Burnout, sonolência diurna e qualidade do sono entre alunos de nível técnico em enfermagem^*

Resumos

Objective:

to evaluate the association of the burnout syndrome with daytime sleepiness and sleep quality among technical-level Nursing students.

Method:

a cross-sectional, analytical and quantitative study, conducted with 213 students from four technical Nursing courses in a city of Paraná, Brazil. Data collection was carried out using an instrument containing characterization information, the Maslach Burnout Inventory - Student Survey, the Epworth Sleepiness Scale and the Pittsburgh Sleep Quality Index. The data were analyzed using descriptive statistics and logistic regression.

Results:

the prevalence values of the burnout syndrome, excessive daytime sleepiness and poor sleep quality were 4.7%, 34.7% and 58.7%, respectively. Excessive daytime sleepiness significantly increased the chances of high emotional exhaustion (OR^adj: 5.714; p<0.001) and high depersonalization (OR^adj: 4.259; p<0.001). Poor sleep quality, especially sleep disorders, was associated with all dimensions of the syndrome (p<0.05).

Conclusion:

high levels of the burnout syndrome dimensions were associated with excessive daytime sleepiness and poor sleep quality. Educational institutions should include sleep hygiene and psychosocial support in their student health promotion programs.

Descriptors:
Disorders of Excessive Somnolence; Psychological Burnout; Nursing Students; Associate Nursing Education; Sleep; Sleep Deprivation

Objetivo:

evaluar la asociación del síndrome de burnout con la somnolencia diurna y la calidad del sueño en estudiantes de enfermería de nivel técnico.

Método:

estudio transversal, analítico y cuantitativo, con 213 estudiantes de cuatro carreras técnicas de enfermería en una ciudad del estado de Paraná, Brasil. La recolección de datos se realizó utilizando un instrumento que contiene información de caracterización, el Maslach Burnout Inventory - Student Survey, la Escala de Somnolencia de Epworth y el Índice de Calidad del Sueño de Pittsburgh. Los datos se analizaron mediante estadística descriptiva y regresión logística.

Resultados:

las prevalencias del síndrome de burnout, de la somnolencia diurna excesiva y de la mala calidad del sueño fueron 4,7%, 34,7% y 58,7%, respectivamente. La somnolencia diurna excesiva aumentó significativamente las posibilidades de alto agotamiento emocional (OR^aj: 5,714; p<0,001) y alta despersonalización (OR^aj: 4,259; p<0,001). La mala calidad del sueño, especialmente las alteraciones del sueño, se asoció con todas las dimensiones del síndrome (p<0,05).

Conclusión:

altos niveles de las dimensiones del síndrome de burnout se asociaron con somnolencia diurna excesiva y mala calidad del sueño. Las instituciones educativas deben incluir la higiene del sueño y el apoyo psicosocial en sus programas de promoción de la salud de los estudiantes.

Descriptores:
Trastornos de Somnolencia Excesiva; Agotamiento Psicológico; Estudiantes de Enfermería; Graduación en Auxiliar de Enfermería; Sueño; Privación de Sueño

Introdução

A síndrome de burnout(¹) e os problemas de sono(²) entre estudantes têm sido indicados, em nível mundial, como um problema de saúde pública, devido às repercussões na aprendizagem e na saúde biopsicosocioespiritual dessas pessoas(³). Os estudantes da área da saúde e, em especial os da enfermagem, são muito vulneráveis pelas características da sua formação, permeada por conflitos com colegas e professores, preocupações e dificuldades em adquirir conhecimentos necessários para se tornarem bons profissionais, ingresso no mercado laboral e a assistência direta aos pacientes, que podem estar em sofrimento(⁴-⁵).

A síndrome de burnout nos estudantes é compreendida como um processo tridimensional que envolve: exaustão emocional, expressa pelo sentimento de estar exausto com as cargas do estudo; despersonalização, com atitudes de distanciamento das atividades escolares e uma reduzida eficácia acadêmica, definida pela autopercepção de não ter competência para o estudo(⁶).

A síndrome é oriunda da cronificação do estresse, do desgaste e da insuficiência de recursos para lidar com ambos(⁶); as queixas de sono são consideradas um sintoma adicional que ocorre com frequência nesse distúrbio emocional(³). Entre estudantes universitários, estudos demonstraram que a qualidade do sono tem relação indireta com a síndrome(³,⁷-⁸).

O sono é um comportamento da saúde humana, com função em vários sistemas, sobretudo imunológico, bem como no metabolismo, cognição e regulação emocional(⁹). Devido ao seu poder restaurador para o corpo e a mente(⁹), a qualidade do sono envolve a percepção do indivíduo sobre o descanso e a profundidade do sono(¹⁰). Sua privação aumenta a propensão de sonolência diurna excessiva, caracterizada por adormecer em momentos inapropriados, bem como reflete na incapacidade de responder, prontamente, aos estímulos externos e de concentração(¹¹).

