Scale (GCS) Score and Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) II for Predicting Hospital Mortality of ICU Patients with Acute Traumatic Brain Injury. Bull Emerg Trauma. 2018; 6(2): 141-5. doi: 10.29252/beat-060208.
https://doi.org/10.29252/beat-060208...
) e reduzir mortes evitáveis(3232 Agarwal A, Agrawal A, Maheshwari R. Evaluation of Probability of Survival using APACHE II & TRISS Method in Orthopaedic Polytrauma Patients in a Tertiary Care Centre. J Clin Diagn Res. 2015;9(7): RC01-RC04. doi: 10.7860/JCDR/2015/12355.6201.
https://doi.org/10.7860/JCDR/2015/12355....
).

Independentemente do tipo de trauma e do local onde o traumatizado será assistido, ele é considerado um dos agravos com maior impacto na saúde e na economia da sociedade contemporânea. Embora a prevenção da morbimortalidade continue como um grande desafio nos países em desenvolvimento e em todos os níveis de atenção, no Brasil, esse desafio deve concentrar-se na prevenção dos acidentes e violências por meio de mudanças de comportamento da população com campanhas informativas contra o uso de álcool e drogas, controle de armas, estratégias de prevenção de quedas e vigilância nos limites de velocidade, como pela prevenção secundária, a fim de diminuir a gravidade do trauma por meio do uso de cintos de segurança, capacetes, cadeirinhas infantis, entre outras medidas(4747 Olsen M, Vik A, Lund Nilsen TI, Ulberg O, Moen KG, Fredriksli O, et al. Incidence and mortality of moderade and severe traumatic brain injury in children: A ten year population-based cohort study in Norway. Eur J Paediatr Neurol. 2019; 23(3): 500-6. doi: 10.1016/j.ejpn.2019.01.009.
https://doi.org/10.1016/j.ejpn.2019.01.0...
).

Na ocorrência do trauma, no país, são necessárias equipes de APH preparadas para o primeiro atendimento, assim como estruturas eficientes para estabilizar o paciente, como a UPA e o pronto-socorro hospitalar. Se o indivíduo necessitar do tratamento intensivo, estratégias de prevenção de complicações são capazes de impactar a sobrevivência, mesmo esbarrando em limitações de estrutura e de recursos humanos. Por isso, as lesões traumáticas não são gerenciadas isoladamente por apenas um profissional e em apenas um local de atendimento, mas, sim, interprofissionalmente e, com isso, o enfermeiro em UTI tem seu destaque.

Os dados desta coorte, analisados em níveis hierárquicos, identificaram fatores preditores do óbito. Embora os fatores dos níveis distal e intermediário sejam importantes na determinação do óbito, para a prática clínica, são os do nível proximal que auxiliam pesquisadores e profissionais de saúde a administrar a assistência direta ao paciente. Esses fatores reforçam o desafio diário do enfermeiro de guiar sua prática intensiva pautada em evidências, mas, também, com base na experiência clínica e nos valores do paciente. Nesse sentido, esses profissionais devem instrumentalizar-se para conhecer a epidemiologia do trauma, a história natural, os diversos fatores envolvidos e as estratégias e intervenções possíveis para impactar a incidência (prevenção primária) na sua gravidade (prevenção secundária) ou nas suas consequências (prevenção terciária).

Os resultados também podem ser úteis para futuros estudos epidemiológicos e clínicos ao considerarem variáveis complexas determinantes do trauma, não exploradas neste estudo, como características de exposição ao trauma relacionadas ao comportamento humano, sociais, sanitárias, ocupacionais, políticas e culturais.

Apesar dos dados relevantes obtidos neste estudo, limitações devem ser destacadas, como a coleta em prontuários, que podem não conter todos os registros, resultando em exclusões de indivíduos, e o fato de o estudo ter sido realizado em uma única UTI de uma região de um Estado no Brasil, pois não permite a generalização dos resultados.

Conclusão

Esta pesquisa identificou taxa de mortalidade por trauma em UTI de 28,2% e fatores de risco que são úteis para compor um perfil clínico de pacientes traumatizados admitidos na UTI. A determinação hierárquica de alguns fatores sobre os demais, sobretudo os do nível proximal ao óbito, como as complicações circulatórias, o uso de drogas vasoativas e de ventilação mecânica, a ocorrência de insuficiência orgânica renal nas primeiras 24 horas, o APACHE elevado e a não realização do exame de hemocultura na admissão, mostrou que, para esses pacientes em tratamento intensivo, indicadores de uma assistência hospitalar qualificada possuem prioridade na prevenção de complicações do quadro clínico.

