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Varistores à base de WO3 - revisão

WO3-based varistors - a review

Resumos

Varistores são elementos que fazem parte do sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica ou de instalações elétricas especiais. Estes dispositivos são amplamente produzidos variando a escala, dependendo de sua aplicação, como dispositivos de baixa voltagem, com poucos grãos, exibindo ruptura de alguns volts, a vários kilovolts como usado em para-raios em rede de distribuição de energia. A física de operação dos varistores tem sido amplamente estudada e tem elementos comuns como barreiras Schottky formado na junção metal/semicondutor. Vários estudos têm sido desenvolvidos a fim de obter cerâmicas varistoras para aplicação em alta e baixa tensão. Dentre esses estudos encontram-se os varistores a base de ZnO, SnO2, TiO2 e mais recentemente os de WO3. Diferente das três composições citadas, os a base de WO3 apresentam comportamento varistor intrínseco devido a presença das fases monoclínica e triclínica. A adição de dopantes doadores e aceitadores de elétrons e o tratamento térmico em diferentes atmosferas também alteram as propiedades não lineares desses sistemas, uma vez que influencia na formação da barreira Schottky. Neste estudo foi realizada uma revisão sobre trabalhos relacionados a nova composição de cerâmica varistora a base de óxido de tungstênio (WO3).

propriedades elétricas; WO3; varistores


Varistors are elements that are part of electric power transmission and distribution systems or of special electrical installations. Varistors are manufactured in a wide variety of types, depending on their application, such as low-voltage devices with a layer of a few grains of thickness and low breakdown voltage, to varistors with a breakdown voltage of several kilovolts, such as those used in the lightning arresters of electric power distribution networks. Varistors, whose physical operation has been extensively studied, share common elements such as metal-semiconductor Schottky barrier junctions. Several studies have focused on the development of varistor ceramics for high and low voltage applications, including ZnO, SnO2, TiO2, and more recently, WO3-based ceramics. Unlike the first three compositions, WO3-based ceramics present an intrinsic varistor behavior because they contain monoclinic and triclinic phases. The addition of electron donor and acceptor dopants and heat treatments in different atmospheres also alter the non-linear properties of these systems, since they affect the formation of the Schottky barrier. This paper offers a review of the literature on the new varistor ceramic composition based on tungsten oxide (WO3).

electrical properties; WO3; varistors


1. INTRODUÇÃO

Varistores, resistores não ôhmicos ou ainda resistores variáveis, são elementos que fazem parte do sistema de transmissão e distribuição de energia elétrica ou de instalações elétricas especiais. Tais dispositivos atuam na proteção contra defeitos causados por sobretensões elétricas, que quando não amortecidas, colocam em perigo a integridade e funcionamento de uma instalação elétrica ao atingirem o isolamento das máquinas e aparelhos em geral.

Estes dispositivos são amplamente produzidos variando a escala, dependendo de sua aplicação, como dispositivos de baixa voltagem, com poucos grãos, exibindo ruptura de alguns volts, a vários kilovolts como usado em para-raios em rede de distribuição de energia.

O conceito básico essencial da ação de um varistor é que a característica corrente - tensão é controlada pela existência de uma barreira eletrostática no contorno de grão. O contorno de grão é assumido consistir de um mesmo material semicondutor, porém contendo defeitos e dopantes.

Os defeitos doadores dominantes estão na camada de depleção e os defeitos aceitadores dominantes estão no contorno de grão. As espécies de defeitos dominantes são: , onde M é metal e são todos átomos doadores e aceitadores incorporados externamente, respectivamente. É também conhecido que as reações de oxidação do contorno de grão durante a pós-sinterização, ciclo de resfriamento, representa um fenômeno importante na ativação do contorno de grão.

O domínio tecnológico na obtenção de varistores à base de óxidos metálicos, depende muito do conhecimento da influência dos vários dopantes na microestrutura do óxido básico, para se obter as propriedades elétricas desejadas. Deste modo, o estudo deste dispositivo protetor, que compreende a microestrutura, o mecanismo de formação das fases cerâmicas, o mecanismo de condução elétrica e de degradação das propriedades, é fundamental para o avanço desta tecnologia.

Até a década de 30 os dispositivos utilizados na proteção de equipamentos contra sobretensões eram os retificadores de Selênio, empregados na proteção de sistemas telefônicos. Com a evolução tecnológica, surgiram novas aplicações para este dispositivo como, supressores de onda, em equipamentos de informática e na eletrônica, automobilística, telecomunicações e como maior aplicação nas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica, como varistores nos para-raios.

Dispositivos eletrônicos modernos necessitam de sistemas não lineares com tensão nominal da ordem de 100 V ou inferiores, para proteção contra sobrecarga de tensão. Sendo assim o estudo de novas composições varistoras para aplicação em sistemas eletroeletrônicos que necessitem de um circuito de proteção com baixa tensão nominal vem sendo desenvolvidos.