Nessa perspectiva, os problemas de sono em estudantes prejudicam a capacidade de aprendizagem, reduzem o desempenho acadêmico e aumentam a ocorrência de condições crônicas de saúde(¹²). Esses aspectos impactam na formação de pessoas para o atendimento qualificado de saúde à população, principalmente, dos técnicos em enfermagem que, juntamente com os auxiliares de enfermagem, constituem-se em cerca de metade da força de trabalho em saúde no Brasil(¹³).

Na formação dos estudantes da área de saúde, sobretudo dos técnicos em enfermagem, podem existir vários estressores como: carga horária elevada, que precisa ser conciliada com atividades de trabalho, excessiva quantidade de atividades avaliativas, relação de poder entre professor-aluno e as aulas práticas profissionais nos serviços de saúde, em que o receio de cometer erros prejudiciais para a vida do paciente é iminente(¹⁴). Para atender às demandas e obter um bom desempenho acadêmico, os estudantes podem relegar sua vida pessoal, sono e descanso.

Diante das considerações apresentadas e da lacuna de estudos relacionando com a síndrome de burnout com a qualidade de sono e a sonolência diurna excessiva entre alunos de cursos técnicos em enfermagem, pesquisas com esse objetivo, além de avançar no conhecimento, poderão ser baluartes para o planejamento de ações que visem à promoção de saúde e à prevenção de agravos nessa população e, por consequência, propiciar condições mais favoráveis no processo de ensino-aprendizagem.

A hipótese defendida nesse estudo é que a sonolência diurna excessiva e a pior qualidade do sono estão diretamente associadas às dimensões da síndrome de burnout, independentemente de sexo, idade, exercício de atividade laboral em concomitância com os estudos e depressão.

Desta forma, traçou-se como objetivo avaliar a associação da síndrome de burnout com a sonolência diurna e a qualidade do sono entre alunos de nível técnico em enfermagem.

Método

Delineamento do estudo

Trata-se de um estudo transversal, analítico e de abordagem quantitativa. Assim, a descrição dessa seção seguiu o Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE).

Local e período da coleta de dados

O estudo foi desenvolvido entre os meses de março e junho de 2020 em todos os cursos de técnicos em enfermagem da cidade de Londrina, Paraná (PR), Brasil. Dois cursos eram públicos e dois privados, com oferta de turmas no período diurno e noturno, com cargas horárias que variavam entre 1200 e 1800 horas, distribuídas em quatro semestres.

População, amostra e critérios de seleção

A população-alvo foi representada por 560 alunos elegíveis dos referidos cursos de técnicos em enfermagem, que atendiam aos seguintes critérios: possuir idade igual ou maior que 18 anos, não estar afastado das atividades do curso por licenças de quaisquer naturezas e estar matriculado nos dois últimos semestres, visto que as cargas horárias são idênticas e ocorrem as aulas práticas profissionais nos quatro cursos em estudo.

Todos os elegíveis foram convidados e a amostra foi constituída de 213 alunos, portanto, sendo uma amostra por conveniência. Esse número de participantes foi considerado adequado em relação à análise estatística proposta, em que é necessário o mínimo de 10 casos para cada variável inserida no modelo múltiplo, com um mínimo amostral de 100 casos(¹⁵).

Variáveis e instrumentos de estudo

Para a coleta de dados, as autoras elaboraram um instrumento que continha dados sociodemográficos, ocupacionais, acadêmicos e condições de vida: idade (em anos), sexo (feminino ou masculino), situação conjugal (solteiro, casado/união estável, viúvo, separado/divorciado ou outro estado civil), com quem reside (sozinho, família, colegas ou outros), exercício de atividade laboral (não ou sim), tipo de curso técnico (público ou privado), semestre cursado (penúltimo ou último) e uso de antidepressivos (não ou sim).

A síndrome de burnout foi avaliada pela versão brasileira do Maslach Burnout Inventory - Student Survey (MBI-SS), devidamente adaptada e validada(¹⁶-¹⁷). Trata-se de um questionário autoaplicável composto por 15 itens, que avaliam três dimensões conceituais: exaustão emocional, despersonalização e eficácia acadêmica, no qual as respostas têm formato de escala tipo Likert (0-6)(¹⁴). A escala não gera uma pontuação global, mas os escores podem ser dicotomizados em alta exaustão emocional (≥16 pontos), alta despersonalização (≥11 pontos) e baixa eficácia acadêmica (≤23 pontos)(⁶). Altos níveis de exaustão emocional e despersonalização e baixa eficácia acadêmica indicam a síndrome de burnout. Esse instrumento foi utilizado anteriormente para avaliação dessa síndrome entre estudantes de curso técnico em enfermagem(¹⁴), inclusive pelos próprios autores que realizaram a tradução e a verificação das propriedades psicométricas do MBI-SS(¹⁷). Assim, considerou-se o instrumento apropriado, visto que as afirmações referem-se a como o estudante relaciona-se com seu estudo.