  • *
    Artigo extraído da tese de doutorado “Internações por trauma em unidade de terapia intensiva: panorama epidemiológico e preditores para o óbito”, apresentada à Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil.

References

  • 1
    World Health Organization: Global status report on road safety 2018. [Internet]. Geneva; 2018. [cited 2019 Jan 25]. Avaliable from: https://www.who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2018/en/
    » https://www.who.int/violence_injury_prevention/road_safety_status/2018/en/
  • 2
    Haagsma JA, Graetz N, Bolliger I, Naghavi H, Mullany EC, Higashi H, et al. The global burden of injury: incidence, mortality, disability-adjusted life years and time trends from the Global Burden of Disease study 2013. Inj Prev. 2016; 22(1): 3-18. doi: 10.1136/injuryprev-2015-041616.
    » https://doi.org/10.1136/injuryprev-2015-041616
  • 3
    Ministério da Saúde (BR). Saúde Brasil 2018 - Uma análise da situação de saúde e das doenças e agravos crônicos: desafios e perspectivas. [Internet]. Brasília (DF); 2019 [Acesso 3 set 2019]. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2018_analise_situacao_saude_doencas_agravos_cronicos_desafios_perspectivas.pdf
    » http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_brasil_2018_analise_situacao_saude_doencas_agravos_cronicos_desafios_perspectivas.pdf
  • 4
    Faul M, Sasser SM, Lairet J, Mould-Millman N, Sugerman D. Trauma center staffing, infrastructure, and patient characteristics that influence trauma center need. West J Emerg Med. 2015: 16(1): 98-106. doi: 10.5811/westjem.2014.10.22837.
    » https://doi.org/10.5811/westjem.2014.10.22837
  • 5
    González-Robledo J, Martín-Gonzáles F, Moreno-García M, Sánchez-Barba M, Sánches-Hernández F. Prognostic factors associated with mortality in patients with severe trauma: from prehospital care to the Intensive Care Unit. Med Intensiva. 2015: 39(7): 412-21. doi:10.1016/j.medin.2014.06.004.
    » https://doi.org/10.1016/j.medin.2014.06.004
  • 6
    Mcqueen C, Smyth M, Fischer J, Perkins G. Does the use of dedicated dispatch criteria by Emergency Medical Services optimise appropriate allocation of advanced care resources in cases of high severity trauma? A systematic review. Injury. 2015: 46(7): 1197-206. doi:10.1016/j.injury.2015.03.033.
    » https://doi.org/10.1016/j.injury.2015.03.033
  • 7
    Wilson MH, Habig K, Wright C, Hughes A, Davies G, Imray CHE. Pre-hospital emergency medicine. Lancet. 2015: 386(10012): 2526-34. doi:10.1016/S0140-6736(15)00985-X.
    » https://doi.org/10.1016/S0140-6736(15)00985-X
  • 8
    Santos PR, Monteiro DLS. Acute kidney injury in an intensive care unit of a general hospital with emergency room specializing in trauma: an observational prospective study. BMC Nephrol. 2016: 16(30). doi: 10.1186/s12882-015-0026-4.
    » https://doi.org/10.1186/s12882-015-0026-4
  • 9
    Wang CY, Chen YC, Chien TH, Chang HY, Chen YH, Chien CY, et al. Impact of comorbidities on the prognoses of trauma patients: Analysis of a hospital-based trauma registry database. PloS One. 2018: 13(3): e0194749. doi: 10.1371/journal.pone.0194749.
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0194749
  • 10
    Nagata I, Abe T, Uchida M, Saitoh D, Tamiya N. Ten-year inhospital mortality trends for patients with trauma in Japan: a multicentre observational study. BMC Open. 2018: 8(2): e018635. doi: 10.1136/bmjopen-2017-018635.
    » https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-018635
  • 11