Objetivou-se com este trabalho realizar uma revisão bibliográfica com respeito aos varistores à base de WO3 verificando como as propriedades estruturais e elétricas desses sistemas variam com e sem dopagem de óxidos metálicos, bem como o tipo de tratamento térmico utilizado e a atmosfera em que o material foi sinterizado.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

O levantamento bibliográfico foi realizado por meio do site https://apps.webofknowledge.com, do período da primeira publicação em 1994 à 2015, bem como para as demais referências deste trabalho. Contudo as referências nas quais o WO3 é a composição maioritária dos varistores foram publicadas até 2011. As palavras chaves utilizadas foram "varistors", "varistor", "WO3" e "tungsten oxide". Nos artigos pesquisados avaliaram-se os coeficientes de não linearidade, campo elétrico de ruptura e fases presentes de cada sistema estudado pelos autores, verificando qual a influência dos dopantes nas propriedades varistoras. Por fim os dados foram agrupados em uma tabela em que é possível ver a influência dos dopantes nessas propriedades.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A partir dos anos 30, os retificadores foram substituídos por varistores à base de carbetos de Silício (SiC). Nesse período, foi publicado pela primeira vez um trabalho sobre o óxido de zinco e óxido de titânio (ZnO-TiO2) que possuía propriedades não ôhmicas [1][1] VALEE, K. S., MASHIKOVICH, K., "Nonlinear semiconductors based on ZnO-TiO2", Zhurnal Tekhnicheskoi Fiziki, v. 27, n. 8, pp. 1649-1671, 1933., culminando em 1969 com o desenvolvimento de varistores à base de ZnO [2][2] MATSUOKA, M., "Nonhomic properties of zinc oxide ceramics", Japanese Journal of Applied Physics, v. 10, n. 6, pp. 736-746, June. 1971., hoje o dispositivo mais usado comercialmente, cujo o funcionamento é semelhante ao diodo Zener "back-to-back".

Com esta descoberta, vários estudos têm sido desenvolvidos com intuito de obter varistores mais eficientes e de baixo custo. Dentre os óxidos estudados encontram-se o Óxido de Zinco (ZnO) [2[2] MATSUOKA, M., "Nonhomic properties of zinc oxide ceramics", Japanese Journal of Applied Physics, v. 10, n. 6, pp. 736-746, June. 1971.

[3] GUPTA, T. K., "Application of Zinc Oxide Varistors", Journal of the American Ceramic Society, v. 73, n.7, pp. 1817-1840, 1990.
-4[4] COSTA, A. C. F. M., "Características elétricas do sistema varistor ZnO.Bi2O3.Co2O3.MnO2 dopado com Ni2O3", Cerâmica, v. 44, n. 287-288, pp. 118-129, May/June/July/Aug. 1998.], Óxido de Estanho (SnO2) [5[5] PIANARO, S. A., BUENO, P. R., OLIVI, P., LONGO, E., VARELA, J. A., "Electrical properties of the SnO2-based varistor", Journal of Materials Science: Materials in Electronics, v. 9, n. 2, pp. 159-165, 1998.

[6] BUENO, P. R., OLIVEIRA, M. M., CÁSSIA-SANTOS, M. R., et al., "Varistores à base de SnO2: estado da arte e perspectivas", Cerâmica, v. 46, n. 299, pp. 124-130, 2000.
-7[7] CASSIA-SANTOS, M. R., SOUSA, V. C., OLIVEIRA, M. M., BUENO, P. R., BACELAR, W. K., et al., "Cerâmicas Eletrônicas à base de SnO2 e TiO2", Cerâmica, v. 47, n. 303, pp. 136-143, 2001.], Titanato de Estrôncio (SrTiO3) [8][8] LI, J., Li, S., LIU, F., et al., "The origin of varistor property of SrTiO3-based ceramics", Journal Materials Science: Materials in Electronics, v. 14, n. 8, pp. 483-486, 2003., Óxido de Titânio (TiO2) [7[7] CASSIA-SANTOS, M. R., SOUSA, V. C., OLIVEIRA, M. M., BUENO, P. R., BACELAR, W. K., et al., "Cerâmicas Eletrônicas à base de SnO2 e TiO2", Cerâmica, v. 47, n. 303, pp. 136-143, 2001.

[8] LI, J., Li, S., LIU, F., et al., "The origin of varistor property of SrTiO3-based ceramics", Journal Materials Science: Materials in Electronics, v. 14, n. 8, pp. 483-486, 2003.

[9] YAN, M. F., RHODES, W.W. "Preparation and properties of TiO2 varistors", Applied Physic Letters, v. 40, pp. 536-537, 1982.
-10[10] BUENO, P. R., CAMARGO, E., LONGO, E., et al., "Effect of Cr2O3 in the varistor behavior of TiO2", Journal of Materials Science Letters, v. 15, n. 23, pp. 2048-2050, 1996.] e varistores à base de Óxido de Tungstênio (WO3) [11[11] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Novel varistor material based on Tungsten oxide", Journal of Materials Science Letters, v. 13, n. 13, pp. 937-939, 1994.