A qualidade do sono foi verificada pela versão traduzida para o Brasil do Índice de Qualidade de Sono de Pittsburgh (Pittsburgh Sleep Quality Index - PSQI), com boa consistência interna e validade fatorial. Trata-se de escala autoaplicável com 13 questões que, após a transformação(¹⁰), resultam em sete componentes de 0 a 3 pontos: qualidade subjetiva do sono, latência para o sono, duração do sono, eficiência habitual do sono, transtornos do sono, uso de medicação para dormir e disfunção diurna. A soma desses itens varia de 0 a 21 pontos e classifica esse resultado em qualidade do sono boa (0-4 pontos), qualidade do sono ruim (5-10 pontos) e distúrbio do sono (10-21 pontos)(¹⁰).

Para avaliar a sonolência diurna excessiva, utilizou-se a Escala de Sonolência de Epworth (ESE), em sua versão adaptada e validada para o português escrito/falado no Brasil. Este questionário avalia a probabilidade de adormecer durante o dia em oito situações envolvendo atividades diárias (sentado e lendo; assistindo televisão; sentado, quieto, em um lugar público; sentado, por uma hora, como passageiro em um carro; deitado à tarde para descansar; sentado e conversando com outra pessoa; sentado quieto após o almoço sem bebida de álcool; sentado em um carro parado no trânsito por alguns minutos), cujas alternativas são fornecidas em escalas do tipo Likert (0 a 3 pontos). O escore geral varia de 0 a 24, sendo considerado sonolência diurna excessiva as pontuações ≥10(¹¹).

Destaca-se que o PSQI e a ESE avaliam a qualidade do sono e a sonolência diurna de qualquer indivíduo, por não apresentarem questões voltadas aos grupos específicos. Nesse sentido, estudos científicos nacionais e internacionais(¹⁸-²²), utilizaram esses instrumentos para verificar esses construtos em estudantes.

Coleta de dados

Em vista da pandemia de covid-19 e das instituições de ensino não recomendarem a realização de atividades presenciais envolvendo aglomeração de pessoas, optou-se por realizar a coleta de dados pela internet. Desse modo, o instrumento de pesquisa foi incluído na plataforma Google Forms, com todas as variáveis de preenchimento obrigatório e na seguinte ordem: questionário de caracterização, PSQI, ESE e MBI-SS, separados cada um por telas, as quais o participante acessava, respondia e, ao final, clicava na palavra “próximo”, constituindo-se, então, em um só arquivo.

Considerando que o questionário de caracterização não foi validado previamente, optou-se por realizar um teste-piloto com o instrumento completo de coleta de dados com 30 alunos de uma escola técnica em enfermagem de uma cidade vizinha, com características similares àquelas da população de estudo para verificar ambiguidades, compreensão das questões e a operacionalização da coleta.

Como não foi necessário realizar adequações, entre março e junho de 2020 foram convidados todos os alunos a participar do estudo, enviando para seus e-mails pessoais (fornecidos pelas coordenações dos cursos) o link que direcionava ao instrumento de estudo. Convém destacar que as questões das escalas não sofreram modificação, não há restrição do formato de aplicação (em papel, celulares, computadores, entre outros), bem como a sua aplicação pela internet foi utilizada na verificação da validade transcultural do MBI-SS(¹⁶).

O acesso ao questionário de coleta de dados foi precedido pelo aceite em participar da pesquisa mediante o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). As respostas foram direcionadas, automaticamente, para um banco de dados.

Tratamento e análise dos dados

Os dados foram analisados no Statistical Package of Social Sciences (SPSS), versão 20.0. Na estatística descritiva, os dados foram apresentados em frequências absolutas e relativas; a variável quantitativa idade foi apresentada por mediana e intervalo interquartílico (IIQ), considerado que o teste Shapiro-Wilk indicou não aderência à distribuição normal (p<0,001).

O alfa de Cronbach foi calculado a fim de verificar a confiabilidade das escalas utilizadas neste estudo. As variáveis dependentes foram as dimensões da síndrome de burnout, alta exaustão emocional, alta despersonalização e baixa eficácia acadêmica. As variáveis independentes foram a sonolência diurna excessiva (categórica dicotômica), a qualidade do sono (categórica dicotômica) e os componentes do PSQI (numérica).

A associação dos desfechos e exposições foi verificada por regressão logística binária univariada. Na sequência, foram realizadas regressões logísticas múltiplas para ajustar a associação, considerando as variáveis “sexo”, “idade” (em anos), “trabalhar” e “uso de antidepressivos”, por serem aspectos que podem ser potenciais confundidores da relação(²³). O ajuste do modelo foi verificado pelo teste Hosmer-Lemeshow e a variação explicada pelo Nagelkerke R Square. Os resultados foram apresentados em odds ratio com intervalo de confiança de 95% (IC 95%), ou seja, considerou-se α<0,05 como estatisticamente significativo.

Aspectos éticos

O desenvolvimento da pesquisa atendeu aos preceitos éticos nacionais e internacionais, sendo aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual de Londrina, conforme Parecer 4.021.962 e CAAE 25811519.5.0000.5231.

