Acessibilidade / Reportar erro

Considerações sobre o diagnóstico em psicanálise* * Classificado para apresentação no XVII Congresso Brasileiro de Psicanálise, Rio de Janeiro, Abril/1999.

Resumos

O psicanalista deve se preocupar em fazer diagnóstico para realizar um tratamento psicanalítico? Seria desaconselhável o interesse do analista pelo diagnóstico, pois estaria “rotulando” seu paciente e prejudicando o futuro do processo analítico? Eis duas posições que podem ser aparentemente opostas, mas que se fazem presentes no cotidiano da prática na clínica psicanalítica. Será que essas posições podem influenciar a psicanálise do novo século?

Para introduzir o debate sobre o tema, apresento, de modo breve, o ponto de vista de Freud sobre a questão do diagnóstico em psicanálise, lanço mão de um caso clínico para exemplificar o exercício do diagnóstico psicanalítico, articulado com a contribuição de alguns autores para a compreensão do caso clínico em particular.

Há unanimidade entre os analistas de que a palavra é ferramenta essencial na tarefa terapêutica. Ela também deve ser considerada básica para a nomeação do sofrimento humano, para melhor encontrarmos, juntos com o paciente, a saída possível das trevas de seu mal-estar.

Processo psicanalítico; diagnóstico; caso clínico


¿El psicoanalista debe preocuparse en hacer diagnostico para realizar un tratamiento psicoanalitico? ¿No sería aconsejable el interés del analista por el diagnostico, pues estaría “rotulando” su paciente y perjudicando el futuro del proceso analítico? He dos posiciones que pueden ser aparentemente opuestas, pero que hallanse en el cotidiano de la practica en la clinica psicoanalitica. ¿Esas posiciones pueden influenciar la psicoanálisis del nuevo siglo?

Para iniciar la discusión sobre el tema, presento el punto de vista de Freud sobre la cuestión del diagnostico en psicoanálisis, presento un caso clínico para ejemplificar el ejercicio del diagnostico psicoanalítico, articulado con la contribución de algunos autores para la comprención del caso clínico en particular.

Los analistas son unánimes en decir que la palabra es la herramienta esencial en la tarea terapéutica. Ella también debe ser considerada basica para el nombramiento del sufrimiento humano, para mejor encontrarmos junto con el paciente la salida possible de las tinieblas de su malestar.

Proceso analítico; diagnostico; clinica social


Est-ce que le psychanaliste doit se préoccuper en faire diagnostic pour réaliser un traitement psychanalitique? Serait inapproprié l’intérêt de l’analyste pour le diagnostic, car il serait en “étiquetant” son patient et préjudiciant le devenir du

processus analytique? Voici deux positions qui peuvent être apparemment opposées, mais qui sont présents dans le quotidien de la pratique clinique psychanalitique. Ces propositions peuvent influencer la psychanalyse du nouveau siècle?

Pour introduire le debat sur ce sujet, je present le point de vue de Freud sur la question du diagnostic en psychanalyse, je présent un cas clinique pour exemplifiquer l’exercice du diagnostic psychanalitique, avec la contribution de quelques-uns auteurs pour la compréhension du cas clinique en particulier.

Il y a unanimité entre les analystes de que le mot est outil essentiel dans la tâche thérapeutique. Elle aussi doit être considerée essentiel pour la nomination du souffrance humain, pour trouver avec le patient l’issue possible de las ténèbres de son malaise.

Processus analytique; diagnostic; clinique social


Must the psychoanalyst worry about diagnosing so as to carry out a psychoanalytic treatment? Would the analyst’s interest in the diagnosis be inadvisable, for he would be “labelling” his patient and harming the future of the analytic process? These two positions may seem apparently opposite, but they’re both present in the daily practice in the psychoanalytic clinic. Can these positions influence the psychoanalysis of the new century?