[12] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Sintering and electrical conductivity of doped WO3", Journal of the European Ceramic Society, v. 16, n.7, pp. 791-794, 1996.

[13] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Effect of Al2O3 on the microstructure and electrical properties of WO3-based varistor ceramics", Journal of the European Ceramic Society, v. 20, n. 6, pp. 747-749, 2000.

[14] WANG, Y., ABURAS, Z., YAO, K. L., et al., "Effects of doping and temperature on nonlinearity of WO3 varistor", Materials Chemistry and Physics, v. 58, n. 1, pp. 51-54, 1999.

[15] WANG, Y., YAO, K. L., LIU, Z. L., "Novel nonlinear current-voltage characteristics of sintered tungsten oxide", Journal of Materials Science Letters, v. 20, n. 18, pp. 1741-1743, 2001.
-16[16] ZANG, G. Z., WANG, J. F., CHEN, H. C., et al., "Nonlinear electrical behavior of the WO3-based system", Journal of Materials Science, v. 39, n. 13, pp. 4373-4374, 2004.], cujos coeficientes de não linearidade (α) são comparáveis aos dos óxidos a base de SrTiO3 e TiO2 que estão na faixa de 2 ≤ α ≤ 12.

O WO3 é um semicondutor do tipo n e sua estrutura cristalina depende da temperatura de processamento. Possui uma estrutura tetragonal (α-WO3) a temperatura maior que 720 ºC, entre 320 ºC e 720 ºC sua estrutura é ortorrômbica (β-WO3), monoclínica (γ-WO3) entre 17 ºC e 320 ºC, triclínica (δ-WO3) entre - 40 ºC e 17 ºC e novamente monoclínica (ε-WO3) abaixo de - 40 oC [17][17] PINTÉR, Z., SASSI, Z., ORNELY,S. K., et al., "Thermal behavior of WO3 and WO3/TiO2 materials". Thin Solid Films, v. 391, n. 2, pp. 243-246, 2001.. Tais dados são importantes, pois em todos os trabalhos relacionados ao WO3, várias fases são mostradas por meio da difração de raios X, as quais afetam diretamente nas propriedades elétricas desse material. Esse óxido tem várias aplicações industriais, tais como em eletrocromismo, fotocromismos, sensores químicos e catalizadores [18[18] ZHENG, H., QU, J. Z., STRANO, M. S., et al, "Nanostructured Tungsten Oxide - Properties, Synthesis, and Applications", Advanced Functional Materials, v. 21, n. 12, pp. 2175-2196, May. 2011.

[19] CORA, F., PATEL, A., HARRISON, D., "An ab Initio Hartree-Fock Study of the Cubic and Tetragonal Phases of Bulk Tungsten Trioxide", Journal of the American Chemical Society, v.118, n. 48. pp. 12174-12182, Dec. 1996.

[20] RAMANA, C. V., UTSUNOMIYA, S., EWING, R. C., et al., "Structural Stability and Phase Transitions in WO3 Thin Films", The Journal of Physical Chemistry B, v. 110, n. 21, pp. 10430-10435, Jun. 2006.

[21] RADECKA, M., SOBAS, P., WIERZBICKA, M., REKAS, M., "Photoelectrochemical properties of undoped and Ti-doped WO3", Physica B: Condensed Matter, v. 364, n. 1-4, pp. 85-92, July. 2005.
-25[22] WALKINGSHAW, A. D., SPALDIN, N. A., ARTACHO, E., "Density-functional study of charge doping in WO3", Physical Review B, v. 70, n. 18, pp. 165110-1-165110-7, Oct. 2004.]. Os materiais cerâmicos à base de WO3 apresentam propriedades não-Ôhmicas, com características de varistores de baixa-tensão [11][11] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Novel varistor material based on Tungsten oxide", Journal of Materials Science Letters, v. 13, n. 13, pp. 937-939, 1994..

As adições de Na2O e MnO2 ao WO3 conferiram características não lineares de tensão-corrente [11][11] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Novel varistor material based on Tungsten oxide", Journal of Materials Science Letters, v. 13, n. 13, pp. 937-939, 1994.. Nesse primeiro estudo os autores verificaram as propriedades elétricas e microestruturais do sistema WO3-0,5mol%Na2O-xMnO2, fixaram o Na2O e variaram o MnO2 em: 0,5; 1,0; 1,5; 2,0; 3,0 e 4,0 mol%. A adição de 1,5 mol% MnO2 promoveu um decréscimo no valor do coeficiente de não linearidade (α) e a partir de 2,0 mol%, houve um aumento no α obtendo um valor em torno de 7. Os valores do campo elétrico de ruptura foram na faixa de 6 V.mm-1 a 10 V.mm-1, região de baixa tensão. Os autores também observaram que havia a presença de uma fase intergranular (secundária) tungstanato de manganês, MnWO4, e tungstanato de sódio, NaxWO3, este último responsável pela formação de uma fase líquida no contorno de grão, durante a sinterização.