Resultados

Participaram do estudo 213 estudantes de cursos técnicos em enfermagem, com idade mediana de 26 anos (IIQ:17); a maioria era mulher (85,4%), solteira (56,3%), que residia com sua família (90,1%), trabalhava (62%) e não usava antidepressivos (92,5%). Sobre as informações acadêmicas, 71,4% eram vinculados aos cursos privados e 46,5% estavam matriculados nos últimos semestres do curso.

Na amostra deste estudo, o valor de alfa de Cronbach foi de α=0,813 para o MBI, de α=0,836 para o ESE e α=0,704 para o PSQI. A Tabela 1 mostra que 4,7% dos estudantes apresentaram indicativo de síndrome de burnout; 34,7%, sonolência diurna excessiva e 58,7%, qualidade de sono ruim.

Tabela 1
Frequências do Maslach Burnout Inventory - Student Survey, Escala de Sonolência de Epworth e Índice de Qualidade de Sono de Pittsburg apresentadas pelos estudantes de nível técnico em enfermagem (n=213). Londrina, PR, Brasil, 2020

Variáveis	Codificação	Frequência absoluta	Frequência relativa
Exaustão emocional	Baixa	111	52,1
	Alta	102	47,9
Despersonalização	Baixa	166	77,9
	Alta	47	22,1
Eficácia acadêmica	Baixa	170	79,8
	Alta	43	20,2
Síndrome de burnout	Não	203	95,3
	Sim	10	4,7
Sonolência diurna excessiva	Não	139	65,3
	Sim	74	34,7
Qualidade sono	Boa	51	23,9
	Ruim	125	58,7
	Distúrbio do sono	37	17,4

A Tabela 2 permite verificar que os participantes com sonolência diurna excessiva apresentaram 5,714 vezes a chance de alta exaustão emocional em relação aos que não foram classificados com esse tipo de sonolência. Da mesma forma todos os componentes do PQSI e pior qualidade do sono aumentaram, significativamente, as chances de alta exaustão emocional.

Tabela 2
Associação da exaustão emocional com sonolência diurna excessiva e qualidade do sono entre estudantes de nível técnico em enfermagem (n=213). Londrina, PR, Brasil, 2020

Variáveis independentes	p-value	odds ratio bruto* (Intervalo de Confiança 95%)	p-value	odds ratio ajustado† (Intervalo de Confiança 95%)
Sonolência diurna excessiva	<0,001	6,178(3,261-11,702)	<0,001	5,714(2,918-11,187)
Sexo			0,029	0,354(0,140-0,898)
Idade			0,053	0,966(0,932-1,000)
Trabalhar			0,621	1,186(0,604-2,328)
Uso de antidepressivos			0,180	0,437(0,130-1,466)
Qualidade subjetiva do sono	0,013	1,480(1,085-2,019)	0,028	1,435(1,039-1,981)
Sexo			0,023	0,371(0,158-0,872)
Idade			0,003	0,952(0,921-0,983)
Trabalhar			0,082	1,744(0,931-3,265)
Uso de antidepressivos			0,240	0,516(0,171-1,555)
Latência para o sono	<0,001	2,137(1,490-3,065)	<0,001	2,160(1,467-3,183)
Sexo			0,044	0,409(0,172-0,976)
Idade			0,010	0,957(0,925-0,990)
Trabalhar			0,034	2,033(1,056-3,913)
Uso de antidepressivos			0,113	0,401(0,129-1,242)
Duração do sono	0,006	1,380(1,097-1,736)	0,002	1,513(1,172-1,955)
Sexo			0,004	0,265(0,108-0,651)
Idade			0,001	0,947(0,915-0,979)
Trabalhar			0,304	1,401(0,737-2,666)
Uso de antidepressivos			0,153	0,437(0,140-1,360)
Eficiência habitual do sono	0,014	1,543(1,093-2,177)	0,019	1,541(1,074-2,210)
Sexo			0,020	0,361(0,153-0,852)
Idade			0,003	0,950(0,920-0,982)
Trabalhar			0,085	1,749(0,926-3,303)
Uso de antidepressivos			0,167	0,444(0,140-1,405)
Transtornos do sono	<0,001	3,986(1,919-8,279)	<0,001	4,463(2,026-9,829)
Sexo			0,010	0,312(0,129-0,755)
Idade			0,005	0,952(0,920-0,986)
Trabalhar			0,133	1,653(0,858-3,184)
Uso de antidepressivos			0,057	0,313(0,094-1,038)
Uso de medicamentos para dormir	0,116	1,200(0,956-1,508)	0,080	1,246(0,974-1,594)
Sexo			0,017	0,353(0,150-0,828)
Idade			0,002	0,949(0,918-0,981)
Trabalhar			0,132	1,618(0,865-3,028)
Uso de antidepressivos			0,109	0,391(0,124-1,231)
Disfunção diurna	<0,001	4,407(2,741-7,087)	<0,001	4,401(2,660-7,282)
Sexo			0,043	0,375(0,145-0,969)
Idade			0,085	0,969(0,934-1,004)
Trabalhar			0,123	1,721(0,863-3,428)
Uso de antidepressivos			0,068	0,304(0,085-1,094)
Qualidade do sono
Boa	<0,001		<0,001
Ruim	0,001	3,466(1,631-7,365)	<0,001	3,542(1,622-7,735)
Distúrbios do sono	<0,001	15,065(5,212-43,543)	<0,001	17,065(5,548-52,490)
Sexo			0,008	0,293(0,117-0,731)
Idade			0,009	0,954(0,921-0,988)
Trabalhar			0,107	1,740(0,886-3,417)
Uso de antidepressivos			0,086	0,355(0,109-1,157)