In order to introduce the debate about the theme, I present briefly, Freud’s point of view about the question of diagnosis in psychoanalysis and use a clinical case to examplify the usage of psychoanalytic diagnosis linked with some authors’ contribution to the comprehension of the clinical case specified.

There is unanimity among the analysts that the word is an essential tool in the therapeutic task. It must also be considered basic for the assigning of names to human suffering, so that we can more successfully find, together with the patient, the possible solution to his uneasiness.

Psychoanalytic process; diagnosis; clinical case


Texto completo disponível apenas em PDF.

Referências bibliográficas

  • ABRAHAM, K. “Contribuições à teoria do caráter anal” (1921). In Teoria psicanalítica da libido – Sobre o caráter e o desenvolvimento da libido Rio de Janeiro: Imago, 1970, pp.174-195.
  • DOR, Joël. Estruturas e clínica psicanalítica. Trad. Jorge Bastos e André Telles. Rio de Janeiro: Taurus-Timbre, 1991.
  • DOR, Joël. Estrutura e perversões Trad. Patrícia C. Ramos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1991. 199 p. Obra original: Structure et perversions Paris: Denoël, 1987.
  • FENICHEL, Otto. Teoria psicoanalitica de las neurosis Trad. Mario Carlisky. Buenos Aires: Paidós, 5a ed., 1973.
  • FREUD, S. “A psicoterapia da histeria” (1895), nos “Estudos sobre a histeria”. In ESB, vol. II. Rio de Janeiro: Imago, pp. 311-363.
  • FREUD, S. “Obsessões e fobias: seu mecanismo psíquico e sua etiologia” (1895). In ESB, vol. III. Rio de Janeiro: Imago, pp. 85-97.
  • FREUD, S. “Novos comentários sobre as neuropsicoses de defesa” (1896). In ESB, vol. III. Rio de Janeiro: Imago, pp. 183-211.
  • FREUD, S. “O caráter e o erotismo anal” (1908). InESB, vol. IX. Rio de Janeiro: Imago, pp. 173-181.
  • FREUD, S. “Notas sobre um caso de Neurose Obsessiva” (1909). InESB, vol. X. Rio de Janeiro: Imago, pp. 13-250.
  • FREUD, S. “Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise” (1912). InESB, vol. XII. Rio de Janeiro: Imago, 1969, pp. 147-59.
  • FREUD, S. “O desenvolvimento da libido e as organizações sexuais” (1916-1917), “Conferências Introdutórias sobre Psicanálise”, Parte III, Teoria Geral das Neuroses. In ESB, vol. XVI. Rio de Janeiro: Imago, 1969, pp. 375-395.
  • FREUD, S. “As transformações do instinto exemplificadas no erotismo anal” (1917). In ESB,vol. XVII. Rio de Janeiro: Imago, 1976, pp. 157-166.
  • GABBARD, G. “The role of compulsiveness in the normal physician”. J.A.M.A., 254: 2926-2929, p. 1985.
  • TUCKET, D. “The conceptualisation and communication of clinical facts in psychoanalysis”. International Journal of Psycho-Analysis, v. 75, 1994.
  • TUCKET, D. “A conceituação e a comunicação dos fatos clínicos em psicanálise”. Revista da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre, 1995, pp. 385-411.
  • WINNICOTT, D.W. “Distorção do ego em termos de falso e verdadeiro self ” (1960). In O ambiente e os processos de maturação: estudos sobre a teoria do desenvolvimento emocional Trad. Irineo Constantino Schuch Ortiz. Porto Alegre: Artes Médicas, 1982, pp. 128-139.
  • *
    Classificado para apresentação no XVII Congresso Brasileiro de Psicanálise, Rio de Janeiro, Abril/1999.

Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Oct-Dec 1999
Associação Universitária de Pesquisa em Psicopatologia Fundamental Av. Onze de Junho, 1070, conj. 804, 04041-004 São Paulo, SP - Brasil - São Paulo - SP - Brazil
E-mail: secretaria.auppf@gmail.com