Nesse primeiro trabalho não foi discutido o efeito da adição dos dopantes nos tipos de junções p-n e nem de outros mecanismos que podem levar as propriedades não ôhmicas destes materiais. Porém numa análise desse trabalho por meio da notação Kröger-Vink, é possível observar que a adição de sódio e manganês geram defeitos negativos e vacâncias de oxigênio, que são os responsáveis pela característica varistora e auxiliam na sinterização do material respectivamente. As equações (1) e (2) mostram a formação desses defeitos.

A Figura 1 ilustra esses defeitos gerados segundo o modelo proposto por Gupta [3][3] GUPTA, T. K., "Application of Zinc Oxide Varistors", Journal of the American Ceramic Society, v. 73, n.7, pp. 1817-1840, 1990. os quais podem ser adaptados às equações (1) e (2).

Figura 1:
Modelo de Schottky para barreira de potencial em varistores a base de ZnO, adaptado de [3].

Os atores também verificaram a adição de Al2O3, MnO2, Co3O4 e Na2O em WO3 e observaram que esses dopantes melhoram a densificação do sistema, mas o coeficiente não linear obtido foi no máximo 4 para o sistema WO3-Na2O. Neste sistema os autores encontraram a fase de tungstanato de sódio NaxWO3, mas não discutem as demais composições sintetizadas no trabalho[12][12] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Sintering and electrical conductivity of doped WO3", Journal of the European Ceramic Society, v. 16, n.7, pp. 791-794, 1996..

Ao analisar o efeito dos dopantes Na2O, MnO2 e Al2O3 nas propriedades microestruturais e elétricas dos varistores à base de WO3, Makarov e Trontelj [13][13] MAKAROV, V., TRONTELJ, M., "Effect of Al2O3 on the microstructure and electrical properties of WO3-based varistor ceramics", Journal of the European Ceramic Society, v. 20, n. 6, pp. 747-749, 2000. observaram que o óxido de alumínio adicionado ao sistema, diminuía a corrente de fuga na região ôhmica e aumentava o campo elétrico de ruptura. Ainda nesse trabalho, os autores verificaram que os coeficientes de não linearidade e as características tensão-corrente aumentavam com a temperatura de sinterização até um valor máximo de 1250 oC. Neste trabalho não é discutido o efeito dos dopantes nas propriedades elétricas, nem a análise das fases presentes após a sinterização desse material. Contudo avaliando os resultados desses autores, foi possível verificar um aumento do coeficiente de não linearidade para os sistemas, uma vez que para o sistema puro de WO3, o valor encontrado ficou próximo de 2,0 e para os sistemas estudados, obtiveram um valor médio de 5,6, indicando que esses dopantes são importantes na geração de defeitos no grão e contorno de grão, responsáveis pelo comportamento varistor.

Em outro estudo foi avaliado o efeito dos dopantes Bi2O3, Co2O3 e Al2O3, comumente usados em composições varistoras, bem como o comportamento não linear em diferentes temperaturas, no sistema varistor WO3-Na2CO3-MnO2 (WNM) [14][14] WANG, Y., ABURAS, Z., YAO, K. L., et al., "Effects of doping and temperature on nonlinearity of WO3 varistor", Materials Chemistry and Physics, v. 58, n. 1, pp. 51-54, 1999.. Nesse estudo os autores afirmaram que a adição do Bi2O3 não melhorou as propriedades não lineares do WO3. O coeficiente não linear obtido do sistema dopado com 1 mol% de Co2O3, foi em torno de 6 e o campo elétrico de ruptura 5 V.mm-1. Para o sistema dopado com 0,5 mol% de Al2O3, houve uma melhora significativa da não linearidade a 200 oC, segundo os autores. Contudo, observando o único dado do artigo que é uma figura da tensão versus a corrente no qual é representado pelas curvas de duas temperaturas, uma a 180 oC e a outra a 200 oC, observa-se que esse valor passa de 1 para 2,1. Além disso, não foi avaliado o efeito da temperatura para os outros sistemas estudados. Tal comportamento não é observado para outros sistemas varistores. Nesse trabalho os autores assumem que a não linearidade é função das propriedades do grão e do contorno de grão e que as fases WO3, MnWO4 e NaxWO3, afetam diretamente as propriedades não lineares do sistema estudado, sendo que a fase NaxWO3 poderia apresentar uma condutividade iônica e que influenciaria nas propriedades elétricas desses sistemas. No entanto, os autores não detalham tal observação.