• ^*
  Regressão logística binária univariada;
• ^†
  Regressão logística binária múltipla; Hosmer-Lemeshow de cada modelo: 0,847, 0,109, 0,853, 0,322, 0,721, 0,523, 0,242, 0,139, 0,148; Nagelkerke R Square de cada modelo: 0,253, 0,124, 0,189, 0,156, 0,130, 0,193, 0,113, 0,318, 0,263, respectivamente

Chances aumentadas de alta despersonalização ocorreram entre os estudantes com sonolência diurna excessiva (OR: 4,259) e com uma pior percepção de qualidade subjetiva do sono (OR: 1,553), latência para o sono (OR: 1,682), transtornos do sono (OR: 4,218), disfunção diurna (OR: 2,452) e com distúrbios do sono (OR: 6,029) (Tabela 3).

Tabela 3
Associação da despersonalização com sonolência diurna excessiva e qualidade do sono entre estudantes de nível técnico em enfermagem (n=213). Londrina, PR, Brasil, 2020

Variáveis independentes	p-value	odds ratio bruto* (Intervalo de Confiança 95%)	p-value	odds ratio ajustado† (Intervalo de Confiança 95%)
Sonolência diurna excessiva	0,001	3,291(1,678-6,456)	<0,001	4,259(2,037-8,905)
Sexo			0,640	1,265(0,473-3,383)
Idade			0,268	1,022(0,983-1,062)
Trabalhar			0,033	0,436(0,203-0,936)
Uso de antidepressivos			0,282	0,418(0,086-2,045)
Qualidade subjetiva do sono	0,025	1,541(1,055-2,250)	0,030	1,533(1,043-2,252)
Sexo			0,718	1,191(0,461-3,080)
Idade			0,767	1,006(0,969-1,043)
Trabalhar			0,276	0,673(0,330-1,372)
Uso de antidepressivos			0,327	0,461(0,098-2,166)
Latência para o sono	0,019	1,637(1,085-2,471)	0,017	1,682(1,096-2,583)
Sexo			0,643	1,253(0,483-3,249)
Idade			0,630	1,009(0,972-1,047)
Trabalhar			0,339	0,704(0,343-1,445)
Uso de antidepressivos			0,240	0,394(0,083-1,866)
Duração do sono	0,100	1,248(0,958-1,624)	0,050	1,317(1,000-1,734)
Sexo			0,922	0,953(0,364-2,492)
Idade			0,912	1,002(0,966-1,039)
Trabalhar			0,121	0,562(0,271-1,164)
Uso de antidepressivos			0,289	0,434(0,093-2,030)
Eficiência habitual do sono	0,058	1,397(0,988-1,973)	0,053	1,421(0,995-2,030)
Sexo			0,745	1,170(0,455-3,006)
Idade			0,803	1,005(0,969-1,042)
Trabalhar			0,248	0,657(0,322-1,341)
Uso de antidepressivos			0,277	0,423(0,089-1,995)
Transtornos do sono	0,002	3,324(1,537-7,186)	0,001	4,218(1,803-9,870)
Sexo			0,797	1,135(0,433-2,971)
Idade			0,537	1,012(0,974-1,051)
Trabalhar			0,112	0,546(0,259-1,151)
Uso de antidepressivos			0,129	0,274(0,052-1,460)
Uso de medicamentos para dormir	0,671	1,060(0,809-1,389)	0,428	1,121(0,845-1,488)
Sexo			0,806	1,125(0,440-2,873)
Idade			0,909	1,002(0,966-1,039)
Trabalhar			0,197	0,625(0,307-1,276)
Uso de antidepressivos			0,266	0,409(0,085-1,977)
Disfunção diurna	0,001	2,177(1,360-3,485)	0,001	2,452(1,471-4,088)
Sexo			0,561	1,336(0,504-3,540)
Idade			0,284	1,022(0,982-1,063)
Trabalhar			0,154	0,588(0,284-1,220)
Uso de antidepressivos			0,253	0,402(0,084-1,920)
Qualidade do sono
Boa	0,005		0,003
Ruim	0,198	1,875(0,719-4,887)	0,155	2,023(0,765-5,347)
Distúrbios do sono	0,002	5,357(1,821-15,762)	0,001	6,029(1,990-18,269)
Sexo			0,804	1,130(0,430-2,966)
Idade			0,582	1,011(0,973-1,050)
Trabalhar			0,182	0,609(0,294-1,263)
Uso de antidepressivos			0,227	0,380(0,079-1,826)

