Acessibilidade / Reportar erro

Arquipélago identidade. O declínio do sujeito autocêntrico e o nascimento do eu múltiplo

Resumos

Na cultura ocidental a identidade humana foi considerada, por muito tempo, uma substância que se desenvolve ao longo da vida de um indivíduo. Nesta pesquisa, a identidade é considerada uma história de vida. Não um a priori transcendental, portanto, mas algo que deixamos para trás e que só pode ter expressão na narração de uma história de vida e nos encontros que a caracterizam. Nesse sentido a identidade não corresponde a uma autobiografia, mas a uma identidade que é, ela própria, biografia. Isto significa que a identidade assim entendida não só não é substancial, monolítica, solitária, solipsista, mas é fundamentalmente plural. Poderia ser definida como uma identidade relacional, que só se dá no encontro com o outro: o outro que olha, que narra e que pode explicitar minha identidade, restituindo-a a mim como forma de uma história de vida narrada. Essa abordagem fortemente ligada à psicologia cultural pretende indicar uma linha de pesquisa que se subtraia à escolha entre homo natura e homo cultura e estréie uma reflexão e uma pesquisa naturalmente cultural: que afinal, em outros termos, é a questão de uma identidade relacional.

Identidade; psicologia cultural; Eu múltiplo; identidade relacional


En la cultura occidental, la identidad humana fue considerada, durante mucho tiempo, una sustancia que se desarrolla a lo largo de la vida del individuo. En esta investigación, la identidad es considerada una historia de vida. No un a priori trascendental, por lo tanto, pero algo que dejamos para tras y que sólo puede tener expresión en la narración de una historia de vida y en los encuentros que la caracterizan. En ese sentido, la identidad no corresponde a una autobiografía, sino a una identidad que es, ella misma, biografía. Esto significa que la identidad así entendida no es sustancial, monolítica, solitaria, solipsista, es fundamentalmente plural. Podría ser definida como una identidad relacional, que solo existe en el encuentro con el otro: el otro que mira, que narra y que puede explicitar mi identidad, restituyéndomela como forma de una historia de vida narrada. Ese abordaje fuertemente ligado a la psicología cultural pretende indicar una línea de investigación que se sustraiga a la elección entre homo natura y homo cultura y estrene una reflexión y un estudio naturalmente cultural: que al fin y al cabo, en otros términos, es la cuestión de una identidad relacional.

Identidad; psicología cultural; Yo múltiplo; identidad relacional


Dans la culture occidentale, l’identité humaine fut considérée pendant longtemps comme une substance qui se développe tout au long de la vie de l’individu. Dans cette étude, l’identité est considérée comme une histoire de vie. Ce n’est pas un à priori transcendant, pourtant, mais quelque chose qu’on laisse derrière soi et qui s’exprime uniquement dans la narration d’une histoire de vie et les rencontres qui la caractérisent. Dans ce sens, l’identité ne correspond pas à une autobiographie, mais à une identité qui est, elle-même, biographie. Cela signifie que l’identité, comprise ainsi, n’est pas substantielle, monolithique, solitaire, soliste, mais elle est fondamentalement plurielle. Elle pourrait se définir comme une identité relationnelle, qui se réalise dans la rencontre avec l’autre: l’autre qui regarde, qui raconte et qui explicite mon identité, la reconstituant comme l’histoire d’une vie racontée. Ce point de vue fortement lié à la psychologie culturelle espère indiquer une ligne de recherche qui se soustrait à un choix entre “homo natura” et “home cultura” ainsi que le début d’une réflexion et d’une recherche naturellement culturelle: qui finalement, en d’autres termes, pose la question d’une identité relationnelle.

Identité humaine; histoire de vie; psychologie culturelle; identité relationnelle


For the occidental culture, the human identity has been, for a long time, a substance that develops itself along the life of an individual. In this research, the identity is considered a life story. Hence, not a transcendental a priori, but something that we leave behind and can only be expressed in the narration of a life story and the encounters that characterize it. In this sense, the identity isn’t equivalent to an autobiography, but to an identity that is by itself a biography. This means that the identity so understood not only is not substantial, monolithic, solitary, solipsist, but it is fundamentally plural. It could be defined as a relational identity that only happens when it encounters the other one: the other one who looks, who narrates and can express my identity very clearly, returning it to me as a form of narrated life story. This approach, which is strongly connected to the cultural psychology, intends to indicate a line of research that subtracts itself from the choice between homo natura and homo cultura and inaugurates a naturally cultural reflection and research: which is, in other terms, the question of a relational identity, after all.

Identity; cultural psychology; multiple ego; relational identity


Texto completo disponível apenas em PDF.