Wang, Yao e Liu [15][15] WANG, Y., YAO, K. L., LIU, Z. L., "Novel nonlinear current-voltage characteristics of sintered tungsten oxide", Journal of Materials Science Letters, v. 20, n. 18, pp. 1741-1743, 2001. estudaram as propriedades elétricas não ôhmicas do WO3 puro, a fim de explicar o comportamento varistor por meio da dupla barreira Schottky. Os autores observaram que o decaimento da corrente em relação ao tempo é bem mais acentuado em tensão contínua que em tensão alternada. Os autores afirmam ainda que a carga espacial, os defeitos e a polização nas amostras de WO3 no processo de transporte dos portadores de carga devem ser considerado para analisar as propriedades não ôhmicas, e afirmam ainda que a presença das fases monoclínica e triclínica do WO3 está relacionada às propriedades não ôhmicas desse sistema.

Os estudos em sistemas a base de WO3 realizados por Zang et al. [16][16] ZANG, G. Z., WANG, J. F., CHEN, H. C., et al., "Nonlinear electrical behavior of the WO3-based system", Journal of Materials Science, v. 39, n. 13, pp. 4373-4374, 2004. mostraram que as espécies de oxigênios são esseciais para formação da barreira tipo Schottky, responsável pela característica varistora e que a substituição do tungstênio pelo bismuto geram vacâncias de oxigênio que explica o aumento da não linearidade.

Wang, Aburas e Kailun [26][26] WANG, Y., ABURAS, Z., KAILUN, Y., "Anomalous temperature effect of nonlinearity WO3 varistor doped with Al2O3", Chinese Science Bulletin, v. 44, n. 7, pp- 671-672, Apr. 1999. observaram que ao aumentar a temperatura, o α aumentava. A 35 oC era abaixo de 1,5 e a 200 oC em torno de 2,0, o que não é comum em varistores a base de SnO2 e ZnO, pois sabe-se que com o aumento da temperatura ocorre o fenômeno conhecido como avalanche térmica nesses materiais. A curva a 180 oC era similar a de 35 oC. Essa implicação foi afirmada que a não linearidade não é influenciada pelos portadores criados pela excitação térmica. Entretanto a variação da tensão em diferentes temperaturas foi muito pequena, mas houve uma considerável variação da corrente que passou de 102 A para 103 e até 104 A. Estes autores analisaram também as características do WO3 quando dopado e encontraram um α = 4,0 com a adição de 4,0 %mol de Bi2O3 e, na substituição do óxido de bismuto por 1,0 %mol de Co2O3, α = 5,5 [14][14] WANG, Y., ABURAS, Z., YAO, K. L., et al., "Effects of doping and temperature on nonlinearity of WO3 varistor", Materials Chemistry and Physics, v. 58, n. 1, pp. 51-54, 1999.. Assim observou-se que estes dopantes trivalentes elevam o valor do coeficiente de não linearidade correspondendo ao que acontece com os varistores a base de SnO2 [27[27] PIANARO, S. A., BUENO, P. R., OLIVI, P., et al., "Electrical properties of the SnO2-based varistor", Journal of Materials Science: Materials in electronics, v. 9, pp. 159-165, Mar. 1998. ,28[28] OLIVEIRA, M. M., RANGEL, J. H. G., SOUSA, V. C., et al., "Revisão - Efeito dos metais doadores nas propriedades elétricas e microestruturais dos varistores cerâmicos à base de SnO2", Cerâmica, v. 54, n. 331, pp. 296-302, July/Sept. 2008.] como pode ser observado pela equação geral (3).

Outros estudos demonstram a ação dos dopantes nas propriedades elétricas e microestruturais de sistemas à base de WO3. Yang et al. [29][29] YANG, X. S., WANG, Y., DONG, L., et al., "Effect of CeO2 on the microstructure and electrical properties of WO3 capacitor-varistor ceramics", Materials Science Engineering B, v.110, pp. 6-10, June. 2004., estudaram o efeito do CeO2 na microestrutura e propriedades elétricas do varistor a base de WO3. Ao analisarem a adição do óxido de Cério nessas propriedades, os autores observaram que na adição de 0,2 %mol de CeO2, foi possível obter um α igual a 6,83 e um campo elétrico de ruptura (Er) de 5,09 V.mm-1. Segundo estes autores, a influência do CeO2 nas características não lineares poderia ser explicada pela presença da dupla barreira Schottky de forma análoga ao que ocorre com os varistores a base de ZnO [3][3] GUPTA, T. K., "Application of Zinc Oxide Varistors", Journal of the American Ceramic Society, v. 73, n.7, pp. 1817-1840, 1990.. E de acordo com as análises por difração de raios X, a única fase presente foi a monoclínica, diferente do que ocorre com o óxido de tungstênio não dopado e de outros sistemas que são mostrados neste trabalho.

A influência do óxido de gadolínio, Gd2O3, foi avaliada, variando sua concentração em 0,2; 2,0; 5,0 (mol%) [30][30] YANG, X. S., WANG, Y., DONG, L., "WO3-based capacitor-varistor doped with Gd2O3", Materials Chemistry and Physics, v. 86, pp. 253-257, Aug. 2004.. Os autores observaram que a adição de 2,0 e 5,0 mol%, promovia o crescimento do grão. Contudo, os coeficientes de não linearidade para os sistemas estudados ficaram próximo dos 2,5 e o campo elétrico de ruptura diminuía à medida que se aumentava a concentração do dopante. No trabalho, a adição do Gd2O3 inibiu a fase triclínica (δ-WO3) que só apareceu no WO3 puro, e associaram o baixo valor de α devido à ausência de outras fases nos sistemas dopados.