• ^*
  Regressão logística binária univariada;
• ^†
  Regressão logística binária múltipla; Hosmer-Lemeshow de cada modelo: 0,571, 0,188, 0,893, 0,618, 0,329, 0,835, 0,687, 0,819, 0,474; Nagelkerke R Square de cada modelo: 0,126, 0,053, 0,060, 0,046, 0,044, 0,106, 0,023, 0,108, 0,100, respectivamente

A Tabela 4 demonstra que os estudantes com alta eficiência habitual do sono possuíam chances de 1,552 de baixa eficácia nos estudos. Aqueles com distúrbios do sono apresentaram chance de 4,083 de baixa eficácia acadêmica, em relação aos com boa qualidade do sono.

Tabela 4
Associação da baixa eficácia acadêmica com sonolência diurna excessiva e qualidade do sono entre estudantes de nível técnico em enfermagem (n=213). Londrina, PR, Brasil, 2020

Variáveis independentes	p-value	odds ratio bruto* (Intervalo de Confiança 95%)	p-value	odds ratio ajustado† (Intervalo de Confiança 95%)
Sonolência diurna excessiva	0,845	1,073(0,529-2,174)	0,865	1,067(0,503-2,266)
Sexo			0,025	2,680(1,132-6,347)
Idade			0,412	0,983(0,943-1,024)
Trabalhar			0,443	0,742(0,346-1,591)
Uso de antidepressivos			0,475	0,571(0,123-2,655)
Qualidade subjetiva do sono	0,133	1,342(0,914-1,970)	0,134	1,358(0,910-2,027)
Sexo			0,019	2,821(1,182-6,734)
Idade			0,451	0,985(0,946-1,025)
Trabalhar			0,524	0,784(0,371-1,657)
Uso de antidepressivos			0,477	0,571(0,122-2,675)
Latência para o sono	0,072	1,468(0,966-2,231)	0,054	1,543(0,992-2,399)
Sexo			0,014	3,005(1,249-7,231)
Idade			0,527	0,987(0,948-1,028)
Trabalhar			0,633	0,831(0,389-1,776)
Uso de antidepressivos			0,375	0,493(0,104-2,348)
Duração do sono	0,053	1,308(0,996-1,716)	0,076	1,295(0,973-1,723)
Sexo			0,060	2,324(0,964-5,602)
Idade			0,390	0,982(0,944-1,023)
Trabalhar			0,309	0,673(0,314-1,444)
Uso de antidepressivos			0,413	0,522(0,110-2,471)
Eficiência habitual do sono	0,022	1,503(1,060-2,130)	0,018	1,552(1,077-2,236)
Sexo			0,018	2,883(1,202-6,914)
Idade			0,490	0,986(0,947-1,027)
Trabalhar			0,508	0,775(0,364-1,650)
Uso de antidepressivos			0,360	0,477(0,098-2,330)
Transtornos do sono	0,180	1,664(0,790-3,505)	0,181	1,729(0,775-3,858)
Sexo			0,026	2,660(1,122-6,305)
Idade			0,486	0,986(0,947-1,026)
Trabalhar			0,387	0,717(0,337-1,525)
Uso de antidepressivos			0,358	0,474(0,097-2,328)
Uso de medicamentos para dormir	0,207	1,193(0,907-1,568)	0,115	1,265(0,944-1,694)
Sexo			0,024	2,719(1,142-6,477)
Idade			0,399	0,983(0,944-1,023)
Trabalhar			0,379	0,712(0,335-1,517)
Uso de antidepressivos			0,288	0,419(0,084-2,086)
Disfunção diurna	0,485	1,179(0,742-1,874)	0,506	1,182(0,722-1,933)
Sexo			0,022	2,753(1,157-6,552)
Idade			0,487	0,985(0,946-1,027)
Trabalhar			0,442	0,746(0,354-1,574)
Uso de antidepressivos			0,449	0,550(0,117-2,583)
Qualidade do sono
Boa	0,009		0,009
Ruim	0,614	1,269(0,503-3,201)	0,706	1,201(0,465-3,100)
Distúrbios do sono	0,009	4,000(1,411-11,336)	0,011	4,083(1,386-12,030)
Sexo			0,021	2,859(1,175-6,954)
Idade			0,560	0,988(0,948-1,029)
Trabalhar			0,451	0,745(0,346-1,602)
Uso de antidepressivos			0,338	0,455(0,091-2,277)

• ^*
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• ^†
  Regressão logística binária múltipla; Hosmer-Lemeshow de cada modelo: 0,196, 0,942, 0,380, 0,313, 0,188, 0,876, 0,281, 0,103, 0,986; Nagelkerke R Square de cada modelo: 0,054, 0,071, 0,061, 0,076, 0,092, 0,067, 0,072, 0,057, 0,118, respectivamente

Discussão

Este estudo objetivou verificar a associação da síndrome de burnout com sonolência diurna e qualidade do sono entre alunos de nível técnico em enfermagem e os resultados demonstraram que a sonolência diurna excessiva aumentou, significativamente, as chances de alta exaustão emocional e alta despersonalização. Os distúrbios do sono associaram-se com todas as dimensões da síndrome.

