O presente artigo parte da experiência clínica em uma unidade de internação psiquiátrica para homens com diagnóstico de dependentes químicos. Tal experiência foi tomada a partir do que se extrai do discurso do analista (Lacan 1969-70/1992Lacan, J. (1992). O seminário. Livro 17. O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar. (Trabalho original publicado em 1969-70).). O agenciamento do objeto a revela que nem sempre a relação com a substância é a causa do sofrimento psíquico. Um dos aspectos presentes nessa clínica, na qual predominam sujeitos neuróticos, é o empuxo à repetição do fracasso, engendrando o sem-sentido. Tal atuação não diz respeito à relação com a droga, mas revela-se modus operandi do sujeito. Apontando a antítese entre falo e supereu, como a única instância que impõe o gozo, estabelecemos a diferença entre o uso da droga como suspensão do gozo fálico como indicado por Lacan (1975/1976)Lacan, J. (1976). Clotûre aux Journées d’Etudes des Cartels. Lettres de l’Ecole Freudienne de Paris, 18, Paris, abril de 1976. (Trabalho original publicado em 1975). e a repetição compulsiva que exaure o sujeito e realiza o fracasso.
Palavras-chave:
Neurose; falo; supereu; droga