Wang et al. [31][31] WANG, Y., YANG, X. S., LI, Z. Q., et al., "Current-voltage characteristics and grain growth of Li2CO3-doped tungsten trioxide ceramics", Materials Research Bulletin, v. 39, pp. 1459-1467, Aug. 2004. estudaram a adição de Li2CO3 ao WO3 com respeito a sua influência nas propriedades microestruturais e não lineares. A característica corrente - tensão foi medida em várias temperaturas e todas as curvas mostraram comportamento não ôhmico com o fenômeno de resistência negativa. A adequação de alguns modelos em relação às características negativas de resistência é discutida com respeito à anologia com o óxido de zinco, por meio dos estudos de Nakamura et al. [32][32] NAKAMURA, Y., HARADA, T., KURIBARA, H., et al., "Nonlinear Current-Voltage Characteristics with Negative Resistance Observed at ZnO-ZnO Single-Contacts", Journal of the American Ceramic Society, v. 82, n. 11, pp. 3069-3074, Nov. 1999., Dearnaley et al. [33][33] DEARNALEY, G., MORGAN, D. V., STONEHAM, A. M., "A model for filament growth and switching in amorphous oxide films", Journal of Non-Crystalline Solids, v. 4, pp. 593-612, Apr. 1970. , Lee et al. [34][34] LEE, J. J., O'BRIEN, J. K., COOPER, M. S.," Second‐breakdown characteristics of metal‐oxide varistors", Journal of Applied Physics, v. 48, n. 3, pp. 1252-1257, Mar. 1977. e Philipp et al. [35][35] PHILIPP, H. R., LEVINSON, M.,"High‐temperature behavior of ZnO‐based ceramic varistors", Journal of Applied Physics, v. 50, n. 1, pp. 383, Jan. 1979.. As análises por difração de raios X indicaram a coexistência de duas fases, as quais dependiam da quantidade de lítio. As fases triclínica e monoclínica foram identificadas para composição de 0,5 mol% Li2CO3, enquanto que para a composição com 5 mol%, observaram a coexistência das fases ortorrômbica e monoclínica. Por meio das análises por microscopia eletrônica de varredura (MEV), verificou-se que o lítio influenciava fortemente no crescimento de grãos durante o processo de sinterização. Os autores tentam dar uma explicação para o comportamento elétrico do efeito do Li no WO3, mostrando que o íon Li+ se combina com os defeitos do contorno de grão degradando a barreira de potencial e assim dimunuindo o valor do α. Mas deixam claro que estudo mais detalhados sobre esse comportamento deveram ser realizados.

A adição de Tb4O7 ao WO3 para verificar seu comportamento elétrico sob a influência da temperatura foi estudada por Wang et al. [36][36] WANG, Y., YANG, X. S., LIU, Z. L., et al., "Varistor effect of WO3-based ceramics at high temperatures", Materials Letters, v. 58, pp. 1017- 1019, Feb. 2004., os quais observaram que com o aumento da temperatura a linearidade diminuia e, na temperatura acima de 300 oC, o comportamento varistor reaparecia. Os autores atribuíram esse comportamento a presença de duas fases do WO3 a 300 oC, a monoclínica (γ-WO3) e a ortorrôbica (β-WO3).

Liu, Yang e Wang [37][37] ZU-LI, L., LIN-FENG, Y., YU, W., et al., "Nonlinear current-voltage characteristics of sintered tungsten-vanadium oxide", Chinese Physics, v. 13, n. 4, pp. 522-528, Apr. 2004. estudaram as propriedades elétricas e a evolução da microestrutura das cerâmicas à base de WO3 dopadas com V2O5 a 0,5; 3,5, 5, 8 e 15 mol%. A adição do vanádio promoveu o decréscimo do diâmetro médio de grão e melhorou a densificação do material. As análises por EDS mostraram que o vanádio se encontrava no contorno de grão. As propriedades elétricas foram medidas com diferentes eletrodos e em diferentes temperaturas. Os autores verificaram que o coeficiente não linear variava conforme o eletrodo utilizado. Alguns poucos significativos, como por exemplo, para 0,5 mol%, α(In-Ga) = 1,00 e α(Ag) = 0,99, e outros significativos, como a 8 mol% α(In-Ga) = 0,99 e α(Ag) = 2,1. Para concentração de 0,5 mol%, observou-se um comportamento anormal em que a não linearidade aparecia a 350 oC e desaparecia em temperaturas abaixo e acima desta. Os valores obtidos indicaram que esse sistema poderia ser aplicado em varistores de alta temperatura. O modelo da dupla barreira Schottky foi adotado para explicar o comportamento varistor desse sistema.

