O artigo se propõe a incitar reflexões sobre a função da fantasia na psicanálise a partir do contato de Lacan com a obra do artista René Magritte, e especificamente, com o quadro La condition humaine (1933). Analisam-se algumas vertentes do funcionamento fantasístico como realidade do sujeito e, acima de tudo, como "condição humana" ligada a uma evitação do contato com "a janela para o real", em relação à falta de objeto último para a satisfação pulsional, à inconsistência do Outro e ao desamparo fundamental. Para tanto, examinam-se os dilemas da relação subjetiva com o objeto a e com das Ding, investigando o funcionamento ambíguo da fantasia e o seu possível entendimento como obra de arte para uso interno do sujeito. Propõe-se, finalmente, uma ressonância entre a compreensão da arte na obra de Magritte e a direção do tratamento conforme proposta por Lacan.
Palavras-chave:
Magritte; psicanálise; fantasia; real