RESUMO
Objetivo
Avaliar a relação entre o consumo de alimentos ultraprocessados e indicadores de obesidade em adolescentes.
Métodos
Estudo transversal com amostra de conveniência de 200 adolescentes de 10 a 18 anos, de Campinas (SP). O consumo alimentar habitual foi obtido por meio de um questionário de frequência alimentar semiquantitativo. A partir da frequência de consumo foi obtido o consumo diário de cada alimento. Posteriormente os alimentos foram classificados em in natura e minimamente processados, ingredientes culinários e alimentos ultraprocessados e calculada sua contribuição calórica no valor energético total. Variáveis sociodemográficas e antropométricas também foram investigadas. O sobrepeso foi definido por meio do escore Z>1 e a obesidade escore Z>2 segundo o Índice de Massa Corporal para idade. As associações foram testadas pelo teste qui-quadrado e de tendência linear.
Resultados
A frequência de obesidade foi de 47,0% e 21,5% apresentaram circunferência da cintura aumentada. O consumo médio de energia foi de 4.176kcal/dia, sendo 50,6% provenientes de ultraprocessados. As categorias com as maiores contribuições calóricas entre os ultraprocessados foram os pães/bolos industrializados (16,2%), doces e guloseimas (6,2%), massas (6,0%) e bebidas adoçadas (5,1%). Não observou-se associação entre o consumo de ultraprocessados e indicadores antropométricos.
Conclusão
A expressiva contribuição dos ultraprocessados nas calorias diárias evidencia a qualidade ruim da alimentação dos jovens, embora não tenha se mostrado como fator associado ao excesso de peso. Ressalta-se a necessidade urgente de políticas públicas que desestimulem o consumo destes produtos e incentivem o resgate da alimentação tradicional.
Palavras-chave
Adolescentes; Alimento; Nutrição; Obesidade; Fator de risco