A caracterização dos participantes indicou mulheres jovens, solteiras, que residem com seus familiares, dados que se assemelham ao perfil dos estudantes técnicos e auxiliares em enfermagem, no âmbito nacional(¹¹). Considerando as proporções da amostra investigada constituída por pessoas de sexo feminino (85,4%), casadas (43,7%), que trabalhavam (62%) e que as atividades domésticas são cultural e historicamente atribuídas a elas, estudos identificaram que as mulheres, ao conciliar múltiplas atividades, têm maior probabilidade para o desgaste mental(²⁴), a privação, a deficiência e os distúrbios do sono(¹⁸,²⁵).

As proporções de síndrome de burnout e as dimensões exaustão emocional, despersonalização e baixa eficácia acadêmica obtidas neste estudo (4,7%; 47,9%; 22,1% e 20,2%) foram inferiores comparadas às de estudo brasileiro com estudantes de enfermagem (10,5%; 76,3%; 31,6% e 21,1%)(⁴). Independentemente das taxas, o sofrimento psicológico deve ser prevenido por estar associado com a diminuição do desempenho acadêmico(¹⁹) e as repercussões na saúde dos estudantes.

A sonolência diurna excessiva é frequente em estudantes, com prevalência variando entre 24,6% e 57,4%. No presente estudo, a prevalência de sonolência diurna excessiva foi de 34,7%, consistente com as encontradas em outros estudos realizados com estudantes de medicina de Marrocos (36,6%)(¹⁹) e China (24,6%)(²⁰), estudantes de enfermagem da Indonésia (28,8%)(¹⁷), mas muito inferior se comparada com a prevalência de sonolência diurna excessiva demonstrada em estudantes de enfermagem de Omã (57,4%)(²¹). A qualidade do sono ruim ocorreu com 58,7% dos participantes deste estudo, sendo consistente com a de estudo entre estudantes de medicina marroquinos (58,2%)(¹⁹) e inferior à de investigação com estudantes de enfermagem indonésios (66,0%)(¹⁸) e brasileiros (67,0%)(²²).

O sono é uma condição de repouso periódica do corpo e do sistema nervoso, fundamental para a consolidação da memória, por favorecer o processamento de novas informações. Assim, é crucial para o aprendizado, o desempenho e a saúde dos estudantes de qualquer área ou grau; sua privação, mesmo que parcial, exerce efeito negativo para a aprendizagem(²⁶-²⁷) e está associada ao baixo desempenho acadêmico(¹⁹).

A restrição do sono está relacionada a uma série de efeitos para a saúde, como o aumento da mortalidade e a diminuição do funcionamento renal(²⁸). Mulheres que dormem menos de 6 horas por dia experimentam mais sintomas depressivos, de estresse e de ansiedade, devido ao declínio na função cognitiva, que resulta em julgamento prejudicado e aumento da compulsão, exaustão e desespero(²⁹). Nesse sentido, uma revisão sistemática identificou que, entre estudantes, a qualidade do sono e a higiene do sono são fortes preditores de depressão ou sintomas depressivos, visto que alunos com má qualidade do sono são menos propensos a usar estratégias de enfrentamento adaptativas e possuem maior dificuldade de desviar a atenção dos estímulos negativos(³⁰). Ainda, os cochilos diurnos longos (>60 minutos) e regulares aumentaram o risco de doença de Parkinson(³¹), diabetes mellitus tipo 2, risco cardiometabólico(³²) e doenças cardiovasculares(³³), pois o dormir durante o dia é considerado um complemento ao período normal de sono, não atingindo algumas de suas fases fisiológicas, nas quais ocorrem os benefícios restauradores e protetores(⁹).

As altas prevalências identificadas e as numerosas consequências indicam a necessidade de ações para lidar com esses problemas, tais como programas de higiene do sono e hábitos saudáveis de sono entre estudantes(²¹).

Nesse estudo verificou-se que a sonolência diurna excessiva, todos os componentes do PQSI e a pior qualidade do sono aumentaram, significativamente, as chances de alta exaustão emocional. Essa dimensão da síndrome de burnout é a primeira a surgir e demonstra o esgotamento devido à insuficiência de mecanismos psicológicos para enfrentar as numerosas demandas de estudo, necessárias para a formação(⁴).

A sonolência diurna excessiva configura-se como um sintoma crônico oriundo da má qualidade do sono, que se reflete numa incapacidade de se manter acordado e/ou alerta durante o dia, trazendo prejuízos nas áreas físicas, psíquicas e mentais das pessoas(¹¹). Os alunos que não conseguem se concentrar nas atividades diárias por causa da sonolência podem ter uma percepção aumentada da sobrecarga de atividades e, consequentemente, um aumento da exaustão. Nesse sentido, alunos que dormem horas suficientes diariamente possuem maiores níveis de saúde psicológica(³⁰) e, por outro lado, a má qualidade do sono favorece o surgimento da exaustão emocional(³⁴).