O sistema WO3.Na2CO3.CuO/CdO/Bi2O3/Sb2O3 foi estudado, a fim de verificar o comportamento elétrico não linear [38][38] ZANG, G. Z., WANG, J. F., CHEN, H. C., et al., "Nonlinear electrical behavior of the WO3-based system", Journal of Materials Science, v. 39, pp. 4373-4374, July. 2004.. Para isso os autores sintetizaram os sistemas WO3:Na2CO3:X = 96,5:0,5:3, em que X = CuO, CdO e WO3:Na2CO3:Y = 98:0,5:1,5, em que Y = Bi2O3, Sb2O3. As medidas elétricas mostraram que o sistema com maior coeficiente não linear foi o dopado com 1,5 mol% de Bi2O3, α = 4, e um campo elétrico de ruptura de 4,1 V.mm-1. Eles atribuíram o comportamento não linear à formação de vacâncias de oxigênio e às espécies de oxigênio O' e O" e que os defeitos gerados são responsáveis pela formação da barreira Schottky.

O sistema WO3:Bi2O3:TiO2 = 1:1:3 foi estudado por Chen et al. [39][39] CHEN, M., LIU, Z., WANG, C., WANG, Y., YANG, X., YAO, K., "Temperature characteristics of electrical behavior of W-Bi-Ti-O ceramics at low field", Chinese Science Bulletin, v. 49, n. 4, pp. 313-316, Feb. 2004.. Os autores observaram o comportamento não linear da cerâmica Bi2WTi3O12, a partir de 350 oC e que os valores de α obtidos ficaram em torno de 1,4. Mais uma vez a análise do comportamento não linear em altas temperaturas foi explicada em função das fases formadas no sistema. Da faixa de 50 oC - 300 oC, devido à coexistência das fases triclínica e monoclínica do WO3 e acima de 300 oC a existência de uma única fase, levando a um comportamento elétrico estável. Também observaram as fases, Bi2WO6 e Bi4Ti3O12 que poderiam ter influenciado nas medidas elétricas.

A dopagem com disprósio (Dy) e lantânio (La) e seus efeitos na microestrutura e nas propriedades elétricas nos varistores à base de WO3 foram avaliadas por Yang et al. [40][40] YANG, X.-S., WANG, Y., ZHAO, Y., "Effect of Dy2O3 and La2O3 on the microstructure and electrical properties of WO3 ceramics", Materials Chemistry and Physics, v. 98, pp. 225-230, Aug. 2006.. Eles encontraram materiais porosos para as amostras dopadas com Dy e La, respectivamente. A presença da fase monoclínica (γ-WO3) é observada para o sistema puro e quando adicionados Dy, uma nova fase foi formada (Dy10W2O21) e para as dopadas com La, a fase La14W8O45. Os coeficientes não lineares também encontrados foram baixos, de 2,0 a 2,8 para as amostras dopadas com Dy e de 1,0 a 1,9 para as dopadas com La. Os valores de campo elétrico de ruptura variaram de 0,36 a 0,71 V.mm-1 para os sistemas WO3-Dy e apenas o dopado com 0,1 mol% de lantânio apresentou um valor de 0,29 V.mm-1. Para as demais composições não foram possíveis obter esses parâmetros, pois as curvas de corrente - tensão eram praticamente lineares, ou seja, não tendo comportamento varistor. Os autores acreditam que a morfologia dos grãos das amostras dopadas com Dy provocou uma baixa condutividade na formação da barreira Schottky. As amostras dopadas com La apresentaram características corrente - tensão lineares e, embora esse sistema tenha apresentado outras fases, o comportamento varistor não foi melhorado.

O estudo da composição Gd2O3-WO3 com respeito às características elétricas e propriedades dielétricas em várias temperaturas foi estudado por Dong, Wang e Zhao [41][41] DONG, L., WANG, Y., ZHAO, Y., "The study on electrical behavior of Gd2O3-WO3 complex ceramics at high temperature", Materials Letters, v. 61, pp. 2105-2108, Apr. 2007.. A análise por DRX mostrou a presença de Gd2W2O9 como fase majoritária e Gd2O3 como segunda fase. O comportamento não linear das amostras só foi possível observar a partir da temperatura de 200 oC. Abaixo dessa temperatura o sistema não se comportava como varistor. Segundo os autores, o mecanismo de transporte elétrico difere do modelo da dupla barreira Schottky. Os autores propõem que as propriedades elétricas das cerâmicas Gd2O3-WO3 são explicadas por meio das transições de fases do WO3 e afirmaram que abaixo de 300 oC, a instabilidade elétrica se deve à coexistência das fases monoclínicas (γ-WO3) e triclínica (δ-WO3) no sistema Gd2O3-WO3 e acima de 300 oC, a existência de apenas uma fase, e consequentemente um comportamento elétrico mais estável.

