Acessibilidade / Reportar erro

A fala e o pharmakon

Resumos

A partir da generalização crescente do uso dos psicotrópicos, o autor se propõe a pensar o tratamento psíquico pelo químico. Supõe, então, a existência de um psicotropismo que eliminaria aquilo que do psíquico faz sintoma na tentativa de curar-se. Como conseqüência,não mais seria necessário, nestas condições, falar de sintoma, não apenas pela assintomatização da vida psíquica, mas por uma menor necessidade de conceber uma “demanda subjetiva” – transferencial – que leve ao trabalho necessário de rearranjo das representações e afetos.

Enquanto a psicofarmacologia era bastante solidária com uma psicopatologia, a neurofarmacologia se tomaria por mais científica, a ponto de se emancipar de qualquer conhecimento dos disfuncionamentos psicopatológicos do indivíduo, já não lhe sendo mais necessário regular-se por uma clínica dos processos.

Como ficariam, então, a semiologia psiquiátrica e o espírito nosográfico? Como ficaria a psicopatologia? E, em última análise, como ficaria a psicanálise até então protegida, de alguma forma, pela psiquiatria?

O que se procura então, é, antes de tudo, esclarecer o enigmático “tratamento psíquico pelo psíquico” e determinar as condições segundo as quais a fala, como um pharmakon, propicia ou não para si os meios de interiorizar uma ação medicamentosa.


Partiendo de la creciente generalización del uso de psicotrópicos, el autor se propone pensar el tratamiento psíquico a travez de lo químico. Supone, pues, la existencia de un psicotropismo que eliminaria aquello que de lo psíquico produce síntoma como intento de cura.

Como consecuencia de estas condiciones, no seria más necesario hablar de síntomas, no solamente por causa de la asintomatización de la vida psíquica, pero también por una menor necesidad de concebir una “demanda subjetiva” – transferencial – que conduzca al trabajo necesario de reordenamiento de las representaciones y afectos.

Mientras que la psicofarmacologia era bastante solidaria con una psicopatologia, la neurofarmacologia se consideraba más científica, a punto de emanciparse de cualquier conocimiento de las disfunciones psicopatológicas del individuo, dejando así de serle necesario regularse por una clínica de los procesos.

Cómo quedarian, entonces, la semiología psiquiátrica y el espíritu nosográfico? Cómo quedaria la psicopatologia? Y, en último análisis, cómo quedaria el psicoanálisis hasta entonces protegido, de alguna manera, por la psiquiatria?

Aquello que se busca, entonces, es antes de más nada, esclarecer el enigmático “tratamiento de lo psíquico por lo psíquico” y determinar las condiciones según las cuales la palabra, como un pharmakon, proporciona o no para si los medios de interiorizar una acción con medicamentos.


Using as a starting point the growing generalization in the use of psychotropic substances, the author proposes to ponder about psychic treatment by chemical means. He then supposes the existence of a psychotropism which would eliminate that which from the psychic realm produces symptoms as a healing attempt.

Given these conditions and as a consequence of this supposition, it would be no longer necessary to talk about symptoms not only because of the asymptomatization of psychic life, but also due to a decreasing need of envisionining a “sujective demand” —transferencial— which could lead to the work required for the rearrangement of representations and affects.

While psychofarmacology was quite solidarious to a certain psychopathology, neurofarmacology considered itself as being more scientific, to the point of emancipating itself from any knowledge regarding individual psychopathological disfunctions; becoming thus no longer necessary to regulate itself through a clinic involved with processes.

What would then happen to psychiatric semiology and the nosographical spirit? What would happen to psychopathology? And in the final analysis, what would become of psycho-analysis until then somehow protected by psychiatry?

That which is then sought is, above all, to elucidate the enigmatic “psychic treatment by psychic means” and determine the conditions by which words —like a pharmakon— allow or not the means to interiorize medicating activities.


Texto completo disponível apenas em PDF.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Jan-Mar 1998
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com