    Cannon JW, Khan MA, Raja AS, Cohen MJ, Como JJ, Cotton BA, et al. Damage control resuscitation in patients with severe traumatic hemorrhage: A practice management guideline from the Eastern Association for the Surgery of Trauma. J Trauma Acute Care Surg. 2017; 82(3): 605-17. doi: 10.1097/TA.0000000000001333.
    » https://doi.org/10.1097/TA.0000000000001333
  • 12
    Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social. Perfil da Região Geográfica Centro-Sul Paranaense; 2018. Avaliable from: http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?codlocal-708&btOk-ok
    » http://www.ipardes.gov.br/perfil_municipal/MontaPerfil.php?codlocal-708&btOk-ok
  • 13
    Munter L, Polinder S, Lansink KW, Cnossen MC, Steyerberg EW, Jongh MA. Mortality prediction models in the general trauma population: A systematic review. Injury. 2017; 48(2): 221-9. doi: 10.1016/j.injury.2016.12.009.
    » https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.12.009
  • 14
    Lilitsis E, Xenaki S, Athanasakis E, Papadakis E, Syrogianni P, Chalkiadakis G, et al. Guiding management in severe trauma: reviewing factors predicting outcome in vastly injured patients. J Emerg Trauma Shock. 2018;11(2): 80-7. doi: 10.4103/JETS.JETS_74_17.
    » https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_74_17
  • 15
    Varley J, Pilcher D, Butt W, Cameron P. Self harm is na independent predictor of mortality in trauma and burns patients admitted to ICU. Injury. 2012;43(9): 1562-5. doi: 10.1016/j.injury.2011.06.005.
    » https://doi.org/10.1016/j.injury.2011.06.005
  • 16
    Sardinha DS, Sousa RM, Nogueira LS, Damiani LP. Risk factors for the mortality of trauma victims in the intensive care unit. Intensive Crit Care Nurs. 2015. 31(2): 76-82. doi: 10.1016/j.iccn.2014.10.008.
    » https://doi.org/10.1016/j.iccn.2014.10.008
  • 17
    Schreiter D, Carvalho NC, Katscher S, Mende L, Reske AP, Spieth PM, et al. Experimental blunt chest trauma-cardiorespiratory effects different mechanical ventilation strategies with high positive end-expiratory pressure: a randomized controlled study. BMC Anesthes. 2016; 16(3). doi: 10.1186/s12871-015-0166-x.
    » https://doi.org/10.1186/s12871-015-0166-x
  • 18
    Mcgrath C. Blood transfusion strategies for hemostatic resuscitation in massive trauma. Nurs Clin North Am. 2016; 51(1): 83-93. doi: 10.1016/j.cnur.2015.11.001.
    » https://doi.org/10.1016/j.cnur.2015.11.001
  • 19
    Prin M, Li G. Complications and in-hospital mortality in trauma patients treated in intensive care units in the United States, 2013. Inj Epidemiol. 2016; 3(1): 18. doi: 10.1186/s40621-016-0084-5.
    » https://doi.org/10.1186/s40621-016-0084-5
  • 20
    Victora CG, Huttly SR, Fuchs SD, Olinto MTA. The role of conceptual frameworks in epidemiological analysis: a hierarchical approch. Int J Epidemiol. 1997; 26(1): 224-27. doi: 10.1093/ije/26.1.224.
    » https://doi.org/10.1093/ije/26.1.224
  • 21
    Saar A, Merioja I, Lustenberger T, Lepner U, Asser T, Metsvaht T, et al. Severe Trauma in Estonia: 256 consecutive cases analysed and the impact on outcomes comparing two regions. Eur J Trauma Emerg Surg. 2016;42(4): 497-502. doi: 10.1007/s00068-015-0568-y.
    » https://doi.org/10.1007/s00068-015-0568-y
  • 22
    Sammy I, Lecky F, Sutton A, Leaviss J, O'Cathain A. Factors affecting mortality in older trauma patientes - A systematic review and meta-analysis. Injury. 2016; 47(6): 1170-83. doi: 10.1016/j.injury.2016.02.027.
    » https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.02.027
  • 23
    DiMaggio C. Ayoung-Chee P, Shinseki M, Wilson C, Marshall G, Lee DC, et al. Traumatic Injury in the United States: In-Patient Epidemiolgy 2000-2011. Injury. 2016; 47(7): 1393-403. doi: 10.1016/j.injury.2016.04.002.