Em 2010 pela primeira vez foi estudado o comportamento não linear em diferentes atmosferas para o sistema a base de WO3. Esse estudo foi evidenciado por Hongwang et al. [42][42] HONGWANG, Z., ZHONGQIU, H., TONGYE, L., YU, W., YONG, Z., "Origin of varistor properties of tungsten trioxide (WO3) ceramics", Journal of Semiconductors, v. 31, n. 2, pp. 023001-1- 023001-4, Feb. 2010., quando o sistema à base de WO3 puro, foi tratado em atmosfera de argônio e em oxigênio a 900 oC. Quando as amostras foram submetidas ao tratamento térmico em atmosfera de argônio, a não linearidade apresentou-se menor do que as amostras tratadas em atmosfera de oxigênio. Quando as amostras tratadas em argônio foram submetidas à atmosfera de oxigênio o comportamento não linear foi restaurado. O coeficiente não linear quando as cerâmicas foram sinterizadas em atmosfera ambiente apresentou um valor de 4,8 e quando tratado com argônio o valor encontrado foi 1 e após o tratamento em atmosfera rica em oxigênio, o valor de α foi para 4. Concluíram então que as espécies de oxigênio são importantes na formação da barreira do tipo Schottky. Este resultado corrobora com os já discutidos para o SnO2 [43[43] SANTOS, M. R. C., BUENO, P. R., LONGO, E., VARELA, J. A.," Effect of oxidizing and reducing atmospheres on the electrical properties of dense SnO2-based varistors", Journal of the European Ceramic Society, v. 21, n. 2, pp. 161-167, Feb. 2001.

[44] OLIVEIRA, M. M., BUENO, P. R., CASSIA-SANTOS, M. R., LONGO, E., VARELA, J. A., "Sensitivity of SnO2 non-ohmic behavior to the sintering process and to the addition of La2O3", Journal of the European Ceramic Society, v. 21, n. 9, pp. 1179-1185, Sept. 2001.
-45[45] SIMÕES, L. G. P., CÁSSIA-SANTOS, M. R., OLIVEIRA, M. M., LONGO, E., VARELA, J. A., "Effect of La2O3 addition and O2 atmosphere on the electric properties of SnO2 TiO2", Materials Chemistry and Physics, v. 90, n.7, pp. 234-238, Apr. 2005.], no queal as espécies de oxigênios adsorvidas no contorno de grão são importantes para as propriedades varistoras.

Hua et al. [46][46] HUA, Z., DONG, L., WANG, H., PENG, S., WANG, Y., "Varistor behavior study in undoped tungsten trioxide ceramic", Physica B, v. 406, pp. 2807-2810, 2011. estudando o sistema WO3 puro, afirmaram que o comportamento não ôhmico surgia no processo de resfriamento da cerâmica, pois ela é muito sensível ao tratamento térmico independente da atmosfera. Eles afirmaram que comparados com os varistores à base de SnO2 [47[47] BUENO, P. R., LEITE, E. R., OLIVEIRA, M. M., ORLANDI, M. O., LONGO, E., "Role of oxygen at the grain boundary of metal oxide varistors: A potential barrier formation mechanism", Applied Physics Letters, v. 79, pp. 48-50, July. 2001.-48[48] BACELAR, W. K., BUENO, P. R., LEITE, E. R., LONGO, E., VARELA, J. A., "How Cr2O3 influences the microstructure and nonohmic features of the SnO2(Cox, Mn1−x)O-based varistor system", Journal of the European Ceramic Society, v. 26, n. 7, pp. 1221-1229, 2006.], os varistores de WO3 adsorve espécies de oxigênio mais rapidamente, formando barreiras no contorno de grão responsáveis pelo comportamento varistor.

A Tabela I ilustra os valores encontrados de α e Er para os sistemas estudados pelos autores nesta revisão e discutidos anteriormente, além de outros parâmetros observados nestes estudos.

Tabela 1:
Temperatura de sinterização, tempo de sinterização, tamanho médio de grão e parâmetros elétricos dos varistores a base de WO3 estudados.

4. CONCLUSÃO

Diferentes dos varistores a base de SnO2, ZnO e TiO2, o varistor a base de WO3 apresenta comportamento não linear quando puro devido as fases formadas durante a sinterização. Tais fases também são responsáveis pela não linearidade dos sistemas dopados, chegando a apresentar um comportamento anormal de resistência negativa. Observou-se também que o mecanismo de não linearidade dos varistores de WO3 pode ser explicado pela presença de defeitos responsáveis pela formação da barreira de potencial do tipo Schottky e por espécies de oxigênios adsorvidas no contorno de grão. Os coeficientes de não linearidade obtidos em todos os sistemas estudados ainda são baixos, embora os campos elétricos de ruptura indiquem uma aplicação em baixa tensão.

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Datas de Publicação

  • Publicação nesta coleção
    Mar 2016

Histórico

  • Recebido
    05 Maio 2015
  • Aceito
    04 Nov 2015
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