Acessibilidade / Reportar erro

A drugstore de Platão (os psicofármacos)

A partir do livro A farmácia de Platão, de Jacques Derrida, é rastreada, nos próprios textos platônicos, a admiração daquele filósofo grego pela então incipiente medicina hipocrática: ela se harmonizava com o método dialético de Platão, em oposição à estreiteza do método sofista, que se compunha melhor com a medicina pré-hipocrática dos charlatães curandeiros.

Chega-se ao phármakon hipocrático, com suas primitivas e atuais propriedades de Droga, de Tintura, de Escritura e de Objeto Numinoso. E na atual Drugstore, que veio usurpar o tradicional espaço da farmácia, o phármakon ainda vem se mantendo como tal e não se esvazia na categoria inerte de um simples product; mas isso ocorre apenas através dos esforços da propaganda maciça, de exorbitâncias da pesquisa científica e da precariedade da maioria dos atendimentos médicos da atualidade.

Também na psicofarmacologia, são muitas as modificações (patoplásticas) geradas pelas mutilações contemporâneas sofridas pelo phármakon; entre elas, o autor destaca que os phármakons antidepressivos podem propiciar, no reequilíbrio pulsional que favorecem, apenas uma espécie de “adiamento” da destruição e do triunfo sobre o objeto perdido no melancólico – não parecendo influir, apesar da aparente melhora no quadro clínico, na força sádica destrutiva do sujeito.

Psicopatologia; psiquiatria; psicofármacos; pharmakon


Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com