    » https://doi.org/10.1016/j.injury.2016.04.002
  • 24
    Kirshenbom D, Ben-Zaken Z, Albilya N, Niyibizi E, Bala M. Older Age, Comorbid Illnesses, and Injury Severity Affect Immediate Outcome in Elderly Trauma Patients. J Emerg Trauma Shock. 2017; 10(3): 146-50. doi: 10.4103/JETS.JETS_62_16.
    » https://doi.org/10.4103/JETS.JETS_62_16
  • 25
    Sim J, Lee J, Lee JC, Heo Y, Wang H, Jung K. Risk factors for mortality of severe trauma based on 3 years' data at a single Korean institution. Ann Surg Treat Res. 2015: 89(4): 215-9. doi: 10.4174/astr.2015.89.4.215.
    » https://doi.org/10.4174/astr.2015.89.4.215
  • 26
    Kozar RA, Arbabi S, Stein DM, Shackford SR, Barraco RD, Biffl WL, et al. Injury in the aged: Geriatric trauma care at the crossroads. J. Trauma Acute Care Surg. 2015; 78(6): 1197-209. doi: 10.1097/TA.0000000000000656.
    » https://doi.org/10.1097/TA.0000000000000656
  • 27
    Dusseaux MM, Antoun S, Grigioni S, Béduneau G, Carpentier D, Girault C, et al. Skeletal muscle mass and adipose tissue alteration in critically ill patients. PloS One. 2019; 14(6): e02116991. doi: 10.1371/journal.pone.0216991.
    » https://doi.org/10.1371/journal.pone.0216991
  • 28
    Braun BJ, Holstein J, Fritz T, Veith NT Mörsdorf P, Pohlemann T. Polytrauma in the elderly: a review. EFORT Open Rev. 2016: 1(5): 146-51. doi: 10.1302/2058-5241.1.160002.
    » https://doi.org/10.1302/2058-5241.1.160002
  • 29
    Guidet B, Vallet H, Boddaert J, Lange DW, Morandi A, Leblanc G, et al. Caring for the critically ill patients over 80: an narrative review. Ann Intensive Care. 2018; 8:114. doi: 10.1186/s13613-018-0458-7.
    » https://doi.org/10.1186/s13613-018-0458-7
  • 30
    Silva NTF, Ribeiro RCHM, Galisteu KJ, Cesarino CB, Pinto MH, Beccaria M. Profile of older adult victims of trauma cared for in the emergency care unit of a teaching. Cien Cuid Saúde. 2018; 17(2). doi: 10.4025/cienccuidsaude.v17i2.42045.
    » https://doi.org/10.4025/cienccuidsaude.v17i2.42045
  • 31
    Silva HC, Pessoa RL, Menezes RMP. Trauma in elderly peaple: access to the health system through pre-hospital care. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2016: 24:e2690. doi: 10.1590/1518-8345.0959.2690.
    » https://doi.org/10.1590/1518-8345.0959.2690
  • 32
    Agarwal A, Agrawal A, Maheshwari R. Evaluation of Probability of Survival using APACHE II & TRISS Method in Orthopaedic Polytrauma Patients in a Tertiary Care Centre. J Clin Diagn Res. 2015;9(7): RC01-RC04. doi: 10.7860/JCDR/2015/12355.6201.
    » https://doi.org/10.7860/JCDR/2015/12355.6201
  • 33
    Hagiwara S, Oshima K, Murata M, Kaneko M, Aoki M, Kanbe M, Model for predicting the injury severity score. Acute Med Surg. 2015; 2(3): 158-62.doi: 10.1002/ams2.89.
    » https://doi.org/10.1002/ams2.89
  • 34
    Hylands M, Toma A, Beaudoin N, Frenette AJ, D'Aragon F, Belley-Côté É, et al. Early vasopressor use following traumatic injury: a systematic review. BMJ Open. 2017; 7(1): e017559. doi: 10.1136/bmjopen-2017-017559.
    » https://doi.org/10.1136/bmjopen-2017-017559
  • 35
    Barmparas G, Dhillon NK, Smith Ej, Mason R, Melo N, Thomsen GM, et al. Patterns of vasopressor utilization during the resuscitation of massively transfused trauma patients. Injury. 2018; 49(1): 8-14. doi: 10.1016/j.injury.2017.09.021.
    » https://doi.org/10.1016/j.injury.2017.09.021
  • 36
    Schreiber A, Yildirim F, Ferrari G, Antonelli A, Delis PB, Gündüz M, et al. Non-Invasive Mechanical Ventilation in Critically Ill Trauma Patients: A Systematic Review. Turk J Anaesthesiol Reanim. 2018; 46(2): 88-95. doi: 10.5152/TJAR.2018.46762.