Referências

  • AGAMBEN, G. Quel che resta di Auschwitz: l’archivio e il testimone. Turim: Boringhieri, 1998.
  • ARENDT, H. Le origini del totalitarismo Milão: Edizioni di Comunità, 1997. Ed. bras. As origens do totalitarismo Tradução de Roberto Raposo. 5. reimpressão. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
  • BARTLE, Y. W. W. Ecologia della razionalità Roma: Armando, 1990.
  • BLANCHOT, M. L’infinito intrattenimento: scritti sull’insensato gioco di scrivere. Turim: Einaudi, 1977. Ed. bras. A conversa infinita Tradução de Aurélio Guerra Neto. São Paulo: Escuta, 2001.
  • BLUMENBERG, H. Paradigmi per una metaforologia Bolonha: Il Mulino, 1960.
  • BUBER, M. Il principio dialogico Cinesello Balsamo: Edizioni Paoline, 1997.
  • CACCIARI, M. L’arcipelago Milão: Adelphi, 1997.
  • CALLIERI, B. Quando vince l’ombra Ensaio inicial de Mauro Maldonato. Roma: Edizioni Universitarie Romane, 2001.
  • CAVARERO, A. Tu che mi guardi, tu che mi racconti: filosofia della narrazione. Milão: Feltrinelli, 1997.
  • DESCARTES, R. Discorso sul metodo Introduzione di Etienne Gilson, traduzione di Enza Carrara. Florença: Loescher, 1970. Ed. bras. Discurso sobre o método São Paulo: Nova Cultural, 2001.
  • DILTHEY, W. (1883). Introduzione alle scienze dello spirito Florença: La Nuova Italia, 1974.
  • FEYERABEND, P. K. La scienza in una società libera Milano: Feltrinelli, 1981.
  • FEYERABEND, P. K. Contro il metodo. Abbozzo di una teoria anarchica della conoscenza Milão: Feltrinelli, 1979. Ed. bras. Contra o método 3. ed. Trad. de Octanny S. da Mota e Leonidas Hegenberg. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1985.
  • FODOR, J. La mente non funziona così Roma-Bari: Laterza, 2001.
  • FOUCAULT, M. L’ordine del discorso Turim: Einaudi, 1972.
  • FOUCAULT, M. Storia della follia Milão: Rizzoli, 1980.
  • HUSSERL, E. The Idea of Phenomenology The Hague: Nijhoff, 1970.
  • HUSSERL, E. (1893-1917). Per la fenomenologia della coscienza interna del tempo Milão: Bompiani, 1981.
  • KERNBERG, O. F. Disturbi gravi della personalità Turim: Boringhieri, 1990.
  • LÉVINAS, E. Umanesimo dell’altro uomo Genova: Il Melangolo, 1985. Ed. bras. Humanismo do outro homem Trad. Pergentino S. Pivatto. Petrópolis: Vozes, 1993.
  • LÉVINAS, E. Altrimenti che essere o al di là dell’essenza Milão: Jaca Book, 1995.
  • LÉVINAS, E. Totalità e infinito. Saggio sull’esteriorità. Milão: Jaca Book, 1996.
  • LOCKE, J. Epistola de Tolerantia Oxford: Clarendon, 1968. Ed. bras. Carta a respeito da tolerância Trad. Jacy Monteiro. São Paulo: Ibrasa, 1964.
  • LOCKE, J. Saggio sull’intelletto umano. Milão: Riizzoli, 1997. Ed. bras. Ensaio acerca do entendimento humano Trad. de Anoar Aiex. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
  • MALDONATO, M. Dal Sinai alla rivoluzione cibernetica Nápoles: Guida, 2002.
  • MALDONATO, M. Raízes errantes Introdução de Edgar Morin. Trad. de Roberta Barni. São Paulo: Editora 34, 2004.
  • MERLEAU-Ponty, M. (1945). La fenomenologia della percezione Milão: Il Saggiatore, Milano, 1965. Ed. bras. Fenomenologia da percepção Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. São Paulo: Martins Fontes, 1994.
  • MONTAIGNE, de M. (1598). Essais Fausta Garavini (org.), con un ensaio de Sergio Solmi. Milão: Adelphi, 1992. Ed. bras. Ensaios Trad. de Sergio Milliet. São Paulo: Nova Cultural, 2000.
  • MORIN, E. Il metodo Milão: Feltrinelli, 1983. Ed. bras. O método Trad. de Juremir Machado da Silva. Porto Alegre: Sulina, 1999.
  • MORIN, E. L’identita umana. Milão: Cortina, 2002.
  • QUINZIO, S. Radici ebraiche del moderno Milão: Adelphi, 1990.
  • REMOTTI, F. Contro l’identità. Roma-Bari: Laterza, 1996.
  • RICOEUR, P. Tempo e racconto. v. I, II, III. Milão: Jaca Book, 1986. Ed. bras. Tempo e narrativa Tomo 1, 2 e 3. Campinas: Papirus.
  • SERRES, M. Passaggio a Nord-Ovest Parma: Pratiche, 1984.
  • SPINOZA, B. Tractatus theologico-politicus Turim: Einaudi, 1975. Ed. bras. Tratado teológico- político. Tradução, introdução e notas Diogo Pires Aurélio. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
  • STRAUSS, L. Gerusalemme e Atene Studi sul pensiero politico dell’Occidente. Turim: Einaudi, 1998.
  • WITTGENSTEIN, L. Della certezza Turim: Einaudi, 1978.
  • WITTGENSTEIN, L. The Big Typescript Org. Armando de Palma. Turim: Einaudi, 2002.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jul-Sep 2005

Histórico

  • Recebido
    Maio 2005
  • Aceito
    Ago 2005
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com