A associação identificada neste estudo entre as piores percepções dos componentes da qualidade sono com a exaustão emocional pode ser explicada pela necessidade de um terceiro turno dedicado aos estudos, visto que é necessário conciliar a vida familiar, os afazeres domésticos, o trabalho e os estudos. Assim, aspectos fundamentais relacionados com a redução do estresse, ansiedade e exaustão, como hábitos de sono e alimentares, vida social e lazer são relegados devido ao estudo em turno fora do horário normal(³⁵). Acredita-se que trabalhar e estudar pode se tornar uma alta carga emocional e, muitas vezes, não há uma cultura institucional de apoio aos trabalhadores que estudam, impactando na quantidade de horas de sono dormidas e no uso de substâncias psicoativas para regular o ciclo vigília-sono, ou seja, estimulantes para interromper a sonolência diurna e sedativos para reverter seus efeitos. No entanto, ambos associam-se com a má qualidade do sono e os distúrbios psicológicos(³⁶).

Dentro do continuum da síndrome de burnout, a despersonalização decorre da exaustão emocional, isto é, uma forma de lidar com a sobrecarga das atividades, com a apresentação de atitudes negativas com os colegas e com o estudo, como frieza e indiferença(⁶). Verificou-se que chances aumentadas de alta despersonalização ocorreram entre os estudantes com sonolência diurna excessiva e com pior percepção de qualidade subjetiva do sono, latência para o sono, transtornos do sono, disfunção diurna e com distúrbios do sono. Estudo realizado nos Emirados Árabes Unidos com estudantes universitários ratificou a associação da despersonalização com má qualidade do sono e cochilos diurnos. Os autores afirmam que as experiências dissociativas são potencializadas pela qualidade do sono, sobretudo pelos distúrbios do sono, devido à dificuldade de regular e controlar os estados de consciência que levam à desinibição cognitiva(³⁷).

Um sono ineficiente e a presença de distúrbios do sono foram associados à baixa eficácia acadêmica, que é uma dimensão interdependente do processo de ensino, pois decorre da dificuldade de reconhecimento, valorização e obtenção de resultados, gerando sentimentos de insuficiência, impotência, insegurança, baixa autoestima e inferioridade. Baixos escores nessa dimensão foram relacionados com a diminuição dos sentimentos de competência junto do desempenho de uma atividade profissional, entre estudantes universitários(³⁸).

Embora o estudo tenha alcançado seu objetivo, apresentou limites devido ao formato na coleta de dados online necessária devido à pandemia de covid-19, visto que essas pessoas podem não acessar o e-mail com frequência. Outro limite diz respeito ao ano de coleta de dados, em que o esgotamento pode estar exacerbado(³⁹). O delineamento transversal não possibilita avaliar adequadamente relações causais e deve-se ponderar que foi realizado em quatro escolas de uma cidade, o que impede a generalização dos resultados. Deve-se considerar a escassez de estudos com alunos de cursos profissionalizantes em enfermagem, tendo sido necessário discutir os resultados com estudos envolvendo alunos de outros níveis de formação.

Apesar desses limites, esse estudo avança no conhecimento ao investigar uma população cuja formação é essencial para a manutenção dos serviços de saúde. Ainda, contribui na discussão da temática, no que tange à influência da qualidade do sono na síndrome de burnout, avançando em apresentar a associação da sonolência diurna excessiva, da má qualidade do sono, sobretudo na avaliação dos seus componentes em relação a cada dimensão da síndrome.

Os resultados indicam a necessidade de adoção de estratégias individuais e coletivas, como o gerenciamento do tempo entre estudos e vida pessoal e profissional, para que as atividades prazerosas e produtoras de bem-estar físico e mental não sejam relegadas. Os gestores e professores dos cursos técnicos em enfermagem precisam identificar nos currículos aspectos mutáveis que geram sobrecarga, bem como implementar políticas e serviços institucionais de bem-estar de seus alunos. Nesse sentido, novos estudos devem abordar esses aspectos.

Conclusão

A hipótese de estudo foi confirmada, visto que altos níveis das dimensões exaustão emocional e despersonalização foram associados com a sonolência diurna excessiva e a má qualidade de sono em estudantes do curso técnico em enfermagem. Chances aumentadas de síndrome de burnout foram encontradas entre os alunos com distúrbios do sono, mesmo após o ajuste das covariáveis sexo, idade, trabalhar e depressão.

Esses achados indicam a importância dos alunos deste nível de ensino possuírem uma boa higiene do sono. As instituições que não possuem programas de apoio psicossocial devem planejá-los e implementá-los, vislumbrando a promoção da saúde de seus estudantes.

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Editado por

Editora Associada: Maria Lúcia do Carmo Cruz Robazzi

Datas de Publicação

• Publicação nesta coleção
  29 Out 2021
• Data do Fascículo
  2021

Histórico

• Recebido
  18 Jan 2021
• Aceito
  27 Maio 2021