    » https://doi.org/10.5152/TJAR.2018.46762
  • 37
    Lopez-Aguilar J. Blanch L. Brain injury requires lung protection. Ann Transl Med. 2015; 3 (Suppl 1): S5. doi: 10.3978/j.issn.2305-5839.2015.02.24
    » https://doi.org/10.3978/j.issn.2305-5839.2015.02.24
  • 38
    Shepherd JM, Cole E, Brohi K. Contemporary patterns of multiple organ dysfunction in trauma. Schock. 2017: 47(4): 429-35. Doi: 10.1097/SHK.0000000000000779.
    » https://doi.org/10.1097/SHK.0000000000000779
  • 39
    Kumpf O, Braun JP, Brinkmann A, Bause H, Belgardt M, Bloos F, et al. Quality indicators in intensive care medicine for Germany - third edition 2017. Ger Med Sci. 2017; 15:Doc10. doi: 10.3205/000251.
    » https://doi.org/10.3205/000251
  • 40
    Cabrera C, Manson J, Shepherd JM, Torrance HD, Watson D, Longhi MP, et al. Signatures of inflammation and impending multiple organ dysfunction in the hyperacute phase of trauma: A prospective cohort study. PloS Med. 2017; 14(7): e1002352. doi: 10.1371/journal.pmed.1002352.
    » https://doi.org/10.1371/journal.pmed.1002352
  • 41
    Harrois A, Soyer B, Gauss T, Hamada S, Raux M, Duranteau J. Prevalence and risk factors acute kidney injury among trauma patients: a multicenter cohort study. Crit Care. 2018; 22:344. doi: 10.1186/s13054-018-2265-9.
    » https://doi.org/10.1186/s13054-018-2265-9
  • 42
    Lai WH, Rau C, Wu S, Chen Y, Kuo P, Hsu S, et al. Post-traumatic acute kidney injury: a cross-sectional study of trauma patients. Scand J Trauma Ressusc Emerg Med. 2016; 24. doi: 10.1186/s13049-016-0330-4.
    » https://doi.org/10.1186/s13049-016-0330-4
  • 43
    Phua J, Dean NC, Guo Q, Kuan WS, Lim HF, Lim TK. Severe community-acquired pneumonia: timely management measures in the first 24 hours. Crit Care. 2016; 20(237). doi: 10.1186/s13054-016-1414-2.
    » https://doi.org/10.1186/s13054-016-1414-2
  • 44
    Karch A, Castell S, Schwab F, Geffers C, Bongartz H, Brunkhorst FM, et al. Proposing an Empirically Justified Reference Threshold for Blood Culture Sampling Rates in Intensive Care Units. J Clin Microbiol. 2015; 53(2): 648-52. doi: 10.1128/JCM.02944-14.
    » https://doi.org/10.1128/JCM.02944-14
  • 45
    Marquet K, Liesenborgs A, Bergs J, Vleugels A, Claes N. Incidence and outcome of inappropriate in-hospital empiric antibiotics for severe infection: a systematic review and meta-analysis. Crit Care. 2015; 19(63). doi: 10.1186/s13054-015-0795-y.
    » https://doi.org/10.1186/s13054-015-0795-y
  • 46
    Nik A, Sheikh Andalibi MS, Ehsaei MR, Zarifian A, Ghayoor Karimiani E, Bahadoorkhan G. The Efficacy of Glasgow Coma Scale (GCS) Score and Acute Physiology and Chronic Health Evaluation (APACHE) II for Predicting Hospital Mortality of ICU Patients with Acute Traumatic Brain Injury. Bull Emerg Trauma. 2018; 6(2): 141-5. doi: 10.29252/beat-060208.
    » https://doi.org/10.29252/beat-060208
  • 47
    Olsen M, Vik A, Lund Nilsen TI, Ulberg O, Moen KG, Fredriksli O, et al. Incidence and mortality of moderade and severe traumatic brain injury in children: A ten year population-based cohort study in Norway. Eur J Paediatr Neurol. 2019; 23(3): 500-6. doi: 10.1016/j.ejpn.2019.01.009.
    » https://doi.org/10.1016/j.ejpn.2019.01.009

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    14 Fev 2020
  • Data do Fascículo
    2020

Histórico

  • Recebido
    07 Mar 2019
  • Aceito
    23 Set 2019
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto / Universidade de São Paulo Av. Bandeirantes, 3900, 14040-902 Ribeirão Preto SP Brazil, Tel.: +55 (16) 3315-3451 / 3315-4407 - Ribeirão Preto - SP - Brazil
E-mail: rlae@eerp.usp.br